"Assento 43B"

Um conto erótico de NOTURNO'S
Categoria: Heterossexual
Contém 777 palavras
Data: 25/07/2025 11:15:22

Minha história começou deixando o Rio de Janeiro com destino a Cascavel, Paraná. No ônibus, já antecipava o tédio de 26 horas de viagem. Me acomodei em um banco mais reservado, perto da janela, com meu notebook ao lado — meu aliado para driblar o tempo com filmes.

O veículo partiu, e aos poucos os passageiros se ajeitavam em seus assentos. Tudo parecia comum… até a primeira parada.

Desci para um café e, enquanto esperava na fila do banheiro, a vi. Ela tinha algo magnético — seus cabelos ruivos presos de forma despretensiosa, a pele clara com pintinhas douradas que lembravam constelações, e um corpo com curvas maduras que esbanjavam presença. Devia estar na casa dos 45 ou 50 anos, mas exalava um charme difícil de ignorar. Ela estava sentada logo atrás de mim no ônibus.

Na volta, me aproximei com uma desculpa simples e puxei assunto. Descobri que estava indo visitar familiares em Cascavel. Conversamos sobre amenidades, mas havia tensão nas entrelinhas. Aquela espécie de dança invisível que acontece quando duas pessoas sentem que algo mais pode acontecer.

De volta ao ônibus, convidei-a para assistir a um filme comigo. Ela aceitou com um sorriso que deixava pouco espaço para dúvidas. Sentou-se ao meu lado, e começamos a compartilhar a tela — e, aos poucos, nossos mundos. As conversas fluíam, o riso era fácil, mas era nos silêncios que as coisas mais intensas aconteciam.

Nossos braços se encostavam com frequência demais para ser por acaso. Um toque aqui, um olhar mais longo ali. Até que minha mão repousou sobre a dela. Ela não recuou. Ao contrário, entrelaçou os dedos, como se estivesse esperando aquilo o tempo todo.

Quando o primeiro beijo aconteceu, não foi apressado. Foi calmo, exploratório… mas carregado de promessa. Nossos corpos se aproximaram mais, e o calor entre nós foi tomando conta. O ônibus escurecia com a chegada da noite, e o silêncio dos outros passageiros parecia nos dar permissão para ir além.

Aos poucos, as mãos começaram a buscar caminhos mais ousados. Eu explorava suas coxas com toques lentos, sentindo a maciez de sua pele sob o vestido leve. Ela suspirava baixo, com os olhos semicerrados, como se estivesse se permitindo ser conduzida por um desejo antigo.

A ousadia crescia. Sua mão encontrou meu peito, depois minha cintura. A ponta dos dedos percorria caminhos firmes, quase hipnóticos. A tensão era deliciosa. Ela chegou perto do meu ouvido e sussurrou:

— “Você sabe o que está fazendo comigo, não sabe?”

Eu apenas sorri. Minhas mãos já dançavam sob o tecido do vestido, acariciando o calor da sua pele, enquanto ela se inclinava para sussurrar palavras que eu nunca esqueceria. Ela era fogo lento, e eu estava disposto a queimar.

Durante a segunda parada, trocamos olhares cúmplices, como se fôssemos dois estranhos vivendo um segredo ardente. Mas quando retornamos aos nossos assentos, era impossível conter a urgência. O véu da noite nos cobria, e nossos corpos, colados, pareciam se mover em um compasso próprio.

Ela se virou de lado na poltrona, roçando seu corpo contra o meu. Me guiou pela cintura e me puxou mais para perto. Seus lábios encontraram os meus novamente, mas dessa vez, famintos. Sua mão firme deslizava por baixo da camiseta, e eu mergulhava em sua nuca, no perfume adocicado da sua pele, no calor que emanava dela.

Minha boca buscava os caminhos que suas reações indicavam. Ela mordia os lábios, se contorcia levemente, sussurrava meu nome em tons que arrepiavam até meus pensamentos. Me permiti explorar, lento, provocando. Ela, entregue, me puxava cada vez mais, até que, sem resistir, pediu com a voz entrecortada:

— “Não para... não agora… me deixa sentir você.”

Aquele sussurro foi um gatilho. E naquele momento suspenso no tempo, entre sombras, gemidos contidos e a estrada escura lá fora, nos perdemos um no outro — até que, ofegante, ela chegou perto do meu ouvido, me olhou nos olhos e disse com firmeza:

— “Quero que você goze dentro de mim… agora.”

O tempo passou, a estrada seguiu, e o silêncio depois do ápice foi quase poético. Como se o ônibus soubesse que havia presenciado algo único.

Quando a rodoviária de Cascavel se aproximou, ela se ajeitou como se nada tivesse acontecido. Seus cabelos, os mesmos de antes, agora tinham um ar bagunçado de quem viveu intensamente. Eu a observei em silêncio. Ela pegou a bolsa, se levantou, e antes de descer, olhou para mim uma última vez.

Um homem a esperava na plataforma. Abraçaram-se com naturalidade — talvez fosse o marido. Ela se virou por um segundo e me lançou um último sorriso, cheio de segredos.

E eu fiquei ali, com a lembrança dela marcada em mim como uma tatuagem feita no escuro.

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Comentários

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Simplesmente maravilhoso, poético e sensual ...

Um dez e três merecidas estrelas.

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