No Capítulo anterior:
Fomos amantes até o final do verão, quando Harper foi para universidade e ela se mudou para Washington.
Continua:
Reese se mostrou uma amante completa; sua entrega era absoluta, e ela gostou tanto do sexo anal que, um mês após perder a virgindade do cu, já cavalgava com a desenvoltura de quem há anos dá o rabo.
Normalmente, ela ia à minha casa três vezes por semana; curiosamente, ela preferia trepar de manhã. Não foram raras as vezes que ela me acordava com um boquete.
Mas nem tudo era perfeito. Seu marido cumpriu o acordo, toda sexta-feira voltava para passar o final de semana com a família. Por consequência, nossos encontros se davam durante a semana. Ela evitava ir me visitar no dia que o marido voltava, o que fazia sentido, apesar do acordo não seria de bom tom esfregar na cara do marido sua boceta inchada e seu cu laceado por ter fodido com outro.
O primeiro sinal de alerta foi sua melancolia às quintas-feiras por não podermos nos encontrar antes de segunda. Quando argumentei que tal intervalo era bom, ela precisava se acostumar, afinal logo seria exclusiva do marido, recebi como resposta um “você tem razão” que não me convenceu. Minha preocupação era que Reese estivesse desenvolvendo sentimentos por mim, algo que não era compartilhado e colocaria em risco seu casamento.
O segundo alerta veio quando eu sugeri que ela começasse a fazer sexo anal com o marido; afinal, ela se descobriu uma apreciadora da sodomia, e em pouco tempo, só o marido poderia lhe proporcionar tal prazer. Sua resposta me assustou.
- Quando eu mudar para Washington, vou parar de fazer sexo anal; meu cu é seu, nenhum outro homem vai enrabá-lo.
Se eu tinha dúvidas sobre Reese ter desenvolvido sentimentos por mim, elas morreram com aquela frase.
Quanto mais próxima chegava à data da sua mudança, mais eu sentia que as coisas fugiam do controle. Ela passou a exigir trepar de segunda a sexta, e eu não sabia o que fazer; não queria ferir seus sentimentos, mas a situação estava ficando insustentável.
Tudo explodiu duas semanas antes da sua mudança, em um sábado à tarde.
Harper me ligou desesperada; sua mãe tinha brigado com o pai e saiu, tinha certeza que ela iria me procurar. A filha me confessou que a mãe não estava lidando bem com a ideia de não poder ficar comigo. Prometi mandar uma mensagem caso ela aparecesse e tentar colocar juízo em sua cabeça. Foi desligar o telefone e a porta abriu — sim, eu fiz a besteira de dar a chave da minha casa para Reese.
Tentei de forma carinhosa mostrar o erro que ela estava cometendo, expliquei milhões de vezes que nossa ligação era de amizade apimentada pelo sexo, que não tínhamos os sentimentos necessários para uma vida em comum. Mas ela não se rendia, dizia que sua vida ficaria vazia sem nossos encontros, que “achava” que me amava.
Peguei esse último comentário e alterei o tom.
- Reese, ninguém “acha” que ama, ou ama ou não ama. Você confunde tesão com amor e está quase destruindo o relacionamento com quem você realmente ama. Não há mais como continuar; eu gosto muito de você mas não te amo. Não vou colaborar com essa loucura. Paramos aqui; não quero mais ficar contigo. Por favor, devolva minha chave e volte para sua casa; sua filha está preocupada.
Reese não acreditou; no seu delírio, ela imaginou que eu a convidaria para morar comigo. Seu espanto se transformou em raiva, jogou a chave em minha direção, ofendeu minha mãe e questionou minha masculinidade.
Liguei para Harper e expliquei a situação. Ela me agradeceu e, de forma madura me alertou, ela tinha certeza que a mãe voltaria a tentar fazer contato.
Pensei muito, não queria ferir os sentimentos de Reese e sabia que, se ela voltasse, a tensão iria escalar.
Como já tinha terminado o curso na universidade, nada me prendia a Nova York; resolvi voltar ao Brasil para visitar meus pais.
Fechei a casa na segunda-feira e fui para um hotel em Manhattan. Na terça-feira embarquei rumo a Cumbica.
Fui covarde? Sim, mas não por evitar me encontrar com Reese quando ela surtou; fui covarde ao não terminar o relacionamento ao perceber o surgimento de sentimentos que não podia corresponder.
Reese foi meu primeiro relacionamento estável após o divórcio; sua companhia e seu corpo me fizeram bem, ajudando a fechar feridas. Talvez 'covarde' não seja o termo mais adequado; fui egoísta.
Com toda minha experiência de vida, eu sabia que uma mulher quente e desprezada pelo marido não resistiria a um relacionamento paralelo, repleto de carinho, amizade e muito sexo.
Não gostei de como as coisas terminaram, mas, em minha defesa, acredito que apesar da demora fiz o que tinha que fazer.
Bloqueei Reese no meu celular. Fiquei sabendo por sua filha que ela se mudou para capital e que se acertou com o marido. Só voltei a vê-la após muitos anos.
Harper continuou nos meus contatos e, de vez em quando, trocávamos mensagens. Com o tempo, cada vez mais raramente. Voltei a me encontrar com ela em um seminário sobre literatura russa em Moscou, há poucos anos.
Voltar ao Brasil foi uma experiência boa. Fiquei hospedado na casa dos meus pais e evitei locais onde fosse conhecido, assim como os velhos amigos.
Consegui passar um mês em São Paulo anonimamente, mas era inevitável encontrar algum conhecido...
Em uma noite no fim do inverno paulistano, entediado, resolvi ir ao cinema. Escolhi o filme, verifiquei o horário e cheguei com antecedência para fazer um lanche antes da sessão.
O cinema ficava no Shopping Higienópolis, lugar que frequentei bastante com minha ex-esposa. Não vi riscos; afinal, era o início de uma noite fria de terça-feira, e o shopping deveria estar vazio.
Minha previsão se confirmou. Poucas pessoas circulavam pelos corredores do shopping. Sem clientes, na maioria das lojas, os vendedores esperavam o tempo passar, entretidos com seus celulares.
Fui direto para a praça de alimentação e decidi trocar o lanche por uma refeição mais elaborada. Deliciei-me com um filé à parmegiana.
Comprei o ingresso para o filme e, como ainda tinha mais de meia hora até o início da sessão, saí em busca de uma livraria.
Nunca fui fã de shoppings; não sou consumista e não gosto de comprar roupas. Meu estilo é o mesmo de quando era universitário: camisetas, calças cargo, tênis e uma jaqueta. Por mim, shoppings se restringiram à praça de alimentação, cinemas e livrarias. O restante era supérfluo.
No início do meu casamento, minha ex-esposa reclamava da minha falta de paciência durante suas intermináveis visitas aos shoppings. Com o tempo, resolvemos o problema: eu a acompanhava quando ela já tinha em mente o que comprar e ficava em casa quando ela “ia ver as novidades”. Ruth gastava muito com roupas, sapatos e acessórios.
Indo para a livraria, passei por uma loja de sapatos de grife que visitei com Ruth várias vezes. Instintivamente, olhei para o interior da loja, sem prestar muita atenção aos detalhes. Estava vazia; não vi nem as vendedoras.
Continuei caminhando até ouvir meu nome rompendo o silêncio fantasmagórico do shopping vazio. Senti um frio subir pela minha espinha; não reconheci a voz, mas não queria que soubessem quem estava de volta a São Paulo. Pensei em ignorar e continuar andando, mas o chamado se repetiu, agora mais próximo. Virei-me e fui surpreendido. Não era uma amiga, mas sim a vendedora da loja de sapatos que atendeu Ruth todas as vezes que a acompanhei. Forcei a memória e lembrei seu nome: Márcia. Uma mulher preta, baixinha, com um corpo espetacular.
Ela abriu um sorriso, veio me cumprimentar com os beijinhos tradicionais e um abraço. Fiquei espantado; ela me tratava como se fôssemos velhos amigos, apesar de nunca termos trocado mais que meia dúzia de palavras.
Logo, eu entendi. Ela me contou que foi liberada mais cedo por conta da falta de movimento, que estava indo tomar um chopp sozinha quando me viu passar em frente à loja. Como sabia da minha separação, pensou em me convidar...
A baixinha era pura simpatia. Ela nasceu para ser vendedora. Naquele momento, ela não encantava clientes para comprar sapatos de grife; estava me seduzindo com sua proposta, olhares e trejeitos.
Vestia o uniforme da loja, um vestido leve com a logomarca que, como já notara nas visitas que fiz a loja, não condizia com a rotina de uma vendedora de sapatos. Várias vezes, eu vislumbrei sua calcinha enquanto ela ajudava Ruth a experimentar os últimos lançamentos.
Seu corpo era proporcional à sua altura. Seios de médios a pequenos sólidos, como uma rocha. Nunca usava sutiã, no passado, já tinha reparado. Com o frio do fim do inverno, seus mamilos se destacavam como botões. Sua cintura era fina e seu bumbum arrebitado. Não tinha o estilo “cavala”, que tanto me agrada, mas era muito gostosa, tanto que chamou minha atenção todas as vezes que visitei a loja. Aliás, seu atributo mais interessante era a beleza de seu rosto. Pele negra, dentes brancos e perfeitamente alinhados, olhos grandes e simétricos, e cabelos jogados para cima em um penteado afro maravilhoso. Seu sorriso era matador. Apesar de ter vinte e quatro anos, quando sorria, parecia ter muito menos.
Senti-me tentado. Gostei do seu estilo direto. Desisti de ir à livraria e fui tomar aquele chopp de vinho com ela. Deixei claro que logo iria ao cinema e ela não se importou.
Na choperia, ela foi mais assertiva. Deixou claro que percebeu meus olhares no passado e que, por respeito a Ruth, uma excelente cliente, não correspondeu. Mas, como agora eu estava livre, a conversa era outra...
Argumentei que era impossível não olhar, pois ela “pagava” calcinha o tempo todo. Ela gargalhou e me explicou. Era uma estratégia da loja. Normalmente, os maridos e namorados que acompanham as clientes ficam apressando suas companheiras, impedindo uma compra mais robusta com as vendedoras de vestidos, inevitavelmente “pagando” calcinha. Os machos ficam calmos e esperam o tempo que for. Ri muito; afinal, funcionou comigo!
Já era hora de ir ao cinema; minha vontade era rasgar o ticket e ir a um motel com Márcia, mas resolvi brincar um pouco...
Convidei-a para ir ao cinema!
Seu rosto mostrou alguma decepção; com certeza, ela esperava outro convite, mas aceitou. Comprei outro ingresso, e entramos na sala de exibição já com as luzes apagadas e com pouquíssimas pessoas.
Desrespeitei os lugares indicados no ticket e nos sentamos na fileira mais alta do cinema, atrás de nossas poltronas, apenas a parede; tínhamos uma visão de todo o cinema e não podíamos ser vistos da cabine de projeção.
Não preciso dizer que não assistimos ao filme!
Mal nos acomodamos e já trocamos beijos lacivos. Minhas mãos percorriam seu corpo, dando atenção especial aos pequenos seios. Descobri que ela gostava de ter os mamilos torcidos e mordidos. Foi difícil conter seus gemidos.
Com quinze minutos de exibição, ela já estava com os seios descobertos, a parte superior do vestido enrolada na cintura e minha jaqueta em seu colo para cobrir o busto, se necessário.
Menti os dedos em sua boceta enquanto a beijava. Ela estava muito molhada e absurdamente quente. Parei por um minuto e sussurrei em seu ouvido:
- Tira a calcinha.
Ela me olhou com espanto, mas obedeceu. Ela tirou a calcinha e colocou na minha mão, com um olhar de puta que quase me fez gozar. Levei sua lingerie até o nariz, senti seu cheiro e a umidade, e a joguei na poltrona ao lado. Arrumei seu vestido, cobrindo seus seios, e dei outra ordem:
- Puxe seu vestido para cima; quero você pelada da cintura para baixo.
- Rodolfo, é perigoso. Alguém pode ver e achar que sou uma puta!
- Não se preocupe, minha jaqueta fica no seu colo e, em caso de necessidade, você esconde sua boceta. Quanto a acharem que você é puta, qual o problema? Hoje, você é minha puta!
A safada sorriu e me obedeceu. Voltei a beijá-la enquanto usava meus dedos para estimular sua boceta. Não demorou muito, e a vadia gozou, encharcando minha mão e a poltrona do cinema. Só não fomos pegos porque eu abafei seus gemidos com um beijo.
Ela tentou me convencer a ir para outro lugar, apesar do orgasmo, ela continuava muito excitada. Neguei e disse que a brincadeira no cinema estava boa. Até então, seu corpo foi a prioridade. Claro que ela me acariciou, mas só sentiu meu pau duro por cima das roupas. Quando percebeu que eu não ia ceder e que a brincadeira continuaria alí mesmo, ela abriu minha calça e colocou minha rola para fora.
Me olhou com uma expressão de desejo, virou-se e abaixou-se. Márcia era uma especialista na arte do sexo oral; ela engoliu minha rola até o talo desde a primeira chupada, fazendo garganta profunda como se não tivesse amígdalas. Com tal competência, eu até que durei muito, mas o gozo foi inevitável. Desde que voltei para o Brasil, não tive relações sexuais, gozei bastante, e a safada bebeu tudo.
Quando ela terminou, voltou à posição de quem está assistindo um filme, me olhou com um sorriso de vencedora e disse:
- Puta que pariu, nunca bebi tanto leite de macho. Espero que tenha sobrado para minha boceta! Vamos embora, eu preciso da sua rola dentro de mim, eu estou tão molhada que parece que mijei.
Enfiei o dedo em sua boceta e constatei que ela não estava mentindo. Estava encharcada! Levei o dedo até a boca e o lambi. Ao sentir seu gosto, perdi a razão. Me abaixei na sua frente, numa posição desconfortável devido às poltronas da frente, e caí de boca na sua boceta.
Seu último gesto racional foi cobrir minha cabeça com a jaqueta, dificultando a visualização do que eu estava fazendo; depois disso, mergulhamos na insanidade do desejo.
Chupei cada reentrância, mudei o ângulo de suas pernas e enfiei a lingua em seu cu, percebendo com a ponta da língua que ele era frequentemente visitado. Voltei para a boceta e, antes de chegar ao clitóris, ela gozou. Nossa sorte foi que a cena do filme, nesse momento, era de batalha; o som de tiros e bombas abafou seus gemidos. Continuamos tendo sorte quando passei a me dedicar ao seu grelo; ela gozou novamente, quase gritando, mas acredito que ninguém tenha percebido.
Levantei-me e voltei para minha poltrona. Com o rosto empapado de seus fluidos e a rola dura fora da calça, acreditava ter apagado o fogo daquela mulher. Ledo engano!
Mesmo tendo gozado três vezes, uma com minha mão e duas com minha boca, Márcia não demonstrava a leveza pós-orgasmo, continuando com a expressão de quem quer foder.
Nesse momento, entendi que minha nova amiga era uma devoradora de homens, um tipo de mulher que nunca reclamará que a boceta está sensível, que só sossega quando o parceiro não consegue mais ficar de pau duro.
Ela falou pouco.
- Quero dar, preciso da sua rola dentro de mim agora.
Ela se levantou, com as nádegas e a boceta expostas, veio até mim e abaixou minhas calças até o tornozelo. Ao se abaixar, engoliu meu pau numa chupada maravilhosa; depois, levantou-se, virou de costas para mim e, de frente para tela, juntou meus joelhos e sentou-se, mantendo minhas pernas entre as suas. Recuou em direção ao meu corpo e, quando sentiu minha rola encostar nas suas costas, levantou-se, apoiando os pés no chão, inclinou seu corpo para frente, pegou minha rola com uma mão, forçou para baixo e colocou na entrada do seu canal vaginal.
Delicadamente, sentou-se, permitindo que a glande a invadisse. Soltou a ereção, já presa em seu corpo, apoiou as duas mãos na poltrona da frente e largou o corpo. Lentamente invadi sua intimidade; ela parou quando sentiu a glande tocar seu útero.
A partir daí, o mundo despencou. Márcia começou a sentar com violência, como era baixinha, quase ficava de pé, e voltava a encapsular meu pau. Além disso, rebolava como uma louca; quando olhava para trás, percebia que estava babando. Gemia dava pequenos gritos, enquanto o cheiro de sexo se espalhava pelo cinema. Ela gozou uma vez, parou por alguns segundos e reiniciou. Protegido pelo barulho das batalhas que dominavam a parte final do filme, eu não me preocupava.
Seu segundo gozo no meu pau foi intenso, sua boceta se contraiu ao ponto de doer e interromper meu orgasmo, que estava próximo. Ela não se aguentou e, gozando, gritou:
- Me enche de porra carralhudo gostoso, faz sua puta gozar de novo!
Todos no cinema se voltaram para nós. A batalha tinha acabado. O som era uma música instrumental no enterro dos soldados mortos.
Márcia, inicialmente, não percebeu. Tive que retirá-la de minha rola sob protestos. Já entendendo a situação, vestimo-nos rapidamente e saímos do cinema antes do filme acabar.
Nossas roupas entregavam a putaria vivida na sala de projeção. Seu vestido amassado e manchado em locais sensíveis, enquanto minha calça molhada na parte da frente pelo boquete perfeito que ela me fez. Sem contar o suor, estranho em uma noite fria, e minha rola marcando a calça; não deu tempo de gozar dentro dela.
Se, em um primeiro momento, ficamos assustados com o quase flagra, rapidamente já estávamos rindo da situação.
Procuramos banheiros em outro piso para tentar minimizar os estragos. Não queríamos encontrar com nossos colegas expectadores, que logo sairiam do cinema. Brincando, reclamei que não tinha gozado. Márcia não disse nada, mas ao chegar aos banheiros, ela me puxou para o banheiro de deficientes, chaveado e de uso individual.
Trancou a porta e tirou o vestido. Colocou sobre o secador de mãos e, com uma caneta, enganou o aparelho, que passou a funcionar sem desligar. Ele me explicou que faziam aquilo para secar roupas quando pegavam chuva vindo para o trabalho.
Era a primeira vez que via Márcia nua; se eu já estava com tesão no cinema, agora estava explodindo. Nada me impediria de comer aquela delícia até gozar.
Chupei seus seios, lambi sua bunda e, novamente, chupei sua irresistível boceta. Meti por trás, com ela encostada na parede, até ela atingir o orgasmo. O gran finale foi no seu cuzinho. Com uma perna dobrada apoiada no vaso e a outra esticada com o pé no chão, enrabei Márcia até gozar. Cu apertado, mas experiente, as suas reboladas com meu pau atolado até as bolas em seu rabo foram uma experiência deliciosa. Como não podia deixar de ser, ela teve um orgasmo anal arrebatador.
Por fim, nos arrumamos; seu vestido já estava seco, e saímos. Foi nesse momento que ela lembrou:
- Cadê minha calcinha da Victoria’s Secret? – No que respondi:
- Ficou no cinema. Quer voltar para buscar?
Fomos ao estacionamento, gargalhando.
Márcia morava na Zona Leste, muito perto da antiga casa dos meus pais. Ela ia para o trabalho de carro, mas não o deixava no estacionamento do shopping, que era absurdamente caro, estacionava como mensalista em um mais em conta em Santa Cecília, perto o suficiente para ela ir caminhando até o trabalho, mas longe o suficiente dos preços do bairro de Higienópolis.
Depois do nosso encontro no banheiro, levei-a até seu carro, trocamos números de telefone e ganhei um último boquete antes de voltar para casa dos meus pais.
Acordei leve no dia seguinte; nada como uma boa foda para tornar o dia agradável. Gostei tanto de transar com Márcia que repetimos, agora em uma cama, todos os dias até minha viagem. Foram vinte e três encontros diários, sete dias por semana.
Ela se mostrou uma excelente amante, gostava de foder e não queria envolvimento emocional; não sabia quase nada de sua vida, e ela, aparentemente, também não sabia da minha.
Seu bom humor era o mais contagiante. Não importava o quão chato fosse o cliente, ela sempre estava com um sorriso no rosto e procurando o lado divertido da situação. Só me lembro de uma vez que ela ficou chateada: uma cliente antiga pediu para ser atendida por outra vendedora. O que motivou tal desentendimento foi ela ter declinado do convite para um evento promovido pela cliente, por ser no dia que ela ia ao Terreiro. Márcia era Umbandista de três gerações, levava a sério sua fé. Mas, seu incômodo acabou com os primeiros beijos...
Os encontros com ela eram os melhores momentos do meu dia; eu estava completamente entediado com a vida na casa dos meus pais.
Meu velho percebeu. Em uma conversa após o almoço, ele me deu uma ideia, mais uma, e, como as outras, perfeita.
- Filho, se eu tivesse o dinheiro que você tem e sua juventude, eu não ficaria em casa assistindo à Sessão da Tarde, iria viajar, conhecer o mundo, não como turista, mas como local. Moraria um tempo em um país e depois em outro.
A ideia era perfeita. Comecei a pesquisar em agências de viagem.
Aprimorei a ideia. Conhecer o país era pouco; eu podia aprender algo nessa viagem.
Elaborei um projeto de turismo cultural. Eu passaria temporadas em países diferentes. Eu me mudaria para um país e só sairia de lá quando estivesse fluente na língua.
Pelos meus planos, em dez anos, eu falaria, além do inglês e do português que eu já dominava, espanhol, francês, italiano, alemão e, o supremo desafio, mandarim.
Preparei minha documentação, verifiquei se as vacinas estavam em dia e, por fim, marquei a data do embarque. Agora só faltava arrumar as malas.
Contei para Márcia, ela adorou meu plano e me fez prometer ligar para ela sempre que voltasse a São Paulo. Marcamos uma grande despedida na noite anterior ao meu embarque.
Márcia se superou naquela noite. Ficamos seis horas no motel; ela sugou cada grama da minha energia. Gozei quatro vezes! Duas em seu maravilhoso cuzinho.
Quando a estava levando para casa, ela pediu para comer um lanche. Parei em uma padaria que já estava aberta, e, enquanto esperávamos nossos x-tudo e suco de laranja, ela me fez uma confissão.
- Rodolfo, lembra que te contei que uma cliente me descartou por não ter ido ao seu evento?
- Claro! Tremenda filhadaputisse, afinal era seu dia na Umbanda, não é?
- Sim, mas ainda não te contei tudo. O marido da cliente tentou me chavecar, como não dei espaço, ele veio com um papo estranho, falou que era pastor e, junto com a esposa, me convidaram para ir a um culto especial. Foi aí que eu agradeci, e declinei, disse que era umbandista; eles viraram a cara e, bem, o resto você sabe.
- Puta merda, Márcia! Isso é crime e discriminação religiosa. Se você quisesse, poderia foder a vida desses babacas.
- Eu sei... Sofri preconceito religioso e racial minha vida toda; todo preto passa por isso... O foda, e motivo por eu estar te contando é que a cliente era sua ex-esposa.
- Não me surpreende, Márcia; um dos motivos da nossa separação foi seu fanatismo religioso. Ela não era assim...
- Eu sei. Ela mudou bastante nos últimos tempos. O estilo é outro, assim como o vocabulário. Agora, o que me assustou foi o homem. Rodolfo, eu senti maldade; aquele cara não é uma pessoa boa.
- Bom, o problema não é meu e nem seu. Deixe esses babacas preconceituosos de lado e vamos viver.
Eu senti que Márcia queria dizer algo mais, mas não dei espaço. Não queria saber da vida da Ruth.
No mesmo dia, embarquei após os beijos, abraços e conselhos de meus pais.
Continua.
PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DA “CASA DOS CONTOS ERÓTICOS" SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DO AUTOR, SOB AS PENAS DA LEI.