Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 6 de Outubro deSegunda-Feira.
Eu sempre tive problemas com as aulas de matemática. Ver aquele amontoado de números no quadro me deixava bastante ansioso, e quando eu ficava assim, nada de bom costumava acontecer.
Enquanto o professor Rocha explicava as equações com seu quinto giz gasto na manhã, meus pensamentos escorreram para o meio das minhas pernas. Meu pau estava duro que nem pedra, o que sempre acontecia quando eu ficava nervoso. O que me deixou ainda pior.
Comecei a riscar qualquer coisa no caderno, na esperança de levar meus pensamentos para longe dos números e da impossibilidade de compreendê-los, quando pensei que alguém atrás de mim poderia ter notado o meu desconforto – ou pior, o volume na minha calça.
Foi quando aconteceu o inevitável. Encolhi minhas pernas quando senti meu pau explodir em gozo, enchendo minha cueca de porra. Eu apertei os lábios, segurando um gemido enquanto todo o meu corpo se esforçava em não tremer, contendo aquela onda de prazer e ansiedade que escapava de mim. Se eu não fosse rápido, em breve minha calça ficaria toda manchada.
Ergui a mão e pedi ao professor Rocha para ir ao banheiro, o que ele permitiu sem apresentar desconfianças.
Peguei o passe e me apressei para ir ao banheiro no final do corredor. Quando me tranquei na cabine, uma pequena mancha escura brotava do meio da minha calça. Eu abri o zíper depressa, constatando a lambança que havia feito.
Eu sabia que aquilo não era normal – aquele líquido branco e viscoso que melava meus pentelhos e sujava toda a minha cueca –, mas no auge dos meus 18 anos, prestes a me formar no colégio militar de Porto Alegre, essa situação estava se tornando cada vez mais frequente, e eu não sabia por que ela acontecia. Só sabia que era quando estava muito nervoso.
Tinha vergonha de perguntar para o meu pai – até porque não éramos nem um pouco próximos, apesar de morarmos juntos –, e a ideia de conversar com meus professores era mais assustadora do que resolver uma equação. Assim, como sempre fui muito tímido, não tinha nenhum amigo com quem me abrir.
Com minha dignidade no chão, soltei um suspiro e comecei a me limpar, tirando as calças e depois a cueca melada, embolando-a e colocando no bolso.
Foi quando ouvi o sinal tocar.
Mais uma manhã tinha chegado ao fim.
Ser filho de militar tinha suas vantagens, principalmente quando o militar era funcionário da escola. Meu pai, o Sargento Torres, era chefe do refeitório, e por isso eu podia almoçar junto com os professores e demais militares.
Quando entrei no refeitório, o Professor Rocha estava se servindo no buffet, e parei ao seu lado. Ele era um homem alto, negro, com seus quarenta anos. Tinha um rosto severo e cultivava uma barba por fazer que escondia alguns fios grisalhos. Andava sempre com roupas formais e o jaleco branco típico dos professores, que escondia os volumes de seu corpo.
Quando eu me aproximei, ele olhou por cima de seus óculos de grau elevado e disse:
– Senti sua falta no final da aula.
– Desculpa, professor – baixei a cabeça, com vergonha de tê-lo decepcionado.
– Como está se saindo nos estudos? A prova é semana que vem, hein… – disse, servindo o molho vermelho por cima do macarrão.
– Estou tentando o meu melhor, mas os números não fazem sentido pra mim – me queixei. Tentar resolver as equações era frustrante demais, pois nunca acertava a resposta.
– Continue estudando, e tenho certeza de que você vai passar. Vejo você na aula de reforço, quarta?
– Sim, senhor – respondi com a formalidade habitual.
Almocei sozinho, como de costume. Meu pai era muito atarefado, e raramente fazíamos as refeições juntos – tanto o almoço quanto o café da manhã, já que ele sempre acordava de madrugada para preparar a cozinha.
À tarde, eu não tinha nada para fazer. No apartamento JK que dividíamos no Bom Fim, o tédio era constante. Já tinha jogado todos os jogos e visto todos os filmes alugados. Então, passava a tarde na escola, lendo na biblioteca ou caminhando pelos corredores. Ocasionalmente, alguém parava para conversar comigo – quase sempre uma professora ou funcionária do colégio, já que eu era conhecido por causa do meu pai** –,** e apesar de me sentir desconfortável na maioria das vezes, ainda era melhor do que ficar sozinho.
Depois de ler alguns capítulos de As Crônicas de Nárnia na biblioteca e quase pegar no sono, decidi pegar um refri no bar do colégio e deixar na conta do meu pai para dar uma acordada.
Enquanto disputava minha própria Coca-Cola com as abelhas que pairavam por ali, vi passar Pedro e Nathan, acompanhados de Patrícia. Eram meus colegas de terceirão e tinham minha mesma idade. Assim como eu, eles também passavam a tarde no colégio – quase sempre, pelo menos – e eram amparados, como eu – ou seja, entraram no colégio por serem filhos de militares e não por mérito próprio, sem precisar fazer o vestibular.
Desde que aquele trio se juntou, era uma questão de tempo até dar problema. Eu já havia notado que eles ficavam à tarde só pela maldade: procuravam uma sala de aula aberta e sem ninguém, e enquanto Pedro ou Nathan entravam com Patrícia, o outro ficava cuidando na porta.
Aposto que eles ficavam se beijando a tarde toda!
Patrícia, uma menina alta de pele clara e longos cabelos castanhos escuros, tinha se provado uma decepção. Antes uma aluna muito inteligente da minha sala, desde que conheceu aqueles dois, só vivia atrás deles, a ponto de suas médias caírem.
Pedro e Nathan eram um vexame disciplinar. Sempre com o uniforme fora do padrão, já haviam perdido vários pontos de comportamento por causa disso. Pedro usava uma boina à moda francesa, caída para o lado, e uma parte da camisa para fora das calças; já Nathan usava a camisa desabotoada um nível abaixo do permitido, revelando um pouco de seu peito repleto de sinais, e vestia uma calça bem justa que deixava sua bunda bem marcada. Ambos tinham maxilares bem definidos, e enquanto o rosto de Pedro era mais comprido, o de Nathan era tão proporcional que parecia um modelo de revista. Seus olhos bem desenhados, lábios carnudos e uma pinta na bochecha terminavam de pintá-lo como um dos garotos mais atraentes da escola.
Era difícil não notar Nathan. Eu já havia percebido que ele desviava o olhar de toda garota – e de alguns garotos também.
Pedro ficava em segundo lugar nesse quesito. Tinha mais pelos no corpo, olhos bem redondos e um nariz proeminente. Eu gostava de como tudo aquilo se harmonizava, entretanto.
Eles eram mais altos que eu, mas Patrícia era mais alta que ambos os meninos, sendo Nathan o mais baixo entre os três. Era um trio que chamava a atenção, tinha de confessar.
Terminei meu refri e os segui à distância, acompanhando seu trajeto pelo corredor de um ponto seguro, no pátio do colégio. Era incrível a discrição com que testavam as maçanetas das portas. Em determinado momento, um monitor chamou a atenção de Pedro para colocar a camisa para dentro das calças, o que ele prontamente fez, se desculpando. Quando o monitor saiu de vista, ele tirou a camisa para fora novamente. O trio riu da atitude de Pedro... Sacanas!
Quando eles acharam a sala, Pedro e Patrícia entraram, e Nathan ficou de olho na frente da porta, fingindo mexer no celular casualmente. Eu sentei debaixo de uma árvore, observando-o atentamente. Eles podiam ser espertos, mas eu era mais.
Meia hora depois, Patrícia saiu, abotoando a camisa. Ela falou algo com Nathan, gesticulando de forma animada. Nathan parecia desconfortável: enfiou as mãos nos bolsos, depois esfregou a nuca, inquieto. Já ela parecia entusiasmar-se de repente, e então Nathan entrou na sala.
Uma descarga de adrenalina passou por todo o meu corpo. Era a primeira vez que aquilo acontecia! O que será que os dois iam fazer naquela sala? Será que iam conversar algo sobre Patrícia? Minha intuição dizia que não.
Ela então sentou-se no banco ao lado da porta e ficou olhando os arredores, cuidando, um pouco menos discreta do que os meninos.
Senti o calafrio familiar no meio das pernas. Aquela situação inusitada começou a me deixar nervoso. Não podia passar pela mesma experiência da manhã novamente; estava sem cueca, e se eu me molhasse de novo, seria uma catástrofe. Ao mesmo tempo, senti meu pau ficar duro de novo, me prendendo àquela situação até que ele baixasse. Se eu me levantasse dali, alguém podia perceber que algo estava errado no meio das minhas pernas.
Por que raios Patrícia saiu em vez de Pedro? E por que foi justo Nathan a entrar? Meu coração estava acelerado ao presenciar aquilo, e minha ansiedade aumentava o formigamento entre minhas pernas. O que eles poderiam estar fazendo?!
A sensação de estar presenciando algo muito errado me dava um peso no estômago. Eu deveria alertar algum monitor? Era o certo a se fazer, mas algo no meu interior não queria impedir que aqueles encontros entre os três cessassem.
Enquanto divagava, o olhar de Patrícia cruzou com o meu. Eu levei um susto por ela ter notado que eu observava toda aquela situação. Merda! Isso poderia me arranjar problemas!
Levantei de um salto, as mãos instintivamente pressionadas contra a frente da calça num disfarce patético. Não pensei duas vezes: virei-me e corri em direção aos portões do colégio, o coração batendo na garganta.
…
Meus pais eram divorciados, e desde que entrei no colégio militar, vinha e voltava da região metropolitana para estudar. Quando ingressei no ensino médio, decidimos que eu iria morar com meu pai, pela facilidade de morar na mesma cidade onde se estuda, já que a pressão no colégio era maior por conta do vestibular e tudo mais.
Já faziam dois anos que estávamos nessa. E como era algo provisório – até eu me formar –, meu pai nunca havia dado um jeito de irmos para um lugar maior. Dormíamos na sala, eu numa cama de solteiro e ele no sofá, e além desse cômodo, tínhamos apenas uma cozinha e um banheiro; mas como ele estava quase sempre ocupado, era como se aquele lugar fosse praticamente só meu.
Então, naquela noite, passei sozinho, remoendo o que aconteceu no colégio à tarde, tentando descobrir o porquê de Nathan entrar na sala com Pedro e o que diabos eles fizeram lá. Fiquei comendo pizza, bebendo refrigerante e jogando videogame até dormir com os dedos engordurados – meu pai só chegaria de madrugada, pois tinha um curso do exército toda segunda.
Acordei com uma ansiedade brutal, meu corpo tremendo e um calafrio intenso no meio das minhas pernas. Havia sujado minha cueca novamente com aquele líquido viscoso, e sabia que era por causa do sonho que tive. Nada a ver com números e equações, mas com a imagem do que Nathan e Pedro podiam ter feito naquela sala. Sonhei com eles desabotoando suas camisas: Nathan revelando seu peito definido e lisinho e cheio de pintas, e Pedro, seu peito magro e peludo. Seus rostos próximos, sentindo o hálito um do outro, ameaçando um beijo.
Aquilo me perturbou profundamente. Talvez precisasse assumir de uma vez por todas que eu estava obcecado por aquele trio. Ou melhor, pelo que aconteceu entre Nathan e Pedro.
Meu pai dormia profundamente no sofá ao lado; nem percebeu quando levantei e fui trocar de cueca no banheiro. Guardei-a numa sacola escondida no fundo do roupeiro para lavar quando ele não estivesse em casa.
– Tudo bem? – ele murmurou.
– Sim, pai. Pode dormir, só acordei apertado.
Ele grunhiu qualquer coisa e se virou na cama, voltando a dormir.
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 7 de Outubro deTerça-Feira.
No outro dia de manhã, acordei e meu pai já tinha saído para trabalhar. Lavei a cueca melada da noite anterior e fui para a escola receoso de encontrar Patrícia. Ela me havia percebido e agora sabia que eu estava de olho neles e que vira Pedro e Nathan entrarem na sala. No caminho, ajeitei meu pau dentro das calças, já sentindo calafrios pelo corpo todo.
Era como uma febre que começou nas aulas de matemática e agora se estendia para esta situação com meus colegas. Eu não queria mais me sentir assim; precisava entender o que estava acontecendo!
Entrávamos em forma toda manhã antes da aula começar – como se chamava o ritual de ficar enfileirado ao lado dos colegas, em blocos separados por turmas, ouvindo os avisos e recomendações diários do chefe dos monitores, o Tenente Galhardo** –,** que, mesmo com sua baixa estatura, estava sempre vigilante.
Foram repassadas as informações sobre a formatura do dia seguinte – um ritual que acontecia toda quarta-feira em frente ao comandante do colégio. Foi pedida atenção redobrada com os uniformes, que deveriam estar impecáveis.
Durante a fala do Tenente Galhardo, senti que Patrícia me observava, mas isso podia ser somente paranoia minha. Pelo canto do olho, vi Pedro cochichar no ouvido de Nathan; a intimidade daquela proximidade me atingiu como um choque, trazendo de volta imagens vívidas do meu sonho. Um estremecimento de ansiedade percorreu meu corpo.
– Algum problema, Freitas? – O monitor da minha turma se aproximou, irritado. Era o sargento Monteiro, um homem de trinta e poucos anos, ombros largos, olhos verdes e cabelo loiro raspado, responsável pelo terceiro ano. Usava uma farda justa que valorizava seu corpo, mangas sempre arreganhadas, revelando seus braços peludos. Vivia sempre reclamando do calor.
– Nenhum, senhor – baixei a cabeça.
– Então preste atenção – disse firme.
Assenti silenciosamente.
Ouvi algumas risadas e cochichos atrás de mim e percebi que Pedro e Nathan provavelmente estavam falando mal de mim.
Era comum eu ser alvo de bullying, mesmo com o colégio fazendo incontáveis esforços para diminuir essa prática. Meu corpo fino e magro era desengonçado, e toda a massa do meu corpo parecia se concentrar na minha bunda, que sempre ficava apertada nas calças. Meus olhos grandes e expressivos e meu nariz enorme também eram características das quais eu pouco me orgulhava.
Além disso, não me sobressaía nas aulas de educação física como os outros meninos; e, em contrapartida, passava muito tempo na biblioteca, lendo e estudando para as provas de matemática. Todas as minhas notas eram excelentes, e eu até poderia ser condecorado com o prêmio dado aos alunos que tinham média acima de 9 em tudo, se não fosse pela maldita matemática, que sempre me assombrou. Cheguei a quase rodar de ano, tendo passado pela piedade do conselho de classe na oitava série. Então, era fácil ficar com a fama de CDF.
No primeiro horário, transcorreu tudo bem. Hoje não era dia de aula de matemática, então consegui participar bastante das demais disciplinas sem ficar tão ansioso, mesmo sentindo que Patrícia não desgrudava os olhos de mim, me vigiando do outro lado da sala, na carteira dela ao lado da janela que dava para a rua.
No recreio, sentei debaixo da árvore onde tinha visto Pedro e Nathan entrarem na sala ontem e fiquei divagando o que eles podiam ter feito, enquanto comia um salgado e um refri. Tão absorto estava que nem reparei quando Patrícia parou na minha frente.
Ela colocou as mãos na cintura e sorriu, mostrando a gengiva superior. Eu quase me engasguei com o gole de refri que tomei.
– E aí, Gui. Não mudou nada, né? – disse ela, me chamando pelo meu apelido.
Tínhamos chegado a ser amigos na quinta série, quando entramos no colégio, mas fomos nos afastando cada vez mais ao longo do tempo.
– Como assim? – perguntei, tentando disfarçar o nervosismo. Inútil. Meu coração batia tão forte que parecia querer sair do peito.
– Sempre sozinho, andando por aí como quem não quer nada... Cuidando da vida dos outros… – Olhou de lado para mim.
Um calafrio percorreu minha espinha. Ela realmente tinha percebido!
– Eu não sei do que você está falando – gaguejei, com o meu salgado em mãos.
– Ué, tá nervoso por quê, se não sabe?
Eu desviei o olhar. Meu rosto começou a ficar vermelho, o que ela prontamente percebeu, e soltou uma risadinha.
– Entendi qual é a sua – cruzou os braços, satisfeita.
Eu não entendi o que ela quis dizer com aquilo, nem sabia o que ela havia entendido, mas só o fato de ela ter entendido algo sobre mim que eu não tinha ciência me deixava tremendo de medo. O que ela faria com essa conclusão?! Será que ela sabia o que eu tinha sonhado? Não, isso era impossível. Mas então, o que ela queria comigo?
– Por que você se afastou? – tentei mudar de assunto.
Ela fez um gesto pedante e disse:
– Você é o maior esquisitão desse colégio, sabia? O que é engraçado, porque seu pai é o maior gostoso.
O comentário me desconcertou por completo. Como ela podia dizer isso de alguém com o dobro da idade dela?
– Então, andar com você é pedir pra ser zoado, né? – Patrícia continuou. – Não me leve a mal, mas você é muito criança ainda.
Quando ela virou as costas e saiu, o que ficou não foi o silêncio, mas um zumbido agudo de humilhação. A ardência no meu rosto já não vinha apenas do constrangimento, e sim da certeza nítida de que Patrícia tinha uma arma contra mim – uma que eu mesmo sequer sabia qual era. Abandonei o salgado, a náusea substituindo qualquer resquício de fome. A ansiedade habitual deu lugar a um medo novo e ainda mais profundo. Olhei para os corredores movimentados, imaginando-os como um campo minado de olhares e sussurros que ecoavam meu segredo.
No segundo período da manhã, sequer olhei para trás para não cruzar com os olhares de alguém do trio. Também não prestei atenção nas aulas. Só o que conseguia fazer era resistir ao formigamento no meio das minhas pernas. Eu só queria que meu pau amolecesse; eu só queria deixar de ficar ansioso! Era pedir demais?!
Quando o sinal tocou, era meu dia de ficar e ajudar a limpar a sala. Disse aos meus colegas que precisava ir ao banheiro e, antes que pudessem responder qualquer coisa, saí correndo pelo corredor, deixando tudo para trás.
Entrei no último box e enxuguei o suor da testa. Meu pau estava tão duro que chegava a doer. Os calafrios percorriam todo o meu corpo, querendo expulsar aquele líquido viscoso mais uma vez. Antes que pudesse melar a cueca de novo, puxei meu pau para fora, duro e latejante. Respirava ofegante, cada inspiração um esforço contra a onda de pânico que ameaçava me afogar. Mas a arrogância de Patrícia e sua ameaça, bem como o sonho da noite anterior, reprisavam em minha mente como um turbilhão.
Sem que eu notasse, alguém entrou no banheiro e abriu a porta atrás de mim. Quando percebi que não a havia trancado, já era tarde demais. Pedro me segurou pela gola da camisa do uniforme, pressionando-me contra a parede.
Achei que iria desmaiar quando senti seu hálito fresco tão perto do meu rosto. Nunca o havia visto tão perto! Conseguia ver as discretas sardas que tinha abaixo dos olhos, vi o verdadeiro tom de seus olhos, de um castanho profundo, quase triste. Era demais para mim!
– Escuta aqui, seu merdinha! Patrícia me contou tudo. Eu não sei o que você pensa que viu, mas...
Pedro parou de falar quando eu tremi sobre ele. Agarrei seus ombros, segurando um gemido de alívio, sentindo minha ansiedade esguichando sobre ele na cor do leite.
Pedro deu um salto para trás, como se tivesse tocado em fogo. Seu rosto era uma máscara de incredulidade e nojo.
– Filho da… Você gozou em mim?! – Ele olhou para o peito do uniforme, onde um respingo esbranquiçado e viscoso já começava a escorrer.
Eu olhei assustado enquanto fechava meu zíper de qualquer jeito.
– Depravado, filho de uma puta! – ele exclamou, abrindo um sorriso raivoso.
Quando dei por mim, estava do outro lado do colégio, apoiado em um pilar, ofegando. Eu havia apagado completamente. Não lembrava de como havia saído do banheiro, nem o que aconteceu com Pedro ou quem encontrei no caminho. Eu só corri e me escondi no canto do colégio perto da coordenação pedagógica, pouco transitado.
Minhas pernas tremiam de nervosismo. Eu gozei. Pelo menos foi isso que Pedro disse. O que será que aquilo significava? Amaldiçoei a falta de aulas sobre educação sexual, minha falta de internet em casa e minha falta de amigos com quem conversar. Será que esse tempo todo eu estava gozando? Será que tinha cura para isso?
De repente, senti um nó na garganta. Agora que havia gozado sobre o uniforme de Pedro, não via outra alternativa a não ser deixar o colégio militar. Como poderia encarar Pedro sabendo do que fiz? Ele provavelmente estava me caçando naquele momento para me dar uma surra. Ou pior, já havia contado para todo mundo. Ou pior ainda: e se meu pai descobrisse?!
Me encolhi na base do pilar, tentando segurar o choro. Todo mundo ia saber que eu era um depravado – como Pedro havia dito –, um depravado que goza nos outros!
– Guilherme? O que aconteceu? – O professor Rocha veio depressa ao meu encontro quando me viu daquele jeito.
– Nada, professor – respondi, com a voz embargada.
– Claramente, algo aconteceu – olhou preocupado para mim. – Alguém te bateu?
– Não, senhor.
Sua preocupação não sumiu de seu olhar. Ele não ficou satisfeito.
– Por que não vem comigo? – Ele levantou-se e me estendeu a mão.
Ele me levou até uma sala de aula vazia e sentou-se à mesa de estudante comigo. Deu--me um copo plástico com água para que eu me acalmasse, mas, apesar de estar respirando melhor, minha mente estava um turbilhão. Era desesperador não ver saída.
– Guilherme, eu sei que sou seu professor, mas estou aqui para ajudar também, não somente para ensinar – Colocou sua mão grande e áspera de tanto usar giz de quadro sobre a minha.
Eu senti um calafrio no meio das minhas pernas mais uma vez, mas algo naquele toque firme e seguro me tranquilizou logo em seguida, deixando tudo morno. Eu pisquei, surpreso por poder pensar novamente. Senti que, enquanto sua mão estivesse sobre a minha, o turbilhão não iria voltar.
Mas, ao mesmo tempo, aquilo pareceu errado. Era errado. O que eu estava prestes a falar não parecia o momento adequado. Ele iria sentir nojo de mim. Retirei minha mão instintivamente. Ele recolheu a sua, tranquilo. Seu olhar era preocupado, paterno até. Ele me olhava de um jeito que meu pai não olhava.
– Professor, o que é gozar? – perguntei, encarando a carteira manchada de tantos rabiscos apagados ao longo dos anos.
O silêncio que se sucedeu denunciou que o professor estava chocado com a pergunta. Sua demora em me responder ou era por buscar as palavras certas, ou para me dar uma bronca. Apesar da expectativa, não tive coragem de olhar em seus olhos protegidos pelos óculos fundo de garrafa.
– Gozar? – tropeçou na pergunta. – Você não sabe?
Me ajeitei na cadeira, desconfortável. Me senti um idiota, exatamente como na quinta série, quando todos sabiam xingar com o dedo do meio e eu ainda usava o indicador.
Rocha coçou a cabeça, desconcertado.
– É algo que as pessoas geralmente sabem na sua idade, mas está tudo bem não saber também – O professor estava cuidando muito com as palavras que usava. – Como posso explicar para você… Gozar é a mesma coisa que ejacular, sim? É um fenômeno que ocorre geralmente quando você se masturba. O sêmen que seu saco produz sai pelo pênis, um líquido branco e viscoso… Entende?
Eu assenti, surpreso, pois havia outro termo que eu não conhecia. O constrangimento daquela conversa competia com a minha curiosidade em saber mais. O sentimento de ser o último a saber de algo não apenas permanecia, como também se intensificou. Me sentia estúpido.
– Professor, você pode me explicar mais outra coisa? – perguntei, esfregando a mão nas minhas coxas, tentando conter a ansiedade que me fazia gozar.
– Claro – Ele fez um gesto para eu prosseguir.
– O que é esse "masturbar" que você falou?
– Meu Deus… – Rocha suspirou profundamente. Eu sabia que estava sendo difícil para ele também, mas ele havia topado me ajudar; eu precisava valorizar isso. – Seu pai nunca te ensinou?
Eu balancei a cabeça em negativa.
– Algum amigo? – ele prosseguiu.
Repeti o gesto, negando.
– Mas que barbaridade… Um guri com a sua idade já deveria saber o que é isso!
– Desculpa, professor.
– Não, que isso, não precisa se desculpar – Ele colocou a mão sobre a minha novamente, dessa vez apenas momentaneamente, mas o suficiente para me tranquilizar mais uma vez. – É que é algo que pais deveriam ensinar para seus filhos, ou que acabamos aprendendo com amigos porque os pais deles lhes falaram. Mas, em resumo, se masturbar é quando você pega seu pênis ereto e o fricciona com movimentos de cima para baixo e de baixo para cima até que você tenha um orgasmo, ou seja, goze.
Uma mistura de sensações invadiu minha cabeça naquele momento. Primeiro, foi um sentimento de abandono e solidão, por meu pai nunca ter conversado sobre isso comigo. Se isso tivesse acontecido, tudo teria sido mais fácil nesses últimos dois dias. Depois, o que senti foi um alívio imenso, porque agora eu tinha o professor Rocha, que mostrava que não havia nada de errado comigo.
– Mas você não estava chorando por não saber essas coisas, não é?
– Na verdade… acho que me assustei um pouco quando me perguntaram se eu já tinha gozado – menti.
– E você já… Sabe?
– Já… Mas eu nunca tinha me masturbado. Sempre acontecia quando eu ficava muito nervoso ou durante a noite, enquanto dormia.
– Isso se chama polução noturna, o ato de gozar sem se masturbar, e é bem comum na sua idade, viu? Até eu mesmo já passei por isso, principalmente quando você não tem o hábito de se masturbar.
Minha mente correu para o incidente no banheiro. O choque, a pressão contra a parede, o rosto de Pedro tão perto... a explosão de alívio seguida de pavor. Não foi um ato pervertido. Foi uma polução. Um fenômeno biológico desencadeado pelo pico de nervosismo e medo. O termo médico, estéril e impessoal, de repente tirou o peso moral daquela catástrofe. A culpa não desapareceu, mas agora tinha um nome rival para lutar contra ela: ciência.
– Então eu tenho que me masturbar com frequência?
– Olha, na sua idade é até saudável, mas não diga ao seu pai que te falei isso – riu. – Se eu puder ser um pouco ousado, até te passaria como tema de casa chegar em casa hoje e se masturbar. Você vai ver como te fará bem.
– Bem capaz, professor. Não vou falar nada pro meu pai – disse, e pela primeira vez naquela conversa, um sorriso pequeno e quase imperceptível surgiu no canto dos meus lábios. Uma sensação estranha de alívio começou a lavar a vergonha que eu sentia. Aquela não era uma verdade suja e depravada; era apenas biologia. Era comum. Até o professor Rocha já tinha passado por isso. – E pode deixar que vou fazer o tema de casa!
O professor Rocha riu, um som rouco e genuíno.
– Isso aí. E qualquer dúvida, você sabe onde me encontrar – Ele levantou-se. – Agora preciso ir, está bem?
– Claro, professor! E... obrigado. De verdade.
Eu me levantei, me sentindo mais leve, como se tivesse tirado uma mochila de pedras das costas. O caminho até a porta parecia diferente. Os corredores não pareciam mais um tribunal prestes a me condenar.
…
Naquela tarde, cheguei em casa, tirei os sapatos desconfortáveis e deixei o videogame de lado. Estava ansioso para colocar os ensinamentos do professor Rocha em prática. Meu pai só voltaria no final do dia, então eu tinha algumas horas à disposição para me masturbar.
Joguei a boina sobre o sofá e saltei na cama, recostando-me sobre o travesseiro. Abri bem as pernas e abri o zíper da calça, tirando meu pau para fora. O ar foi muito bem-vindo, e o alívio foi imediato, sentindo o frescor da brisa que entrava pela janela nas minhas partes íntimas. Mas ele estava mole.
Encarei-o como se estivesse diante de um desafio e então comecei a fazer os movimentos para baixo e pra cima como o professor Rocha havia dito. No começo foi estranho, mas então meu pau começou a crescer, aumentando o diâmetro entre meus dedos e então os calafrios vieram, mas agora não eram mais amedrontadores, eram controlados por mim e me inundavam de prazer.
Olhei para ele, para seus detalhes que eu havia negligenciado por tanto tempo. Devia ter uns dezessete centímetros; a pele era mais escura que no restante do meu corpo, com a cabeça levemente rosada. A base era coberta por uma selva de pelos que desciam até meu saco e atingiam as nádegas. Passei a mão sobre eles, sentindo minha pele por baixo dos fios emaranhados, apertando minha coxa, mergulhando nos calafrios que meu pau, pulsando em minha mão, provocava.
De repente, um líquido transparente brotou da ponta do meu pau. Olhei surpreso, pensando que talvez eu já estivesse gozando, mas como eu continuava a sentir um prazer absurdo, percebi que aquilo não era o final, somente o prenúncio do gozo.
Continuei com movimentos firmes e, com a mão livre, explorava meu corpo, tateando para ver onde sentia mais prazer: nas coxas, na barriga, no peito. Meu pau continuava a verter aquele líquido, que agora deixava tudo viscoso, o que aumentou ainda mais o meu tesão, deixando-o ainda mais duro. Minha mão agora deslizava por sua envergadura, sentia suas veias, sua grossura, sua pulsação.
Minha mente começou a viajar, embalada pelo ritmo da minha mão. Guiado pelas ondas de prazer que faziam meu corpo inteiro formigar, voltei para a sala de aula vigiada por Patrícia, passei por ela sem que ela percebesse minha presença, abri a porta e vi Pedro e Nathan a desabotoarem suas camisas do uniforme. Suas bocas quase se tocando, seus lábios avermelhados pelo hálito úmido que saía delas. Eles pararam, olharam para mim e sorriram, sacanas. Me chamaram para perto deles. Eu fui. Eles me puxaram pela camisa, tirando-a de dentro de minhas calças. Começaram a desabotoá-la enquanto passavam suas línguas por todo o meu corpo, que agora era deles.
Com suas bocas, exploraram minha barriga, meu peito e meu pescoço, enquanto suas mãos tocavam com firmeza minhas nádegas, minhas costas, minha nuca. Eu os abraçava, prensando-os contra o meu corpo, sentindo seu calor e o frescor de sua saliva. Eles mordiscavam, lambiam e chupavam por onde passavam, e eu podia sentir o músculo de suas costas, o cheiro de sua pele, que me inebriava.
Senti um calor subir do meu saco. Meu pau pulsou e ficou ainda mais duro, vertendo ainda mais daquele líquido. A esse ponto, minha mão deslizava por ele com facilidade, e meus movimentos aceleraram. Com a mão livre, apertava meu mamilo direito, o que fazia meu corpo tremer de prazer.
Na minha imaginação febril, Nathan devorava meu peito, sugando-o em movimentos firmes, enquanto enrolava sua língua em meu mamilo. Pedro lambia minha barriga e ia descendo, descendo, até que parou de frente para minhas calças. Abriu o zíper e tirou meu pau para fora, começando a masturbá-lo com o sorriso sacana mais lindo que eu já tinha visto.
Nesse momento, duas mãos ásperas de giz vieram por trás de mim. Uma delas agarrou o meu pescoço, enquanto a outra massageava o meu peito livre. A aspereza e o toque firme da mão do professor Rocha eram uma surpresa bem-vinda, que fez o meu tesão aumentar ainda mais.
Ele ergueu o meu queixo, levando meu ouvido perto de sua boca. Senti seu hálito de café quando ele sussurrou em meu ouvido: “Vai, filhote, goza”.
Meu corpo estremeceu como nunca, e então senti meu pau expelir um jato quente que atingiu o meu rosto. A porra escorria até a minha boca, enquanto outros jatos choviam sobre o meu peito e a minha barriga. Enquanto eu tremia com um prazer que nunca havia sentido antes, passei a minha língua, caçando o meu leite, doce como caldo de fruta.
Abri os olhos, e as figuras que minha mente havia criado começaram a se desvanecer. Meu coração acelerado foi diminuindo seu ritmo, enquanto eu percebia a realidade ao meu redor. Eu estava sozinho e banhado no meu próprio sêmen, que começava a esfriar, deixando uma sensação estranha na minha pele.
Sorri.
Se aquilo era gozar, queria gozar todos os dias.