Quem Vai Comer a Advogada Evangélica? - Capítulo 05

Um conto erótico de Jonas
Categoria: Heterossexual
Contém 7800 palavras
Data: 16/07/2025 17:08:52
Última revisão: 16/07/2025 21:25:38

Olá, leitores. Meu nome é Jonas. Sou um professor universitário comum de 46 anos. Mas essa história não é sobre mim. É sobre quem vai comer minha vizinha evangélica, Rebecca.

A Rebecca era a minha vizinha do apartamento do lado, uma advogada evangélica batista. Tinha por volta de uns 28-30 anos, não me lembro exatamente. Altura mediana, pele clara, feições suaves, olhos castanhos claros que pareciam sempre analisar tudo ao redor. Os cabelos, castanhos claros longos e ondulados. Seu corpo era proporcional. Seios médios, mas firmes, cintura marcada, quadril levemente acentuado. Uma bunda empinada que se destacava em qualquer vestido justo ou calça colada ao corpo. Pernas torneadas, resultado das aulas de pilates e musculação que ela praticava religiosamente.

Ele é casada com meu colega professor da mesma faculdade, Maurício. Ele também é evangélico, daqueles bem rígidos e conservadores. Eles são crentes tão fervorosos, de irem ao culto toda a semana, vestidos daquela forma estereotipada, que parecem nem fazer sexo.

Mas na privacidade das quatro paredes, eles gostavam de uma putaria das boas, botar ela de quatro e socar até as pessoas do quarto ao lado ouvirem os choques da virilha dele com a bunda dela. Sei disso porque testemunhei uma dessas fodas e tenho uns registros dela. Vai que elas se provem úteis algum dia para algo além de homenagens.

Nos capítulos anteriores, a Rebecca veio se hospedar no meu apartamento enquanto o dela estava em reformas e o Maurício estava viajando na Itália. Quem se aproveitou disso foi o meu sogro, seu Raimundo, que usou toda a sua lábia nela. Só que, como quem enrola demais perde a vez, algum garanhão chegou primeiro e leitou a buceta da crente com vontade. E ao velho Raimundo sobrou o trabalho de tentar reanimar ela, que agora se achava devia se achar a puta (que, no fundo, era).

O nosso capítulo começa no final de uma noite de sábado.

Estávamos deitados na cama, eu e Cinthia. Ela folheava uma revista de decoração — daquelas que ela comprava, lia meia dúzia de páginas e depois largava para virar apoio de copo na sala. Eu, com o celular em mãos, fingia prestar atenção nas notícias do feed.

— Pensando em alguma coisa? — perguntou ela, ajeitando o travesseiro.

— Pensando... — murmurei. — Estava lembrando que já faz tempo que a gente não trepa com outro casal.

Ela fechou a revista, interessada. Esse tipo de conversa sempre despertava um brilho peculiar no olhar dela.

— E? — provocou.

— Pensei em fazermos mais uma vez. Desta vez, com um casal aqui do prédio.

Ela ergueu uma sobrancelha.

— Quem?

Fiz um teatrinho de mistério, porque essas coisas funcionavam bem com Cinthia.

— Letícia e Antônio. Conhece?

Ela franziu a testa.

— De nome... não. Tem foto?

Peguei o celular, abri o Instagram da Letícia, um perfil cheio de selfies de rosto e de academia, além de algumas fotos dela com o Antônio, aquelas típicas fotos de casal jovem. Mostrei a primeira.

— Essa é a Letícia.

Ela deu uma olhada, acenou com a cabeça.

— Acho que já vi. Bonitinha. Jeitosinha. Você não teria a menor chance com ela se tivessem a mesma idade. Mora aqui?

— Sim. E esse é o Antônio. — Mostrei uma foto dele com camiseta regata.

Ela soltou um risinho.

— Ah... também bonito. Lembro deles sim. Não sabia que eram liberais.

Ela rolou algumas fotos.

— Espera... — franziu os olhos, apontando para uma foto dos dois na universidade. — Eles são seus alunos?

— Sim.

Ela me lançou um olhar curioso.

— E você já comeu ela?

Soltei um meio sorriso.

— Já comi os dois.

Ela riu, balançando a cabeça.

— E nem pra me chamar?

— Tô chamando agora. — Dei um sorriso leve.

Ela ergueu uma sobrancelha, rindo.

— Eles já toparam — continuei casual, como quem fala do valor do aluguel do condomínio. — Falta só você.

Ela apoiou o queixo na mão, olhos fixos em mim.

— E você tem mais fotos?

Não precisei perguntar o que ela queria dizer. Sai do Instagram, fui para uma pasta de fotos bloqueada. Daquelas que só mostramos para pessoas bem selecionadas.

Abri a galeria e entreguei o celular para ela.

— Vê aí.

Cinthia pegou o aparelho, deslizando o dedo pela tela devagar. Primeiro, a foto da Letícia nua, deitada na cama do motel, sorriso maroto, seios firmes, a pele macia. Ela deu um leve zoom no rosto da Letícia e depois desceu para o corpo.

— Hmmm... Ela tem cara de safadinha. E essa cinturinha... — comentou, quase num sussurro.

Deslizou para a próxima. Letícia ajoelhada na cama, de quatro, olhando por cima do ombro, o bumbum empinado, a bucetinha exposta.

— Essa aqui... — Ela mordeu o lábio. — Vai dar um caldo.

Passou para as do Antônio. Ele em pé, pelado, o pau apontando pra cima.

— Nossa... — soltou, com um riso abafado. Deu um zoom no cacete de quase 24 cm. — Esse aqui não vai ser fácil.

Deslizou para mais uma: Antônio sentado na poltrona, membro à mostra, olhar preguiçoso para a câmera.

— Adoro esse tipo de cara. Fortão e pausudo. Não é todo dia que um desses topa me comer.

Eu deixei ela ir olhando, como quem dá corda.

— A Letícia é bem gostosinha. E o Antônio... — ela me lançou um olhar de canto, mordendo o lábio. — Faz tempo que eu não transo com um cara tão bem-dotado.

— Pois é... — comentei, com um tom leve. — Então? Prefere a boa e velha troca de casais ou... todo mundo com todo mundo?

Ela me encarou com aquele olhar calculista que me dava um certo tesão. Ficou alguns segundos em silêncio, rolando de novo as fotos na tela.

— A troca de casais seria interessante... — disse, num tom pensativo. — Você já comeu o Antônio, né? Eu duvido que ele fosse reclamar de passar a noite metendo numa gostosinha como a Letícia enquanto eu me divirto com ele.

Eu ri.

— Pra falar a verdade, eu não teria problema nenhum se essa fosse a divisão.

Ela olhou de novo para as fotos da Letícia e mordeu levemente o lábio.

— Mas vamos de todos com todos — disse, quase como um capricho — Quero ver um pouco de ação entre homem e homem também.

Não pude deixar de sorrir. Isso, vindo dela, nem me surpreendia mais.

— Perfeito. Só vou checar com a Letícia se ela já transou com outra mulher antes. Não sei se ela curte.

Cinthia soltou uma risada abafada.

— Não precisa. Eu me viro no dia.

Claro que se virava. Cinthia tinha aquela habilidade curiosa de fazer qualquer mulher se soltar. Mais charme, menos talento.

— Quando você acha que serie melhor? — perguntei.

— Sexta ou sábado é melhor. A gente já começa o fim de semana do jeito certo.

— Fechado.

Ela voltou a se deitar, dessa vez mais próxima.

— Até quando está valendo esse seu acordo com eles? — perguntou, como quem fala do tempo.

— Encerra nesta última transa — respondi. — Se for rolar mais, vai depender da conversa lá no motel. Pode ser que sim, pode ser que não.

Cinthia ficou um instante pensativa, os olhos vagando pelo teto.

— Então a gente vai ter que caprichar — disse por fim, com aquele tom estratégico dela. — Se a gente jogar certo... quem sabe eu não consigo brincar com aquele pausudo mais vezes e você não continua comendo aquela gostosinha por um bom tempo?

Soltei uma risada baixa.

Com mais uma questão resolvida, agora estava pensando nos próximos passo em relação à Rebecca e Maurício.

Na manhã seguinte, domingo de sol, o céu estava limpo e o calor ideal. Estava encostado num canto da piscina, cerveja na mão, ouvindo o Carlos e o Érico falarem sobre a última rodada do Brasileirão. Discutiam se o pênalti do Flamengo tinha sido roubado ou não, enquanto o Érico puxava estatísticas e o Carlos se agarrava a uma teoria da conspiração envolvendo arbitragem e interesses da CBF. Eu só ouvia de longe.

Foi quando meus olhos fizeram o que eles sempre fazem: abandonaram a conversa e buscaram algo mais interessante. E ali estava o festival.

A Letícia esticada numa espreguiçadeira, toda desleixada e deliciosa. A universitária estressada parecia finalmente relaxar. Usava um biquíni preto que mal continha as coxas carnudas, e os peitos pequenos mas empinados tremelicavam cada vez que ela se ajeitava. A proposta da Cinthia de transforma-la em minha putinha era tentadora.

Já a Eliana estava digna de um comercial de cerveja. A engenheira bronzeada, corpo torneado, peito farto que escapava pelo decote generoso. O biquíni vermelho grudava nela. Mulher assim não devia se casar, devia ser tombada como patrimônio sensual da humanidade.

E a Carolina. Corpo elegante, rosto sereno. Não era uma bomba de testosterona como a Eliana, mas tinha aquele charme intelectual, aquela bunda pequena e bem desenhada, coxas discretas. Usava um maiô azul escuro com recortes discretos, mas que ainda assim me faziam a imaginar de quatro, discutindo sobre filmes franceses entre uma enfiada e outra.

Mas foi quando a Rebecca apareceu que o ambiente ficou realmente interessante.

Veio com aquele jeitinho contido, passos curtos, olhos semicerrados com o sol. Usava um roupão branco que ia até os joelhos. Já sabia quem ela ia encontrar: o velho safado do seu Raimundo, que boiava na piscina feito um jacaré em êxtase.

Ela se aproximou da borda e sorriu:

— Bom dia, seu Raimundo.

— Opa, bom dia, minha flor! Que prazer te ver aqui. Veio se bronzear um pouco?

— Sim, aproveitar que o sol tá bom.

Trocavam palavras doces como se fossem velhos amigos. E de certo modo eram. Desde que ela se hospedara lá em casa, até café na cama ele já levou para ela.

A Rebecca então desamarrou o roupão. Por baixo do tecido branco: um maiô azul-marinho. Conservador, sim. Mas justo o suficiente pra desenhar cada detalhe. Os seios pequenos e rígidos pareciam pressionar o tecido como se implorassem pra serem libertos. A cintura fina se encaixava perfeitamente nos quadris arredondados. A parte de baixo do maiô, embora larga, marcava a virilha com uma ousadia quase indecente para uma crente tão certinha.

Ela se ajeitou numa espreguiçadeira e começou a espalhar o protetor solar nos braços.

— Quer que eu passe pra você? — ofereceu o seu Raimundo, saindo da piscina com agilidade impressionante.

— Claro! Digo, se não for incômodo.

— Pra você, nunca é incômodo.

E ali foi a cena. Eu, sentado, fingindo conversar com os dois ao meu lado, assistindo uma cena que teria deixado o Freud em pé.

O velho pegou o frasco, despejou uma quantidade exagerada e começou pelos ombros. Massageava com firmeza, o tipo de firmeza que ninguém usa sem intenção. A Rebecca parecia tranquila, olhos fechados, um leve sorriso.

— Você tem uma pele muito macia. Hidrata bem?

— Tento, sim. Sempre fui vaidosa com essas coisas.

Desceu para as costas, e os dedos dele seguiam como se tivessem mapa e destino. A cada passada, o velho ficava mais ousado. Quando chegou na cintura, a mão dele escorregou para as laterais do quadril.

— Aqui pega muito sol, tem que espalhar bem...

A cara de pau era tão grande que ele tava falando de uma região que era coberta pelo maiô! A Rebecca soltou um riso leve:

— Eu sei. Pode passar.

“Pode passar”. Aquilo foi quase uma senha.

O velho então se ajoelhou ao lado dela e começou a massagear as coxas. Primeiro por cima, depois por dentro. Rebecca manteve os olhos fechados, mas não fechou as pernas. Ao contrário. Moveu uma das coxas levemente pra fora, como se desse espaço.

— Assim tá bom?

— Está... está sim. Pode continuar.

Ele passou para a bunda. Era isso. O velho Raimundo, ajoelhado no meio do sol, passando protetor na bunda da Rebecca com devoção quase religiosa. Minhas pupilas seguiram as mãos dele, cada vez mais ousadas, escorregando pelas curvas dela com precisão de relojoeiro. Ele massageava com os polegares, apertava com os dedos abertos, como quem tenta memorizar cada centímetro do corpo dela.

A Rebecca mantinha os olhos semicerrados, um sorriso leve, quase bobo. A respiração lenta, como se estivesse num spa.

E então ele fez algo que me fez engasgar com a cerveja: com o indicador e o médio, deslizou por baixo do maiô dela, levantando levemente o tecido e o puxando para tampar um pouco mais da nádega. E como se fosse a coisa mais natural do mundo, ajeitou o tecido.

— Melhor assim, senão fica com marca.

A Rebecca abriu os olhos devagar e, com aquela voz melosa, disse:

— Obrigada, seu Raimundo.

Eu tive que morder a parte interna da bochecha pra não rir.

Quando ele terminou, deu um tapinha suave na coxa dela e se levantou.

— Vou dar mais um mergulho que o sol está horrível.

Pulou na piscina com rapidez surpreendente. Não era altruísmo: era pra esconder o volume que, com certeza, se formara sob aquela sunga ridícula.

Eu virei pro Carlos, que agora dizia que o técnico do Galo era um covarde.

— Entendo perfeitamente, amigo. Cada time com seus limites, né?

Sorri por dentro. O Carlos era um bocó mesmo. Nunca comeria nenhuma daquelas mulheres na piscina.

O departamento de Engenharia Elétrica estava com aquele cheiro abafado de café requentado e tinta velha. Era uma manhã modorrentamente burocrática na sala dos professores. Eu estava encostado na parede, mexendo no celular. As aulas voltariam em duas semanas.

Ao meu redor, aquela fauna habitual. Primeiro, os meus troféus já conquistados. César, o professor que ainda acha que a enrabada que dei nele era um sinal de afinidade intelectual. Vitor, o quietinho que adora apanhar no motel, mas se finge de puritano na frente dos outros. E, claro, a Camila, que geme como atriz pornô quando está de quatro.

Depois de olhar aqueles que já tinha comido ali, passei aos meus alvos. Gilmara, cabelo curto e olhar perdido, tipo de mulher que precisa que alguém “a descubra”. Hélio um professor que é hetero demais para ser apenas hetero. E, claro, a Natália. Aquela que que parecia saída de um comercial de vida saudável: ruiva, bunda firme de quem corre nas manhãs de sábado, coxas discretas mas bem desenhadas, e aquele decote quase inexistente que só tornava tudo mais interessante. Ela estava de calça de alfaiataria escura e uma camisa branca abotoada até o colarinho, justa o bastante para que fosse impossível ignorar os seios empinados e bem posicionados. Sapato fechado e um óculos de armação fina. Um uniforme de seriedade que em vez de escondê-la só a destacava mais.

A Natália conversava com o tal do Everaldo. Trinta e quatro anos, concursado faz três, sempre simpático, corpo de quem nada três vezes por semana e corre trilha no fim de semana. Camisa polo, jeans escuro, risadinha fácil. O tipo que as mulheres diziam querer pra casar, mas que devia socar fofo e transar de meia. Percebi os olhares trocados entre ele e Natália. Sorrisos longos, corpo levemente inclinado, aquela naturalidade que beirava a intimidade sem ter sido anunciada. Falavam sobre algo trivial, eu não ouvia as palavras, mas os gestos, os tons... marcavam alguma coisa. Um café? Um jantar? Corrida no parque? Era ambíguo. Podia ser um date. Podia ser só afinidade entre colegas de idade similar. Mas aquilo me incomodou.

Será que eu precisava ver o Everaldo como concorrente? A Natália era, até onde eu sabia, solteira. Ele também. Bonitos os dois, compatíveis, inteligentes. Tudo apontava para um namoro em potencial. E um namoro significaria portas fechadas. Eu não gosto de bater em portas fechadas, ainda mais quando o que me interessa está atrás de uma saia lápis e de uma bunda que rebola pouco, mas o suficiente.

Foi quando o Carlos entrou na sala.

Altivo, camisa polo justa demais para sua pança ainda resistente, mas visivelmente mais animado. Devia ter perdido uns quatro quilos e encontrado algum propósito novo na vida, porque até o sorriso estava mais fácil. O divórcio era realmente um peso de toneladas em sua vida.

Ele cumprimentou todos com um sorriso que contagiava os tolos. Foi nesse clima que a Alessandra entrou na sala. Aquela aura de quem voltou de viagem, mas preferia não estar ali. Usava uma calça clara colada demais para ser inocente e uma blusa que realçava as curvas que eu conhecia muito bem.

Dois anos se passaram desde que combinamos um pequeno acordo: eu, como antigo coordenador do departamento, mexia meus pauzinhos e facilitava sua licença para o pós-doc na França. Em troca, algumas noites antes do embarque e, no retorno, um boquete mensal por três anos. Uma negociação simples. Levou uns quinze minutos entre a sentada dela na cadeira e a sentada no meu pau.

Todos viraram os olhos pra ela, mais pela novidade. Ela se apresentou com simpatia ensaiada, e logo estavam todos puxando conversa. Carlos a cumprimentou com entusiasmo exagerado:

— Alessandra! Quanto tempo!

Ela sorriu, daquele jeito que parece leve, mas diz “não se intrometa muito”.

Esperei um momento e me aproximei:

— Alessandra, essa aqui é a Natália. Ela passou no concurso ano passado, enquanto você estava fora.

As duas se cumprimentaram com efusividade feminina protocolar. Beijinhos no ar, sorrisos alinhados, frases genéricas:

— Prazer, Natália! Já tinha ouvido falar de você. — disse Alessandra.

— O prazer é meu! Você tava na França, né? Que chique.

— Ah, foi puxado, viu... Mas cresci muito.

Fiquei observando as duas. A Alessandra não era burra. Percebeu o interesse da Natália nos assuntos certos, especialmente na área de pesquisa. E a Natália, sempre sociável, queria criar laços. Não fazia ideia de que imaginava um boquete duplo daquelas duas putinhas.

Com a conversa rolando, soltei:

— Ah, Alessandra, uma das disciplinas que sobraram pra você foi aquela que eu dei nos dois últimos semestres. Posso te passar o material depois.

Ela entendeu. Nossos olhos se encontraram por meio segundo e ela assentiu, sem rodeios.

— Claro. Passo na sua sala mais tarde, pode ser?

— Combinado — sorri.

Ela sabia qual “material” eu estava falando Não era PDF nem PowerPoint, mas o primeiro boquete do acordo desde que voltara. Eu mal podia esperar.

Enquanto elas conversavam mais um pouco, ouvi Natália comentar:

— E você também mora no mesmo condomínio que eu, o Carlos e o Jonas?

— Isso, sim. Bem silencioso, até.

Passaram umas três horas até a poeira baixar e a Alessandra me encontrar na minha sala. Todas as janelas estavam fechadas. Persiana abaixada, luz baixa, a porta trancada com aquela naturalidade que disfarça intenção. Qualquer um juraria que eu fui embora.

Sentado na minha cadeira, deixava a minha calça abaixo do joelho e o meu cacete à mostra, apontando para o teto de tão duro. A loira nem hesitou em segurar firme no meu caralho duro, grande, grosso e quente. Ela iria se ajoelhar de qualquer maneira, mas os dois sabiam como eu gostava. Eu acariciei o rosto branquinho dela e fui forçando levemente sua cabeça para baixo, contra o meu pau. Ela foi se ajoelhando como quem aceita submissa o que está para acontecer.

Da Alessandra, eu sabia que era encenação. Mas ela também sabia que eu gostava quando ela se fingia/aceitava submissa.

Ela aproximou o rosto do meu pau, que dava solavancos firmes e começou a me masturbar. Ele já estava no ponto e ela começou a chupada. Primeiro, uma lambida de ponta a ponta no pau, como quem rememorava como ele era. Continuou assim até deixa-lo no ponto. Só então, abocanhou a cabeçona e começou a chupar com vontade.

A Alessandra realmente tinha aprendido bastante durante seus três anos na França. Seu boquete estava muito melhor. Via os cabelos loiros subindo e descendo até a base do meu pau. Primeiro, lento. Depois, acelerando. Estava indo ao céu com aquela boquinha.

Me perguntava o que ela tinha aprendido com a buceta e o cu.

A loira não tinha pressa. Ela massageava as minhas bolas, lambia, mordiscava, chupava. Pegava o caralho todo e enfiava na boca, fazendo um verdadeiro entra-e-sai do meu pau naquela boquinha. Aquilo me deixava louco. Sabia que ela podia tentar finalizar logo, mas estava tão entretida com o boquete quanto eu. Saudades, talvez?

Sentia meu caralho ir bem fundo na garganta dela, o narizinho dela encostar os meus pentelhos a cada vai-e-vem. Continuamos naquele bem bolado por uns bons minutos, mas uma hora o clímax chegaria.

Quando senti se aproximar, não pensei duas vezes. A segurei pela nuca e forcei todo meu pau dentro da sua boca. As jatadas de porra foram fortes, algumas direto na sua garganta. Eu gemia com os dentes trincados, os dois com receio de sermos ouvidos lá fora. Foram umas cinco jatadas.

Estava realizado. Assim como César, Vitor e Camila, a Alessandra era mais um prêmio para mim. Mas uma professora que caiu na minha rola, um troféu dos melhores. Mas queria mais.

A Alessandra, ajoelhada entre minhas pernas, ajeitava os cabelos encaracolados que tinham caído no rosto durante o serviço. A minha porra ainda estava na sua boca.

— Engole — disse baixo, olhando nos olhos dela. Era uma ordem, como todas as outras que ela sempre aceitou de mim.

Ela me encarou com aquela mistura de desafio e entrega, e obedeceu. Engoliu tudo, sem hesitação, exatamente como havíamos combinado dois anos antes. Sem caretas.

Depois, se levantou, pegou um lenço de papel e enxugou os lábios com aquela naturalidade de quem escovou os dentes. Uma mulher que sabe cumprir um trato com elegância.

— Você gosta mesmo de ser dominador, hein? — disse ela, com aquele sorriso torto que só aparece quando ela está relaxada.

— Gosto — respondi com naturalidade.

Ela riu, baixinho. Vestia a blusa de novo, ajeitando o decote usando o celular como espelho.

— Recebi os postais, viu? Você foi o único do departamento a lembrar de mim assim enquanto estive fora.

— Que bom. Achei que você ia gostar daqueles. — Me levantei da cadeira, ainda abotoando a calça. — E obrigado pelas lembrancinhas. Os vinhos estão na adega, esperando companhia.

— Uma companhia submissa ou uma companhia de igual? — inquiriu ela.

— As duas, se possível.

Rimos juntos, e por um instante o clima ficou leve.

— E a Natália? — perguntou ela enquanto passava batom pela câmera frontal do celular. — Você já comeu?

— Ainda não. Mas está na lista — falei como quem comenta a previsão do tempo.

Ela mordeu o lábio, divertida:

— Achei ela interessante. Tem uma energia tensa. Meio ansiosa, meio atlética. Deve ser intensa na cama.

— Provavelmente. E é dessas que precisa de orientação. Perfeita pra um jogo de dominação leve.

Alessandra virou-se, cruzando os braços:

— E o Maurício? Você já enrabou ou ele já saiu do armário?

Soltei um riso nasalado:

— Ainda não. O pastorzinho ainda finge que só sente “admiração” por outros homens. Mas não tenho pressa. Estou mais interessado na esposa gostosa dele primeiro.

— A Rebecca? — Alessandra franziu os olhos. — Ah, sim. Aquela cara de sonsa. Bonita mesmo.

Ela me olhou com malícia e completou:

— Quando você comer ela, eu vou querer que me mande nudes dela.

— Já tenho — disse com um sorriso enviesado. — Uma vez, ela e o Maurício transaram num sítio e esqueceram a janela aberta. Eu aproveitei a oportunidade. Tirei umas fotos boas.

— Jura? — Alessandra arregalou os olhos, rindo. — Me manda agora.

Peguei o celular e selecionei as imagens que estavam bem guardadas numa pasta camuflada. Enviei para o número dela e, segundos depois, o telefone dela vibrou.

Ela abriu a galeria e foi passando pelas fotos, com sobrancelhas arqueadas e um sorriso crescente no rosto.

— Jonas, você podia ser um fotógrafo melhor. Algumas estão meio tremidas. Mas essas aqui... — ela ampliou uma — ficaram muito boas. Ela é mesmo gostosa. E bem mais peludinha do que eu imaginava.

— Crente, né? — comentei com desdém. — Reprime de um lado, transborda do outro.

Alessandra deu um risinho e voltou às imagens:

— E o Maurício... nossa. Bem mais dotado do que eu imaginava. Desse tamanho, acho que ele deve ser mais ativo do que passivo.

— Esses moralistas costumam ser todos passivos. — Dei um passo pra perto dela.

Nos encaramos por alguns segundos, e naquele silêncio denso, algo explodiu dentro de nós. Alessandra sorriu de lado e se aproximou com um olhar carregado de uma vontade acumulada por anos. Me beijou primeiro no canto da boca, suave, provocante, e logo tomou minha boca por completo. Sua língua invadiu a minha como quem reivindica território esquecido.

Minhas mãos pousaram em sua cintura, firme, e ela reagiu com um suspiro grave. Seus dedos subiram pelo meu peito, buscando minha nuca, meu cabelo, puxando com delicadeza feroz. Eu a encostei contra a parede num gesto natural, urgente. Os corpos se colaram com aquela intensidade que ignora a lógica e a decência.

Nossas línguas dançavam, se entrelaçavam em uma luta sensual, molhada, feroz. Meus dedos escorregavam pelas costas dela, explorando o relevo conhecido com a fome de quem reaprende um mapa. As mãos dela desciam pelas minhas costas até minha cintura, apertando com desejo declarado. Nossos quadris se encontravam e se moviam num ritmo próprio, sem objetivo além do contato.

Era desejo, mas também era memória, e talvez algo mais sujo ainda. Os meses de e-mails com palavras medidas, os postais com mensagens cifradas, o pacto silencioso e constante agora explodindo em um momento de entrega sem voz.

Beijá-la ali, assim, era mais do que prazer. Era reafirmar quem éramos. E quem nunca deixamos de ser um para o outro.

Depois de um tempo, ela me afastou com delicadeza.

— Jonas, o acordo era um boquete vez por mês. Eu aceito ser subjugada durante os boquetes, mas só durante.

— Claro — sorri. — Eu respeito os limites dos meus parceiros.

— Acho que você é mais do tipo que respeita acordos. — Ela ajeitou a bolsa no ombro.

— Palavra dada é palavra cumprida.

Ela me olhou de cima a baixo, riu de leve, e saiu sem mais palavras. Deixou na sala o perfume dela e uma confirmação: nem todos os submissos são frágeis. Alguns sabem exatamente o que estão fazendo.

Quando a porta se fechou, fiquei um instante parado. Alessandra. Fria, direta, sem firulas emocionais. Ela era um espelho de mim mesmo: fazia o que precisava, sem ilusões, mas com uma espécie de dignidade que eu até admirava.

Horas depois, eu dirigia com a Natália no banco do carona. Ela tinha aceitado minha carona com aquele sorriso educado de quem não quer ser mal interpretada, mas também não vê problema. Conversávamos trivialidades. Trânsito, burocracia da universidade, o calor insuportável.

No sinal fechado, decidi jogar verde:

— O Everaldo parece gente boa. Animadinho, né? — falei, casual, os olhos fixos no semáforo.

Ela demorou um segundo para responder:

— É. Ele é bem simpático.

E ficou nisso. Nenhum adjetivo adicional. Nenhuma historinha. Nem um “engraçado” ou “inteligente”. Só “simpático”. Interessante.

Poderia significar que não queria me dar abertura. Ou que não queria expor o que quer que estivesse acontecendo entre os dois. Talvez quisesse manter as coisas em sigilo. Ou talvez ainda estivesse decidindo.

Ela desviou o olhar para a janela. Eu notei o pé dela, cruzado com o outro, batendo de leve o salto no tapete do carro. Aquilo não era desconforto. Era cálculo. Devia estar medindo o que eu queria com aquela pergunta. Medindo a si mesma. E provavelmente medindo ele também.

Continuei dirigindo como se nada tivesse acontecido.

Mas guardei o silêncio dela. E o jeito com que ela piscava mais devagar enquanto olhava para a rua. Um silêncio que dizia mais do que qualquer resposta objetiva.

Ele certamente já tinha dado em cima dela e ela ainda não fechara a porta. Talvez pensasse em outro homem ainda. E eu precisava decidir se sabotava, ignorava ou esperava o timing certo para intervir.

No fim das contas, o Everaldo era só mais uma variável. E a Natália ainda estava livre.

Por enquanto.

Mais algumas horas passaram com uma calmaria relaxante. Foi quando tivemos o começo de uma reviravolta interessante. A Rebecca chegou do trabalho: saltos murchos, postura ereta demais para quem carrega o peso da culpa cristã nos ombros. Usava uma calça jeans escura, moldada ao corpo como se tentasse esconder, sem sucesso, a bunda empinadinha que fazia o seu Raimundo quase morrer de infarto três vezes por dia. Em cima, uma blusa branca de botão, semitransparente, com um sutiã bege por baixo. O colar com crucifixo dourado brilhava discreto entre os seios pequenos e firmes. O coque estava mais frouxo, com algumas mechas soltas, como se a santidade dela estivesse rachando pelos cantos.

Não falou com ninguém. Passou pela sala como um anjo distraído e foi direto para o quarto de hóspedes. Dez minutos depois, escutamos o aspirador de pó, o borrifo de um odorizador e, claro, a voz do seu Raimundo cochichando algo com ela.

Terminado o ritual de limpeza, ela apareceu de novo na sala com a mala na mão, sorrindo aquele sorrisinho de professora de escola dominical que sabe que você vai pro inferno mas quer ser simpática mesmo assim.

— Meus queridos, preciso me despedir. Hoje de manhã entregaram o apartamento, então já vou voltar. O Maurício chega amanhã de Roma. Quero deixar tudo preparado.

A Cinthia franziu a testa, como se Rebecca estivesse cometendo uma gafe imperdoável:

— Jura, Rebecca? Mas você não quer pelo menos ficar pro jantar? Tomar um banho? A gente ainda vai fazer peixe ao forno, daquele que você gosta.

A Rebecca se aproximou dela e segurou as mãos com doçura:

— Eu não quero abusar mais de vocês. Já fiquei aqui tempo demais. Vocês foram mais do que generosos. Já sinto que atrapalhei tudo com minha presença...

— Que isso, Rebecca! Pelo amor de Deus...

— É verdade, Cinthia. Mas eu agradeço de coração. Vocês me acolheram. Se tiver algo que eu possa fazer pra retribuir...

Em pensamento, acho que os três iriam querer revezar quem treparia com ela. Seria uma boa forma de retribuição da parte dela. Mas achei que não era exatamente o que ela tinha em mente, talvez só um bolo ou gratidão em oração.

— Tem, sim. Fica mais umas semanas.

Ela riu, aquele riso curto e pudico que parece uma esmola de alegria.

— Você sabe que não posso. Mas foi muito bom estar aqui com vocês. — Então, olhou descaradamente para o velho Raimundo. — Mesmo.

O meu sogro, sentado na poltrona como um velho fauno cansado, soltou:

— Pelo menos leva meu coração com você, minha flor.

Ele se levantou, ela foi até ele e o abraçou. Mas não foi um daqueles abraços protocolares. Foi um entrelace apertado, de corpo inteiro, como se os dois estivessem ensaiando um reencontro que nunca aconteceu. O corpo dela encaixou no dele com uma naturalidade desconcertante. A mão do Raimundo escorregou devagarinho pelas costas dela, descendo com reverência, como quem agradece em silêncio. E, ao invés de recuar, Rebecca pareceu suspirar. Um suspiro leve, mas perceptível. Como se aquela palma quente na coluna fosse um lembrete de que ainda havia carne e desejo sob a blusa de botão e o crucifixo.

— Foi um prazer, senhor Raimundo. O senhor é muito especial. Um amigo de verdade.

Friendzone. Fracassado.

— A casa não vai ser a mesma sem você.

Ela sorriu com carinho, ainda com os braços ao redor dele, como se não quisesse soltar. E ele, calado, parecia saborear aquele momento. Era mesmo um fracassado. Teve ela debaixo do teto por semanas, e tudo o que conseguiu foi um cafuné com mão boba.

Aí chegou a minha vez. Ela me abraçou com aquele mesmo sorriso suave, quase um gesto de protocolo. Eu me aproximei demais, sem cerimônia. Pressionei meu corpo contra o dela, forçando o contato. Apertei o abraço de forma calculada, querendo sentir os seios pequenos dela esmagados contra meu peito. Minhas mãos deslizaram lentamente pelas costas dela, como quem mapeia um tesouro oculto. E nada. Nenhum arrepio, nenhum recuo, nenhum impulso de reciprocidade. Ela ficou estática. Neutra.

— Obrigada por tudo, Jonas. Você me ajudou mais do que imagina.

— Ainda vou te ajudar mais. Sabe onde me encontrar.

Ela sorriu. Um daqueles sorrisos inúteis, que não abrem nem fecham portas. Uma moldura bonita para uma indiferença fria. E foi então que percebi a diferença gritante: com o seu Raimundo, ela sorriu, suspirou, deve ter até sentido um calor no ventre. Comigo, frígida. Uma tábua de pedra. Como se eu fosse menos do que um velhote brocha.

E ali, naquele exato momento, nasceu uma decisão. Eu ia corromper essa mulher. Ia desmontar esse altar disfarçado de puritana. Ia fazer dessa santinha do pau oco uma putinha. Uma que rebola, geme, pede. Que me chama de “seu Jonas” com voz rouca.

Ela pegou a mala, deu um tchauzinho com a mão e caminhou até a porta. Parou antes de sair. Olhou para trás. Olhou direto pro velho Raimundo. Era como se conversassem por olhar. Vai saber.

Quando a porta fechou, o seu Raimundo soltou um suspiro mais pesado que ele mesmo. Eu só conseguia rir daquele fracassado. Teve todas as chances que quis. Mas veio outro primeiro e comeu. E ela ainda fez o otário de amiguinho confidente. Agora, ela vai voltar pro mundo real, com o corno do Maurício. E ele vai voltar pro seu travesseiro, e sonhar com uma buceta que já foi, sem nunca ter sido.

A noite passou com uma bela trepada com a Cinthia e, na manhã seguinte, eu já estava saindo quando vi a Rebecca ali no corredor, parada feito planta, encostada na parede, de braços cruzados, vestida como quem vai só até a portaria buscar um pacote: short de algodão frouxo, camiseta velha, nada que indicasse que estava prestes a reencontrar o marido depois de quase um mês.

Ela me olhou e sorriu daquele jeito manso, quase protocolar, que ela vinha desenvolvendo com maestria nas últimas semanas.

— O Maurício está subindo — ela disse, como se justificasse sua presença ali. Como se precisasse me dar satisfações. Como se eu fosse o síndico emocional do casamento falido dela.

Assenti, encostei a porta e esperei. O elevador fez aquele barulho chato de sempre, a porta abriu, e lá estava ele: Maurício, nosso evangélico que sonha em ser enrabado, só não assume. Será que ele aproveitou para cavalgar em tudo quanto é pica lá em Roma?

Ele saiu do elevador com aquela cara de cansaço, barba por fazer e o terno amassado nas mãos. Devia ter vindo direto do aeroporto.

— Jonas — disse ele, com um meio sorriso. A voz arrastada. — Que surpresa.

Estendi a mão com naturalidade, aquele sorriso amistoso no rosto.

— Maurício! Seja bem-vindo, cara. Como foi a viagem?

— Cansativa — respondeu ele, balançando a cabeça.

— Que bom. A gente precisa marcar um café, quero ouvir tudo. Itália não é pra qualquer um — comentei, como se estivesse sinceramente interessado.

— Pode deixar. Como estão as coisas por aqui?

— Tranquilas. Nada demais. O prédio continua de pé, o que já é uma vitória — respondi com leveza.

Ele riu brevemente, apenas por educação. Então, finalmente, virou-se pra Rebecca.

— Oi, amor — disse ele, abrindo os braços.

— Oi... — ela respondeu, num tom que mais parecia “olá, vizinho que encontrei na escada”.

Eles se abraçaram. Abraço protocolar. Rápido. Leve. Casto. De dois amigos que não se veem há um tempo. Nada de beijo, nada de toque prolongado. Não teve aquele momento em que os corpos se reconhecem. Não teve ânsia. Não teve desejo. O abraço era oco de tesão. Comparar com o abraço no seu Raimundo era covardia, aquele encostar de corpos teve muito menos tesão do que ela deu até em mim!

Estavam há quase um mês sem se ver, quase um mês sem foder, talvez até mais. Ainda assim, não havia qualquer fagulha ali. Aquilo era tudo menos erótico. Já tinha visto mais tesão nos abraços entre a Rebecca e suas amigas da academia do que naquele cumprimento sem alma.

E eu ali, só observando.

Aquilo não era reencontro de casal. Era a imagem perfeita de uma árvore que, à distância, parece saudável, firme, ereta. Mas quem chega mais perto, quem presta atenção nas folhas opacas, nos galhos frágeis, no cheiro do tronco, percebe: está completamente apodrecida por dentro. Bastava um vento mais forte e tudo ruiria.

Guardei a informação. A ruína estava clara. Estava ali, evidente, escancarada, só faltava alguém pendurar a placa: “passou da validade”.

— Bom, vou nessa — falei, com meu melhor tom casual.

— Até mais, Jonas — disse Rebecca, tentando soar simpática. Tão doce quanto água morna.

— Até mais, irmão — disse Maurício.

Acenei e entrei no elevador, sentindo que a tragédia estava armada. E eu tinha a primeira fileira reservada.

Na noite seguinte, tivemos um convite deveras irrecusável.

Não é sempre que se participa de um jantar onde o prato principal é um casamento em decomposição. Eu, Cinthia e o velho Raimundo fomos recebidos no apartamento do casal-exemplo do nosso condomínio, Rebecca e Maurício, para um “jantar de agradecimento” que tinha toda a cara de ter sido ideia única-e-exclusiva de um dos dois.

O clima na entrada já dizia tudo. Maurício não estava nem feliz. Mas também não estava abertamente hostil. Seu rosto carregava aquele sorriso social que mais parecia uma máscara mal ajustada. Seu aperto de mão foi firme demais, o olhar ligeiramente frio, e o tom de voz educado, mas com um leve travo de ironia. Era um festival de passivo-agressividade: gestos calculados, olhares medidos, palavras carregadas de um veneno discreto.

A Rebecca, ao lado dele, parecia desconfortável desde o primeiro minuto. Sorriso social no rosto, postura ereta, mas os olhos... os olhos denunciavam um cansaço e um constrangimento que nem o melhor dos disfarces seria capaz de ocultar.

Ele nos conduziu para dentro da sua casa como quem dizia que estava garantindo a vantagem do terreno em uma batalha imaginária. Ele sabia usar sua altura para impor sua presença quando queria. A Rebecca andava passos atrás dele, talvez para não ter que reagir abertamente. Não era uma esposa apaixonada, muito menos submissa. Ela estava se segurando.

— Eu quis fazer esse jantar para agradecer vocês — começou Maurício, já no segundo copo de suco, sem nem esperar as entradas. — Imagino o quanto de trabalho a Rebecca deve ter dado. Três semanas...

Ele lançou um olhar para ela, como quem diz “não pense que passou batido”. Eu continuei na minha, fingindo um interesse genuíno no meu copo.

— Imagina, Maurício — disse Cinthia, tentando soar suave. — Foi um prazer.

Seu Raimundo, já sentado, soltou:

— Rebecca foi uma hóspede maravilhosa. Quem dera todo mundo fosse assim.

Maurício soltou um risinho. Passivo-agressivo de manual.

— Ainda assim, não era necessário, né? Eu mesmo sugeri um hotel... ou a casa da mãe dela. Não acho de bom-tom uma mulher casada se hospedando na casa de outro homem. Ou de outros homens...

O olhar dele veio direto pra mim. Eu sorri, porque claro que sim. É sempre um prazer ser o tema do ciúmes velado dos outros. Embora, desta vez eu fosse inocente, ele não sabia.

A Rebecca permaneceu calada, com um leve apertar de maxilar.

— Nem tudo que é necessário é o que convém, Maurício — disse seu Raimundo. — Às vezes, o que mais precisamos é de um lar temporário onde somos bem-vindos. E, em nosso apartamento, ela nunca seria e nunca será mal recebida.

O Maurício deu um sorriso daqueles que dava vontade de emoldurar.

— Mas a Bíblia é clara. Efésios 5 diz que a mulher deve ser submissa ao marido. A Rebecca sabia que eu não achava certo. Obedecer-me seria o correto.

— Efésios também manda o marido amar a esposa como Cristo amou a igreja — retrucou seu Raimundo, em tom cortês. — E Cristo não tratava a igreja como um capacho.

Ponto pro velho. Se a gente tivesse bebida de verdade em vez desse suco de crente, eu brindaria.

O Maurício nem piscou e foi cuspindo outros versículos bíblicos sobre a obediência da mulher ao marido. Para cada um, o seu Raimundo tinha um contra-argumento bíblico que calava o anfitrião.

Seu Raimundo, quem diria, o “feministo” que estudou a Bíblia de cabo a rabo. O que as pessoas não fazem por uma buceta?

— A submissão não é opcional, seu Raimundo — insistia Maurício, quando seu arsenal bíblico acabou. — A Rebecca sabia muito bem que estava indo contra minha vontade. Mas, claro... talvez para alguns, o que importa é fazer o que dá na cabeça.

A Rebecca olhou pro Maurício como quem morde a própria língua para não cuspir o que realmente pensa.

O velho Raimundo ajeitou-se na cadeira.

— O que importa é a consciência tranquila, Maurício. E a paz do lar. Quando uma decisão é tomada com boa intenção e de coração limpo, Deus não vê como rebeldia, mas como necessidade.

Eu sorri para o meu suco. O velho sabia dançar no fio da navalha.

— Isso vale pra tudo, então? — Maurício rebateu. — Até pra quem tenha um passado pecaminoso? Por um exemplo, um completo devasso?

A Rebecca, dessa vez, encarou o marido firme, mas não disse nada. O velho respirou fundo, como quem aceita o peso da própria história:

— Certos passados servem para nos lembrar do quanto precisamos da graça. E, às vezes, até mesmo os que foram como eu acabam aprendendo a respeitar e acolher os outros, sem medir ou julgar.

Ah, que belo discurso. Quase me emocionei. Quase.

— Palavras bonitas... — murmurou Maurício, sem esconder o veneno. — Mas palavras nem sempre são verdadeiras.

— Nem sempre — concedeu Raimundo, sereno. — Mas não precisam ser falsas para servir de lição.

A Rebecca suspirou, baixando os olhos para o prato, cansada. Eu quase consegui ouvir os pensamentos dela pedindo para aquele jantar acabar logo. Ou, sei lá, pro Ezequiel voltar para Roma.

— Vamos tentar aproveitar o jantar, gente — disse Cinthia, num tom leve e conciliador, como quem quer varrer a tensão para debaixo da mesa. — Não precisamos concordar em tudo pra termos uma noite agradável.

O velho Raimundo ajeitou o talher e pigarreou. Qualquer malandro que chegasse àquela idade saberia quando e como desescalar uma conflito com elegância.

— Me perdoem se me exaltei demais — disse ele, calmo, olhando para todos. — Às vezes, a gente se deixa levar querendo proteger quem tem valor pra gente.

— Quem muito se exalta na casa alheia deveria lembrar de Provérbios 25:17... “Seja comedido ao visitar a casa do próximo, para que ele não se canse de você” — disse Maurício, pousando o garfo como quem fincava uma lança.

E foi aí que a Rebecca, sem dizer palavra, apenas pousou a mão sobre a mão dele. Um gesto simples, mas direto. Quase imperceptível, mas impossível de ignorar.

O Maurício ficou estático. A cara dele se azedou num segundo. Mas não disse mais nada.

O jantar seguiu. Morno, protocolar, insosso.

Aquilo era um casamento que estava a uma gota d’água de ruir completamente. E, no meu celular, eu tinha uma mangueira inteira.

Mas, antes que eu fizesse isso, surgiu uma boa oportunidade que decidi priorizar.

Era quinta de noite.

Estava saindo do carro, ajeitando o colarinho da minha camisa social quando os vi vindo pelo estacionamento: Letícia e Antônio, lado a lado. Os dois estavam vestidos como se tivessem saído de um ensaio sensual. A Letícia usava uma calça legging colada, preta com detalhes em vermelho, que fazia questão de exibir aquelas coxas grossas e empinadas. A blusinha branca de academia não escondia nada: os seios pequenos, empinados, com o sutiã marcando o tecido. Já o Antônio vestia jeans apertado demais para quem ostentava um volume como o dele. A camiseta regata preta realçava os braços e o peitoral, tentando vender a imagem de um comedor confiante. Claro que eu não esqueceria a sua raba redonda e lisinha, também evidenciada pela mesma calça.

— Olha só quem tá aqui — disse, abrindo um sorriso largo e falso enquanto me aproximava deles. — Meus dois alunos favoritos.

Cumprimentei com um beijo no rosto de Letícia e um aperto de mão de leve em Antônio, mas não resisti: afaguei os cabelos de ambos ao mesmo tempo. Tal como fiz quando eles me fizeram aquele boquete duplo inesquecível. Vi os olhos de Letícia se estreitarem num sorriso disfarçado.

— Estão livres na sexta de tarde e noite? — perguntei.

— Tô, sim — disse Letícia, seca e direta.

O Antônio assentiu, com aquele jeito de quem quer parecer que está no controle.

— Por quê, qual é a boa? — completou ele.

— Pensei que podíamos resolver aquele nosso acerto. A Cinthia ficou bem empolgada com a ideia. Motel. Das quinze horas em diante. Sem regras. Todos com todos. Até amanhecer ou até decidirmos ir embora.

A Letícia olhou de lado para o Antônio. Senti o leve desconforto no ar, mas ele se segurou. Ela esticou o pescocinho e perguntou:

— Mas todos com todos mesmo?

— Isso — respondi, suave. — Sei que não perguntei antes, mas a Cinthia gosta de sexo lésbico.

Ela se virou pro Antônio com uma expressão que misturava provocativa e pragmática. Aquela carinha de quem ia propor algo, não pedir.

— Tenho uma proposta melhor — disse ela, cruzando os braços de leve, empinando ainda mais os seios. — Eu, o Antônio e a Cinthia seremos suas putinhas. Todo mundo com todo mundo, mas o Antônio só na passiva com você.

Fingi surpresa, mas por dentro gargalhava. A Letícia estava se vingando de algo. O orgulhoso Antônio, o comedor ofendido... Seria esse o motivo do climazinho? Definitivamente, o Antônio não percebeu ainda a namorada que tem e tomou uma vingança na lata. Que delícia.

O Antônio demorou um segundo demais para responder, os músculos da mandíbula contraídos. Mas disfarçou:

— Se for pra agradar todo mundo, eu topo. Mas quero as duas pra mim também.

— Vai ter — garantiu Letícia. — Mas não vai poder gozar na gente sem permissão.

— Feito, então — disse eu, sorrindo com aquele tom de quem finge que está apenas organizando um evento inocente. — Negócio fechado.

Me aproximei da Letícia e a beijei, devagar. Os lábios dela estavam firmes, quentes, respondendo como se fosse uma confirmação do que viria. Quando me virei para Antônio, vi o desconforto engolido na garganta. Mas ele deixou. E eu beijei. Longo. Quente. Língua contra língua. Ele tremeu leve. Quem já gozou sendo enrabado por mim, como os dois, beija diferente.

Durante o beijo, ouvi a Letícia comentar, quase como uma memória doce:

— Lembro da cara dele quando gozou com você metendo. Foi uma das minhas expressões favoritas. Vocês dois juntos são meu casal gay favorito.

Terminei o beijo e soltei uma risada leve, como quem está genuinamente lisonjeado.

— A gente se vê sexta, então.

Nos despedimos. Eles seguiram em direção ao carro, e eu fiquei observando. Letícia com aquele andar confiante, rebolando sutil, e o Antônio com a postura de quem tenta parecer mais alto que o próprio ego ferido. Por dentro, sabiam que estavam indo direto para outra entrega. E eu? Bem... eu não recusava presentes.

Pois bem, leitor. No próximo capítulo, vai rolar a suruba a quatro entre eu, Cinthia, Letícia e Antônio. Mas as coisas não acabam aí, uma pequena reviravolta mudará para sempre a vida de Rebecca e Maurício. O que o futuro nos aguarda?

Coloquem nos comentários o que vocês torcem que aconteça:

1) Vocês torcem que o seu Raimundo consiga comer a Rebecca ou que ele se dê mal?

2) Vocês torcem que eu transformar a Letícia em minha putinha ou mais uma vez está de bom tamanho?

3) Vocês torcem que eu consiga comer o Maurício antes dele ser chutado pela Rebecca?

Coloquem nos comentários para o que vocês torcem que aconteçam nos próximos capítulos. Em breve, teremos a continuação.

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