Rafael e Lucas saíram pela lateral da casa grande, em direção aos fundos da propriedade. O calor suave da tarde já fazia o ar vibrar de leve entre os galhos do pomar e os campos mais afastados. Rafael vestia apenas um short claro, o torso exposto ao sol. Lucas, de regata cinza colada ao corpo e sunga branca, andava ao lado dele com passos despreocupados, mas olhos atentos — como se algo estivesse sempre prestes a acontecer.
— Você tá provocando, sabia? — Rafael disse, virando um pouco o rosto pra ele enquanto caminhavam lado a lado.
— E você só percebeu agora? — Lucas retrucou, erguendo uma sobrancelha com aquele sorriso de canto de boca que Rafael já começava a reconhecer como sinal de travessura.
Rafael riu.
— Essa sunga aí… sinceramente… me dá vontade de morder.
Lucas parou por um segundo, se virando com o corpo um pouco mais de frente. Deu uma olhada lenta de cima a baixo no próprio corpo, como se estivesse avaliando o efeito que causava — e depois encarou Rafael.
— Pode morder à vontade. — E se aproximou um pouco. — Desde que me deixe fazer o mesmo.
Rafael soltou outra risada, mais baixa, mais rouca. Passou a língua rapidamente pelos lábios antes de responder:
— Isso seria... novo pra mim. Mas não impossível.
Lucas curvou os lábios num sorriso genuinamente surpreso — e talvez um pouco admirado.
— Gosto de ouvir isso. — E completou, mais suave, num tom de voz que trazia um fio de promessa: — Eu sei ser calmo quando quero.
Continuaram caminhando. O chão de terra misturado com folhas secas fazia um som abafado sob os pés descalços. O sol filtrava por entre os galhos das árvores, e as cigarras faziam um zumbido constante ao fundo.
Chegaram próximos de uma árvore antiga, com o tronco torto e grosso, como se tivesse visto tudo acontecer ao longo dos anos. Ali, no limite do pomar, estavam parcialmente escondidos da casa, mas ainda dentro da leve brisa que soprava por entre os galhos.
Lucas parou primeiro. Encostou o ombro no tronco da árvore e olhou para Rafael, mas agora sem aquele brilho debochado.
— Aqui é bonito... e silencioso. — disse, olhando em volta. — Gosto de lugares assim. Onde dá pra... respirar.
Rafael se encostou ao lado dele, mantendo uma pequena distância entre os dois.
— Você parece gostar do barulho também — respondeu, num tom leve. — Pelo menos, quando tá provocando.
Lucas soltou um riso curto, mas não respondeu de imediato. Estava com o olhar perdido em algum ponto além das árvores. Depois de alguns segundos, falou:
— Às vezes, provocar é só uma forma de ninguém perceber o que tá de verdade aqui dentro.
— Apontou discretamente pro próprio peito. — Tipo um escudo.
Rafael o encarou, mais sério.
— E o que tem aí dentro, então?
Lucas respirou fundo. Passou uma das mãos na lateral da regata, puxando-a pra cima e limpando o suor da testa com o tecido. Depois respondeu:
— Tem medo. Tem vontade de ser visto. Tem raiva de não ter sido. E também tem vontade... de ficar. Mesmo que por pouco tempo.
Rafael não disse nada por alguns instantes. Apenas observou Lucas. Depois deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles.
— Eu tô vendo você, Lucas.
Lucas engoliu seco, desviando o olhar por um segundo, mas depois voltou a encarar Rafael — com algo nos olhos que mesclava desejo, receio e curiosidade.
— Se continuar falando assim, vou acabar gostando de você de verdade. — brincou, mas a voz saiu mais baixa, como se ele mesmo não soubesse se era só uma piada.
Rafael ergueu uma das mãos e passou levemente os dedos pelo braço de Lucas.
— E se isso não for um problema?
Lucas sorriu, e por fim, se aproximou. Os dois ficaram frente a frente, tão próximos que só o vento separava seus rostos. Mas, ao invés de um beijo, Lucas encostou a testa na de Rafael e fechou os olhos por alguns segundos.
O silêncio entre eles foi preenchido pela brisa leve que soprava por entre os galhos da árvore. A luz do sol, filtrada pelas folhas, pintava manchas douradas nas peles dos dois, aquecendo o momento com uma tranquilidade inesperada.
Lucas ainda mantinha a testa colada à de Rafael. Sentia a respiração dele, calma e profunda, e o cheiro leve de suor misturado com algo doce — talvez o sabonete, talvez só o jeito dele.
Quando os lábios se encontraram de novo, não houve pressa. Foi um beijo calmo, daqueles que não precisam provar nada. Um beijo que parecia procurar alguma verdade escondida entre os dois. Rafael fechou os olhos devagar e deixou acontecer. Pela primeira vez em muito tempo, não quis se defender nem controlar. Apenas sentir.
Lucas segurou o rosto dele com as duas mãos, como quem segura algo precioso. Quando o beijo terminou, ele não se afastou — apenas encostou a testa no ombro de Rafael, inspirando fundo como se quisesse guardar aquele instante dentro do peito.
Mas logo o clima mudou.
Com um sorriso enviesado, Lucas abriu os olhos e, sem aviso, empurrou Rafael levemente contra o tronco da árvore. Encostou o corpo inteiro no dele, as mãos escorregando do peito para os flancos e depois descendo para a cintura, sentindo cada linha dos músculos sob a pele quente.
— Tá achando que é sempre você que comanda, né? — sussurrou contra o ouvido de Rafael, a voz baixa e carregada de desafio.
Rafael sorriu de canto, uma expressão que misturava surpresa e prazer.
— E quem disse que eu deixo alguém mandar em mim?
Lucas deslizou os dedos pelas costas dele, até as laterais da cintura. Um toque firme, mas cuidadoso.
— Eu disse. E acho que você quer ver até onde eu posso ir com isso.
Rafael segurou os pulsos de Lucas, mas não o afastou. Pelo contrário: os dedos apertaram com força, como se marcassem território.
— Cuidado, ou sou eu que te viro de costas nessa árvore.
Lucas riu, mas os olhos estavam atentos. A tensão entre os corpos era elétrica — uma dança entre o querer dominar e o gostar de ser dominado. Um jogo sem vencedor claro, onde o prazer estava exatamente nesse empurra e puxa, nessa guerra sutil de pele contra pele.
— Então tenta, peão. — provocou Lucas, puxando a regata por cima da cabeça e revelando o corpo definido, o peito subindo e descendo rápido com a excitação do momento. — Mas avisa antes, pra eu aproveitar bem.
Rafael passou a mão pelos próprios cabelos, encarando aquele corpo à sua frente com um olhar faminto.
— Você fala demais, Lucas.
— E você pensa demais.
— Talvez a gente se complete.
— Talvez... — Lucas se aproximou de novo, colando os corpos. — Ou talvez a gente exploda juntos.
As bocas se encontraram de novo, agora com mais desejo, mais urgência. A luta silenciosa continuava nos toques, nos suspiros contidos, nas mãos que exploravam com intensidade crescente.
Lucas sabia que aquele não era o melhor lugar e não era a melhor forma para Rafael ter uma primeira vez sendo passivo, então, ele lambeu o peito levemente peludo dele e foi descendo até encontrar o cós do short. Ele olhou pra cima e viu que os olhos de Rafael o encaravam, os lábios tinha um sorriso malicioso e de diversão.
Lucas abaixou com cuidado, exibindo uma rola bonita, cabeça rosada e cheia tão dura quanto a dele que estava presa na sunga. Ele sentiu o cheiro dos pentelhos, uma mistura de suor e sabonete tão agradável quanto o resto da pele que ele sentiu a minutos atrás.
Ele colocou na boca com uma maestria absurda, com fome, com vontade e desejo. Rafael sorria e respirava fundo, enquanto Lucas degustava o sabor da sua pica. Lucas lambeu as bolas e depois voltou a engolir a pica.
Na cabeça de Rafael, nos pensamentos que ele tinha naquele momento, havia a afirmação de que aquela era a melhor mamada que ele havia recebido na vida. Ele continuou olhando e soltou.
— É bom saber que você faz isso com tanta vontade — Rafael alisou os cachos de Lucas.
— Com uma pica tão gostosa assim, quem fez sem vontade não soube aproveitar. Eu quero agora é sentir o gosto de outra coisa — Lucas riu, voltando a mamar.
— Acho que não vai demorar pra você sentir o gosto, tá tão perto — Rafael enfiou a cara de Lucas ainda mais na sua virilha.
Ele, ainda segurando o rosto do outro, fez um vai e vem, ele sentiu o leite querendo sair e continuou segurando enquanto dava, mas precisou por pra fora, já estava difícil com aquela garganta quente e macia engolindo seu mastro.
Rafael não perguntou a Lucas se ele estava preparado, pois fazia mais de duas semanas que ele não gozava, parte pelo cansaço e parte pela vontade de despejar tudo dentro do Lucas, como estava fazendo agora. Esse era um desejo que se arrastava por semanas e agora estava sendo saciado.
Lucas, do outro lado, saboreava o gosto cítrico e ao mesmo tempo levemente adocicado do esperma de Rafael que invadia a sua boca em jatos constantes. Ele engoliu cada um deles sem cerimônia, como se tivesse sido preparado pra isso a muito tempo.
Ele voltou a mamar a pica de Rafael, cuja as pernas tremiam um pouco pela sensibilidade que seu pau estava naquele momento, mas Lucas continuou, intercalando entre as bolas e a geba até arfar mamando. Rafael percebeu que ele estava se masturbando e o levantou.
— Deixa eu retribuir o favor — Rafael abaixou, ainda de costas pra árvore e abocanhou a pica de Lucas. Ele não precisou de muito tempo pra sentir o gosto do leite do moreno, que logo despejou tudo na boca dele.
Ele levantou e beijou a boca, apaixonado, sabendo que não havia mais nada a ser feito, ele estava apaixonado. O gosto do sêmen deles se misturando enquanto as línguas se embolavam, as rolas ainda duras se chocando, era razão suficiente pra saber que aquilo não iria parar ali.
Ainda colados na sombra da árvore, os corpos entrelaçados e a respiração começando a se acalmar, Lucas e Rafael permaneciam abraçados, como se o tempo tivesse diminuído o ritmo só para eles. A regata cinza estava jogada no chão, quase camuflada entre as folhas secas, e a sunga de Lucas pendia preguiçosamente nos joelhos. Rafael, apoiado contra o tronco, com o short enroscado nas coxas, deixava que o corpo aproveitasse os últimos vestígios do prazer recente, enquanto um sorriso satisfeito surgia em seu rosto.
Lucas passou a mão pelo peito de Rafael, traçando um caminho lento até a barriga, e mordeu levemente o próprio lábio, provocando:
— Você tem um gosto melhor do que eu esperava...
Rafael riu, relaxando os ombros contra a árvore.
— Eu como abacaxi — respondeu, com um ar debochado. — Dizem que ajuda... faço tudo pelo público.
Lucas ergueu as sobrancelhas, como quem finge se surpreender.
— Tem muito público assim?
— Até que tem. — Rafael deu de ombros. — Mas... tô começando a achar que o espetáculo devia ser privado daqui pra frente.
Lucas sorriu. Um sorriso meio desacreditado, meio esperançoso. Ele baixou o olhar por um instante, observando os próprios dedos passeando pelas costelas de Rafael, antes de levantar os olhos de novo.
— Você fala como quem quer começar alguma coisa.
— Talvez eu queira. — Rafael inclinou o rosto, o tom mais calmo. — O que você acha da gente tentar... um namoro?
Lucas ficou em silêncio por alguns segundos. O vento balançava as folhas acima deles, criando um sussurro que preenchia o intervalo entre a pergunta e a resposta. Ele se afastou só um pouco, o suficiente pra olhar Rafael nos olhos com sinceridade.
— Eu sou péssimo com distância, Rafa. — disse, num tom honesto. — Também quero. Muito. Mas são mais de cinco horas de estrada, e a gente vive em ritmos diferentes. Se você estiver disposto a encarar isso... talvez funcione.
Rafael ergueu uma sobrancelha, sem hesitar.
— Pelo que eu experimentei aqui agora, e pelo que eu senti desde a varanda... vai valer a pena.
Lucas não disse nada. Só se aproximou de novo e o beijou, dessa vez devagar, como quem sela um acordo. Depois se vestiram em silêncio, ainda sorrindo, ajudando um ao outro entre risadas abafadas e provocações leves. Os olhos de ambos tinham uma chama nova — algo entre encantamento e promessa.
No caminho de volta, caminhavam lado a lado, às vezes tropeçando um no outro de propósito, só pra ter a desculpa de encostar mais.
Quando passaram pela lateral da casa e entraram pela varanda, ouviram vozes e gargalhadas vindo da sala. Samuel, Francisco, Elisa e Bárbara estavam sentados ao redor da mesa, jogando dominó com uma concentração que beirava o exagero.
Samuel foi o primeiro a notar os dois entrando, ainda com os cabelos bagunçados e o ar satisfeito.
— Pelas caras... vocês aproveitaram bastante, hein. — comentou, erguendo uma sobrancelha.
Lucas soltou uma risada gostosa e se jogou no sofá, jogando a cabeça pra trás.
— Aproveitei, sim. Finalmente descobri o gosto do peão. — Olhou de lado para Rafael, com um brilho maroto nos olhos. — E agora eu entendo direitinho por que você se apaixonou por um.
Rafael fingiu indignação.
— Ei! Tô bem aqui, viu?
— Pois é. E espero que continue. — Lucas piscou, rindo.
O grupo caiu na gargalhada, mas Samuel observava os dois com um olhar mais demorado — um misto de surpresa, curiosidade e, talvez, um resquício de algo que nem ele sabia nomear.
Rafael se aproximou da mesa, pegou uma peça de dominó e disse, com o tom leve de sempre:
— E aí? Quem tá ganhando essa disputa?
— A Bárbara. — respondeu Francisco, revirando os olhos. — Mas ela deve estar colando com a Elisa.
— Não é cola se você me conta a peça que tem, animal. — retrucou Bárbara, rindo.
Lucas olhou Rafael de longe, agora mais sereno, e pensou que talvez aquela viagem à fazenda tivesse mudado mais do que ele esperava.
***
A noite já tinha mergulhado a fazenda em silêncio, salvo pelas vozes que vinham da varanda. As luzes fracas refletiam nos copos e nas risadas, e o cheiro de madeira misturado ao frio do campo parecia criar uma moldura aconchegante em volta da casa.
Rafael se aproximou de Lucas enquanto os outros jogavam cartas e conversavam distraídos. A encostou o ombro de leve no dele e sussurrou, sem conseguir disfarçar o desejo no olhar:
— Posso dormir com você hoje?
Lucas virou o rosto com um sorriso discreto. Não perguntou o porquê. Apenas assentiu com um leve movimento de cabeça.
Sem chamar atenção, os dois subiram devagar pela escada. Quando entraram no quarto, Lucas girou a chave na porta e encostou as costas nela. Por um momento, ficaram só se encarando, como se aquele silêncio dissesse tudo o que ainda não tinham coragem de dizer.
As roupas começaram a cair devagar. A regata de Lucas escorregou pelo ombro até o chão. Rafael tirou a camisa com um leve tremor nos dedos, mais por antecipação do que por frio. Não havia pressa — apenas uma calma concentrada, como se os dois estivessem prestes a atravessar um limiar importante.
Se aproximaram. Os corpos nus se encontraram primeiro em um abraço. A pele quente de um contra a do outro parecia dizer que estavam exatamente onde deviam estar.
O primeiro beijo foi lento, carregado de sentimento. Lucas acariciava o rosto de Rafael com os polegares, traçando o contorno da mandíbula como se estivesse decorando aquele momento na memória. Rafael segurava a cintura dele com força e delicadeza ao mesmo tempo, tentando absorver o calor daquele toque.
Deitaram na cama com cuidado, como quem respeita um rito íntimo. Lucas ficou por cima primeiro, distribuindo beijos pelo pescoço e pelo peito de Rafael, que suspirava baixinho, os olhos fechados, entregue. Depois inverteram as posições. Rafael, com os cabelos bagunçados, olhava para ele com um misto de desejo e carinho, como se cada movimento fosse uma promessa silenciosa.
O toque entre eles era cheio de significado — mãos que buscavam, bocas que se encontravam no tempo certo, olhos que não fugiam. Lucas conduzia com paciência, guiando Rafael com palavras baixas e toques seguros, até que ele se sentisse pronto.
E quando finalmente se uniram, foi devagar. Sem pressa, sem medo. Os corpos se encaixaram como se já tivessem se reconhecido há muito tempo, e o quarto inteiro pareceu suspirar com eles.
Os movimentos foram lentos no começo, como uma dança nova que ambos aprendiam a dois. Rafael gemia baixinho, surpreso com a intensidade da sensação, e Lucas o observava com um carinho tão sincero que era impossível não se emocionar.
A cada impulso, vinham os beijos. A cada suspiro, um toque no rosto, uma palavra dita entre dentes, uma declaração sussurrada sem pretensão.
E quando o clímax veio, veio junto — como se os dois estivessem conectados não só pelo corpo, mas pela entrega completa.
Ficaram abraçados por longos minutos, ouvindo o som abafado dos grilos do lado de fora e o barulho distante de risadas vindas da varanda. O suor ainda úmido na pele, o peito subindo e descendo em sincronia.
Lucas afagava o cabelo de Rafael, que agora tinha a cabeça em seu peito. Nenhum dos dois dizia nada. Era como se as palavras fossem desnecessárias depois daquilo.
Mas Rafael falou, com a voz rouca e baixa:
— Obrigado... por me fazer sentir assim.
Lucas o apertou um pouco mais contra si e respondeu, com um sorriso calmo:
— Eu só devolvi o que você me fez sentir também.