— Que porra isso significa, Fábio?
— Como eu disse... é mais fácil mostrar do que explicar. — ele me respondeu, dando aquele meio sorriso enigmático que eu já começava a odiar.
Fez um gesto para que eu o seguisse e descemos mais um lance de escada, chegando ao segundo subsolo. Era um grande salão aberto, preenchido apenas pelas colunas de sustentação do edifício. Em algum momento, aquele andar deve ter sido usado como garagem, talvez num passado distante, quando o prédio ainda não era essa antiguidade podre prestes a desabar.
Luzes estroboscópicas e uma música eletrônica alta pulsavam no fundo. Corpos se moviam na penumbra, o cheio de perfume e cigarro se misturavam no ar. Nunca, em um milhão de anos, eu imaginaria que naquele antigo prédio comercial funcionava uma balada.
E era uma festa quente, lotada de ninfetinhas, uma mais linda que a outra, embora todas deveriam estar recebendo ou procurando um cachê naquele lugar.
Continuei seguindo o Fábio, que avançava com confiança, afastando corpos com leves empurrões. Ele parecia conhecer cada canto daquele submundo, já deveria ter feito aquele trajeto uma centena de vezes.
Chegamos a uma sala onde tudo era no mesmo tom de azul-escuro. As paredes acolchoadas, os sofás de couro já gastos e até o piso tinham essa cor. Se aquela fosse a famigerada sala vermelha, então o pessoal do clube certamente tinha um senso de humor bem peculiar.
No canto, tinha um caixa improvisado com um telão suspenso que exibia apenas um númeroNão tinha ideia do que aquilo significava, mas tudo indicava que ali era um balcão de apostas. E apesar de não saber o que as pessoas daquela estranha sala apostavam, tinha a convicção de que não era em jogos de futebol.
O que realmente capturou minha atenção foi a parede de vidro que ocupava quase toda a extensão oposta da sala. Uma divisória imensa que permitia uma visão direta para o cômodo ao lado, este, sim, pintado de vermelho do chão ao teto, embora mais estreito do que o salão onde eu estava.
As peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar. O vidro deveria ter uma visão unidirecional, ou seja, apesar das pessoas da sala azul assistirem de camarote aos eventos da sala vermelha, como pesquisadores sociais ou policiais em interrogatórios, as pessoas da sala vermelha deveriam ver apenas o próprio reflexo, assumindo que o espelho gigante era apenas uma escolha exótica de um decorador biruta para fazer um ambiente com a cor de sangue parecer ainda mais intenso.
A porta da sala vermelha se abriu e Markus, o velho cowboy que havia ganhado o prêmio alternativo, entrou puxando uma jovem pelo braço.
Mais uma vez naquela noite, reparei no estranho contraste entre Markus e a pessoa ao seu lado. A mulher tinha a pele bem mais escura que a dele e era perigosamente jovem. Seus cabelos negros chegavam até o meio de suas costas, até porque tinham sido esticados por alguma técnica de alisamento. Algumas de suas mechas loiras, deixando a aparência dela ainda mais jovem e produzida. Vestia apenas saltos altos e um vestido verde, curtíssimo e colado ao corpo, com recortes laterais que revelavam as suas costelas.
Até que ela era bonita, mas quando a vi entrar na sala, tive um pensamento vil. A moça me lembrava uma ganhadora do “dia de princesa” do programa do Netinho, tanto pelo toque exagerado em sua produção, mas, mais do que isso, sua postura. Parecia um pouco desorientada, os olhos arregalados e a respiração rápida, sem entender onde estava e o que iria acontecer.
Gritos ecoaram pela sala azul, e o olhar dos presentes se sincronizaram no mesmo ponto. O rapaz, que ficou em segundo lugar no campeonato, estava com os olhos vermelhos e o rosto cheio de lágrimas, e batia com as mãos espalmadas contra o vidro que separava as duas salas. Dois seguranças, que eu nem havia reparado que estavam na sala azul, se moveram rápido para controlá-lo.
“A mulher do participante seis, na sala vermelha”.
A frase que Markus disse quando perguntado qual prêmio ele preferia agora fazia total sentido. Aquele velho deixou um prêmio de um milhão de reais na mesa, apenas para ter a chance de comer uma garota absurdamente comum, só porque ela era casada.
E apesar disso ser perturbador, a cena que ocorria na sala azul era tão distópica quanto. O drama do marido criou um reboliço de pessoas correndo apressadas até o balcão. O número no telão começou a piscar e cair, marcando 2.2. Não sei no que eles estavam apostando, mas o desespero do menino aumentava a chance daquela aposta pagar.
— Pronto, aqui a gente consegue conversar tranquilamente — Markus disse, puxando uma cadeira para a moça — Mas, Júlia, se você quiser esperar o seu namorado na festa, sinta-se à vontade, eu fico aqui sozinho um pouco.
— Não, seu Markus... estava muito barulho lá. — ela respondeu, acomodando-se com cuidado e cruzando as pernas, enquanto evitava os olhos dele — Além disso, quando acabar o turno dele, o meu marido vai nos encontrar aqui.
— Ah, quanta gentileza sua fazer companhia para mim — ele disse, inclinando-se para a frente e ajeitando o chapéu de cowboy. — Mas me conta, você é tão nova e já são casados?
Júlia riu, talvez de nervoso, já que seus dedos brincavam compulsivamente com a barra do vestido.
— A gente se conheceu na igreja. Sabe como é.
— Sim. Nessa idade, os desejos estão à flor da pele mesmo… — Markus respondeu, inclinando a cabeça como se estivesse se lembrando de alguma memória distante — Mas me conta, vocês estão felizes?
— Sim… O Jonathan é um homem honesto e atencioso, não tenho o que reclamar. A única coisa…
Os olhos do velho chegaram a brilhar, ansioso para ouvir o término da frase. A atuação dele era tão estridente que eu me perguntava como era possível que aquela menina não tivesse fugido dali.
— A gente queria ter filhos, sabe? Mas nós dois estamos desempregados.
Um sorriso macabro surgiu no rosto de Markus, percebendo que acabará de receber cartas perfeitas. Com toda sua experiência, sabia que era a hora certa de jogar.
— Sabe… eu posso ajudar vocês. Sou dono de algumas empresas. Seria bem fácil arrumar um emprego para você e seu marido.
— Sério, Markus?! Nossa, você não sabe como isso seria bom. — Júlia disse, os olhos crescendo, cheios de esperança.
Ela não parecia entender o que estava em jogo, mas havia pago a aposta do velho com uma mão pavorosa. Markus apenas esticou seu braço, até sua mão repousar suavemente na divisa entre os braços e os ombros dela. Teve tempo de dar apenas uma apalpada ali, antes de Júlia, instintivamente, puxar o braço para perto do próprio corpo, afastando-o do alcance dele.
Com os olhos arregalados, ela finalmente percebeu que havia algo errado.
— Markus... meu marido pode entrar a qualquer momento.
Bom, não tinha como ela saber, mas esse não era o caso. Jonathan estava tenso, roendo as unhas e andando de um lado para o outro na sala azul, como um participante do “Teste de Fidelidade” do programa do João Kleber. Ele não iria intervir.
— Se ele pode chegar a qualquer momento, então estamos perdendo tempo.
Markus levantou-se, enquanto Júlia se encolhia para deixar ainda menor o seu já pequeno corpo, agarrou a mão dela e a pressionou contra a protuberância da sua calça. Ela permaneceu imóvel, os dedos ainda tensos, sem saber se recuavam ou cediam.
— Se eu fizer isso… você consegue um emprego para o meu marido e eu?
As cartas estavam todas viradas na mesa. O momento da verdade chegou.
Markus não respondeu, apenas abriu o zíper da calça e abaixou o suficiente a cueca para que seu membro pulasse para fora. Pousou sua mão em cima da dela e a guiou, como um professor, ensinando-a como ele gostava de ser masturbado.
O número no telão da casa de apostas piscou uma última vez antes de desaparecer. Alguns sorriram, erguendo os punhos em vitória, enquanto outros rasgavam seus tickets com raiva, amaldiçoando a própria sorte. Eu não acreditava que aquilo era real, mas aquelas salas bizarras existiam para as pessoas apostarem se o vencedor do Poker dos Cornos iria comer a mulher de um dos perdedores ou não.
O marido traído não aguentou. Desabou na cadeira, as mãos agarrando os cabelos, os cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça baixa, tentando se proteger do peso da própria desgraça. Uma mistura amarga de resignação e dor profunda, alguém que já aceitou a derrota, mas ainda não tinha forças para suportá-la.
E apesar do início tímido e receoso, Júlia já estava mais à vontade na sala vermelha, os seios balançando dentro do vestido de tanto vigor com que masturbava o velho. Talvez porque acreditasse que podia ser flagrada a qualquer instante, ela lutava para encerrar o mais rápido possível o seu tormento.
Markus brincou com os longos cabelos dela, fazendo um rabo de cavalo, e depois usou o novo ponto de contato, para pressioná-la em sua direção. Júlia travou sua cabeça, lançando um olhar carregado de fúria. Aquela era a primeira vez que olhava diretamente para os olhos de Markus. Mas, mais uma vez, ela estava enganada aquela noite. Sua resistência não tinha valor algum na sala vermelha.
— Chupa. Ou você e seu maridinho continuam na miséria. — Markus disse, retornando na mesma intensidade o olhar dela, deixando bem claro que não existia espaço para negociação. Se ela quisesse os empregos, precisaria fazer tudo que ele mandasse.
Mais um empurrão. A boca abriu e o pau de Markus entrou.
Agora, a única coisa que Júlia precisava fazer era segurar as pernas de Markus, para evitar que ele a empalasse com o cacete. De resto, ele controlava cada movimento daquele boquete. Com as duas mãos na cabeça dela, ele pressionava para que ela fosse cada vez mais fundo e cada vez mais rápido. Nos momentos em que ela lutava para diminuir o ritmo, por não aguentar mais toda a voracidade, ele usava os quadris para continuar fodendo a boca dela.
Não conseguia nem imaginar o filme de terror que passava na cabeça de Jonathan, ao assistir aquele velho horripilante traçando sua esposa sem piedade alguma. Só sei que ele não aguentou aquela cena, levantou-se e saiu da sala azul, um movimento seguido pelos olhares da plateia, que o encaravam com uma mistura de pena e desprezo.
Apesar de ter fugido, o marido não perdeu muita coisa do espetáculo. Assim que Markus conseguiu empurrar seu membro por inteiro na boca da jovem, ele interrompeu o vai e vem. Ficou imóvel por alguns segundos, enquanto Júlia se debatia desesperadamente, tentando se livrar do seu domínio, sufocada pelo fluxo espesso que descia direto na sua garganta.
Brutal. É a única palavra para descrever o que eu acabara de ver. Aquele então era o preço da entrada no Poker dos Cornos.
<Continua>
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