Eu traí, me arrependi, mas o que fazemos tem consequências – Parte 1. Criado por Will Safado.

Um conto erótico de Will Safado.
Categoria: Heterossexual
Contém 2594 palavras
Data: 14/07/2025 23:19:24

Meu nome é Maristela e sou casada com Renato. Estamos casados há doze anos, mas nossa história começou bem antes - desde o primeiro ano da faculdade. Tanto ele quanto eu temos quarenta anos. Nos conhecemos aos dezoito, cursando Administração de Empresas, e logo de cara descobrimos que tínhamos os mesmos sonhos: ser donos do nosso próprio negócio, ser independentes. Queríamos mandar, não obedecer. Já sabíamos o que queríamos - e talvez esse tenha sido o primeiro sinal de que estávamos mesmo destinados um ao outro.

Da amizade para o namoro foi rápido. Rápido e natural. A conexão entre nós era poderosa, daquelas que não exigem esforço. Tudo fluía. E continua fluindo até hoje, de certo modo. Temos muitas coisas em comum, e nunca deixamos de nos amar. Mas…

Sempre existe o "mas", não é?

No dia do nosso casamento, trocamos votos emocionados: prometemos nos amar e respeitar na saúde e na doença, na alegria e na tristeza… até que a morte nos separe. Só que ninguém ensina a gente a lidar com o tempo. Ninguém avisa que, por mais que exista amor, o desejo pode se dispersar, a rotina pode sufocar. Que o sexo pode virar calendário. Que o toque pode perder a urgência. Que o olhar, antes faminto, pode se tornar apenas cotidiano.

Eu me culpo, sim. Mas também me entendo.

Há uns 8 meses, comecei a ser infiel ao Renato.

E não foi por falta de amor.

Foi por falta de pele, de tesão, de novidade, de sentir que ainda sou desejada, que ainda posso provocar arrepios em alguém com um simples olhar. O Renato… ele já não me enxerga mais assim. Ele me ama, eu sei. Mas é o tipo de amor seguro, morno, acomodado. Um carinho que me sufoca às vezes. Eu ainda sou mulher. Ainda quero ser despida com urgência, segurada com firmeza, chamada de gostosa com a respiração quente no meu ouvido.

E aí… entrou ele.

Daniel.

O melhor amigo do Renato. Amigo de infância, amigo de verdade, desses que crescem juntos no mesmo bairro, jogam bola no mesmo campinho de terra, dividem lanche e segredo. Um laço forte demais. Um irmão, praticamente.

É clichê? É. Mas aconteceu.

Daniel sempre fez parte da nossa vida. Desde o começo. Ele, Renato e eu éramos um trio inseparável na faculdade. Fazíamos trabalhos juntos, saíamos juntos, ríamos das mesmas besteiras. Lembro que, na época, nunca passou pela minha cabeça ter algo com ele. E acredito que na dele também, afinal, ele vivia envolvido com diferentes mulheres. Nunca quis se apegar. Dizia que queria aproveitar a vida, se concentrar nos estudos, no futuro promissor que tanto almejava. Ambicioso como nós dois. Um cara focado. Eu admirava isso nele.

Depois da faculdade, como é natural, a vida foi mudando. A amizade, que era diária, virou algo mais espaçado. Ainda nos víamos, claro. Renato fazia questão. Era o tipo de amizade que resistia ao tempo. Só que os encontros ficaram menos frequentes. Tínhamos outras prioridades, outras rotinas, outras contas pra pagar.

A última coisa que imaginei é que, anos depois, seria exatamente ele quem me faria trair meu marido.

Tudo começou com olhares. Um leve incômodo no estômago quando estávamos sozinhos. A maneira como ele me ouvia — mais atento, mais presente que o próprio Renato. Pequenos elogios, risos compartilhados, toques que pareciam acidentais. Nada explícito… até que foi.

Foi numa noite qualquer. Renato tinha ido viajar a trabalho. Eu estava em casa sozinha, bebendo vinho e vendo uma série idiota só pra distrair a mente. Daniel mandou mensagem. Disse que estava por perto e pensou em passar pra deixar uma garrafa de vinho que comprou numa viagem e queria que eu provasse. Achei estranho, mas permiti.

Ele chegou sorrindo. Confiante. Com aquele charme natural que sempre teve. E eu… eu não sei o que me deu. Estava de moletom, sem maquiagem, cabelo preso…, mas ele me olhou de um jeito que me fez sentir nua.

Conversamos. Rimos. Abrimos o vinho. Quando me dei conta, estávamos sentados mais próximos. A conversa ficou baixa, os olhares demorados. Eu disse que achava ele bonito, sem pensar. Ele me respondeu com um elogio quente:

— Você sempre foi linda, Maris. Mas agora… tem algo em você que me deixa sem ar.

Senti o corpo tremer. A taça na minha mão vibrou.

E então ele se aproximou.

Devagar.

Como se esperasse o meu recuo.

Mas eu não recuei.

Quando nossos lábios se encostaram, foi como se eu acordasse de um sono profundo. Um beijo molhado, com gosto de proibido, de saudade de algo que eu nunca vivi.

Aquele foi o começo.

De uma série de encontros escondidos, toques no escuro, mensagens ardentes.

Com Daniel, eu me redescobri. Ele me fodia como se meu corpo fosse um segredo que ele quisesse decifrar com a língua, com a boca, com os dedos. Não havia carinho — havia desejo. Instinto. Gana. Gozei com ele como não fazia há muito tempo. Gozava alto. Forte. De quatro, de lado, com a cara pressionada contra o travesseiro e os meus gemidos abafados enquanto ele dizia:

— Isso, putinha… assim que eu gosto.

E o mais louco?

Depois de tudo, eu voltava pra casa. Deitava ao lado do Renato. Fingindo que nada tinha acontecido.

Até que um dia… Renato me surpreendeu.

O barulho da porta de entrada me fez erguer a cabeça. Renato chegara mais cedo, sem avisar, como costumava fazer nos primeiros anos de casamento. Meu marido estava ali, com a camisa social desabotoada no pescoço e os olhos cansados - mas diferentes. Mais presentes. Mais atentos.

Quando seus braços envolveram minha cintura por trás, meu corpo inteiro travou. Seu hálito quente no meu pescoço despertou uma reação imediata, como se minha pele reconhecesse um toque que há muito não sentia.

"Precisamos conversar", ele disse, a voz suave como antigamente.

Meu coração acelerou de forma perigosa. Ele sabia. Tinha que saber. Alguma mensagem esquecida no celular, um perfume que não era o meu, ou pior - aquele sexto sentido que os cônjuges desenvolvem depois de anos juntos.

Renato me levou até o sofá, afastando distraído o celular que normalmente dominava sua atenção. Seus dedos grandes e familiares envolveram minhas mãos com uma delicadeza que eu já não lembrava existir nele.

"Eu tenho sido um idiota", ele começou, os olhos castanhos que eu tanto amara fixos nos meus. "Deixei o trabalho consumir tudo e esqueci do que realmente importa."

Seus polegares fizeram círculos suaves em meus pulsos, e eu tive que conter um tremor. Como podia estar acontecendo isso agora, quando ainda sentia o gosto amargo da traição na boca?

Ele olhou no fundo dos meus olhos e disse:

— Sua irmã me deu um choque de realidade no aniversário da sua mãe.

Lembro-me daquela festa de aniversário da minha mãe - isso foi há duas semanas. Minha irmã não me disse nada. Nenhuma acusação direta, nenhum sermão. Letícia apenas foi fria comigo - não mal-educada, mas distante, como se eu tivesse deixado de ser a irmã que ela conhecia.

Ela não é do tipo que gosta de se meter na vida alheia, mas conheço bem seus "toques": um olhar mais demorado, um silêncio carregado, uma pergunta que parece inocente, mas tem gosto de provocação.

Naquela noite, enquanto ajudávamos mamãe a soprar as velas, Letícia me encarou por alguns segundos a mais do que o normal. Seus olhos escuros, sempre tão expressivos, pareciam dizer: "Eu não vou perguntar, mas você devia contar." E eu, é claro, desviei o olhar, fingindo me interessar pelo bolo, pelos convidados, por qualquer coisa que não fosse aquele julgamento mudo.

Ela não precisava falar. Sabia que eu entenderia.

Letícia sempre foi assim — nunca confronta, apenas deixa claro que sabe mais do que deveria. Quando éramos adolescentes e eu mentia sobre onde ia, ela não me delatava para nossos pais, mas deixava um bilhete na minha cama com o horário do último ônibus escrito em letras garrafais.

Quando comecei a reclamar de Renato, ela não me deu conselhos - apenas entregou-me um livro sobre comunicação em relacionamentos, marcado na página sobre diálogo.

E então, na festa da mamãe, seu silêncio era mais eloquente do que qualquer discurso. Eu podia jurar que, quando entrei no salão com o batom manchado e o cabelo levemente desarrumado, ela respirou fundo, como se estivesse escolhendo a dedo as palavras que não diria.

Foi pior do que se tivesse me chamado de vagabunda na frente de todo mundo.

E o mais irônico? Renato, meu marido, o homem que eu traía, foi quem recebeu o "toque" dela. Enquanto eu me afundava na culpa, era ele quem ouvia o conselho que, no fundo, era um alerta sobre mim.

Letícia não precisava dizer nada diretamente. Como sempre, ela apenas plantou a semente e deixou que a verdade crescesse sozinha.

E agora, aqui no sofá, com as mãos de Renato sobre as minhas, eu me pergunto se minha irmã já sabia que eu seria eu mesma a regar essa semente com remorso. Ele não sabe. Não pode saber. Mas há algo na forma como ele me toca hoje – como se estivesse redescobrindo meu corpo depois de tampo tempo de distância – que faz meu coração acelerar e minha culpa queimar na garganta.

Seus dedos apertam os meus, e então ele se inclina, devagar, como se temesse que eu recuasse. Seus lábios encontram os meus num beijo que é ao mesmo tempo suave e faminto. É o beijo de um homem que ainda acredita em mim, que ainda me quer como sua. E eu... eu respondo, porque eu ainda o amo.

Ele me puxa para mais perto, e eu sinto o calor do seu corpo através do meu vestido florido – aquele simples, de algodão, que uso nos dias mais comuns. Suas mãos deslizam pelas minhas costas, explorando, como se estivesse tentando memorizar cada curva. Quando seus dedos encontram o zíper, ele o abaixa com cuidado, e o tecido escorrega dos meus ombros, caindo em volta da minha cintura como um véu descartado.

Renato para um instante, apenas me olhando. Seus olhos escuros percorrem meu corpo como se eu fosse algo precioso, algo que ele quase perdeu. E então ele murmura, voz rouca:

"Você é tão linda, Maris... Como eu pude deixar isso escapar?"

Não há raiva nele. Não há suspeita. Apenas desejo, puro e simples, e uma saudade que me corta como uma faca.

Ele me levanta do sofá, e minhas sandálias Havaianas caem no chão sem som. Seus lábios voltam aos meus, mais urgentes agora, e eu me agarro a ele, meus dedos se enterrando em seus ombros. Ele me conduz até a parede, e eu sinto a superfície fria contra minhas costas nuas enquanto suas mãos exploram meu corpo com uma mistura de ternura e posse.

"Quero te sentir toda", ele sussurra contra minha pele, seus lábios descendo pelo meu pescoço, meus seios, minha barriga. Ele se ajoelha diante de mim, e eu solto um gemido quando sua boca encontra o lugar mais quente do meu corpo. Seus dedos me abrem, sua língua me saboreia, e eu me arquejo, minhas mãos se prendendo aos seus cabelos.

"Renato—" Eu grito seu nome, mas ele não para. Ele me faz gozar assim, devagar, como se quisesse provar cada tremor do meu corpo. E quando finalmente me levanta, me vira de costas e me pressiona contra a parede, eu estou tão sensível que quase choro quando ele entra em mim.

Ele me preenche completamente, como se meu corpo tivesse sido feito só para ele. E talvez tenha sido. Talvez sempre tenha sido.

"Você é minha", ele rosna no meu ouvido, suas mãos firmes nos meus quadris, seu ritmo implacável. "Só minha."

E eu não consigo responder, porque ele está certo. Porque, no fundo, mesmo depois de tudo, eu sempre fui.

Quando o orgasmo me atinge, é como uma onda que arrasta tudo – a culpa, o medo, a memória de Daniel. Por um instante, existe apenas Renato, seu corpo no meu, sua respiração quente na minha nuca.

Ele geme meu nome quando goza, e eu sinto suas pernas tremendo contra as minhas. Depois, ele não me solta. Apenas me envolve em seus braços, meu corpo nu contra o dele, e sussurra:

"Não vou te perder de novo."

E eu... eu me enterro no seu peito, porque não tenho coragem de dizer a verdade.

Porque, no fim, ele não me perdeu.

Eu é que me perdi.

Depois daquela transa gostosa, fomos tomar banho juntos. Lá, não transamos de novo – apenas ficamos agarradinhos debaixo da água quente, nos acariciando, nos beijando muito, enquanto o vapor embaçava o espelho e apagava, por um instante, todos os meus segredos.

Renato passou os dedos pelos meus cabelos molhados, desembaraçando-os com uma paciência que eu já não lembrava que ele tinha. "Lembra da primeira vez que tomamos banho juntos?" ele perguntou, os lábios curvados num meio-sorriso. "Foi naquela pousadinha barata, lembro-me como se fosse hoje. O chuveiro era tão pequeno que a gente tinha que se revezar, mas você insistiu em entrar comigo."

Eu me lembrava. Lembro de rir até doer a barriga, de como ele escorregou e quase nos derrubou no boxe, dos beijos salgados de suor e protetor solar. "Você reclamou que eu usei todo o shampoo", eu disse, encostando a testa no peito dele.

Ele riu, o som ecoando no boxe. "E você usou mesmo. Mas depois me deixou usar o seu condicionador, então ficamos quites."

Ficamos ali, rindo de lembranças bobas, e por um momento, tudo parecia simples de novo. Como se os últimos meses – os encontros escondidos, as mentiras, o gosto amargo de Daniel na minha boca – fossem apenas um pesadelo do qual eu finalmente acordara.

Foi então que Renato me olhou nos olhos e disse: "Vamos sair para jantar. Naquele restaurante italiano que a gente adorava, lembra? Faz tempo que não vamos."

Eu hesitei. "Mas eu já fiz a janta, amor. Tem lasanha no forno..."

Ele me cortou com um beijo rápido. "Não importa. Vamos jantar fora. Eu quero."

"E a reserva?" perguntei, arqueando uma sobrancelha. Aquele lugar era sofisticado, do tipo que exigia reserva, não podíamos simplesmente ir até lá.

Renato sorriu, um sorriso maroto que eu não via há anos. "Eu sei. Já fiz. Ontem, na verdade."

Meu coração deu um salto. Ele já tinha planejado tudo. Não era só um impulso, não era só sexo – ele estava tentando, de verdade.

Nos arrumamos. Eu coloquei um vestido vermelho – a cor que ele sempre amou – e ele vestiu a camisa azul que eu tanto gostava. O jantar foi perfeito. Vinho tinto, massa caseira, o violonista ao fundo tocando "Per te" de Josh Groban, a mesma música que dançamos no nosso casamento. Renato segurou minha mão sobre a mesa, os dedos dele desenhando círculos na minha pele, e eu me peguei pensando: Como eu pude jogar isso fora?

Quando voltamos para casa, caímos na cama exaustos, mas felizes. Ele me puxou para perto, e eu me encaixei perfeitamente contra seu corpo, de conchinha, como sempre fizemos. Seu braço pesado e quente envolveu minha cintura, e seu sopro quente no meu pescoço me fez fechar os olhos, afundando naquele calor familiar.

E ali, no escuro, com o coração dele batendo forte nas minhas costas, eu entendi a besteira que tinha feito.

Meu caso com Daniel precisava acabar. Não amanhã, não na semana que vem – agora. Eu queria apagar tudo, como se os 8 meses fossem apenas um rascunho ruim que eu pudesse rasgar e jogar fora.

Mas sabia que não seria tão simples.

Porque traição não some com um estalar de dedos.

E Daniel... Daniel não era do tipo que aceitaria um "adeus" sem explicações.

Continua...

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Foto de perfil de Will Safado.Will Safado.Contos: 42Seguidores: 85Seguindo: 23Mensagem Sou um apaixonado por filmes e séries, um verdadeiro amante da literatura. Escrever contos eróticos tornou-se meu passatempo, acabei descobrindo um prazer imenso ao me dedicar a essa atividade. A capacidade de criar narrativas e explorar diferentes facetas da sexualidade tornou-se uma experiência cativante e enriquecedora para mim. Os comentários são bem-vindos, sendo eles elogios ou críticas. Só peço que sejam respeitosos, até porque não tolero desaforo. e-mail para contato: wbdm162025@outlook.com

Comentários

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A premissa e a prosa desse conto foram excelentes. Ela está numa sinuca de bico bem interessante, ansioso pelo desenrolar da trama.

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Parabéns mais uma história que promete como sempre nota 10 e três estrelas

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