No dia seguinte, depois de Mônica avisar os pais sobre sua volta e que ficaria alguns dias comigo, e isso era muito bom. Estávamos precisando disso: De uma reconexão. Não que sua volta não tenha sido... Maravilhosa. Mas, eu queria bem mais dela.
Havia chegado do trabalho naquele dia, e já recebi ela em casa. Mônica, cheia de carinho, já chegou me dando um beijo gostoso, e um abraço todo caloroso.
— Meu amor, que saudade!
— Como é bom sentir o perfume dos seus cabelos quando te abraço.
Ela já foi me conduzindo a mesa. Aproveitamos para jantar. Hoje ela tinha feito algo especial — Um frango á caprese, com uma salada caesar, e duas taças á mesa para aproveitar um bom vinho.
— Uau. — Respondi. — Ta toda carinhosa hoje.
— Isso é saudade. — Ela veio, me deu um delicioso beijo em seguida. Me abraçou.
Depois do jantar, fui conduzido até a sala. Ali, namoramos gostoso. Como se nada mais importasse.
Primeiro foram apenas os beijos. Mas logo ela já estava arrancando minha calça.
— Eu acho que você ta com saudades disso, né mô?
Mônica colocou meu pau na sua boca e começou a chupar bem gostoso antes que eu pudesse responder. Eu apenas tive tempo de gemer enquanto puxava seu cabelo.
— Ah, que gostoso, caralho.
Ela foi pincelando a língua no meu pau, enquanto arranhava minhas pernas. Soltei um suspiro forte quando ela deu uma boa sugada no meu pau, era incrível como ela melhorava aquela boquete cada vez que fazia. Passou a engolir a pica, e movimentar sua boca, me sugando forte, e logo ela desviou sua língua e começou a babar minhas bolas enquanto ficou batendo uma para mim.
— Todo homem precisa de uma mamada dessas... — disse.
Ela então deu um sorrisinho e se desviou, voltando a se levantar enquanto eu fiquei sentado no sofá. Comecei a ver ali um verdadeiro show, onde ela começou a tirar cada peça de sua roupa e jogar em cima de mim. Como ela era linda, com aquele corpinho gostoso, aquela bundinha toda empinada jogando para mim enquanto ficava ali rebolando pra mim.
Ela se aproximou, e começou a esfregar aquela bundinha no meu pau.
— Ta gostando do que vê? — perguntou ela.
— Sempre gosto.
Claro que aproveitei e comecei a dar tapas naquele rabo gostoso.
— Você ficou ainda mais putinha com essa tatuagem.
— Sabia que ia gostar.
Ela então mordeu o seu lábio e me encarou olhando para trás, enquanto continuava esfregando a bunda na minha pica. Logo ela pediu para que eu avançasse, peguei a bunda dela com as mãos e fui abrindo, logo começando a linguar aquela bucetinha.
— Ain amor, isso, me chupa vai seu puto. — ela implorava, enquanto rebolava a bunda.
Fiquei ali chupando ela bem gostoso, sentindo a minha cara sendo toda babada. Fui ali sugando e chupando aquela bucetinha gostosa, enquanto Mônica ficava esfregando a bunda dela.
Parti para o cuzinho, como queria muito meter naquele cuzinho apertado, comecei a linguar e deixar ele todo babado. Mônica parecia muito sensível ali, ela começou a gemer mais que o normal.
Logo ela se virou, arrancou o restante de minha roupa e já sentou em mim.
— Me arromba toda, amor. — ela disse, enquanto encaixava o pau no cuzinho dela. Ele entrou, com alguma dificuldade, e ela soltava um gritinho. Mas fazia questão de sentar e enterrar até as bolas.
Passamos a meter ali, ela cavalgando gostoso no meu pau enquanto dava seu pequeno peitinho para que eu chupasse.
Fiquei ali chupando o mamilo dela por alguns minutos, logo voltamos a nos beijar enquanto o cuzinho dela se enterrava no meu pau.
Logo mudamos de posição e comecei a comer ela de quatro, ela jogava sua bunda contra o meu pau enquanto mandava eu bater, ela queria que eu batesse em cima da tatuagem. Falou que fez naquele lugar justamente para apanhar para mim.
— Bate, gostoso. Vai, me faz apanhar.
Mônica tava tão safada que o sexo estava maravilhoso. Não aguentei e gozei, jorrei muita porra daquele cuzinho.
Nos abraçamos e aproveitamos para ir tomar banho juntos.
Ficamos de dengo depois á noite. Estávamos deitados na cama, enquanto ela ficava deitada de lado passeando teus dedos pelo meu peitoral. Mônica começou a dar beijinhos no meu peito, enquanto acariciava seus fios de cabelo.
— Você acha que vamos ficar juntos para sempre? — Ela então perguntou.
— Se depender de mim, nós vamos. Você sabe que eu escolhi você para a vida.
Senti Mônica naquele momento um pouco pensativa. Ela então me abraçou, ficou ali junto comigo enquanto ouço ela dizer algo no mínimo curioso:
— Sabe amor, eu não sou perfeita, e nem você é. Eu sinto que na vida já fiz algumas burradas, eu não sei como você ainda fica comigo.
— Do que você está falando Mônica? — Perguntei enquanto eu olhei para ela.
— Eu... — Ela então parou por um momento, pensou em me dizer alguma coisa. Depois ela se arrastou, e me deu um selinho.
— Eu senti muito sua falta. Me desculpa amor.
— Pelo que Mônica?
Ela não falou nada naquele momento. Apenas me abraçou, se deitou em cima de mim e logo adormeceu. Eu senti que ela queria falar alguma coisa. Ignorei, porém sempre existia alguma parte dentro de mim que mantinha aquilo. E na hora certa, essa pergunta viria à tona novamente.
No dia seguinte, acordamos juntos, estávamos praticamente ensaiando como seria nossa vida quando começássemos a morar juntos. Fiquei sabendo que uma novidade havia chegado na cidade, então pensei que era o momento perfeito para leva-la comigo. Liguei no trabalho e consegui uma folga, já que estava com um acumulo de banco de horas.
Seria perfeito, hoje, teríamos o dia somente para nós. Acordei Mónica, que hoje pareceu dormir mais do que eu, com um beijo na boca. Ficamos planejando nosso dia.
Nós decidimos aproveitar o dia à moda antiga: um parque de diversões que inaugurou recentemente na cidade. Fazia quase dois anos desde a última vez que fomos juntos — então a animação era real.
Chegamos na entrada no parque ainda cedo. O sol estava brando, o clima leve, e já dava pra sentir a nostalgia daquele tipo de passeio. Ficamos aproveitando para ir em todo tipo de brinquedo possivel, parecendo ali dois adolescentes bobos e apaixonados.
Depois, comprei um algodão-doce cor-de-rosa para ela — a cara dela — e fomos sentar num banco próximo ao carrossel. Enquanto lamber o doce, ficamos em silêncio por um instante suave, só curtindo a ideia de estarmos ali juntos.
Ela então recostou a face em meu ombro, e assim me disse:
— Amor… meu maior sonho é me casar com você e ter um filho juntos — disse, apertando a minha mão. Olhei nos olhos dela, sentindo o peso daquilo da forma mais leve possível.
Ela sorriu, segurou minha mão com carinho... a intensidade dos olhos dela dizia que o futuro era algo que ela já desejava profundamente. Eu respondi.
— Já pensou você entrando na igreja de branco? Com seu pai ali te trazendo, e eu bobo te esperando na frente da igreja e você chegando atrasada?
Ela riu, enquanto respondeu:
— Eu sou pontual, ta?
— Tá bom amor. Hahahaha — respondi.
Ela então apertava a minha mão. Logo, me virou, e ficou ali, olhando em meus olhos:
— Então, daqui a duas semanas já vou estar morando com você — disse ela, com um tom firme e doce ao mesmo tempo.
Fiquei feliz demais. Mas, como um enigma, ela então soltou:
— Antes disso... tem uma coisa que eu preciso te contar — comecei. Ela ficou séria, cautelosa, mas me olhou com alguma insegurança no olhar.
— O que foi? — perguntou, como quem dá trincheira antes da tempestade.
Ela respirou fundo e falou:
— Eu ainda tô me preparando para isso… mas percebi que preciso te perguntar uma coisa antes. Você ficaria comigo, independente de qualquer coisa?
Meu peito apertou com aquela pergunta. Senti o peso e o amor daquele momento:
— Você já me mostrou o quanto me ama ao me perdoar pela traição com o Rafael e aquela mulher casada — respondi firme. — Eu tenho certeza de que quero você como minha esposa. Independente de qualquer coisa.
Ela me olhou com um sorriso travesso e os olhos marejados, como se tudo ali finalmente fizesse sentido.
— Você promete? — Ela apertava minha mão.
— Prometo. Mas, o que você tem a me falar?
— Eu disse... Eu estou me preparando, mas... É bom que pense em nós, e no futuro. Então... vamos comemorar? — perguntou, se levantando.
Eu sorri e concordei. Caminhamos em silêncio até a roda-gigante. Era um dos brinquedos favoritos da Mônica depois da montanha russa. Mas como havíamos acabado de comer, achei melhor uma coisa leve.
Permanecíamos ali na fila e ficamos ali aguardando a nossa vez. Enquanto aguardamos, o grupo de amigas da Mônica chega. Vejo logo a Vanessa, Isa e Elisa se aproximando, conversando e rindo alto.
— Oi, gente! — Solta Vanessa.
— Hum, os pombinhos já estão juntos, que lindooos. — Comentou a Isa.
Elisa apenas ficou me encarando, com uma cara amarela. Nada falava. Mônica cumprimenta
— Estamos aproveitando o parque hoje. — E solta com cuidado: — Venho com meu namorado. — Ela enfatiza a palavra “namorado” com tom firme, como se sublinhasse uma barreira invisível.
Vanessa sorri de canto — debochada — e comenta:
— Você ainda tá com ciúme das amigas, Mô? Relaxa, não precisam de aprovação. — Olha pra Isa, que pisca e ri.
Elisa cruza os braços, me observa com aquele olhar travesso e exclama:
— A nossa amiga Mônica é cheia de segredos não revelados, né amiga?
As outras disfarçam, apertando os lábios. Vanessa cutuca suavemente Elisa e sussurra que ela deveria ficar quieta. Isa concorda, lançando olhares cúmplices, enquanto Elisa sorri sem constrangimento.
— Eu acho que podíamos aproveitar a roda gigante também, meninas. — comentou Elisa. As outras assentiram.
— E cadê o seu namorado, Elisa? — Perguntou Mônica, lançando um olhar pra ela.
— Ah, ele não quis vir. Difícil fazer alguma coisa com ele. — respondeu.
Eu me volto para Mônica:
— O que foi isso?
— Ai, deixa pra lá — ela responde, tentando relaxar — a Elisa é dessas que fala tudo.
Vanessa acrescenta:
— Garotas têm assuntos que só devem ser conversados entre meninas, né? — e lança um sorriso quase maternal — Não se preocupa com ela.
Minha pulsação acelera. A sutileza daquela fala sobre “segredos não revelados” reverbera dentro de mim.
Decidimos entrar juntos na roda-gigante, lado a lado. Mas quando a porta se abre, Elisa dá um passo rápido à frente e puxa meu braço como se insistisse pra entrar junto.
— Pedro! — Mônica tenta impedir e me segurar, mas como só pode dois em cada vagão, ela é meio que impedida, enquanto Elisa tratou de fechar a porta. Elisa estava à minha frente. Mônica suspira e segue para a próxima cabine, ainda visivelmente irritada.
Fico ali sozinho com Elisa enquanto a cabine gira, sinto seu corpo se aproximando do meu e percebo que ela está intencionalmente colando-se.
Ela se inclina e sussurra perto do meu rosto:
— Parece que finalmente estamos á sós. — disse ela.
— Então aproveita e me diz, o que você quer? — perguntei.
Elisa então se aproximou, e sentou praticamente do meu lado. Sussurrou:
— Você me deixa com tesão quando fica me ignorando, sabia? — e seus lábios roçam o meu ouvido. — Queria muito que a gente tivesse conversado mais naquele dia.
Sento reto, empurro o corpo dela delicadamente, controlado.
— Você ta maluca? Eu nem te conheço, além do mais, você é amiga da minha namorada. — digo com calma.
Ela sorri, segura meu braço e rebate:
— Como se isso fosse impedição pra você. — Ela piscou pra mim.
— O que você está insinuando?
— Ora, a Mônica contou o ocorrido para a Isa que soltou pra mim e pra Vanessa. Como pode você ter uma namorada tão compreensiva, né?
— Eu acredito que isso não lhe diz respeito. — disparei.
— Você é muito trouxa, Pedro. Você não imagina a oportunidade que tem em mãos.
— Do que? — perguntei.
— De passar o rodo nas meninas por ai. Não sou só eu, a Isa mesmo é louca pra te dar, você é gatinho. Só a Van é careta.
Suspiro:
— Você deveria ter vergonha — falo com firmeza — de tentar ficar com o namorado da sua amiga.
Ela sorri de lado, mesmo que o tom seja pesado:
— Quem deveria ter vergonha é a sua namorada.
Aí a cabine para no topo da roda. A vista é linda: o parque iluminado, o sol quase se pondo.
— Do que você está falando?
A roda então volta pra baixo, e Elisa, aproveita a posição, e avança e tenta roubar um selinho. Ela consegue, de início, mas eu a empurro. Quando a porta abre, Elisa sai frio e sucinta:
— Fale com ela sobre isso — abre um sorriso torto — se tiver coragem.
— Espere ai! — Disparei.
Porém, ela não dá ouvidos e se retira, e fico ali segundos processando. Por um instante, penso na Mônica, que está na cabine seguinte, distante, sabendo de algo que não foi dito — talvez com medo, talvez com desejo. E fiquei ali, com o coração apertado de dúvidas e certeza de que algo mais crescerá depois desse momento.
Saí da cabine ainda com o coração acelerado. O vento frio do fim da tarde me acertou, mas não foi suficiente pra me acalmar. Caminhei rápido, varrendo os olhos pelo parque até encontrá-la. Mônica estava parada, do lado de fora, com os braços cruzados e um olhar distante, como se não estivesse ali de verdade.
— Mô… — falei, me aproximando, com a voz suave. — Me desculpa pelo que aconteceu lá dentro, eu não tive como impedir...
Nenhuma reação. Ela continuava olhando pro nada, como se tivesse sido sugada pra outro mundo. Coloquei a mão no ombro dela.
— Mônica! — repeti, mais firme.
Ela piscou, voltou pra mim, e então segurou meus braços com força.
— Vamos embora, Pedro. Por favor. — a voz dela saiu baixa, quase trêmula.
— Ir embora? Mas... a gente nem foi pra montanha-russa ainda. — tentei sorrir, buscando arrancar outro dela.
Mas ela balançou a cabeça, mordendo os lábios.
— Eu tô cansada. Tudo que eu quero agora é ir embora com você. Ficar com você.
Olhei pra ela por alguns segundos, tentando decifrar aquele misto de urgência e fuga nos olhos dela. Suspirei, rendido.
— Tá bom, amor. Vamos embora.
Peguei sua mão e fomos até o carro. No caminho, o silêncio se estendeu. Ela parecia mergulhada em alguma coisa que não me deixava entrar. Liguei o rádio, mas a música só tornou tudo mais pesado. Até que não aguentei:
— Mô… você tá bem? — perguntei, virando o rosto rápido enquanto dirigia.
Ela forçou um sorriso. Um sorriso amarelo, carregado de algo que não tinha nada a ver com felicidade.
— Eu tô bem, amor. — respondeu, passando a mão no meu braço. — Adorei o passeio. De verdade.
Assenti, mesmo sem acreditar totalmente.
— Assim que a gente chegar em casa, eu preciso conversar com você. — soltei, firme.
Ela só acenou com a cabeça e voltou a olhar pela janela, enquanto as luzes da cidade corriam no vidro.
Quando chegamos, cada um foi pro seu canto se arrumar. Tomei um banho rápido pra tentar esfriar a cabeça, mas nada parecia acalmar aquela sensação de que algo ia explodir. Saí do quarto e encontrei Mônica sentada no sofá, com o celular nas mãos. Os dedos dela tremiam levemente enquanto rolava a tela.
Sentei ao lado dela. Ela então largou o celular em qualquer canto e se ajeitou para que eu sentasse do lado dela, mas resolvi sentar no outro sofá. Fui direto:
— Mônica... — comecei, olhando fundo nos olhos dela. — Por que a Elisa disse pra mim que você deveria ter vergonha?
O olhar dela se perdeu por um instante. Parecia que eu tinha quebrado alguma barreira dentro dela.
— Ela... Disse isso? — respondeu.
— Disse sim, e ficou se insinuando pra mim, e deixa eu te falar, até aquela amiga sua, a Isa, fiquei sabendo que quer te meter galha nas costas.
Ela ficou alguns segundos muda, e quando eu achei que ela ia me responder com alguma desculpa, ela balançou a cabeça e avançou pra cima de mim, abraçando forte. O corpo dela tremia.
— Amor... — a voz dela quebrou no meio, junto com as lágrimas. — Eu morro de medo de te perder.
Aquilo me atingiu como uma flecha. Envolvi ela nos meus braços e a apertei contra o peito.
— Ei... olha pra mim — falei baixinho, afastando um pouco pra encarar seus olhos marejados. — Você não vai me perder, tá me ouvindo? Nunca. Eu tô aqui. Sempre vou estar.
Ela chorava de um jeito que parecia carregar um peso enorme. E, por mais que as palavras dela soassem sinceras, eu sentia que não era só medo do futuro. Era medo do que já tinha acontecido.
— Mesmo...? — Ela disse, enquanto me abraçava.
E naquele momento, mais do que respostas, ela precisava da minha calma. Mesmo que por dentro, eu estivesse cheio de perguntas.
Algumas horas depois, Mônica estava calma. A gente tinha se deitado no sofá, ficamos ali abraçados, e aos poucos ela acabou pegando no sono. Fiquei um tempo só olhando pra ela, tentando decifrar aquele rosto sereno que parecia esconder um turbilhão. A respiração dela estava leve, tranquila, mas a minha cabeça não parava.
Levantei devagar, peguei a chave do carro e saí. Precisava esfriar a mente, pensar. Dirigi sem rumo por alguns minutos, até que, sem perceber, já estava digitando no GPS o endereço que Rafael tinha me passado.
Quando cheguei, ele abriu a porta com aquele jeito relaxado de sempre, camiseta folgada, bermudão, chinelo.
— Fala, parceiro! Que surpresa boa. — Ele me deu aquele tapa de leve no ombro. — Mas tu tá com uma cara... vem cá, entra.
Entrei. O lugar era simples, mas ajeitado, com aquele cheiro de desinfetante recente. Sentei no sofá enquanto ele pegava duas latinhas, uma de cerveja, e uma sprite na geladeira. Me entregou a sprite e se jogou na poltrona, me encarando.
— Vamo tomar uma, mas você tem que maneirar né? Veio de carro, tem que voltar pra casa depois. Por isso trouxe o refri.
— Na verdade eu acho que serei breve, man. — comentei.
— Então... fala aí. Tá com cara de quem precisa desabafar.
Soltei um suspiro longo, passei a mão no rosto.
— Cara... não sei nem por onde começo. Mônica voltou, a gente se acertou... até melhor do que eu imaginava. Mas tem alguma coisa errada, Rafa. Eu sinto.
Rafael sabia que eu não parecia nada bem. Ele arqueou uma das sobrancelhas, enquanto virou a lata e bebeu um gole da breja que estava em suas mãos. Comentou:
— Errada como?
— Sei lá, mano. Ela me perdoou fácil demais pelo lance lá da boquete, viado. Não esboçou raiva. Nada. Só ficou surpresa e... aceitou. Isso não é normal.
Dei um gole na Sprite, enquanto Rafael escutava aquilo pacientemente. Continuei:
— E outra... quando ela tava viajando, às vezes desligava o telefone rápido, falava meio estranha, como se tivesse alguém do lado. Hoje, no parque, a Elisa, uma amiga dela da faculdade, ficou toda soltinha querendo dar pra mim, mano.
— Mas o que? Porra? Minha nossa. hahahaha. — disparou. — E ai, conta mais essa fita ai safado.
— Ela ficou querendo mano, quase me deu um beijo mas eu empurrei. Ela também soltou uma frase esquisita... “quem devia ter vergonha era sua namorada”.
Rafael me olhou sério pela primeira vez desde que eu cheguei. Deu um gole demorado na lata, apoiou no braço da poltrona e disse:
— Cara... vou te falar real. Isso aí tem cheiro de uma coisa só: ela só te perdoou porque... também aprontou. isso ai tem cheiro bem cheirado mesmo de culpa.
Meu estômago deu um nó. Fiquei olhando pra ele, esperando que fosse só uma brincadeira.
— Mano, não fala uma coisa dessas cara. Tu acha isso mesmo?
Ele respirou fundo e deu de ombros.
— Olha, parceiro... Tu ta ligado que te considero, mesmo pouco tempo a gente é irmão, então não mentiria pra você.
Ele deu o último gole na cerveja e assim disse:
— Papo reto, tudo indica isso. Mas... conhecendo vocês dois... eu não consigo acreditar cem por cento. Mônica parece ser uma mina apaixonada. Se ela fez alguma coisa, teve um motivo muito forte.
A frase dele ficou martelando na minha cabeça. Um motivo muito forte.
— E o que eu faço, viado? — perguntei, sentindo a garganta seca. — Como eu descubro isso? Como eu lido com isso?
Ele se inclinou pra frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, e falou num tom mais sério:
— Escuta a voz da experiência parceiro: não pressiona. Não fica sondando nem perguntando demais. Isso só vai fazer ela se fechar. Quer saber a verdade? Dá a entender que tá tudo normal. Vai vivendo, fingindo que não sabe de nada. Quem tem segredo... sempre dá brecha. Aí, quando ela der, tu pega.
Fiquei em silêncio, olhando pro chão. A dúvida já estava dentro de mim, crescendo como um veneno.
— Faz sentido. Não sei por onde começar, mas faz sentido.
— Pedro, se precisar de algo, só chamar.
Agradeci pelo papo e levantei.
— Valeu, irmão. Precisava ouvir isso.
Ele sorriu, deu aquele tapa no meu ombro de novo.
— Tamo junto, parceiro. Só lembra: joga com calma. Quem corre demais tropeça.
Voltei pra casa com a cabeça fervendo. Se antes eu tinha só desconfiança, agora eu tinha um plano. E, por mais que eu quisesse acreditar nela... alguma coisa me dizia que Rafael podia estar certo.
Quando voltei pra casa, já passava das oito. A rua estava silenciosa, só o som distante de um carro passando de vez em quando. Entrei devagar, sem fazer barulho, e lá estava ela: deitada no sofá.
Peguei então a coberta e cobri até a cintura, ela estava respirando leve, praticamente dormindo.
Me aproximei e fiquei alguns segundos só olhando. Ela parecia tão... tranquila. Quase como se nada tivesse acontecido. Acariciei de leve a testa dela, vi os olhos se mexerem sob as pálpebras — devia estar sonhando. Peguei uma manta e cobri melhor o corpo dela, pra não sentir frio.
Depois fui pro quarto, peguei minhas roupas e entrei no banheiro. Liguei o chuveiro e deixei a água fria cair direto no meu corpo, tentando acalmar aquela mistura de raiva, medo e dúvida que queimava por dentro.
As palavras do Rafael martelavam: “Não pressiona. Quem tem segredo dá brecha.”
Me lembrei de uma frase que a Mônica tinha dito antes da viagem, enquanto a gente falava sobre... nós dois:
"Quero me preparar melhor... ficar pronta pra fazer isso. Eu tenho certeza que quero dar meu cuzinho pra você."
Na hora, achei fofo, inocente. Mas agora... depois de tudo, depois da viagem, eu fiquei pensando: Será que ela fez isso mesmo?
Saí do banho ainda com a cabeça fervendo. Peguei a toalha, fui pra sala pegar meu celular que estava carregando... e foi quando vi.
O telefone dela, em cima da escrivaninha. Desbloqueado.
Fiquei parado, olhando praquilo como se fosse uma armadilha. A tela brilhando, pedindo pra ser olhada. Meu peito começou a disparar. Eu não sou o tipo que mexe em celular de namorada, nunca fui. Mas... depois do que ouvi hoje, depois da porra da frase da Elisa...
Me aproximei. A cada passo, a consciência gritava "não faz isso, Pedro". Mas meus dedos ignoraram.
Antes que eu encostasse, a notificação subiu na tela. Facebook.
"Vítor Martins Ferreira enviou uma solicitação de amizade."
Meu coração parou por um segundo. Abri a notificação. A foto de perfil mostrava um cara de porte forte, camisa justa, cabelos grisalhos bem cuidados. Devia ter uns quarenta anos. Rolando a tela, metade das fotos eram dele na academia, malhando. A outra metade, com animais.
Veterinário.
Engoli seco. Não podia ser coincidência.
Foi quando outra notificação subiu na hora. Uma mensagem.
"Vai me aceitar, bonequinha gostosa?"
O sangue ferveu. Senti o celular pesando na minha mão como se fosse chumbo. Um calor subiu pelo meu pescoço, pela cara, pelos olhos. Por um segundo, eu juro que quis tacar aquele telefone na parede.
Mas não fiz nada. Respirei fundo, muito fundo. Lembrei da voz do Rafael, calma, como se estivesse ali do meu lado:
"Não pressiona. Joga com calma. Quem corre demais tropeça."
Coloquei o celular exatamente onde estava, como se nunca tivesse tocado nele. Olhei pra Mônica, dormindo. O rosto tranquilo, a respiração suave.
Se ela estava mentindo pra mim... ela era boa demais nisso.
Mas agora eu tinha um nome. Um rosto. E uma mensagem que não saía da minha cabeça.
"Vai me aceitar, bonequinha gostosa?"
O jogo tinha começado.