O clima depois daquela noite era estranho. Silêncio demais. Presenças cuidadosas. E Caio… calado.
Não discutimos. Não houve cena. Apenas olhares longos e pensamentos não ditos.
Dois dias depois, ele me chamou no fim da tarde. Estava sentado no alpendre, camisa aberta, um copo de uísque na mão e uma expressão serena demais pra quem supostamente deveria estar destruído.
— “Senta aqui.”
Obedeci. O coração acelerado, as mãos geladas.
— “Eu pensei em tudo. Pensei em te deixar. Em expulsar os dois daquela fazenda. Em fazer escândalo. Mas... nenhuma dessas ideias me pareceu mais forte que a verdade.”
Ele virou o rosto pra mim.
— “A verdade é que... eu não te possuo. E talvez... nunca tenha possuído.”
Fiquei em silêncio.
— “Você quer eles. E mesmo assim, continua aqui. Dormindo ao meu lado. Então aqui vai minha proposta: relacionamento aberto. Sem mentiras. Sem esconder.”
Ele deu uma pausa, bebeu mais um gole, depois continuou:
— “Mas quero uma coisa. Antes de qualquer nova regra… hoje, você vai ser nossa. De todos nós. Completa.”
Eu o encarei sem conseguir falar. Um calor me subiu pela espinha. Não era só permissão. Era convite.
Naquela noite, os quatro se encontraram no mesmo estábulo onde tudo começou.
Caio chegou antes. Diferente, mais firme, mais... no controle. Felipe estava encostado num barril, já sorrindo, como sempre. Henrique observava em silêncio, braços cruzados, testando a tensão no ar.
— “Ela é minha esposa.” — Caio disse. — “Mas hoje... ela é nossa.”
As roupas caíram aos poucos. As mãos multiplicavam-se. Felipe me beijava com intensidade, enquanto Henrique segurava meus pulsos com força. Caio me olhava como se redescobrisse meu corpo por outro ângulo — não de posse, mas de prazer.
Eles se alternavam. Um puxava meu cabelo, outro me deitava, o terceiro segurava meus quadris com força. Meus movimentos eram guiados por eles. Minhas posições, decididas por vozes que se revezavam entre comando e prazer.
Caio sussurrava no meu ouvido:
— “Gosta de se sentir assim, amor? No centro de tudo?”
Eu só gemia. Já não havia pudor. Só desejo.
Fui puxada para cima de um, inclinada sobre outro, segurada pelas mãos do terceiro. Cada nova posição me deixava mais entregue, mais vulnerável, mais viva. E o mais louco: eu queria cada segundo daquilo.
Quando o ápice chegou, veio em ondas. Tantas mãos, tantos corpos, tanto calor — e no meio de tudo, meu marido me olhando nos olhos, sorrindo com a respiração acelerada, dizendo:
— “Você não é só minha. Você é livre.”
Terminamos deitados no chão de madeira, suados, despenteados, em silêncio. Ninguém precisava dizer nada.
Na manhã seguinte, Caio me passou o café e disse, como quem falava do tempo:
— “A gente vai precisar de regras. Mas sim... podemos fazer isso funcionar.”
Sorri. Pela primeira vez, não havia culpa. Não havia medo.
Havia escolha.
E eu tinha feito a minha.