No Capítulo anterior:
Eu voltei ao Brasil casado e feliz por reencontrar minha mulher, estava retornando aos Estados Unidos divorciado e muito triste.
Continuando:
Me afoguei no trabalho tentando esquecer Ruth. Não consegui; é raro o dia em que não criava uma tese tentando entender o que aconteceu.
Se o trabalho excessivo não curou meu coração, ajudou minha empresa a prosperar. Um dos maiores conglomerados do ramo de alimentação fez uma proposta irrecusável pelo meu aplicativo. Não pensei duas vezes e vendi a empresa de porteira fechada.
Se, com a empresa, eu já era rico; com sua venda, tornei-me milionário, um dos poucos brasileiros listados na Forbes.
Com dinheiro suficiente para viver com muito luxo por cinquenta gerações, resolvi parar de trabalhar e aproveitar a vida.
Em teoria, tudo era muito simples: eu tinha dinheiro e tempo, podia fazer qualquer coisa. Na prática, eu estava imobilizado e não sabia o que fazer.
Talvez, se eu fosse consumista, buscaria satisfação em carros de luxo, iates ou produtos exclusivos, como fazem os jogadores de futebol que explodem na Champions League, mas eu nunca fui consumista, nunca liguei para carros, roupas ou qualquer produto de luxo. Eu era um jovem adulto criado na Zona Leste de São Paulo, que teve a sorte de trabalhar com algo que sempre me foi prazeroso e que me permitiu uma rápida ascensão social.
Sem meu trabalho, eu não sabia o que fazer. Talvez, em outros tempos, eu optasse pela busca dos prazeres da carne, mas já não era o jovem que caiu na farra em Campinas anos atrás, sem contar que ainda sofria com a perspectiva de um futuro sem Ruth ao meu lado.
Sem saber o que fazer, liguei para meu pai.
O velho gargalhou do meu problema, mas me deu bons conselhos. Argumentou que dinheiro sem saúde não valia nada e me intimou a fazer um check-up completo no melhor hospital dos Estados Unidos. Depois, caso não descubra alguma doença terminal, seria interessante comprar um imóvel. Meu pai é daqueles que considera imóveis o melhor e mais seguro investimento. Por fim, seu último conselho: caso ainda não tivesse um plano, que fosse para universidade estudar algo completamente diferente da minha antiga formação.
Terminou a ligação, me proibindo de aparecer no Brasil por um bom tempo; a divulgação da venda milionária da minha empresa me colocou no radar da imprensa. Se eu voltasse, não teria paz.
Gostei dos conselhos; entretanto, seu alerta me preocupou bastante.
Comprei uma casa para meus pais em um condomínio fechado e, apesar de os sequestros já não serem tão comuns quanto nos anos noventa, por segurança, contratei uma empresa para acompanhá-los vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Eles não gostaram, principalmente minha mãe, que não queria mudar e, principalmente, ser monitorada o tempo todo, mas acabaram percebendo que não tinham como lutar contra a realidade. Meu sucesso mudou a vida de todos.
Seguindo o primeiro conselho, entrei em contato com o Programa de Saúde Executiva e Preventiva do Johns Hopkins Hospital e agendei uma consulta. Como tinha de esperar vinte e cinco dias para a primeira data disponível, resolvi adiantar o segundo conselho: já que não podia voltar para o Brasil, precisava de uma nova base nos EUA.
Quando planejei a mudança, pensei em comprar uma casa; afinal, Ruth estaria comigo, e o lógico era construirmos nosso lar americano. Com as mudanças nos planos, desisti; achei melhor ficar em um hotel no primeiro mês em Nova York enquanto resolvia questões burocráticas sobre minha estadia e alugar um flat em San Francisco, cidade onde residi e trabalhei antes de vender a empresa.
O flat era confortável, mas impessoal, um lugar para dormir, puramente funcional. Quando abandonei a rotina de trabalho e passei a ficar lá muito mais tempo, comecei a me incomodar com o que antes via como qualidade. Sua impessoalidade gerava desconforto, como se eu fosse duplamente desterrado. Eu precisava de um lugar onde me sentisse em casa.
Descartei ficar em San Francisco. O tempo que passei lá me levou a construir uma rotina: ia sempre aos mesmos restaurantes, pubs e baladas, acabava encontrando conhecidos da indústria de informação e, sinceramente, eu não me empolgava mais. Além disso, passei por uma experiência traumática para um brasileiro.
Quem vive na Califórnia se acostuma rapidamente aos pequenos terremotos, são inevitáveis e não afetam em nada o cotidiano. No entanto, eles fazem parte do imaginário coletivo; os americanos da costa oeste adoram falar sobre os grandes terremotos do passado e sobre a perspectiva do “Big One”, o maior de todos, que um dia vai acontecer.
Na manhã de sábado, eu estava na cama com uma mulher que conheci em um pub na noite anterior, e estávamos tendo um delicioso sexo matinal quando senti a cama começar a tremer. Em um primeiro momento, pensei: essa gringa mete para um caralho, mas rapidamente entendi o que estava acontecendo.
Diferente dos pequenos tremores que tinha experimentado, este foi forte e muito mais longo. Pensei que estivesse vivendo o Big One, que a Califórnia afundaria no Pacífico, levando-me junto, enquanto a garota, pelada na minha frente, ria do meu desespero. Obviamente, passou longe do “Big One”, as redes de TV classificaram o tremor como de pouca intensidade, mas nunca tive tanto medo na vida.
Já que não podia voltar ao Brasil, queria uma casa, um lar, em uma cidade onde o chão não tremesse.
A escolha foi óbvia: minha cidade favorita nos Estados Unidos, na sólida costa leste. Eu me mudaria para Nova York.
Entreguei o flat e atravessei o país. Hospedei-me em um confortável hotel no Upper East Side, próximo ao Central Park, e, após conversar com alguns corretores de imóveis, iniciei minha busca por uma casa.
No início, como todo estrangeiro interessado em comprar um imóvel em Nova York, eu me restrinjo a Manhattan e rapidamente percebi a dificuldade de tal empreitada. Você encontra apartamentos com facilidade, mas casas são raras. Quem tem uma casa em Manhattan só vende por absoluta necessidade ou se a proposta for astronômica, fora da realidade. Como americanos ricos não têm o hábito de rasgar dinheiro, existem listas de interessados em eventuais oportunidades.
Eu já estava quase fechando a compra de um apartamento em Tribeca, sul de Manhattan, quando minha corretora ventilou a possibilidade de negócio com uma brownstone no Brooklyn, oferecida por um antigo cliente.
Eu não acreditei; conhecia as antigas e lindas brownstones do Brooklyn, mas, como restringi minha busca a Manhattan, não cheguei a verificar casas em outros distritos.
As brownstones são casas construídas antes da Guerra Civil Americana, levam esse nome por conta da cor marrom avermelhada da pedra utilizada na construção de suas fachadas. São casas geminadas com vários andares, geralmente de três a cinco, construídas em filas, com uma fachada comum e entradas individuais. São consideradas parte do patrimônio histórico de Nova York e, apesar de mais baratas que casas em Manhattan, são muito caras.
No mesmo dia, atravessamos a Ponte do Brooklin e, fascinado, descobri que minha futura casa era muito mais charmosa que todas que tinha visto. Uma brownstone avermelhada de cinco andares na Montague Street, no Brooklyn Heights, o pedaço mais charmoso do Brooklyn.
O lugar era perfeito, além de ser perto da Ponte do Brooklin, facilitando o acesso à ilha de Manhattan; a vista era maravilhosa: o East River, a ilha Manhattan e a Estátua da Liberdade ao fundo.
Ao assinar o cheque que tornava minha aquela preciosidade, entendi, pela primeira vez, a verdade que Caetano Veloso canta em “Sampa”:
“Da força da grana que ergue e destrói coisas belas.”
Eu tinha dinheiro e podia usá-lo para construir coisas belas; minha brownstone era apenas o primeiro passo.
Fiquei no hotel até a véspera da viagem para fazer meu check-up. O hospital fica em Baltimore, e o voo até lá é relativamente curto. Enquanto esperava, contratei uma empresa especializada em manutenção para deixar a casa em perfeito estado. Estava ansioso para mudar para o Brooklyn.
O check-up foi excelente. Só não fiz o exame de Papanicolau por absoluta impossibilidade material; o resto, fiz! Até exame de mamas, algo que eu, na minha ignorância, acreditava ser exclusivo para mulheres. Fiquei internado três dias, fui furado, escaneado, fotografado, vacinado e recebi tudo o que a medicina preventiva tinha a me oferecer. Os resultados preliminares foram bons, e os definitivos, quinze dias depois, também.
Claro que fizeram muitas recomendações, principalmente sobre alimentação e exercícios físicos.
Eu era oficialmente um homem saudável, rico e ainda jovem; em mais três anos, eu me tornaria um quarentão!
Mudei-me no meio de novembro; o contraste entre o frio do outono e o aquecimento central de última geração, que instalei na minha casinha — carinhosamente apelidada assim — criava uma sensação de conforto que não experimentava desde que deixei de conviver com Ruth. Mesmo assim, não foram poucas as vezes que imaginei como seria maravilhoso dividir um espaço tão especial com a mulher que, por anos, me fez o homem mais feliz do mundo.
O divórcio, e principalmente a nossa última conversa, ainda machucava. Apesar do ano e meio que se passará, eu continuava pensando em Ruth mais do que deveria; ainda não conseguia entender a transformação pela qual passará em tão pouco tempo.
Demorei a perceber o mal que ela continuava a me fazer. Como liberal que sempre fui, antes e durante o relacionamento com Ruth, eu tinha claro a diferença entre amor e sexo. Entretanto, sem me dar conta, essas fronteiras foram se embaralhado desde o divórcio.
Como esperado, não quis me envolver com ninguém nos primeiros tempos; aos poucos, fui saindo do casulo. Saí com algumas amigas que já frequentavam minha cama antes da catástrofe que foi minha volta ao Brasil, mas sem empolgação.
Raras foram as vezes que me aventurei a conhecer novas mulheres, como a loira do terremoto. Aliás, desde daquela “foda catástrofe” eu não fiquei com mais ninguém. Cinco meses sem sexo, meu recorde após os quinze anos!
O pior é que eu não sentia falta, nem a tradicional punheta — como disse Woody Allen: meu hobby favorito — estava rolando. Minha libido estava baixa, mas tão baixa que nem pensava em sexo.
Eu tentava racionalizar: o estresse com a venda da empresa, a mudança no meu ritmo de vida, o medo de aparecer algo nos exames, a compra da casinha e, por fim, o divórcio.
A verdade, aquela que demorei para admitir, é que eu sentia falta de Ruth. Mesmo após a traição ao nosso projeto de vida e às palavras duras que me disse, eu ainda amava aquela filha da puta.
Pior, meus sentimentos conflitantes eram a causa da minha apatia sexual, o que me levava a um ciclo vicioso: minha frustração amorosa me deprimia, tirando meu desejo por novas experiências. Sem sexo, eu pensava em Ruth cada vez mais, o que me deprimia ainda mais. Eu precisava interromper esse ciclo.
O primeiro passo seria voltar a sair. Voltei a correr, me inscrevi em uma academia e contratei um personal para acompanhar meus treinos. Descobri um restaurante fitness a três quadras da minha casa e passei a almoçar e jantar lá.
O Brooklin é um mundo à parte. Conta com uma vida artística e cultural intensa. Comecei a frequentar exibições de filmes independentes, exposições de arte e, claro, balés.
Meu humor começou a mudar. Eu me sentia mais vivo, não pensava em Ruth com a mesma frequência e percebia minha libido ganhando fôlego. Passei a reparar nas mulheres da academia, e algumas foram homenageadas durante meus banhos.
Dois acontecimentos em dezembro marcaram a virada de chave na minha nova vida.
Convidei meus pais para passarem o Natal e o Ano Novo comigo. Eles adoram a ideia; além de conhecerem minha nova casa, ficaram empolgados em experimentar um Natal com neve.
Não esperei chegar à metade do mês e fui às compras; queria enfeitar minha casinha com luzes coloridas, árvore de Natal e tudo que cansei de ver em filmes. Comprar foi fácil; instalar, nem tanto. Depois de um tombo que poderia ter sido feio, contratei uma empresa de decoração.
A casinha ficou linda. Foi escolhida uma das dez melhores decorações de Natal pelo site oficial do Distrito. Tornou-se comum que turistas fotografem. Meus vizinhos, que até então não me cumprimentavam — diferente do estereótipo que vemos nos filmes, em que o vizinho leva uma torta de boas-vindas no dia da mudança — passaram a me cumprimentar de maneira efusiva. Talvez o sucesso da decoração tenha me tornado mais americano…
Ainda envolvido nas compras para abrilhantar o Natal dos meus pais, descobri uma livraria maravilhosa. O prédio, que foi uma antiga tecelagem no início do século XX, foi comprado por um editor aposentado durante a gentrificação do distrito e transformado em uma livraria única.
As estantes cobriam todas as paredes, no centro uma cafeteria e, entre elas, dezenas de sofás para os clientes lerem e degustarem seus cafés.
Foi amor à primeira vista. Tornei-me cliente habitual. No começo, eu ia ler, mas rapidamente estabeleci contato com outros frequentadores. Bebia litros de café enquanto conversamos sobre livros, cinema, política e sobre a vida no Brooklin.
O proprietário gostou de mim. No início de sua carreira, ele morou por alguns meses no Rio de Janeiro e tinha um carinho enorme pelo Brasil. Foi o primeiro americano a quem ouvi rasgando elogios a Machado de Assis.
Ele tinha um clube de leitura que funcionava toda quinta-feira à noite. O grupo escolhia coletivamente um livro e conversava sobre ele. Fui convidado a participar. O primeiro livro seria “Adventures of Huckleberry Finn” (As Aventuras de Huckleberry Finn), escrito por Mark Twain e publicado em 1884.
Apesar de querer participar, estranhei a escolha do livro. Um livro infantil que li na escola...
Mr. Barker, o proprietário da livraria, percebeu meu desapontamento. Com o sorriso de um professor que ensina uma criança, ele me falou:
- Pela sua expressão, você provavelmente já leu e não entende o porquê de escolhermos um livro que muitos consideram escrito para o público juvenil, não é?
Não tive como negar. Ele continuou:
- A beleza da literatura é que uma história pode ter diversas camadas. Quando você leu, enxergou as estripulias de Jim e Huck ao longo do Rio Mississippi, mas a história é mais profunda; ela aborda as dúvidas de Huck Finn, o que ele considerava como certo e errado, suas reflexões sobre as concepções morais convencionais de sua época.
Sou um leitor atento desde a minha adolescência; percebi cedo que uma história pode ter diversas leituras e que reduzi-la a um “gênero literário” limita. Mesmo assim, fui pego sendo preconceituoso ao classificar uma obra por gênero, como as antigas locadoras de filmes.
Aceitei participar do grupo de leitura e, na mesma semana, participei da primeira reunião, a primeira sobre o novo livro, e a última do ano; pausaríamos para as festas de fim de ano.
Participar dessas reuniões me fez muito bem. Além das discussões estimulantes, o grupo era heterogêneo e muito divertido.
Éramos em oito pessoas, cinco homens e três mulheres. A idade variava entre os dezesseis e os oitenta e dois anos. Diferente do tradicional formalismo americano, nos chamávamos pelo primeiro nome; a exceção era o proprietário da livraria, o eterno Mr. Barker.
Fui acolhido com um carinho que poucas vezes recebi em terras estrangeiras. Falei de mim e ouvi um pouco sobre eles. Como disse, o grupo era heterogêneo: tinha uma dona de casa, uma aluna do ensino médio, um professor universitário de química orgânica, um marceneiro, um advogado especializado em divórcios, uma médica e o anfitrião Mr. Barker. Apesar das diferenças sociais e de formação, todos compartilhavam a mesma paixão: a literatura.
Quando cheguei à primeira reunião, não imaginava o quão importante eles se tornariam na reconstrução da minha vida. Naquele momento, era apenas mais uma atividade, como a academia ou os passeios pelas galerias de arte. Meu foco era receber meus pais.
Alguns dias depois, fui ao aeroporto buscá-los. Foi um reencontro emocionante; choramos como não nos víssemos há anos. O trajeto até minha casa foi repleto de perguntas; meus pais estavam visivelmente preocupados comigo. Com certeza, meu pai dividiu com minha mãe minhas angústias e, como toda mãe italiana, ela só acreditaria que o filho está bem ao interrogá-lo cara a cara. Fui duramente questionado sobre cada detalhe da minha rotina.
Ao chegarmos, ela já estava mais tranquila, pausou o modo mãe e ligou o modo dona de casa. Encantou-se com minha casinha. Olhou todos os cômodos, cada canto, perguntou sobre cada eletrodoméstico que não conhecia e fotografou tudo. Obviamente, postou tudo no Facebook.
Meu pai acompanhou o tour pela casa, mas sem o mesmo entusiasmo da minha mãe. Ele estava cansado. Quando minha mãe se deu por satisfeita, eu sugeri pedir pizzas; eles gostaram da ideia e foram se banhar enquanto eu fazia o pedido.
O jantar foi rápido. Eles estavam com fome. Depois de colocar os pratos na máquina de lavar, fomos para sala de estar conversar. A garrafa de vinho que abri para o jantar foi consumida ainda na cozinha; depois, abri outra. O vinho teve efeitos diferentes sobre os dois: meu pai já não conseguia manter os olhos abertos, desistiu da conversa, pediu desculpas e foi dormir. Minha mãe, por outro lado, estava elétrica, continuou bebendo e falando.
Na adolescência, eu fui muito próximo de minha mãe; entretanto, após descobrir no seu laptop como ela manipulou meu pai para evitar o divórcio, nosso relacionamento se tornou superficial.
Mantive seu segredo — até hoje questiono se minha decisão foi correta — e nunca mais toquei no assunto. Quando me separei, ela demonstrou surpresa, principalmente quando justifiquei o rompimento por uma suposta traição. Sem entrar nos detalhes, deixei que acreditassem que ela tinha se envolvido com outro; não tinha como explicar que a traição foi a nossa cumplicidade como casal, e não uma quebra na fidelidade conjugal.
Durante todo o meu casamento, frequentamos a casa deles para os tradicionais almoços de domingo e festas familiares. Ruth, apesar de saber o motivo das minhas restrições, tornou-se próxima da sogra. Amizade que ela justificava dizendo que, se fosse da geração da minha mãe e estivesse vivendo em um relacionamento monogâmico, provavelmente faria o mesmo que ela. Não gostei do que ouvi, mas, não nego, já tinha pensado o mesmo; só que a equação incluía meu pai e isso me fazia, de certa maneira, hipócrita.
Conversando na sala de estar, ela, sem rodeios, perguntou:
- Filho, explique-me melhor o que o levou a se separar de Ruth; não acredito nessa história de traição.
Não esperava tal questionamento; acabei respondendo de maneira indelicada.
- Pode acreditar, ela me traiu descaradamente e não nasci para ser corno manso como meu pai. Por falar nisso, continua com seu amante?
Ela foi atingida pelo golpe. Eu, que nunca tinha tocado no assunto, agora estava explicitando que ela transformou meu pai em um corno. Respirou fundo, colocou a taça na mesa de centro e, com amargura na voz, respondeu:
- Não, filho, eu rompi com ele há muitos anos; seu pai não é mais corno. Sei que ele não merecia tudo que fiz, mas não tive escolha; ele é o homem da minha vida. Nunca amei alguém com a intensidade que o amo, mas, como macho, ele sempre deixou a desejar. Se me envolvi com aquele filho da puta foi por desespero; eu precisava ser bem comida. Fui estúpida; deveria ter tido casos aleatórios, e não um amante no trabalho que se revelou um canalha.
- Canalha? Eu vi as fotos, mãe; você toda dengosa. Lembro que, depois daquele almoço com o irmão gay, você falava dele todos os dias, sempre elogiando...
- Sim, aquela foi a melhor fase do meu caso. Como seu pai não desconfiava, passamos a nos encontrar quase diariamente. Nunca me senti tão plena sexualmente. Mas ele começou a me envolver em fetiches que não eram meus, e as coisas desandaram. Chegou-se a um ponto em que o prazer não compensava os riscos.
- Como assim? Que riscos, mãe? – Falei preocupado.
- Ele me levou umas cinco vezes a casas de swing; eu nunca gostei, nem me senti à vontade. Quando ele quis fazer troca com um casal natureba, que não usava camisinha por “cortar a energia” do sexo, eu rompi. Ele perdeu a noção; imagine se eu pegasse uma IST e passasse para seu pai. Nunca me perdoaria! Nunca!
- Casa de swing, mãe? E se um conhecido do pai visse? Puta risco!
- Calma aí, moleque. Eu não sou inconsequente. Todas às vezes, ocorreram em outras cidades; o risco sempre existiu, mas foi reduzido a quase zero.
- Vocês tiveram sorte. Já frequentei bastante esse meio e sempre encontrava conhecidos.
Minha mãe me olhou diferente, como se decidindo se continuava a contar. Pela primeira vez naquela noite, senti que algo a incomodava mais que contar ao filho que tinha feito trocas de casais traindo o esposo. Eu tinha razão; ela não aguentou e falou:
- Quase sempre tivemos sorte. Em uma festa privada em Jundiaí, encontrei alguém do meu círculo de amizades. Conversamos, trocamos segredos e nunca mais abordamos o assunto.
- Ainda bem que era alguém confiável e, pelo que você disse, também tinha algo a perder.
- Você tem razão, ela sempre foi confiável, mas não tinha nada a perder; seu casamento era aberto, o marido sabia que ela ficava com outros homens, e ele ficava com outras mulheres. Casamento moderno.
- Uau! Muita informação para processar...
- Mas você não respondeu à minha pergunta, filho. Quais motivos te levaram a pedir o divórcio? Sei que não foi traição; em Jundiá, Ruth me contou que vocês viviam um relacionamento aberto...
Perdi a fala por alguns minutos. Minha mãe encontrar Ruth em uma suruba em Jundiaí e conversarem sobre nossa vida sexual era algo difícil de digerir.
Ela sabia que tínhamos um casamento liberal.
Abandonei o vinho. Fui até o bar, no fundo da sala, e me servi de uma generosa dose de whisky. Voltei para o sofá e contei tudo para minha mãe.
Fiz um breve relato da minha opção por relacionamentos liberais, do trisal na época do mestrado, das festas em casas de swing e, com mais detalhes, do meu relacionamento com Ruth e os reais motivos da separação.
Quando terminei, eu chorava como criança. Minha mãe me abraçou e chorou comigo.
Quando as lágrimas secaram, ela me disse:
- Eu sei que você está sofrendo, mas vai passar; o tempo resolve tudo. O divórcio foi a decisão correta; tenho orgulho da vida que você construiu, sem medo de amar, mas sem compactuar com mentiras e hipocrisia. Agora eu entendo o mal que te causei ao pedir segredo da minha indiscrição com seu pai; eu feri seus princípios. Me desculpe, filho.
- Esquece, mãe, você teve seus motivos...
- Tive, mas não foi justo contigo. Mas você tem razão; vamos esquecer isso. Quanto a Ruth, você se livrou de uma maluca. Não faz sentido uma mulher que sabe ser amada e que tem liberdade para transar com quem quiser jogar tudo para o alto por pressão familiar ou religiosa. Ou ela é doida ou há algum caroço nesse angu que você nem desconfia... Mas tudo é passado; você está em um novo país, morando numa casa linda. Viva sua vida, seja feliz!
Eu não imaginava o quanto precisava ouvir aquelas palavras. Fiquei mais leve e percebi que o rancor pelo fim do relacionamento e pela traição de minha mãe não significavam mais nada. Estava preparado para o mundo.
O Natal foi maravilhoso. Pela primeira vez em muito tempo, eu estava verdadeiramente feliz.
Conversamos, passeamos e fizemos compras. Os dias passaram rapidamente. Entramos no ano novo com um jantar em casa; a noite estava muito fria. A conversa já indicava a despedida inevitável.
Meu pai, como sempre cirúrgico em seus conselhos, me lembrou que, com a compra da casa e os exames médicos feitos, só faltava mergulhar em uma nova área de conhecimento. Perguntou se já tinha algo em mente. Lembrei do clube de leitura e disse que planejava me matricular em um curso de literatura americana, mas não sabia em qual universidade.
Dois dias depois, eles embarcaram de volta para São Paulo. A despedida foi emocionante; não me sentia tão próximo da minha mãe desde a adolescência.
Comecei o ano com entusiasmo. As reuniões do clube de leitura eram momentos mágicos; além das discussões instigantes, as tiradas cômicas me faziam voltar a me sentir um estudante de graduação. Ao saber de minha intenção de cursar literatura americana, Mr. Barker sugeriu um curso na Universidade Columbia que começava em fevereiro.
Os meses seguintes foram deliciosos. Li muito e aproveitei o curso na universidade, sem deixar de lado o clube de leitura.
Minha libido voltou e, como já imaginava, o convívio universitário resultou em ótimas transas. Claro que minha idade, quase um quarentão, me tornava um objeto para alunas que gostavam de homens mais velhos, mas não reclamei. Foi um período de sexo casual, com no máximo um repeteco.
Com uma exceção.
Harper era a caçula do nosso clube de leitura. Cursava o último ano do ensino médio e aspirava a ser jornalista. Muito inteligente, fazia comentários que surpreendiam os integrantes mais velhos. Não foi surpresa quando ela anunciou que foi aceita como aluna em Harvard com bolsa integral.
No começo de abril, eu estava indo à livraria quando vi uma cena chocante: Harper atravessou a rua sem olhar para os lados, quase foi atropelada, escapou da morte com um pulo, perdeu o equilíbrio e caiu.
Corri para ajudá-la. Sentada na guia, ela ria como se nada tivesse acontecido. Provavelmente, a adrenalina inibia dor que devia estar sentindo, pois era visível que o osso de seu braço estava quebrado, quase rasgando a pele.
No desespero, comecei a falar em português; ela ria e dizia:
- Speak English; I don't understand anything; (Fale em inglês; não estou entendendo nada.)
Respirei fundo e, agora em inglês, expliquei que ela tinha quebrado o braço e que precisávamos ir a um hospital. Ela ria, achando que era brincadeira, mas, ao olhar para seu braço e, provavelmente, ao começar a sentir dor, passou a chorar como uma garotinha.
Parei um táxi e, em dez minutos, estávamos entrando no pronto socorro do The Brooklyn Hospital Center.
Quem reclama do sistema de saúde no Brasil não conhece o dos Estados Unidos. Não existe SUS; se você não tem convênio, precisa pagar no ato da internação ou garantir o pagamento assinando uma espécie de nota promissória ou, ainda, reservando o valor indicado pelo hospital no cartão de crédito. O convênio de Harper fora cancelado. Depois, soube que seu pai mudou de emprego, o convênio antigo foi cancelado e o novo ainda não estava ativo. Tentei falar com seus pais, mas não consegui. Enquanto isso, ela esperava sem ser atendida...
Irritado com o descaso, saquei meu cartão de crédito e fiz a reserva. Inacreditáveis dez mil dólares. O engraçado é que a enfermeira falou o valor com um sorriso no rosto... Talvez ela não acreditasse que um latino vestindo camiseta e calças cargo tivesse condições para isso. Se ela imaginasse...
O cartão foi aprovado na primeira tentativa, e, finalmente, Harper foi atendida.
Fiquei esperando. Tentei inúmeras vezes falar com seus pais, mas não consegui. Uma hora depois que de ela ter sido atendida, fui chamado para conversar com o médico.
Ele me perguntou se eu era o pai da paciente. Disse que não, mas, para saber como ela estava, menti que era o tio. Ele me explicou que era necessário uma pequena intervenção cirúrgica para colocar um parafuso. Pergunto se eu autorizava e me entregou um formulário para assinar. Eu não estava confortável com a situação de autorizar uma cirurgia em uma garota cujo sobrenome eu não sabia, cujos pais eu não conhecia.
Avisei ao médico que ligaria para os pais da menina para saber se eles concordavam. O médico disse que eu estava certo, que ligasse para os pais e comunicasse a decisão à enfermeira na recepção.
Novamente tentei falar com os pais de Harper, mas não consegui. Deixei mais uma mensagem explicando a urgência de uma resposta.
Sem saber o que fazer, liguei para Mr. Barker e contei o que estava acontecendo. Ele me disse que ia ligar para o pai dela, ele tinha o número do telefone fixo de seu novo trabalho em Washington, eram amigos.
Em cinco minutos, meu telefone tocou. Expliquei a situação a um pai desesperado. Ele preferiu autorizar a cirurgia imediatamente, pois não sabia se conseguiria falar com a esposa. Ela era arquiteta e trabalhava na remodelação de um spa com foco na “reconstrução energética” que proibia o porte e uso de celulares em suas dependências.
Por via das dúvidas, não querendo um processo nas minhas costas, pedi para enviar a autorização por e-mail. Assim que recebi o e-mail, fui até a enfermeira e autorizei a cirurgia. Anexei à autorização uma cópia impressa do e-mail.
Tudo resolvido? Claro que não! Tive que fazer mais uma reserva com meu cartão. Mais sete mil dólares...
No fim da tarde, o médico me informa que tudo correu bem e que ela já estava no quarto. Ficaria aquela noite em observação e, com certeza, receberia alta no dia seguinte.
Perguntei se podia vê-la. Ele, educadamente, disse que sim, mas que antes eu precisava passar na tesouraria...
Foi cômico. O assistente da tesouraria me informou que a reserva no meu cartão foi utilizada no valor de quinze mil e setecentos dólares, incluindo impostos, e que o valor adicional já tinha sido liberado. Ele me apresentou a nota de serviços, deixando claro que incluía serviços médicos, hotelaria e medicamentos até o dia seguinte. Caso fosse necessária uma internação prolongada, eu seria comunicado para pagar a diferença.
Com um sorriso no rosto, lembrando dos meus amigos de classe média que defendem a privatização do SUS no Brasil, peguei a nota e fui visitar minha amiguinha.
Por incrível que pareça, ela estava animada. Ela logo me disse que a experiência renderia uma ótima história.
Ela não tinha ideia...
Um pouco depois, sua mãe chegou. Com os olhos inchados e visivelmente preocupada, entrou no quarto sem olhar para os lados. Foi até a cama, chorou enquanto abraçava e acariciava a filha. Depois que percebeu que a filha estava bem, veio até mim e, sem se apresentar, perguntou o que tinha acontecido. Narrei as desventuras de sua filha e minha participação incidental. Ela agradeceu minha ajuda de maneira formal e, depois de perguntar meu nome e nacionalidade, finalmente se apresentou:
- Meu nome é Mrs. Ross, Reese Ross.
Mal deu tempo de cumprimentá-la; o médico entrou no quarto e, ansiosa por informações sobre o estado clínico da filha, só se acalmou quando conversou com ele.
Após dirimir suas dúvidas, ela voltou para cabeceira da filha. Por cerca de trinta minutos, Harper tentou estabelecer um diálogo comigo e com sua mãe. Percebi que Mrs. Ross não se sentia confortável naquela situação. Aproveitando que Harper cochilou; me levantei para sair.
Não tive tempo. A mãe da futura aluna de Harvard percebeu minha intenção e foi mais rápida: convidou-me para acompanhá-la à cafeteria, ela precisava de um café. Inocente, eu fui.
Na cafeteria, a mulher virou um bicho, me acusando de ser responsável pelo acidente e insinuando —ou perguntando, não entendi direito — se meu plano era seduzir sua filha.
Sou uma pessoa calma, raramente me descontrolo, mas aquela mulher me tirou do prumo. Cuidei da menina, fiz tudo para que ela fosse bem atendida no hospital, paguei a conta e agora a vagabunda da mãe, que por horas tentei contato sem sucesso, me acusava de ser um tarado inescrupuloso.
Eu já estava pronto para despejar minha indignação quando, por sorte, meu telefone tocou. Atendi, era Mr. Barker, avisando que estava no hospital. Pedi para ele vir à cafeteria nos encontrar.
Sem responder à megera, encaminhei-me para a saída. Ao me encontrar com Mr. Barker, contei as acusações da mãe de Harper e, sem dar tempo para ele falar, despedi-me e fui embora.
Em casa, relativizei a reação da mãe; o importante era que Harper fosse cuidada e me fez muito bem tê-la ajudado.
Durante a semana, recebi inúmeras mensagens e ligações dos pais de Harper. Ignorei e não queria contato.
Mr. Barker me ligou tentando intermediar um encontro; eles queriam me agradecer e devolver o dinheiro. Fui franco com meu amigo: não queria encontrar com eles e que considerava o pagamento pelos cuidados médicos um presente, não era necessário devolver o dinheiro. Cuidadoso, como se falasse com uma criança, ele tentou argumentar:
- Rodolfo, tudo bem você não querer se encontrar com eles, te entendo, ela foi muito deselegante contigo, mas ao não receber o dinheiro de volta, você mostra ser tão mesquinho quanto ela. Harper não é sua responsabilidade; eles devem pagar os gastos com o hospital, não você.
Ele não estava equivocado. Eu estava sendo infantil, rasgando dinheiro por orgulho. Prometi que pensaria no assunto.
Procrastinei o máximo que pude. Apesar de saber estar sendo infantil, algo em mim não queria ceder. Os telefonemas e mensagens cessaram, e Mr. Barker nunca mais tocou no assunto.
Decidi encontrar-me com os pais de Harper após uma conversa com ela na livraria.
Foi na sua volta ao grupo. Fizemos uma pequena festa de boas-vindas com muito bolo e café. Cada um de nós leu algumas páginas de um livro que ela ainda não tinha lido e que acreditávamos que ela iria gostar. Ela se emocionou. Agradeceu com lágrimas nos olhos. Ela ainda não tinha ido para a universidade, e já estávamos com saudades.
Quando fui me despedir, ela pediu para eu esperar; queria falar comigo a sós. Eu esperei.
Saímos da livraria e caminhamos até a área próxima à Ponte do Brooklin. Durante a caminhada, ela me falava das dificuldades de usar o fixador externo — a gaiola metálica que envolvia seu braço para melhor recuperação — e da dor quando o mecanismo era tensionado.
Quando chegamos, ela se calou; parecia ansiosa para falar, mas sem encontrar as palavras certas. Por fim, envergonhada, abaixou os olhos e desandou a falar:
- Você não faz ideia do ódio que senti pela minha mãe quando soube o que ela fez no hospital. Como ela teve coragem de te desrespeitar depois de tudo que você fez? Cuidou de mim, me tranquilizou, mentiu para que me atendessem e até pagou a conta! Como ela teve coragem de te ofender...
- Calma, Harper. Ela é sua mãe e ficou preocupada. Você está sendo muito dura com ela...
- Sem essa, Rodolfo. Você sabe que ela foi uma puta, tanto que nem quis falar com ela e com o inútil do meu pai. Sei que você preferiu perder o dinheiro que gastou comigo a ter que encontrar com eles.
Foi difícil ouvi-la falando dos pais com tamanha mágoa. Percebi imediatamente as consequências do meu orgulho. Eu tinha o direito de me sentir ofendido, mas, em hipótese alguma, de colocar a filha contra os pais. Precisava resolver isso.
- Harper, não é bem assim. Você está exagerando. Sua mãe me deixou chateado e, num primeiro momento, não quis contato, mas conversei com Mr. Barker e ele me fez ver que eu estava sendo infantil, pois o desespero de sua mãe ao te ver frágil na cama de um hospital mexeu com seu discernimento. Prometi encontrar seus pais e aceitar a devolução do dinheiro. Só não marquei o encontro por estar enrolado na Universidade, conheci uma moça e tenho ficado muito com ela.
Não era uma mentira total. Realmente, eu estava saindo com uma mulher muito fogosa, mas não era esse o motivo da minha procrastinação em ligar para seus pais. Achei melhor omitir que ainda me sentia desconfortável com a situação.
Ela abriu um sorriso e passou a olhar nos meus olhos. Fiquei surpreso ao entender o motivo do seu alívio.
- Você não faz ideia de como isso me deixa feliz. Eu estava me sentindo culpada por toda essa situação, fui descuidada, podia ter evitado o acidente e, para piorar, fui a responsável por minha mãe imaginar que você cuidou de mim por interesse...
- Não estou entendendo. Como você pode ser a responsável se estava dormindo?
- Foi algo que falei no começo do ano, pouco depois de você começar a frequentar o clube de leitura. Minha mãe não gostou.
- Continuo sem entender!
- Lembra quando sugeri o livro Mulheres de Charles Bukowski como próximo livro a ser lido pelo grupo?
- Lembro que foi a maior discussão que presenciei no clube; inicialmente, apenas eu aceitei a ideia, mas depois de muitas discussões o grupo acabou aceitando.
- Seu apoio foi fundamental; sem seus argumentos, acho que o grupo teria descartado o livro. Naquele dia, você subiu muito no meu conceito.
- Então, até aquele dia, você não gostava de mim?
- Imagina! Como não gostar de um homem inteligente, bonito e com um sotaque sexy? Mas naquele dia, eu quis que você fosse mais novo ou eu mais velha...
- Espera, estou entendendo. Você contou esses devaneios para sua mãe?
- Eu sempre conto tudo a ela. Falei que havia um homem maravilhoso no clube de leitura, e que, se ele me quisesse, entregaria minha virgindade facilmente. Ela não é moralista, acha estranho eu ainda ser virgem, ficou feliz e interessada no assunto, mas quando disse que você tem quase quarenta anos, ela surtou.
- Óbvio que surtou, sua maluca. Imagina ouvir a filha falar que cogita transar com um homem da idade do pai. Agora entendo a reação no hospital.
- Então... Quando ela estava conversando comigo no quarto do hospital, eu perguntei se ela não achou você bonito; ela ficou brava. Foi pouco antes de vocês irem à cafeteria. Você entendeu por que me senti culpada?
- Entendi. Realmente, você tem uma parcela de culpa nessa história. Onde você estava com a cabeça? Somos amigos; gosto muito de você. Nunca te olhei como mulher e não imaginei que você tivesse outro olhar. Nossa diferença de idade é muito grande, menina.
Credo, Rodolfo! Sou tão feia assim?
- Sem joguinhos. Você é linda, mas minha bunda é mais! Imagine como ela ficaria em um presídio? Sou um estrangeiro na América, e você, uma adolescente americana. Imagine como um júri se pronunciaria.
- Não é bem assim. Estamos na América. Você é rico e branco; se fosse pobre e preto, sua linda bundinha realmente correria risco.
- Bom ponto, mas você está desviando do assunto principal; você foi imprudente e levou sua mãe ao erro. Precisamos resolver isso.
- Tá certo, mas como?
- Seus pais estão em casa?
- Minha mãe está, mas meu pai não, em Washington, como sempre...
- Tudo bem, vamos lá conversar com ela.
O apartamento dos Ross não era longe, mas, para poupar Harper, que já sentia dores com o extensor externo, fomos de táxi.
Fui recebido por uma Mrs. Ross completamente diferente daquela que vi no hospital. Seu semblante estava leve e abriu um sorriso encantador ao me ver. Ela me cumprimentou com carinho e pediu desculpas pela maneira como se portou. Resolvi abrir o jogo; ela não era a megera que imaginei, merecia saber como me senti e os motivos que me levaram a mudar de ideia. Enquanto ela servia café, comecei a falar:
- Mrs. Ross... – Fui interrompido.
- Por favor, use meu primeiro nome. Não faz sentido tamanha formalidade com quem salvou minha filha.
- Fico honrado, mas você está exagerando; eu só levei Harper ao hospital, e, os médicos que merecem os créditos.
- Não sei como é no seu país, mas aqui o máximo que fariam seria ligar para a emergência; ninguém quer se envolver com os problemas dos outros. Sua atitude foi fora do comum, e sou grata
- Estou ficando constrangido com tantos elogios... Obrigado, mas, por favor, gostaria de falar sobre outro assunto, algo que soube hoje.
Achei que Harper ia ficar constrangida, mas não. Ela me olhava com um sorriso de moleque que fez arte.
- Reese, sua filha me contou que falou contigo sobre seus desejos platônicos. Eu não fazia ideia e imagino o quão perturbador deve ter sido ouvir sua filha virgem dizer que entregaria sua virgindade a um homem da idade do pai. Ela também me contou sobre a provocação no hospital, e tudo fez sentido. Quando você me acusou, só estava reagindo a um medo legítimo; por não saber, fiquei indignado. Agora, acho que você até pegou leve; provavelmente, no seu lugar, eu teria procurado a polícia...
- Fico feliz que você tenha me entendido; contudo, eu deveria ter sido mais prudente. Harper é inteligente, mas ainda é uma adolescente; devia ter relativizado seus desejos.
Harper não se aguentou e, entrou na conversa:
- Os adultos perceberam que estou na sala? Tudo bem, mãe. Concordo que te provoquei no hospital, mas eu estava entupida de medicamentos para dor e nem pensei no que disse; estava viajando. Quanto aos meus “desejos platônicos” Rodolfo, qual o problema? Você controla seu tesão? Minha mãe sempre disse que meu corpo indicaria o escolhido para primeira vez. Que culpa eu tenho se ele apontou para você?
- Filha, você está sendo impertinente!
- Por quê? Você não me disse que sua primeira vez foi com um garoto que sua família jamais aprovaria? Você me falou o nome dele, lembra? Curiosa, eu o procurei no seu anuário de formatura e entendi por que meus avós nunca o aceitariam: ele era preto.
- Filha! Você foi longe demais; não tem cabimento expor a vida íntima de sua mãe dessa maneira. Vá para seu quarto agora!
- Fica tranquila, mãe. Rodolfo é um cavalheiro; nunca comentará o que ouviu. Quando disse que te contei sobre minha vontade de lhe entregar minha virgindade, ele foi categórico, deixando claro que isso nunca aconteceria.
- A questão agora é outra: você me expôs, não tinha esse direito. Vá para o seu quarto; depois, conversamos.
O clima ficou tenso. Tentando descontrair, contei a parte do diálogo com Harper que ela omitiu.
- Sua filha não contou tudo; quando expliquei que a diferença de idade era um fator proibitivo, ela se sentiu rejeitada. Com uma carinha sapeca, perguntou se eu a achava feia... Sinceramente, os garotos de Harvard não terão chances; ela vai destruir corações.
- Meu medo é que ela tente destruir corações no corpo docente. O que você respondeu?
- A verdade. Ela é linda, mas tenho apreço pela minha bunda, e nenhuma mulher vale o risco de uma temporada na cadeia, servindo os presidiários mais fortes...
Reese não acreditou na ousadia e quase vulgaridade do meu comentário, olhou-me com firmeza e caiu na risada. Relaxada, a conversa mudou de rumo; falamos de tudo: trabalho, família, sonhos. Nossa conexão foi rápida e intensa. Quando me despedi, já tinha ganho um beijo no rosto; éramos melhores amigos.
Começamos a nos encontrar regularmente. Almoços, cafés e até sincronizávamos nossos treinos, já que frequentávamos a mesma academia.
Nossa intimidade crescia a ponto de incomodar sua filha. Passamos a trocar confidências com naturalidade. Contei que era liberal — assunto que muito a interessou — e os motivos de minha separação. Ela, por sua vez, me contou sobre a dificuldade de manter um relacionamento com um homem que passa a maior parte do tempo longe.
Eu percebia que nossa proximidade era arriscada. Estávamos carentes; tudo levava a um romance proibido e complicado.
Harper, atenta, percebeu que a mãe estava diferente, mais vaidosa e menos irritada com o pai. Ela me colocou contra a parede após uma reunião do clube.
- Não imaginei que você fosse hipócrita, Rodolfo: não quis comer a filha, mas está comendo a mãe! Se meu pai descobrir, vai dar merda. Você e a safada da minha mãe fiquem espertos...
Não adiantou explicar; ela não acreditava que éramos apenas amigos. O pior é que, mesmo sem trepar, realmente parecíamos um casal de amantes. A tensão sexual entre nós era quase palpável.
Reese passou a povoar meus sonhos; algo nela mexia com minha libido, e não foram poucas vezes que me flagrei pensando nela com o pau totalmente duro.
Reese era a típica americana do meio-oeste: loira, alta, seios grandes, cintura fina e bunda pequena. Em tese, ela seria o tipo de mulher que, numa balada, seria minha segunda opção; certamente, meus olhos seriam atraídos por uma bunda maior. Mas ela foi atleta no colégio e na universidade, e, por toda a vida, dedicou-se religiosamente aos exercícios; suas coxas eram grossas, e sua bunda, apesar de pequena, era redonda e absurdamente empinada. Ela era muito gostosa. Para completar o quadro, seu rosto era harmônico e perfeitamente simétrico, olhos azuis grandes e uma boca larga com dentes perfeitos.
Mas o que me fisgou foi seu olhar. Reese tinha um olhar safado e tinha consciência disso. Ela até tentava se policiar, mas, nem sempre conseguia, e, ao perceber seu olhar de puta no cio eu imaginava como seria bom comer aquela mulher.
Em um almoço, conversamos com Harper, explicamos que, se fossemos solteiros, provavelmente ficaríamos juntos. A atração era inegável, mas ela era casada e eu vinha de um divórcio complicado. Uma relação paralela faria mais mal que bem.
Percebendo nossa sinceridade, ela finalmente acreditou. Não sem mais uma de suas tiradas espirituosas:
- Se fosse eu já teria dado faz tempo... – Quem ouvisse não acreditaria na sua virgindade.
Por precaução, diminuímos os encontros e evitamos conversas mais íntimas.
Algumas semanas depois, convidei a família Ross para jantar em casa. Queria conhecer o Mr. Ross e criar um momento para eles me devolvessem o dinheiro. Imaginei que, ao conhecer o pai de Harper, minha fissura por sua mãe diminuísse.
Não funcionou.
Mr. Ross era advogado de uma poderosa firma especializada em influenciar políticos a defenderem os interesses de seus clientes no Senado. Com a morte de um dos sócios, ele foi compulsoriamente transferido para Washington, com a promessa de sociedade na firma. A promessa não se cumpriu, e os planos da família mudar para acompanhá-lo foram adiados; sem a promoção, o salário de Reese como arquiteta em Nova York era fundamental para o orçamento familiar. Ele recebeu uma proposta de trabalho em Washington com um salário um pouco maior. Aceitou e mudou definitivamente para a capital. O novo plano era esperar a filha ingressar na universidade para esposa se juntasse a ele, plano impulsionado pela bolsa integral que a filha recebeu de Harvard, permitindo que o dinheiro acumulado ao longo dos anos para pagar sua educação fosse transferido para o fundo comum da família.
Dificuldades comuns de uma família de classe média americana. O problema é que, aparentemente, Mr. Ross estava gostando da vida de solteiro na capital... Com o passar do tempo, deixou de voltar semanalmente, vindo uma ou duas vezes por mês para casa.
Reese e Harper desconfiavam que algo estava acontecendo, mas, sem provas, preferiam desconsiderar as pequenas evidências.
O jantar só foi marcado porque ele garantiu a Reese que estaria em Nova York no fim de semana.
No final da tarde de sábado, ela me liga para desmarcar. Ele não podia vir.
Não aceitei mudar os planos; expliquei que já tinha encomendado comida tailandesa para quatro pessoas, e se ele não pudesse vir, sobrava mais. Rindo, ela confirmou que iria com Harper.
Elas chegaram às sete horas da noite. Lindas! Elas usavam vestidos de festa, sapatos de salto alto e cabelos soltos. Pareciam irmãs.
Foi a primeira vez que vi Harper de vestido; apesar de ter curvas mais delicadas e seios menores que os da mãe, ela transbordava sensualidade. Inteligente, bonita e com um corpo que prometia se tornar voluptuoso, ela, com certeza, se tornaria uma estrela na universidade. Seu braço já estava melhor. Sem a “gaiola” era protegido por uma espécie de segunda pele feita um material sintético flexível.
Se a filha transbordava sensualidade, Reese era a encarnação do poder sexual feminino. Seu vestido era vaporoso, deslizava por suas curvas. Dependendo do movimento e da luz, sua micro calcinha era perfeitamente visível. Seus seios, Deus do céu, grandes, empinados e livres, seus mamilos marcavam o vestido quando, para felicidade do anfitrião, eram pressionados contra seu corpo. Tenho medo de passar a impressão que sua roupa era vulgar, o que não era, mas certamente não era uma roupa para qualquer ocasião, talvez para um encontro... Ela queria ser desejada.
Duas mulheres lindas, bem-vestidas, e eu, como sempre, de havaianas, bermuda e camisa do Corinthians...
Não foi a primeira vez que passei vergonha por não lembrar que, para os americanos, jantar na casa de amigos é uma ocasião formal.
Levei as duas até a sala, servi vinho para Reese e água para Harper, e pedi licença para me trocar. Corri para o quarto e me vesti de maneira adequada, com uma roupa que minha mãe chamaria de “esporte chic”. Voltei para sala e percebi que as duas ficaram mais aliviadas com minha fantasia de playboy.
A noite foi ótima. Conversamos sobre os planos de Harper, os projetos em que Reese estava trabalhando, os problemas do nosso bairro e sobre o Brasil. Elas tinham muita curiosidade sobre minha terra natal, e, naturalmente, a maioria das informações que possuíam eram enviesadas por preconceitos. Foi divertido quando liguei a TV e mostrei fotos dos meus lugares favoritos no Brasil.
Elas ficaram boquiabertas com as imagens de São Paulo, que fugiam completamente da tríade floresta, carnaval e favela que povoava o imaginário delas. Harper, sempre desconfiada, só acreditou após pesquisar no Google. Surpresa, contou para mãe que São Paulo era uma das maiores cidades do mundo, maior que Nova York.
Não me limitei a São Paulo; mostrei fotos dos meus lugares favoritos, incluindo a Amazônia e o Rio de Janeiro, para não frustrar minhas convidadas.
Harper se encantou com Fernando de Noronha. Em minutos, usando o celular, ela simulou uma viagem para ter ideia de quanto dinheiro precisaria para passar uma temporada na ilha. Com os valores, já fazia planos.
Reese também ficou maravilhada com as belezas naturais brasileiras; no entanto, não gostava de praias. Seus olhos brilharam ao mostrar fotos de Ouro Preto. A arquiteta se encantou pelo centro histórico. Fez inúmeras perguntas, muitas das quais não soube responder. Mas o que a fascinou foi a igreja de São Francisco de Assis, projetada por Aleijadinho. Passei mais de uma hora mostrando esculturas do mestre mineiro e explicando os detalhes arquitetônicos da igreja. Minha sorte foi ter contratado um excelente guia turístico quando visitei Ouro Preto, e lembrar de suas explicações.
Finalmente, fomos jantar. A mesa já estava preparada; esquentei a comida com ajuda de Reese, e nos deliciamos com os sabores tailandeses.
Em um primeiro momento, a mesa ficou em silêncio; estávamos com fome. Aos poucos, a conversa voltou, leve, sobre detalhes do dia a dia. Lembrei dos inúmeros jantares da minha infância e senti meu coração aquecido. Por um momento, vi Reese como minha esposa e Harper como minha filha. A sensação de paz foi incomparável.
Perdido em meu devaneio, eu assistia à mãe pedir para a filha comprar escovas de dentes ao retornar das aulas no dia seguinte, quando o celular de Harper reproduziu um trecho de Ozzy Osbourne em "Bark at the Moon". Eu sabia o significado. Nas reuniões do Clube do Livro, aconteceu uma ou duas vezes; era uma notificação de mensagem recebida.
Harper interrompeu o diálogo com a mãe e pegou o celular para verificar. Sem pensar, eu a repreendi.
- Harper, na mesa, não usamos celular. Depois, você vê sua mensagem.
Sua resposta também veio sem pensar e surpreendeu a mim e a sua mãe:
- I'm sorry daddy. (Desculpe-me, paizinho).
Imediatamente voltou a conversar com a mãe como se nada tivesse acontecido. Ela simplesmente não percebeu o que falou; foi espontâneo. Conclui que a sensação de estar em família não era exclusividade minha.
Reese não se aguentou e perguntou:
- Daddy?
Só aí Harper percebeu o que tinha dito. Corou, respirou fundo, olhou para mim, para a mãe e abriu seu coração:
- Sim, mãe, daddy. Saiu sem querer, mas é o que sinto. Amo meu pai mas não somos uma família há muito tempo. Ele sumiu; sei que é por conta do trabalho, mas não é só a ausência física. Quando volta, ele não tem paciência para me ouvir. Quando está em Washington, não responde minhas mensagens ou retorna minhas ligações. Faz muito tempo que o homem que desempenha o papel de pai é o Rodolfo. O engraçado é que, além disso, ele é a inspiração para minhas siriricas. Acho que sou incestuosa.
- Filha!
- Calma, mãe. É algo platônico, mas não te entendo. O pai também te abandonou, e eu sei que você sente falta de um homem ao seu lado, seja para te ouvir ou para te foder. Eu vejo nos seus olhos o quanto você deseja se entregar ao Rodolfo, e sei que ele também te quer. Não entendo esse jogo que vocês fazem, de evitar o inevitável.
- Filha, não é tão simples quanto você faz parecer. Sou uma mulher casada.
- Que está louca para dar para o Rodolfo! Mãe, eu te conheço! Pense bem: quanto tempo faz que não temos uma noite tão agradável? Há quanto tempo você não sente que a família está completa? Se fosse eu a escolher, o pai ganharia um pé na bunda e passaria a noite transando!
Eu não sabia o que dizer. Reese chorava. Harper parecia a adulta e nós, os adolescentes. Ela se levantou, sentou no colo da mãe, beijou seus olhos e falou:
- Encara a realidade, mãe; ele tem outra na capital. Não abra mão de ser feliz por causa de um traidor.
- Não, filha, seu pai não faria isso comigo.
Harper pegou o celular e mostrou algo. Reese arregalou os olhos e soltou um sonoro “filho da puta”. Enxugou os olhos e disse:
- Vamos, filha. Quero ir para casa.
Não havia muito o que dizer. Despeço-me das duas. Elas me agradeceram pela noite maravilhosa e pediram desculpas pelo “drama famíliar” que acabei assistindo. Já foram de casa, indo para o Uber. Harper se vira e, com um sorriso malandro, diz:
- See you around, daddy! (Te vejo por aí, paizinho!)
Eu tinha muita coisa para processar; porém, o saldo dessa noite foi o sentimento de paz e felicidade no convívio familiar. Pela primeira vez, depois de Ruth, consegui me ver sendo feliz com outra mulher, construindo uma família.
Tinha consciência que desejava Reese e que ela se tornou importante na minha vida. Amor? Não. Uma amizade mesclada com tesão. Apesar das palavras de Harper, eu sabia que o fim de um relacionamento nunca é fácil e não tinha certeza se estava disposto a iniciar algo com alguém que ainda vivia o luto pelo fim do casamento. Egoísmo? Talvez. Ou, quem sabe, medo de abrir feridas que começavam a fechar.
Reese foi a Washington para confrontar o marido. Não mandou notícias, e eu também fiquei na minha. Na reunião do Clube do Livro, Harper me pediu para ficar em casa até a mãe voltar. Apreensivo, questionei se tinha pedido autorização à mãe. Diante da resposta negativa, saquei o celular e liguei. Eu tinha certeza que a resposta seria negativa; afinal, a garota já tinha deixado claro que me desejava.
Surpreendentemente, Reese não só concordou como disse ficar mais tranquila ao saber que a filha estaria comigo.
Por oito dias, Harper foi minha filha, e foi muito divertido. Cozinhando ou lendo, estávamos sempre juntos. Ela me contou detalhes de sua vida que nem a mãe, sua grande amiga, sabia. Eu também me abri, contei como era meu casamento e como acabou. Achei que tinha ido longe demais, mas não. Ela demonstrou conhecimento sobre relacionamentos liberais e que, em algum momento da vida, gostaria de experimentar essa dinâmica.
Minha preocupação de que uma possível tentativa de envolvimento sexual se mostrou infundada. Ela nunca ultrapassou o limite.
Na sexta da semana seguinte, Reese me enviou uma mensagem. Chegaria à noite. Quando Harper voltou do colégio, contei a novidade. Ela já sabia. Arrumamos suas coisas, e, após um abraço apertado, ela voltou para sua casa.
No dia seguinte, recebo uma ligação de Reese:
- Oi, Rodolfo, tudo bem?
- Estou bem, Reese. E você? Tudo certo em Washington?
- Estou bem, só um pouco cansada. Quero falar pessoalmente sobre a viagem. Você vai sair hoje à noite?
- Não. Planejava pedir uma pizza e assistir a um filme.
- Posso ir aí? Vemos o filme juntos e te conto sobre a viagem. Levo a pizza!
- Perfeito. Sua companhia sempre é bem-vinda. Harper também vem?
- Não. Ela vai sair com amigas do colégio. Ela se comportou enquanto esteve aí?
- Sim, ela deixou saudades. A menina é uma ótima companhia.
- Eu sei. Ela te elogiou bastante. Você é o pai que ela sempre sonhou ter. Fico triste pelo meu marido; ele não faz ideia do que está perdendo.
- O coração dela é enorme, cabe você, seu marido e até o amigo brasileiro.
Nisso, você tem razão: o coração da minha menina é enorme. Bom, preciso desligar. Até a noite.
A ligação me intrigou. Harper sair com amigas do colégio? Ela ficou em casa durante toda a semana e não me contou nada. Talvez ela estivesse mentindo, mas por que mentir? Sua mãe lhe dava total apoio e liberdade.
Demorou, mas finalmente entendi. Quem mentia era Reese. Provavelmente, ela queria um tempo a sós comigo para pedir que eu me afastasse. Ela foi clara ao telefone, referiu-se ao pai de Harper como “seu marido”. Pelo jeito, eles se acertaram.
Por mais que desejasse comer Reese, fiquei feliz. Pelas nossas conversas, eu sabia que ela amava o marido. Harper, por mais revoltada que estivesse, também amava o pai e tinha esperança de que voltasse a fazer parte de suas vidas. Aguardei a noite sem expectativas.
Às oito horas de uma noite excessivamente fria para a primavera, a campainha tocou.
Fui atender vestindo meu tradicional uniforme para noites frias: meias de lã, calça de moletom, minha inseparável camiseta do Corinthians e uma touca do Racionais. Não me preocupei em vestir algo mais formal, afinal, não era um evento social, um jantar; era apenas dois amigos se encontrando para comer pizza e assistir a um filme.
Reese chegou vestindo um sobretudo leve, vestido de flanela, tênis, cabelo preso em um rabo de cavalo e sem maquiagem.
Entrou com um sorriso no rosto, me deu um beijo no rosto e entregou a caixa da pizza. Enquanto reclamava do tempo, tirou o sobretudo e o tênis, e foi entrando em direção à cozinha, apressando-se.
- Vamos esquentar a pizza; estou morrendo de fome!
Enquanto a pizza aquecia, ela arrumou a mesa, e eu abri um vinho. Ela começou a me contar os problemas que sua inesperada viagem causou em seu trabalho; pelo jeito, sua próxima semana será difícil, pois seu chefe não está nada contente.
Não tínhamos esvaziado nossas taças quando o forno apitou. Coloquei na mesa aquela obra-prima da Juliana’s Pizza, cortei delicadamente, completei nossas taças e atacamos. Reese não estava mentindo; ela comia com gosto. Quase terminamos a pizza.
Ironizando nosso apetite, começamos a imaginar uma realidade alternativa onde o padrão de beleza seria o sobrepeso. Por um bom tempo, ficamos criando peças publicitárias, spas para engordar e outros detalhes, nem sempre politicamente corretos, neste “Admirável Mundo Novo”. Foi muito divertido, mas ela recusou o sobremesa de sorvete...
Fomos para sala de TV levando o vinho; já estávamos iniciando a segunda garrafa. Escolhemos um filme, ou melhor, ela escolheu um filme. Sentamos bem próximos, mas sem encostar nossos corpos, e iniciamos nossa sessão de cinema.
Eu assistia à televisão, mas minha mente estava longe. Não tinha expectativas, tinha certeza que Reese se acertaria com o marido, mas a sensação de paz que experimentava ao seu lado era fantástica. Eu não estava apaixonado, não a amava, mas sentia que seria muito fácil amar e conviver com aquela mulher. Algo que me ocorreu na noite do jantar voltou com força: será que dedicar minha vida a uma única mulher, construindo uma família monogâmica sem a adrenalina da vida liberal, não me faria feliz?
Finalmente, compreendi a origem do meu desconforto após a separação. Nunca tive tanta consciência de quanto as palavras de Ruth na nossa última conversa foram devastadoras. Elas não só destruíram minha libido por um bom tempo, como também estavam me fazendo questionar valores que foram construídos após muita reflexão.
Eu não era um liberal porra louca, daqueles que, entediados com o casamento e sem tesão pela mulher. “abrem a relação” para que possam comer bocetas diferentes sem o risco de um divórcio traumático.
O sexo livre vinha da minha convicção que a monogamia, ao tentar domesticar a pulsão sexual e vincular o tesão ao amor, destruía tanto um quanto o outro.
Ao imaginar uma vida monogâmica com Reese, eu estava comprando o discurso de Ruth. Não que estivesse aceitando suas considerações religiosas, mas, de certa forma, meu subconsciente considerava a possibilidade de nosso estilo de vida ser a causa da separação.
Olhei para Reese ao meu lado e a vi sem filtros. Que a culpa plantada na minha mente pelas palavras de Ruth. Ela era uma grande amiga, uma mulher que me dava tesão, não uma muleta para algo que não me faria feliz.
O filme acabou e a segunda garrafa de vinho também. Sugeri abrir outra, ela declinou, queria me contar sobre a viagem e já estava ficando embriagada. Desliguei a TV e nos viramos, ficando um de frente para o outro. Ela então me contou o que aconteceu em Washington:
- Viajei disposta a pedir o divórcio; foi difícil digerir a traição, não que fosse surpresa, eu imaginava que ele não resistiria às oportunidades. Seu trabalho envolve promover festas para senadores, e sei que a putaria corre solta. O que me quebrou foi Harper contar que ele passou a ignorá-la.
- Eu lembro, ela contou no jantar.
- Sim, foi devastador. Ignorar a filha mostrou que o que estava acontecendo na capital era mais que uma foda de fim de noite; ele provavelmente estava envolvido com outra mulher. Isso eu não ia engolir.
- Sua suspeita se confirmou?
- Mais ou menos. Ele mantém um relacionamento com uma senadora. A filha da puta é casada e defende os valores da família. Hipócrisia pura!
- Com certeza, republicana...
- Óbvio! Você aprendeu rapidamente a dinâmica política na América, Senhor Brasileiro!
- Você acha que no Brasil é diferente? Quanto mais o político se diz conservador, defensor da moral e dos bons costumes, mais suja é a sua vida pessoal. Há um deputado que abandonou a esposa para se casar com uma assessora, que supostamente já teve relações com metade do Congresso. Dizem que esse deputado gosta de se masturbar assistindo sua atual esposa sendo enrabada por um bombeiro musculoso.
- Pelo jeito, o Brasil é mais parecido com a América do que eu imaginava...
Quanto à hipocrisia dos políticos conservadores, é tudo a mesma porcaria. Continue com sua história.
- Eu os flagrei no apartamento. O porteiro já me conhecia e abriu a porta. Estava no quarto cochilando quando entraram. Minha sorte foi que transaram na sala, pude ver e gravar com o celular.
- Não acredito, você filmou o safado comendo uma senadora republicana casada. Isso vai dar merda Reese.
- Já deu. Ela ameaçou arruinar a carreira do Peter. Caso eu divulgasse o vídeo.
- Previsível. Ela tem poder para isso e não precisaria mover um dedo. Um lobista que traiu a confiança de uma senadora estaria morto profissionalmente em Washington. O que você decidiu?
- Bom, quanto à puta republicana, não quis confusão. Apaguei o vídeo na sua frente e prometi não fazer escândalo. Em contrapartida, exigi que eles parassem de se encontrar. Ela concordou, aliás, depois do susto e da perspectiva de ser exposta; eu nem precisava pedir. Duvido que ela volte a foder com ele.
- E quanto ao seu marido?
- Então... você vai me achar uma idiota, mas, mesmo perdendo a confiança nele, ainda o amo. Conversamos bastante, e decidi que vou lhe dar uma chance. Mudo para Washington assim que Harper for para universidade.
- Não te considero idiota. Você está seguindo seu coração; um erro não pode destruir toda uma história de vida. Com o tempo e atitudes diferentes, ele vai reconquistar sua confiança.
- Também acredito nisso; entretanto, por não confiar nele neste momento, propus um acordo.
- Como assim?
- Ele pode ficar com quem quiser, desde que não crie vínculos, não ignore a filha e volte para casa todo fim de semana. Quando me mudar para a capital, a festa acaba. Quero fidelidade absoluta ou divórcio.
- Nossa! Sua proposta é generosa...
- Calma, ainda não acabou. O que vale para ele vale para mim também; posso ficar com quem quiser até mudar.
- Não acredito! E ele aceitou?
- Relutou bastante, mas não teve escolha: era isso ou divórcio imediato.
- Sua invertida é brilhante! Vai contar para Harper?
- Já contei! Ela riu muito, adorou minha ideia e praticamente me obrigou a te ligar para contar as novidades. A safada fica tarada com a perspectiva de a mãe dar para o homem que a excita.
- E você quer me dar?
- Desesperadamente! Há muito tempo quero te sentir dentro de mim...
Reese se aproximou e me beijou com vontade. Ela tirou minha camiseta enquanto se levantava. Tentei acompanhá-la, mas ela não deixou; ela me manteve sentado. Com os olhos brilhando, se afastou para me permitir ver seu corpo por inteiro e tirou o vestido pela cabeça. Ela sabia o que queria, não usava roupas íntimas, soltou o cabelo, inclinou o corpo apoiando as mãos nos meus joelhos e se ajoelhou na minha frente.
Seu corpo era uma obra-prima, com seios enormes, levemente caídos e com mamilos rosados, quase da cor da sua pele. A cintura não denunciava a maternidade: barriga chapada, coxas grossas, a bunda não era grande, mas firme e redonda, fruto de muitos exercícios. Mas o que me encantou foi sua boceta. Grande, com lábios externos e internos visíveis, um grelo grande, fora do padrão e absurdamente lubrificada. Eu só tinha lhe dado um beijo e sua umidade ensopava seus pentelhos. Sim, ela tinha uma moita loira que emoldurava sua boceta rosada.
Seu rosto era absolutamente simétrico, lábios grandes e finos, olhos azuis e expressivos, e, como já mencionei, um olhar safado que me arrepiava.
Ela abaixou meu moletom junto com a cueca e abriu um sorriso ao ver meu pau duro. Enquanto suas mãos estavam ocupadas acariciando minhas pernas, aproximou o rosto e passou a lamber minha rola. Ainda sem usar as mãos, engoliu a glande e passou a chupar, salivando o máximo que conseguiu.
Depois de alguns minutos maravilhosos, segurou meu pau, tirou a boca, olhou-me com uma expressão perversa e passou a cuspir em toda a sua extensão, espalhando sua saliva com uma leve punheta.
Ela estava com pressa e não perdeu tempo me chupando; ela só queria lubrificar meu falo. Da mesma forma, não me deixou fazer nenhuma preliminar. Ela queria meter!
Subiu em meu colo, abaixou minha rola úmida com sua saliva e passou a deslizar em sua enorme boceta. Aproveitei para beijar seus seios; ela gemia e pedia para que eu mordesse seus mamilos.
Não tive muito tempo, rapidamente ela se levantou e posicionou minha glande na entrada de seu canal vaginal. Seu olhar era de uma predadora quando me beijou e soltou o corpo.
Entrei até seu útero. Ela era quente, profunda e de largura perfeita para proporcionar prazer sem desconforto. Ela me manteve dentro do seu corpo e começou a contrair seus músculos vaginais.
Ela não gemia, gritava. Seu corpo tremia como se estivesse convulsionando.
Mas a contratação vaginal foi apenas o começo. Deliciosamente preso dentro do seu corpo, percebi-a se posicionar de cócoras.
Relaxou a musculatura e começou a quicar. Com as mãos em meus ombros, subia vagarosamente até a rola quase sair e descia com violência. Sua musculatura vaginal se contrai ao subir e relaxa ao sentar. Ela sabia o que fazia, potencializando meu prazer e o próprio ao jogar seu corpo para frente quando subia, usando meu pau para estimular seu clitóris. O primeiro gozo veio rápido, e a safada não parou; pelo contrário, intensificou os movimentos.
Para não gozar antes da hora, fechei os olhos e passei a lembrar das piores partidas do Corinthians. Funcionou, ela gozou mais duas vezes antes que eu avisasse que ia gozar. Ela desengatou, lambeu a glande, olhou nos meus olhos e a abocanhou. Gozei imediatamente; ela bebeu cada gota.
Eu não comi; fui comido!
Não sai do sofá; ela voltou para o meu colo, e ficamos ali abraçados, ouvindo a lenta diminuição das batidas dos nossos corações. Quando me senti forte o suficiente, peguei Reese no colo e a levei para o quarto.
Deitei aquela fêmea espetacular na cama, sem perder tempo; coloquei um travesseiro sob seu quadril e abri suas pernas de modo que sua boceta, períneo e ânus ficassem bem visíveis e na altura ideal para meus planos. Me coloquei entre suas pernas e comecei a beijar e lamber as partes internas de suas coxas, avançando lentamente para o norte. Seu cheiro era inebriante; quanto mais próximo eu chegava, mais me intoxicava por ele.
Eu salivava ao imaginar seu sabor.
Quando finalmente cheguei, ela já gemia. Na busca por prolongar aquele momento, me contive, segurei o desespero de mergulhar minha língua em sua porção mais delicada e ataquei seu períneo. Comecei lambendo com a ponta da língua e, conforme seus gemidos aumentavam, grudei a boca e passei a sugar, enquanto meu nariz, praticamente dentro de sua boceta, fazia a ponte entre minhas células receptoras olfativas e os feromônios que desprendiam de seu néctar lubrificante.
Tive que me controlar para não gozar com a enxurrada de estímulos que meu cérebro recebia.
Lambi, suguei e beijei toda a extensão de seus lábios maiores, e parti para as reentrâncias que os separavam dos menores.
A boceta de Reese era volumosa; perdi-me degustando cada centímetro quadrado daquela maravilha anatômica. Quando me preparava para brincar com seu grelo, já completamente livre do capuz, ela gozou.
Como é bom sentir a mulher gozando na sua boca, ainda mais quando você não espera. Para a maioria das mulheres, o grande momento só acontece depois de serem estimuladas no clitóris; com Reese, foi diferente.
E que orgasmo! Ela se contorcia, jogava os quadris para cima e para os lados, tentando se desvencilhar do meu abraço profano sem sucesso. Mantive minha boca colada em seu sexo durante todo seu périplo orgástico.
Não tive piedade. Ao perceber que seu corpo relaxava, ataquei seu grelo.
Cada pessoa é única ao expressar seu prazer; Reese já não gemia, ela gozava chorando de soluçar enquanto seu corpo convulsionava. Nunca tinha visto algo do tipo; em um primeiro momento, até assustei, mas seu prazer era visível.
Enquanto ela gozava, troquei o grelo por seu cuzinho rosado; ela uivou. Aproveitei sua lubrificação vaginal, que encharcava meu rosto, para facilitar a penetração da minha língua naquele pedaço do paraíso. Mergulhei dois dedos em sua vagina e assisti outro orgasmo poderoso.
Apesar de estar ansioso para gozar percebi que ela precisava de um tempo. Parei com os estímulos e me esgueirei para seu lado. Ela se aninhou em meu peito e, em poucos minutos, adormeceu.
Gradualmente, fui relaxando e acabei adormecendo também.
Despertei com o barulho do chuveiro; ainda era noite, por volta das quatro horas da manhã, segundo o celular de Reese, jogado no travesseiro ao meu lado. Eu já estava levantando para me juntar a ela no chuveiro quando percebi que os lençóis estavam molhados. Decidi trocar a roupa de cama para o inevitável segundo tempo.
Quando tirei o celular do travesseiro, ele abriu e estava desbloqueado. Minha intenção não era bisbilhotar, mas foi inevitável; acabei vendo que Reese trocou mensagens com a filha antes de ir para o chuveiro. Controlei minha curiosidade para não ler toda a conversa, mas não teve como, pois as últimas mensagens estavam na tela. Reese contou à filha cada detalhe da nossa trepada, dizendo que eu acabei com ela, que nunca gozou tanto na vida.
Não consegui conter meu orgulho de macho, mas o que me deixou animado foi a troca de mensagens final:
- Lembra quando você me perguntou sobre sexo anal?
Não acredito! Você deu o cu para ele?
- Rsrs. Não, você sabe que eu sempre achei nojento. Minha bunda é virgem, mas estou revendo meus conceitos...
- Eu já tinha dito que brasileiros adoram sexo anal. Ele tentou algo?
- Não...Mas ele chupou meu cuzinho, e foi muito bom!
- Credo! Parece nojento, mas se você gostou, deixe rolar. Quero ver se aguenta o cacete dele no seu cu.
- Não sei se aguento, ele é muito grande e grosso. Mas, pela primeira vez na vida, fiquei com vontade de dar o cu. Aliás, eu faço tudo que ele quiser...
- Está apaixonada, mãe?
- Não, filha. Continuo amando seu pai. É difícil explicar; você vai entender quando encontrar um homem que te vire do avesso, quando se sentir muito bem comida.
- Eu já encontrei, mas você é quem está aproveitando...
- Quem sabe quando você for maior de idade, mas sua boceta virgem vai sofrer muito... Vou tomar banho, estou toda melada de prazer.
- Tudo bem. Depois, você me conta o que aconteceu. Aproveite, mãe.
A intimidade entre mãe e filha não era novidade, mas a troca de mensagens revelou uma cumplicidade que não imaginava. Acabei de trocar a roupa de cama, com o pau trincado de tão duro, pensando que despertei o desejo daquela americana safada em tomar no cu, e não posso negar, no tesão da filha em entregar sua virgindade para mim.
Com a cama arrumada, fui ao banheiro nu, com o pênis apontando para cima. No box, Reese terminava seu banho. Quando me viu, ela abriu um sorriso; foi eu entrar e ela me puxou para debaixo d’água pela pica. Sussurrou que foi muito má ao dormir sem retribuir o prazer que recebera. Pegou o sabonete e passou a me lavar todo meu corpo, dos pés até a cabeça, com dedicação redobrada ao meu pau.
Quando terminou, se ajoelhou e começou a chupar com a mesma fome da primeira vez. Eu estava muito excitado, praticamente dormi e acordei com o pau duro, sabia que não duraria muito e avisei a ela. Sua resposta foi safada e acelerou meu orgasmo:
- Goza para mim, meu cavalo: enche minha boca e minha barriga com seu leite; depois, goza na minha boceta, faz de mim sua puta, me engravida, faz o que você quiser comigo...
Gozei como um... cavalo!
Ela bebeu tudo e me olhava com uma expressão de puta que não deixou minha ereção morrer. Tudo bem, já não tinha a firmeza de antes de gozar, mas ainda estava dura, permitindo-me continuar a brincadeira debaixo do chuveiro. Ajudei ela a se levantar, nós beijamos e a virei de costas, com as mãos apoiadas na parede e a bunda arrebitada, e a penetrei de uma vez.
Seu calor me fez voltar à rigidez máxima. Ela arfava e gemia enquanto eu socava com força. Quando gozou, eu diminui o ritmo, mas queria mais; meu tesão transbordava e sabia que meu gozo demoraria.
Lembrei das mensagens e tive uma ideia. Continuei metendo de maneira suave, tentando prolongar seu orgasmo, enquanto besuntava meus dedos com condicionador.
Passei a acariciar seu cuzinhos, espalhando o condicionador e, depois de derramar uma boa quantidade em seu rego, passei a penetrar sua porta traseira com um dedo ao mesmo tempo que aumentava a intensidade de minhas estocadas em sua boceta.
Quando já penetrava seu cu com dois dedos, percebi que ela estava prestes a gozar. Sai de dentro de sua boceta e parei de movimentar os dedos. Ela implorou para que eu continuasse, dizendo que estava quase gozando. Tirei os dedos de seu rabo e falei baixinho, perto de sua orelha:
- Você vai gozar me dando o cu, mas eu só vou meter se você pedir para ser enrabada.
As mensagens já mostraram que ela considerava fazer sexo anal, gostou de ser penetrada por meus dedos e estava à beira de gozar. A resposta não poderia ser outra:
- Come, meu cu, Rodolfo. Me enraba, faz o que você quiser com sua puta. Me faz gozar, caralho!
Era tudo o que eu queria ouvir. Abaixei-me e chupe seu cu com volúpia, aumentando o tesão de Reese. Levantei-me, lubrifiquei minha rola com condicionador, encostei a glande no seu último orifício virgem e forcei.
Mais tarde, ela me disse que só doeu quando entrou a glande, e que, depois, a sensação de preenchimento foi intensa a ponto de levá-la ao orgasmo, seu primeiro orgasmo anal.
Ela rebolou, jogando seu quadril para trás querendo recuperar minha rola, evitando meus movimento de saída. Reese amou dar a bunda.
Fomos amantes até o final do verão, quando Harper foi para universidade e ela se mudou para Washington.
Continua.
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