Sábado de manhã, o sol já escaldava às 7h30 quando deixei Viviane na escola para uma reunião de professores de fim de semana. Ela estava linda, como sempre, com uma saia lápis cinza e uma blusa de seda rosa, o cabelo loiro preso num coque elegante. “Volto pro meio-dia, amor,” ela disse, me dando um beijo rápido antes de descer do Audi. Acenei, o sorriso automático, mas minha cabeça ainda girava com os eventos da semana: os olhares de Flávia, os risos de Nego e Adriano, o peso do ciúme que crescia como uma febre. Dirigi de volta pro Morumbi, o rádio tocando baixo, tentando me convencer de que era só paranoia, como Viviane dizia. Mas o instinto gritava outra coisa.
Quando virei na nossa rua, a vi. Flávia. Estava parada na calçada, em frente à nossa casa, encostada no poste, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Meu coração disparou. Ela usava uma saia rodada branca, tão curta que mal cobria as coxas, e uma blusa regata preta, justa, com alças finas que escorregavam nos ombros. O cabelo loiro caía solto, brilhando ao sol, e a tatuagem da borboleta no pulso parecia viva. Ela mexia no celular, mas quando ouviu o ronco do motor, levantou os olhos verdes, brilhantes, e sorriu. Não era o sorriso angelical. Era aquele sorriso de canto, safado, que me deixava com o estômago embrulhado.
Parei o carro na garagem, hesitando antes de descer. O que ela estava fazendo aqui? Como sabia onde morávamos? Antes que eu pudesse raciocinar, ela se aproximou, os tênis brancos batendo no asfalto, a saia dançando com o vento. “Oi, seu Paulo!” A voz era doce, mas carregada de algo mais. “Desculpa aparecer assim, mas… posso falar com você?” Fiquei parado, a chave do carro ainda na mão, o pulso acelerado. “Flávia, como você tá aqui? O que aconteceu?” Tentei soar firme, mas minha voz traiu um tremor. Ela mordeu o lábio, os olhos baixando por um segundo, como se estivesse nervosa, mas logo voltou a me encarar, direta. “É meio pessoal. Posso entrar um minutinho? Prometo que não demoro.”
Cada fibra minha dizia pra dizer não, mandar ela embora, ligar pra Viviane. Mas havia algo na maneira como ela me olhava, uma mistura de vulnerabilidade e desafio, que me fez hesitar. “Tá bem, mas… rápido,” murmurei, abrindo o portão. Ela sorriu, entrando na frente, e o perfume doce dela, um misto de baunilha e flores, passou por mim como uma onda. Fechei a porta, o coração na garganta, e a levei pra sala. “Senta aí,” disse, apontando o sofá de couro, mantendo a distância enquanto me encostava na mesa de jantar.
Flávia sentou, cruzando as pernas de um jeito que a saia subiu, revelando a coxa clara e, por um instante, o brilho de uma calcinha branca com rendas vermelhas. Engoli em seco, desviando o olhar pro chão, mas ela sabia. “Sua casa é tão grande, seu Paulo,” disse, a voz baixa, quase um ronronar. “Você e a dona Viviane devem ser tão felizes aqui.” Ela se inclinou pra frente, a alça da blusa caindo no ombro, mostrando a curva do seio, a pele lisa brilhando à luz que entrava pela janela. “Flávia, o que você quer?” perguntei, cruzando os braços, tentando me ancorar. Ela suspirou, jogando o cabelo pra trás, e começou a falar.
“Eu sei que deve achar estranho, mas… minha vida não é fácil, sabe? O abrigo é frio, sempre tem briga, e eu… eu me sinto tão sozinha.” Os olhos verdes brilharam, como se fossem marejar, mas o sorriso não caiu. “A dona Viviane é tipo uma inspiração pra mim, mas você…” Ela parou, mordendo o lábio de novo, o rosto angelical contrastando com o tom provocador. “Você parece alguém que entende. Que cuida das pessoas.” Enquanto falava, ela descruzou as pernas, deixando a saia subir mais, a calcinha visível por um segundo antes de ajustar a postura, como se fosse acidente. Meu rosto esquentou, e senti um calor subindo pelo pescoço. “Flávia, isso não tá certo,” disse, a voz rouca. “Você é aluna da Viviane. Fala o que precisa e vai.”
Ela riu, um som leve, quase infantil, mas os olhos eram de quem sabia o que fazia. “Nossa, seu Paulo, relaxa, eu só quero conversar.” Ela se levantou, caminhando devagar pela sala, os quadris balançando, a saia girando. Parou perto da estante, pegando uma foto nossa, eu e Viviane na praia, sorrindo. “Vocês são tão lindos juntos,” disse, mas o jeito que ela traçou o dedo na foto, sobre meu rosto, parecia mais um desafio. “Mas sabe, às vezes, a gente precisa de algo… novo, né?” Ela virou, se aproximando, a alça da blusa caindo de novo, agora mostrando o sutiã preto rendado. “Você nunca sente isso, seu Paulo? Um vazio?”
Eu recuei, batendo na mesa, o coração disparado. “Flávia, para. Isso é errado. Eu sou casado.” Minha voz era firme, mas tremia nas bordas, e ela sorriu, como se soubesse que eu estava lutando. “Errado?” Ela se aproximou mais, o perfume dela me envolvendo, os olhos verdes me prendendo. “Eu vejo como você me olha, seu Paulo. Não sou boba.” Ela puxou a alça da blusa, deixando-a cair mais, o seio quase exposto, e se inclinou, a boca a centímetros da minha. “Você já pensou em mim, né? Só um pouquinho?”
“Não,” menti, o sangue pulsando. “Você tá confundindo as coisas. Sai agora.” Mas ela não saiu. Em vez disso, ficou na ponta dos pés, a mão pequena pousando no meu peito, os dedos traçando o contorno do músculo sob a camisa. “Seu Paulo, eu não conto pra ninguém,” sussurrou, a voz um veneno doce. “Só quero te fazer sentir bem.” Antes que eu pudesse empurrá-la, ela se inclinou e me beijou, os lábios macios e quentes contra os meus, o gosto de chiclete de morango invadindo minha boca.
Por um segundo, resisti, as mãos suspensas no ar, a mente gritando pra parar. Viviane. A casa. Meu casamento. Mas o calor do corpo dela, o perfume, o jeito que a língua dela roçou a minha, quebrou algo. Cedi. Minhas mãos pousaram na cintura dela, puxando-a mais perto, o beijo se aprofundando, feroz, como se eu pudesse apagar a culpa com mais pecado. Ela gemeu baixo, as unhas cravando no meu peito, e por um momento, esqueci tudo. Até que a imagem de Viviane, sorrindo no carro, passou pela minha cabeça.
Empurrei Flávia, ofegante, o coração batendo como um tambor. “Sai. Agora,” disse, a voz tremendo de raiva e vergonha. Ela recuou, o sorriso ainda lá, mas agora com um brilho de triunfo. “Tá bem, seu Paulo,” disse, ajustando a alça da blusa, como se nada tivesse acontecido. “Mas você vai pensar em mim.” Pegou a mochila, jogou o cabelo pra trás e saiu, a saia balançando, o som dos tênis ecoando no piso.
Fiquei parado na sala, as mãos tremendo, o gosto de morango ainda na boca. Corri pro banheiro, joguei água no rosto, encarando meu reflexo no espelho. “Que porra você fez, Paulo?” murmurei, o peito apertado. Sabia que tinha cruzado uma linha, mesmo que pequena. E sabia que Flávia não ia parar. Pior, sabia que parte de mim não queria que ela parasse. Por volta do meio-dia, dirigi até a escola pra buscar Viviane, o sol batendo forte no capô do Audi, o ar-condicionado no máximo, mas ainda assim suando. A culpa do beijo com Flávia pesava como chumbo no peito, e cada vez que piscava, via os olhos verdes dela, o sorriso safado, o gosto de chiclete de morango. Minha cabeça era um caos: raiva de mim mesmo, medo de Viviane descobrir, e, pior, um desejo que não queria admitir. Quando parei na portaria, Viviane saiu, a saia cinza abraçando as coxas, a blusa rosa meio desabotoada por causa do calor, o cabelo loiro solto agora, caindo em ondas. Ela era perfeita, minha esposa, minha âncora, mas eu me sentia um traidor.
Ela entrou no carro, jogando a bolsa no banco, e me olhou com aqueles olhos castanhos que sempre me desmontavam. “Tá tudo bem, amor? Tá com uma cara estranha.” A voz dela era suave, mas preocupada, e senti o pânico subindo. Forcei um sorriso, esfregando o rosto como se estivesse cansado. “Tô de boa, Vi. Só acordei de um cochilo agora há pouco, ainda tô meio grogue.” Ela riu, relaxando, e pousou a mão na minha coxa enquanto eu dirigia. “Tá precisando descansar, hein, seu Paulo? Ou tá pensando em outra?” Era uma brincadeira, mas o coração disparou, e quase engasguei. “Outra? Tô pensando no almoço, isso sim,” respondi, rindo forçado, e ela revirou os olhos, divertida.
Em casa, o fogo que queimava desde a manhã explodiu. Mal fechamos a porta, puxei Viviane pra mim, as mãos na cintura dela, beijando o pescoço com urgência. Ela riu, surpresa, mas respondeu, os braços envolvendo meu pescoço. “Nossa, Paulo, que é isso?” murmurou, mas já estava me beijando de volta, os lábios macios e quentes. Levei ela pro sofá da sala, sem paciência pra subir pro quarto, e a deitei no couro bege, arrancando a saia com pressa. A calcinha preta de renda ficou de lado, e a visão da bunda grande dela, firme e empinada, me deixou louco. Meti nela com força, cada estocada fazendo o sofá ranger, a bunda dela batendo nas minhas coxas com um som que ecoava na sala. Viviane gemia alto, as unhas cravando em min, “Paulo, isso, amor, mais forte!” Mas enquanto metia, a imagem de Flávia invadia minha cabeça: o jeito que ela mordeu o lábio, a calcinha branca na saia curta, o toque da mão dela no meu peito. Odiava pensar nela, mas isso só me fazia ir mais fundo, mais rápido, como se pudesse apagar o desejo com Viviane.
Ela gozou gritando meu nome, o corpo tremendo sob o meu, e eu vim logo depois, ofegante, o suor pingando na testa. Deitei ao lado dela no sofá, o coração disparado, a culpa voltando como uma onda. Viviane riu, ofegante, puxando a calcinha de volta. “Nossa, amor, que fogo foi esse? Tô até tonta.” Ela me beijou, o rosto brilhando de suor, e eu sorri, mas era um sorriso vazio. “Te amo Vi,” murmurei, mas minha cabeça estava em outro lugar.
No domingo, o fogo não apagou. Transamos três vezes: de manhã, na cama, com ela de quatro, os gemidos dela enchendo o quarto; à tarde, no chuveiro, a água quente escorrendo enquanto eu a prensava contra o azulejo; e à noite, na varanda, com ela no meu colo, o vinho esquecido na mesa. Viviane estranhou, mas adorou. “Paulo, que fase é essa? Tá parecendo recém-casado!” disse, rindo, enquanto se aninhava no meu peito na cama. “Tô inspirado, amor,” respondi, beijando a testa dela, mas cada vez que fechava os olhos, via Flávia, o sorriso provocador, os olhos verdes me desafiando. Odiava isso, mas não conseguia parar.
Na segunda-feira, levei Viviane pra escola às 6h30, como sempre. Ela estava radiante, usando uma calça social preta que marcava as pernas e uma blusa branca justa, o perfume floral enchendo o carro. “Tô cheia de provas pra corrigir hoje,” disse, mexendo na bolsa. “E tu, amor, vai fechar aquele contrato com o cliente chato?” Assenti, distraído, ainda pensando no fim de semana, na culpa, em Flávia. Deixei ela na portaria, o porteiro seu Zé acenando como sempre, e voltei pra casa, o rádio desligado, o silêncio pesando.
Quando cheguei, ela estava lá. Flávia. De novo. Parada na calçada, como na sábado, mas dessa vez com uma saia jeans apertada, curtíssima, e uma blusa cropped rosa que mostrava a barriga lisa. A tatuagem de flores no tornozelo brilhava, e o cabelo loiro estava preso num rabo de cavalo alto, balançando enquanto ela mexia no celular. Quando me viu, guardou o celular no bolso traseiro da saia, o movimento lento, quase teatral, e sorriu. “Oi, seu Paulo. Tô atrapalhando?” A voz era doce, mas carregada, e os olhos verdes me prenderam como um ímã.
“Flávia, o que você tá fazendo aqui?” perguntei, descendo do carro, a voz mais dura do que na última vez. Meu coração disparou, a culpa do beijo voltando como um soco. Ela deu de ombros, se aproximando, os tênis brancos batendo no asfalto. “Eu… queria te ver. Depois de sábado, não consigo parar de pensar em você.” Ela parou a centímetros de mim, o perfume doce me envolvendo, e mordeu o lábio, o rosto angelical com aquele sorriso safado. “Você pensou em mim, seu Paulo? Só um pouquinho?”
“Flávia, isso não pode acontecer,” disse, recuando, as mãos levantadas como se pudesse me proteger. “Você tem que parar com isso. Agora.” Mas ela não parou. Em vez disso, se inclinou, a blusa subindo, mostrando o sutiã preto por baixo, e sussurrou: “Eu sei que você quer, Paulo. Eu vi nos seus olhos.” Antes que eu pudesse responder, ela deu um passo à frente, a mão pequena tocando meu braço, os dedos traçando o músculo. “Me deixa entrar. Só pra conversar. Prometo.”
Olhei pra casa, a porta fechada, a rua vazia. Sabia que era uma armadilha. Sabia que Viviane confiava em mim. Mas o calor do toque dela, o olhar que prometia tudo, me fez hesitar. “Só conversar,” murmurei, mais pra mim mesmo do que pra ela, e abri o portão, o coração batendo tão forte que parecia explodir. Abri o portão, o som do metal rangendo ecoando na rua vazia, e Flávia entrou na frente, a saia jeans balançando com cada passo, o perfume doce dela invadindo o ar como uma névoa. Meu coração batia tão forte que parecia que ia explodir, e cada passo que dava atrás dela parecia um erro maior. “Só conversar,” repeti pra mim mesmo, como se as palavras pudessem me salvar do que já sabia que estava vindo. Ela parou na sala, olhando ao redor com aqueles olhos verdes que pareciam engolir tudo: o sofá de couro bege, a TV na parede, a foto minha e de Viviane na praia, sorrindo como se o mundo fosse perfeito. “Nossa, seu Paulo, que casa chique,” disse, a voz leve, mas com aquele tom provocador que me deixava com os nervos à flor da pele.
“Senta aí,” falei, apontando pro sofá, mantendo a distância enquanto me encostava na mesa de jantar, os braços cruzados como uma barreira. Flávia sorriu, aquele sorriso de canto que era metade anjo, metade demônio, e se jogou no sofá, cruzando as pernas de um jeito que a saia subiu, mostrando a coxa branca e o brilho da calcinha preta com rendas vermelhas. Engoli em seco, desviando o olhar pro chão, mas ela sabia o que estava fazendo. “Você tá tenso, seu Paulo,” disse, inclinando-se pra frente, a blusa cropped rosa subindo, revelando a barriga lisa e a curva do sutiã preto. “Relaxa, eu não mordo… a menos que você queira.” Ela riu, jogando o cabelo loiro pra trás, e o som era como um anzol cravando no meu peito.
“Flávia, isso não tá certo,” disse, a voz rouca, as mãos apertando a beira da mesa. “Você é aluna da Viviane. Eu sou casado. Para com isso.” Mas ela não parou. Levantou-se, lenta, como uma pantera, e caminhou até mim, os tênis brancos quase silenciosos no piso de madeira. “Casado, mas não capado,” sussurrou, parando a centímetros de mim, o perfume dela me envolvendo, doce e perigoso. “Eu vi como você me olhou sábado. Você quer isso, Paulo. Só não quer admitir.” Ela mordeu o lábio, os olhos verdes travando nos meus, e deslizou a mão pelo meu braço, os dedos pequenos traçando o contorno do bíceps sob a camisa.
“Para,” disse, recuando, mas minhas costas bateram na mesa, e não tinha pra onde ir. Meu corpo traía, o calor subindo, o sangue pulsando nas têmporas. “Você tem que ir embora, Flávia. Agora tenho trabalho hoje.” Minha voz tremia, e ela sorriu, como se soubesse que eu estava perdendo. “Você não quer que eu vá,” disse, a voz um sussurro, e se inclinou, a blusa escorregando, mostrando o sutiã e a curva dos seios. “Você tá pensando em mim desde sábado, né? No meu beijo, no meu gosto.” Antes que eu pudesse responder, ela ficou na ponta dos pés, o rosto tão perto que sentia o calor da respiração dela, e me beijou de novo, os lábios macios, o gosto de morango do chiclete que ela sempre mascava invadindo minha boca.
Tentei resistir, as mãos suspensas no ar, a imagem de Viviane queimando na minha mente: a bunda dela batendo nas minhas coxas no mesmo sofá, os gemidos dela, o amor que eu jurava proteger. Mas Flávia era um veneno, e o beijo dela era fogo. Minhas mãos, contra minha vontade, pousaram na cintura fina dela, apertando a pele quente sob a blusa, e ela gemeu baixo, a língua dançando com a minha, cada movimento puxando minha alma pro abismo. “Flávia, não,” murmurei contra a boca dela, mas era fraco, e ela sabia. “Shhh,” ela sussurrou, se afastando só o bastante pra me olhar, os olhos brilhando de triunfo. “Deixa eu te mostrar como pode ser bom.”
Ela se ajoelhou, lenta, os olhos nunca deixando os meus, e suas mãos pequenas foram pro zíper da minha calça. “Flávia, para,” tentei de novo, mas minha voz era um fiapo, e meu corpo não se mexia. Ela abriu a calça, os dedos ágeis, e quando senti a boca dela, quente e molhada, envolvendo-me, o mundo desabou. Era delicioso, um prazer que me fazia odiar cada segundo, mas que eu não conseguia parar. A língua dela dançava, lenta e depois rápida, os lábios apertando com uma precisão que parecia impossível pra uma garota de 18 anos. Ela gemia baixo, o som vibrando contra mim, e as mãos dela agarravam minhas coxas, as unhas cravando na pele. Fechei os olhos, a cabeça jogada pra trás, e por um momento, só existia o calor, o prazer, o pecado.
Mas então vi Viviane. Não na minha mente, mas na foto na estante, sorrindo na praia, os olhos castanhos cheios de amor. Empurrei Flávia, o corpo tremendo, a respiração pesada. “Sai,” disse, a voz quebrada, puxando a calça pra cima, o coração batendo como um tambor. Ela se levantou, limpando a boca com o dorso da mão, o sorriso safado ainda lá, como se soubesse que tinha ganhado. “Você vai me querer de novo, Paulo,” disse, pegando a mochila e ajustando a saia. “E eu vou estar esperando.” Ela saiu, o som dos tênis ecoando, a porta batendo leve.
Fiquei parado na sala, as pernas moles, o gosto de culpa mais forte que o de morango. Corri pro banheiro, joguei água no rosto, mas o reflexo no espelho era de um estranho. “Que porra você fez?” murmurei, o peito apertado. Sabia que tinha cruzado uma linha maior ainda e que não tinha volta. E sabia que Flávia não ia parar. Pior, sabia que parte de mim, aquela parte que eu odiava, queria que ela continuasse.