Essa foi a primeira vez que perdi mesmo a paciência com ela e fiquei sem chão.
Para mim eu havia falhado com a Manú e ela estava dando todas as indicações de que o nosso relacionamento estava acabado. E agora ela disse com todas as palavras que não me amava mais.
Assim que ela terminou de falar, meu celebro repassou palavra por palavra do que ela disse: “— Vai, saí dessa casa, vai fazer alguma coisa que você goste... eu não me importo. Sabe o quanto é patético você viver essa vidinha pacata e ficar correndo atrás de mim?! Eu estou sendo sincera... não tenho mais sentimentos por você... Porém, se quiser continuar se enganando, pode ficar a vontade. Só não pega mais no meu pé... não me cobra mais nada...”
Já estávamos a quase quatro anos juntos e nunca havíamos brigado. Já tínhamos tido apenas algumas poucas e pequenas discussões bobas. E eu tive que responder para ela:
— Eu só estou tentando te ajudar! Não sou o seu saco de pancadas... eu preferia quando você só ignorava que eu existia...
Seu olhar para mim era de ódio, diferente dos outros dias, em que seu olhar era apático e sem brilho. Ela não falou mais nada, só me empurrou e foi cambaleando para o seu quarto. Terminei de limpar tudo na cozinha antes de voltar para o meu quarto. Naquele dia deu saudades dos dias em que eu cozinhava e ela ficava ao meu lado, rindo, perguntando tudo e me ajudando, principalmente a lavar as louças. Tudo que eu queria era proteger a minha esposa e a ideia de não estar no controle da situação só piorava os sentimentos ruins que eu estava sentindo.
Antes de dormir dei uma rápida olhada no sistema de monitoramento da internet, que ainda estava funcionando. Eu havia deixado o sistema funcionando por mais alguns dias, só por precaução, e uma vez por dia eu subia no sótão para ver se ele havia encontrado algo novo envolvendo a Manú ou o Anderson. Eu havia planejado desligar todo o sistema somente no dia cinco de dezembro.
Nesse dia não precisei nem pesquisar muito, pois nas redes sociais me deparei com várias fotos da Manú, com ela usando aquela mesma roupa que a encontrei há pouco na cozinha. Ela estava junto com algumas amigas (entre elas a Paola) em uma boate da cidade. Olhando as fotos dessa moça que havia compartilhado as fotos da Manú, encontrei outra publicação, em que a Manú estava com as amigas na piscina e usando um maiô preto cavadíssimo.
Confesso a vocês que eu queria muito parar de me importar e parar de ter sentimentos por ela, porém eu não conseguia.
Na terça-feira, quando saí para o trabalho ela ainda estava dormindo. Passei na floricultura e comprei duas dúzias de rosas vermelhas (as preferidas dela). Voltei para casa e coloquei aquelas flores em um vaso de vidro e coloquei o vaso na bancada da cozinha, junto com um bilhete escrito a mão, no qual eu declarava meu amor eterno por ela. E voltei para o trabalho.
Quando retornei para casa, no final do dia, ela já havia retornado do trabalho e estava em seu quarto, porém sequer havia mexido no bilhete que deixei com as rosas, pois ele estava exatamente do mesmo jeito que o coloquei.
Como ela estava com a porta do seu quarto aberta e estava falando animadamente ao telefone. Não parei para escutar a conversa, porém, enquanto subia as escadas, ouvi ela falando claramente:
— ... por isso que eu falo que você é muito doida... Paola, além de você, quem mais sai para beber e acorda pelada na cama do cara? E com ele também pelado ao seu lado e nem imagina o que aconteceu e nem como foi parar lá? Só você mesma... e ainda acorda e sai de mansinho de lá...”.
No dia seguinte, que foi a última quarta-feira de novembro, ela também saiu e chegou já depois da uma hora da madrugada. Ela quase não conseguiu subir as escadas, de tão bêbada que estava. Ouvi o barulho, saí do quarto e falei para ela: “— Isso são horas de se chegar em casa? Eu estava preocupado contigo!” — Ela nem me deu bolas, permaneceu em silêncio, passou por mim e senti o cheiro forte de álcool e cigarro.
Ela estava com um vestidinho preto, que ia até um pouco acima do meio da coxa (esse vestido eu nunca tinha visto antes), que tinha um belo decote e deixava as costas totalmente nuas. Ela estava com um sapato de salto alto, com meias 7/8, possivelmente de cinta liga (não deu para ver) e, quando ela passou por mim, percebi que estava de calcinha fio dental, pois o vestidinho era justinho e era evidente a calcinha marcando a sua bunda (o pior é que sempre que ela usava um vestido ou saia, ela colocava uma calcinha tipo short por baixo, o que não fez dessa vez).
De manhã a encontrei, toda produzida, vestindo um terninho e de óculos escuros. Ela estava sentada na bancada da cozinha e segurando uma xícara de café com as duas mãos. Dei bom dia e ela não respondeu, continuou do jeito que estava, segurando a xícara e olhando para o horizonte. Fui fazer o meu café e lhe dei uma cutucada: “— Você nunca tinha chegado tão tarde igual à ontem.” — Ela fingiu que não era com ela que eu estava falando. Aquilo me deixou com mais ódio. Minha vontade era tirar a xícara das mãos dela e lhe dar umas palmadas para ver se ela reagia a algo.
Eu insisti e ela só falou:
— Eu não vou ter essa conversa com você!
E continuou tomando o seu café.
Parecia que eu estava conversando com uma estranha. Eu tenho a convicção de que as pessoas mudam com o tempo e eu tinha a certeza de que a Manú não seria mais a mesma pessoa depois da violência que sofreu. Eu também havia mudado! Eu só tinha a ilusão de que a forma como ela estava me tratando no começo fosse apenas uma fase. Só que essa ilusão foi desfeita e agora eu tinha quase certeza que ela iria me deixar, só não sabia quando. Estava na cara que ela se cansou de mim e claramente já havia dito que nosso casamento não existia mais Provavelmente me deixaria quando estivesse segura, junto com sua família, lá nos Estados Unidos.
Apesar de ter concordado com as orientações da terapeuta da Manú e ter me distanciado um pouco dela, de ter dado um tempo nas minhas preocupações, até mesmo porque eu não queria brigar com a Manú, o certo é que eu estava muito desconfiado das suas saídas. Nunca fui ciumento e sempre confiei na minha esposa, só que eu sei que tudo tem a sua primeira vez. Minha esposa era muito atraente, tinha o corpo absurdamente chamativo, era extremamente comunicativa e eu sabia que não faltavam homens querendo levá-la para a cama. Somado a isso, ela continuava abalada e aquela forma de diversão boêmia que ela estava experimentando era perigosa. Sei que nesses ambientes existe muita gente bonita, bebidas, drogas, não faltam caras bons de lábia doidos para levar uma menina bonita para sua cama e, claro que eu sei que todos têm suas fantasias. Quase todas as pessoas possuem fantasias sexuais e, independente do sexo ou orientação sexual da pessoa, ela tem além de fantasias, também taras e desejos, que ficam mais a flor da pele nesses ambientes. Fora que a Manú já havia me olhado nos olhos e dito que não me amava mais.
Juntei toda a minha dignidade, uma dose tripla de paciência e me sentei ao lado dela na bancada e procurei conversar:
— Sabe Manú, o que eu mais sinto saudade é das nossas conversas intermináveis. De como mudávamos de assunto a toda hora e de como eu sempre aprendia uma coisa nova com você... Você sabe que pode conversar comigo a qualquer hora e sobre qualquer assunto!
Minha estratégia de, ao menos tentar conversar com a minha esposa não deu certo (e olha que eu nem imaginava chegar aos segredos que toda mulher guarda só para si. Eu só queria conversar mesmo), pois ela nem olhou para o meu lado, só deu mais uma golada em seu café.
Fiquei uns segundos olhando para ela e dei um foda-se mental. Peguei aquelas duas dúzias de rosas, que estavam na frente dela, tirei-as do vaso, peguei o bilhete que ela sequer havia lido e joguei tudo na lixeira. Ficou uma trilha de gotas de águas caídas no chão entre o balcão da cozinha e a lixeira da área de serviço. Voltei para a cozinha, peguei uma das marmitas fit no congelador e fui para o trabalho. Como eu tinha pilhas e mais pilhas de papel sobre a minha mesa para despachar nesse dia, eu não sairia para lugar nenhum e resolvi ir andando para o trabalho e almoçar lá no escritório mesmo.
Eu estava frustrado. Sempre procurei ser um bom marido. Estava tentando ser forte o suficiente por nós dois, só que a minha paciência já tinha chegado ao limite. A minha ideia era continuar dando o meu melhor para ajudá-la até o dia 20 de dezembro, que era o dia em que embarcaríamos para passar o natal com a família dela nos Estado Unidos. Ali então ela teria se pronunciar sobre tudo aquilo. Eu estava respeitando todas as suas vontades, inclusive a de não contar nada para ninguém sobre o estupro e nem sobre como estávamos vivendo desde aquele evento. Porém, com todos os seus familiares ali reunidos, não teria como esconder.
A Manú era apenas uma caricatura daquela mulher que foi um dia. E o engraçado era que, ao contrário de mim, que havia perdido mais de 12 quilos desde o estupro e estava magro, cheio de olheiras e abatido. Fisicamente, a aparência da Manú estava muito bem e não parecia que havia qualquer coisa de errado com ela. Entretanto, psicologicamente ela estava um caco. Toda aquela força, vida e luz que ela tinha pareciam que haviam sido drenados dela. Ela vivia apagada e triste. O escritor Lewis Carroll, no excelente livro “Alice no País das Maravilhas”, escreveu algo que gosto muito e que pode se enquadrar nesse momento que estávamos vivendo: “Dizem que o tempo resolve tudo. A questão é: quanto tempo?”.
Nesse turbilhão eu estava sendo empurrado para fora da vida dela e assistia impotente a destruição do nosso casamento, sem conseguir fazer nada para reverter a situação. Passei a encarar os sinais e deixar de me iludir, por mais que aquilo me matasse por dentro.
Pelo visto as nossas férias juntos, e todo o divertimento que havíamos planejado com meses de antecedência, com a ida para Nova York e depois o tour pela Europa, dificilmente iriam acontecer.
O que eu mais queria era que ela fosse feliz, nem que para isso eu tivesse que me afastar por um tempo e deixá-la com seus familiares. E eu acredito que, no fundo, era isso o que ela queria, principalmente na parte de eu me afastar. Se, para reencontrar a felicidade, a Manú precisasse ficar longe de mim, eu me afastaria dela sem qualquer problema. Eu morreria por dentro, mas respeitaria a sua vontade.
Nesse mesmo dia voltei do trabalho já depois das 19 horas. A Manú ainda não havia chegado em casa. Comi alguma coisa, troquei de roupas e fui para a academia. Voltei para casa por volta das 22h 30mim e nada da Manú. Subi para o meu quarto para tomar banho.
Estava debaixo do chuveiro e até me assustei, quando vi um vulto na porta do banheiro do quarto de hospedes, que eu estava usando. Era a Manú (incrivelmente naquele dia ela havia chegado em casa antes das 23 horas). Ela estava com um vestidinho curto e com botas de cano muito alto, que iam até o joelho. Nem dei bolas, continuei o banho, com ela me espionando. Logo ouvi o som do seu telefone tocando e ela deu dois passos para trás e o atendeu:
“— Oi Paola, tudo bem amiga?... Não, já estou em casa... é, hoje foi o aniversário da Beth... acho que você não a conhece... foi em uma pizzaria... eu seeeeiiii, você só gosta de boate... pois eu vi tudo que você aprontou! Ontem foi muito louco, você é maluca! Eu nem sei como cheguei em casa... pois é, eu também estou louquinha para ir nessa nova casa de shows... amanhã não dá, eu quero ir para dançar muito e encher a cara... e São Paulo fica complicado para fazer esse bate a volta! Vamos fazer o seguinte: Vamos numa quinta, arrumamos um hotelzinho para ficar e emendamos o final de semana todo...”
Eu não aguentei ouvi-la falando aquilo e desliguei o chuveiro. Eu odiava a amizade e o contato constante entre elas. E não sei se a Manú se assuntou ou se tocou que estava na porta do meu banheiro e, assim que a água parou de cair, ela rapidamente saiu do meu quarto e se trancou no quarto dela. Eu saí do banheiro com muita raiva, a ponto de explodir! Afinal ela estava saindo direto com a safada da Paola. Só não fui esmurrar a porta do quarto dela e pedir explicações, pois eu sabia que ela não estava nada bem. Apesar das gargalhadas da conversa que havia acabado de ouvir, pelo telefone, eu conhecia muito bem a Manú e sabia que ela não estava nem um pouco bem psicologicamente.
É incrível o quanto você consegue aguentar quando ama alguém e se agarra a um mísero fio de esperança... hoje eu sei que era a esse sentimento que eu me agarrava toda vez que ela aprontava algo.
Entramos no mês de dezembro. E teve o episódio que me deixou com mais ciúmes e chateado. Na quarta-feira ela foi muito cedo para São Paulo e não voltou para casa naquele dia. Só percebi que ela havia dormido fora na manhã do dia seguinte. Fiquei preocupado, tentei ligar e ela não atendeu. Deixei mensagens e fui dar uma olhada no sistema de monitoramento, que eu pretendia começar a desmontar ainda naquela semana. Logo de cara eu vi uma postagem nas redes sociais da minha cunhada, a Millene, com umas 10 fotos da Manú. Na postagem a Millene agradecia a uma cabeleireira, a uma manicure e a uma maquiadora (que estavam marcadas nas fotos) por lhe ajudarem a produzir a Manú. Haviam fotos da Manú com essas profissionais e as últimas cinco fotos eram só da Manú, usando aquela máscara linda e sensual, que ela usou para mim na minha primeira ida a Porto Velho, e ela estava trajando um vestido bege claro (quase branco), brilhante, bem justo, muito decotado e sensual, com alças cruzadas sobre os seios, deixando as costas toda nua e mostrando, além de um generoso decote, grande parte da barriga, cintura e quadris. Havia um lacinho sobre aquela bunda empinada e uma fenda enorme na perna direita. Ela tinha no pescoço um enorme colar, com pedras, do qual descia um longo pendente que chegava até o meio dos seus seios, chamando ainda mais a atenção para aquele ousado decote. O título da postagem das fotos era: “Minha cunhadinha pronta para arrasar no baile de máscaras”. A busca ainda achou outro resultado, dessa vez de um blog. Era a foto da Manú, com aquela roupa que ela estava nas postagens da Millene. Ela estava ao lado de um rapaz. Os dois estavam na frente de um daqueles cartazes que colocam o nome do evento e os patrocinadores. Os dizeres da foto eram: “Os Procuradores da República Max Hernandez e a linda Fernanda Manuela Chermont Blanc Malcher também prestigiaram o evento beneficente”. Depois li que houve um leilão e depois uma recepção com um baile de máscaras, com a presença da alta sociedade paulistana, políticos, empresários e muita gente de dinheiro e, inclusive, o evento teve a participação de alguns príncipes árabes, que estavam em visita de negócio na capital paulista.
Nessa mesma hora eu peguei o meu telefone e fui pedir explicações para a minha cunhada. Eu não conseguia acreditar que a Manú estava saindo com o safado do Max Hernandez! Justo ele, que ela me dizia que odiava. A Millene se explicou, dizendo que a Manú só tinha um convite para àquele evento e foi representar o seu chefe nessa festa beneficente, que foi realizada em uma mansão no Morumbi. Falou que a Manú não queria ir e que foi ela quem a incentivou a participar. Falou inclusive que o vestido que a minha esposa usou era dela. Pedi para falar com a Manú e a Millene me disse que ela não estava lá, pois, após a festa, preferiu passar a noite em um hotel. Ela também falou que a Manú já havia deixado um recado para ela, dizendo que estava bem, que depois do almoço voltaria para São José e que lhe devolveria o vestido só no final de semana, pois havia caído um pouco de vinho na barra dele.
Acho que ali foi a primeira vez que eu tive certeza que o meu casamento havia mesmo acabado!
Será que a Manú estava dando para esse Max? Ela sempre foi uma mulher fogosa e comigo não estava transando (acho que a última vez que realmente fizemos amor foi na noite anterior à sua fatídica viagem para Brasília) e olha que eu sempre precisei me manter em forma para dar conta da libido da Manú. Eu já não conhecia mais a minha esposa. A mulher com quem me casei nunca usaria em público um vestido extremamente provocante como aquele. A vontade que me deu foi a de ligar para a minha sogra, contar tudo para ela e ir embora dali. Só não fiz isso por já estarmos próximos da maldita viagem para os Estado Unidos e eu teria de ser forte para suportar mais aqueles poucos dias.
Em compensação não fiquei em casa para esperar a Manú voltar. Era dia de futebol e, apesar de não gostar do jogo e sempre recusar os convites dos amigos, dessa vez eu aceitei. Eu estava fervendo por dentro e, do trabalho, já emendei para um barzinho com os amigos e só cheguei em casa após a meia noite.
Apesar de, nos últimos meses ter ficado claramente em negação com relação às atitudes, às companhias, às escolhas e às formas de diversão que a Manú estava tendo, de uns dias para cá suas atitudes ficaram tão extremas que só reforçaram a certeza que ela me deixaria quando estivesse com sua família. Por causa disso eu já tinha até sondado alguns hotéis em São Francisco; pesquisei como trocar os trechos e datas das minhas passagens da volta. Eu só não havia decidido se voltaria direto para o Brasil ou aproveitaria uns dias em Nova York, pois já estava com passagem e estadia pagas naquela cidade.
Então perdi a paciência com a Manú pela segunda vez. Na sexta-feira de manhã, assim que cheguei ao trabalho, a Carmem já me disse que a Manú havia entrado em contato com ela e comunicou que não seria mais a sua madrinha de casamento e falou que nem iria ao almoço de noivado, que seria na sexta-feira seguinte (dali a uma semana). Fiquei muito puto com a Manú, tentei ligar para ela, para esclarecer, só que a Manú não atendeu as minhas ligações, como sempre. Naquele dia estava marcado que iríamos para um barzinho, para comemorar o aniversário do Renato, que era o coordenador do nosso grupo de leitura. Apesar de não estarmos frequentando assiduamente esse grupo, tínhamos bons amigos lá e o Renato era uma excelente pessoa.
À tardinha cheguei em casa e a Manú me disse que, além de não querer mais ser a madrinha da Carmem no casamento, também não iria para o aniversário do Renato, pois sairia mais tarde com as amigas. Nessa hora eu soltei os cachorros encima dela. Falei para ela repensar suas prioridades, para ver bem quem eram os seus verdadeiros amigos, a questionei de suas escapadas egoístas, falei da sua falta de carinho com todo mundo e da sacanagem que ela estava fazendo para as pessoas que realmente se preocupavam com ela.
Ela ouviu impassível o meu desabafo. O clima de animosidade estava instaurado e piorou quando a questionei, perguntando se ela estava fodendo com o Max Hernandez e deixando o marido idiota em casa. Fiz essa pergunta contrariando todas as orientações da terapeuta e, claro que eu só tinha conjecturas, mas eu tinha que colocar isso para fora, pois aquilo estava me corroendo.
Ela não me disse nada. Só me lançou um olhar indignado, ruborizou de ódio, se levantou e foi se trancar em seu quarto, como se estivesse fugindo, e me deixou falando sozinho.
É, meus amigos, só me restava a ilusória esperança de salvar o meu casamento, pois a razão gritava comigo sobre o termino da nossa relação.
Depois de um tempo achei que foi até bom ela ter ido embora, pois o clima estava tenso e eu queria discutir e passar aquela situação a limpo. E sabemos que nada se resolve com a cabeça quente. Eu deveria ter sido mais condescendente, só que eu vivia constantemente preocupado com ela e sabia muito bem que ela continuava frágil e psicologicamente instável.
Fui sozinho para o aniversário do Renato. Quando me perguntaram da Manú, eu, ainda puto, não tentei justificar a sua ausência e só disse que ela tinha outros planos para aquela noite.