Continuação do conto O quarto Azul
A luz da manhã que entrava pela janela do quarto de Taís parecia mais intensa naquele dia. O peso do que acontecera ontem, o jogo da borracha e o olhar de Danilo, a acompanhava desde o despertar. Ao invés da leveza habitual, sentia uma agitação inquieta, uma mistura de culpa e um desejo perigoso.
Ela se levantou da cama, o corpo ainda sentindo os resquícios de um sono fragmentado. Chegou ao guarda-roupa, abriu a gaveta de lingeries e seus olhos pousaram nas calcinhas. A rosa e comportada do dia anterior parecia um uniforme inocente demais para a mulher que ela estava descobrindo ser. Seus dedos hesitaram por um instante, mas logo se moveram para uma peça diferente: uma calcinha preta de renda, um pouco mais ousada, daquelas que Pedro gostava e que ela reservava para momentos especiais com ele.
Ao pegá-la, a textura da renda em seus dedos fez um arrepio percorrer sua pele. A imagem de Danilo se abaixando, o olhar dele sobre suas coxas e o vislumbre da calcinha que ela usava, veio à sua mente com uma clareza vívida. Era uma peça diferente agora, mas a sensação de ser vista, de ser desejada daquela forma, era a mesma. Enquanto a vestia, deslizando o tecido delicado por suas pernas, sentiu um calor crescer em seu ventre.
O corpo respondia antes que a mente pudesse protestar. Aquele flerte silencioso com Danilo, a forma como ele a olhara, estava despertando nela uma parte que ela mal reconhecia. Uma professora séria, uma noiva fiel... mas também uma mulher com desejos que agora pareciam mais intensos e incontroláveis.
Sem perceber, Taís se viu deitada na cama novamente, a calcinha preta já no lugar, mas o resto de seu corpo ainda nu sob o lençol. Suas mãos, quase que por instinto, deslizaram para sua intimidade. Ela se tocou, suavemente a princípio, depois com mais urgência. Fechou os olhos, e a mente vagou para o quarto de Danilo.
Ela fantasiava com ele se abaixando novamente para pegar a borracha, mas dessa vez, o olhar dele não era apenas um vislumbre. Imaginava as mãos fortes de Danilo tocando suas coxas, subindo lentamente, sentindo a renda da calcinha. Ela pensava em como seria sentir o corpo viril dele contra o seu, não em uma fantasia distante, mas ali, naquele momento. O cheiro de homem que ela sentira no quarto dele, o volume que ela vislumbrara, tudo se misturava em uma névoa de desejo.
O ritmo de suas mãos se intensificava, acompanhando as batidas aceleradas de seu coração. Cada toque era um passo mais fundo na fantasia proibida. Gemidos baixos escapavam de seus lábios, e seu corpo se retesava em antecipação. A visão de Danilo, seu aluno, tão mais jovem, mas com uma presença masculina inegável, dominava sua mente. Ela não estava mais com Pedro em sua fantasia; estava com Danilo, experimentando uma intensidade de prazer que a assustava e a atraía ao mesmo tempo.
Quando o orgasmo a atingiu, foi poderoso, quase violento, deixando-a ofegante e tremendo. O prazer era inegável, mas também vinha acompanhado de uma onda de culpa e confusão. Taís, a noiva de Pedro, estava desejando intensamente seu aluno. O que aquilo significava para ela? E, mais importante, o que ela faria com esse novo e perigoso desejo?