O Escolhido de Eldoria ☆ Capítulo 5

Um conto erótico de Tiago e Lucas
Categoria: Homossexual
Contém 2017 palavras
Data: 25/08/2025 15:51:08
Última revisão: 31/08/2025 17:14:58
Assuntos: Fantasia, Gay, Homossexual

✧ Sob a Mesma Lona ✧

(Lucas)

A rota para a Floresta das Sombras, uma cicatriz marrom que rasgava a paisagem verdejante, estendia-se diante de nós, um caminho árduo e incerto. O sol da tarde, implacável, dourara nossas nucas, e o silêncio era quebrado apenas pelo balanço do vento nas folhas e pelo ofegar asmático de Tiago, que se arrastava atrás de mim. Cada passo meu era calculado, econômico; os dele, uma cacofonia de tropeços desajeitados e o arrastar arrastado de botas gastas. O Vínculo, essa conexão estranha e intrusiva que nos unia, transmitia a sua miséria em ondas de calor e dor muscular, uma distração constante e perigosa. Aquele corpo, tão frágil e despreparado, não era apenas inadequado; era um risco iminente. Em qualquer confronto, ele se tornaria um fardo insuportável, um peso morto em questão de segundos. Eu não podia sequer pensar em esperar a segurança de um destino para começar a moldá-lo. O treinamento deveria ter início naquele exato momento.

Sem mais delongas, desviei da estrada poeirenta e adentrei uma pequena clareira, um santuário sombreado por carvalhos antigos, cujos troncos retorcidos pareciam guardar segredos ancestrais. Com um baque surdo, atirei as mochilas no chão.

“Vamos começar o treinamento”, decretei, a voz firme, carregada de uma urgência que ele parecia incapaz de compreender.

(Tiago)

A palavra “começar” me atingiu como um raio, um pavor gelado que se espalhou por minhas veias, superando a ardência lancinante em minhas coxas e a dor aguda e penetrante em minhas costas. Mal conseguia puxar o ar para os pulmões, e ele, com sua energia inesgotável, queria me submeter a mais um esforço? Apoiado nos joelhos, ofegante, observei-o com desalento enquanto ele retirava de sua mochila uma espada curta de treino, esculpida em madeira pesada e gasta pelo uso. Ele a arremessou em minha direção, e meus reflexos, embotados pela exaustão, quase a deixaram cair no chão. A madeira era sólida, densa, completamente estranha em minhas mãos, acostumadas à delicadeza das penas e à flexibilidade dos pergaminhos.

“Postura de guarda”, ordenou, sua voz desprovida de qualquer traço de paciência.

Tentei emular as posições que havia observado os soldados assumirem no pátio do castelo, mas me senti como um boneco de pano desarticulado, incapaz de encontrar o equilíbrio. Meus joelhos tremiam sob o esforço, meus braços ardiam em protesto, e o Vínculo me revelava, com uma clareza cruel, que para Lucas, eu era não apenas ridículo, mas patético. A onda de pena misturada com uma irritação pura que emanava dele era quase palpável.

(Lucas)

“Não”, a palavra cortou o ar como um chicote.

Ele empunhava a espada como se estivesse segurando uma pá nas mãos, os ombros curvados em desalento, o peso do corpo todo desequilibrado sobre os calcanhares. Um sopro de vento mais forte o derrubaria. A raiva, uma brasa quente e insidiosa, começou a queimar em meu peito, alimentada pela sua flagrante incompetência. Aquilo era um insulto à minha própria capacidade.

“Seus pés. Abertos. Alinhados com os ombros. Dobre os joelhos como se estivesse pronto para saltar. Você não está esperando na fila do pão, está se preparando para não morrer.”

Aproximei-me dele, e sem o menor pudor, apliquei um chute leve, mas decidido, na parte de trás de sua panturrilha, forçando-o a encontrar a posição correta. Ele vacilou com um grunhido de surpresa. O contato físico enviou uma centelha desagradável através do Vínculo, uma onda de sua humilhação crua misturada ao meu próprio nojo.

“De novo. Levante a espada. O gume voltado para o inimigo, não para o céu. Quer que os deuses venham lutar por você?”

(Tiago)

Cada correção que Lucas proferia era como um golpe, fosse ele físico ou verbal. Minhas costas, já torturadas pela caminhada, gritavam em protesto pela postura agachada, e o peso da espada de madeira parecia multiplicar a cada segundo que passava. Eu me esforçava com todas as minhas forças, dedicava cada fibra do meu ser a tentar dominar aquela arte estranha, mas meu corpo simplesmente se recusava a obedecer de forma natural. O conhecimento teórico que eu havia acumulado, fruto de incontáveis horas de leitura sobre táticas de batalha e crônicas históricas, revelou-se completamente inútil. Era como conhecer a gramática perfeita de uma língua estrangeira e ser incapaz de pronunciar uma única palavra.

Através do Vínculo, eu sentia a frustração de Lucas crescer, transformando-se de uma brasa em uma chama furiosa. Ele não via meu esforço, apenas o meu fracasso. A sua paciência, que eu já sabia ser escassa como água no deserto, estava se esgotando rapidamente, ameaçando explodir.

(Lucas)

“Chega!” O grito escapou de meus lábios com uma força que eu não pretendia, ecoando pela clareira e assustando os pássaros que se escondiam nas árvores.

Num movimento rápido, arranquei a espada das mãos dele, a madeira parecendo leve como uma pena em meus dedos acostumados ao aço.

“Você acha que um mercenário de Malakor vai esperar você se lembrar de como ficar em pé? Ele vai cortar sua garganta enquanto você ainda está calculando a angulação exata do seu pulso!”

A raiva me consumiu, uma onda avassaladora que mesclava a frustração com ele, desprezo pela corte que nos enviara e a consciência sombria de estarmos numa missão suicida. Era o peso de todas essas coisas que me oprimia.

“Eles te mandaram para morrer, Tiago. E você está fazendo de tudo para facilitar o trabalho deles!”

Com um gesto de repulsa, atirei a espada de treino no chão. O som da madeira batendo na terra foi definitivo, uma sentença pronunciada.

“Vou armar a tenda. Não toque em nada.”

(Tiago)

Fiquei paralisado no lugar, o eco áspero das palavras de Lucas ressoando em minha mente com a força de uma sentença de morte. “Eles te mandaram para morrer”. Eu sabia disso, em algum lugar profundo em meu ser, mas ouvi-lo em voz alta, proferido com tanto veneno e convicção, desmoronou qualquer resquício de esperança. Observei em silêncio absoluto enquanto ele, com movimentos eficientes e carregados de fúria contida, retirava uma pequena lona de sua mochila e armava uma tenda que mal parecia grande o suficiente para abrigar uma única pessoa.

A compreensão, fria e cruel, me atingiu como um soco no estômago. Era uma tenda de patrulha, projetada para um único soldado. Nós dois teríamos que nos espremer naquele espaço minúsculo. A perspectiva de ficar confinado naquele cubículo apertado com a personificação da minha própria inadequação, fervendo em sua raiva silenciosa, era uma tortura que prometia ser ainda pior do que qualquer dor muscular que eu pudesse sentir.

(Lucas)

A noite caiu sobre nós, trazendo consigo um frio penetrante que se infiltrava até os ossos. A fogueira crepitava preguiçosamente, lançando sombras dançantes e fantasmagóricas na clareira. Engolimos nosso magro jantar em silêncio, o queijo fedorento de Tiago contrastando com a carne seca e sem graça que eu havia trazido. A tensão entre nós era uma terceira presença palpável, um convidado indesejado que pairava no ar rarefeito.

Quando a procrastinação se tornou insustentável, apaguei o fogo com um gesto brusco e fiz um movimento com a cabeça em direção à tenda.

“Entre”, minha ordem foi ríspida, sem concessões.

Ele obedeceu sem uma palavra, encolhendo-se e se esgueirando para dentro do pequeno espaço. Segui-o, e o ar se tornou imediatamente denso, quente e sufocante. Nossos corpos estavam a meros centímetros de distância um do outro, e eu podia sentir o calor que irradiava dele como um farol. Deitei de costas, encarando o teto de lona que mal nos separava do céu estrelado, e me forcei a controlar a respiração, tentando ignorar a presença opressora do homem ao meu lado, um enigma que me consumia.

(Tiago)

Dentro da tenda, o cheiro dele era avassalador, uma mistura de suor, couro e uma fragrância metálica que parecia emanar de sua própria pele. A proximidade de seu corpo era quase tangível, uma opressão que me envolvia. Eu podia ouvir sua respiração controlada, um contraste gritante com a minha própria, e sentir a rigidez de seus músculos, mesmo sem nenhum contato físico. Me encolhi o máximo que pude, tentando me fundir com o tecido áspero da lateral da lona, procurando desesperadamente dar-lhe espaço, parecer menor, menos presente. A exaustão do dia, no entanto, era uma força implacável que me puxava para o abismo. A dor física acumulada e a humilhação emocional haviam drenado cada gota de minha energia vital.

Apesar da ansiedade que me roía, do desconforto físico e do medo latente, meus olhos se fecharam involuntariamente, e o sono me arrastou para a escuridão como uma maré irresistível. Em pouco tempo, eu estava completamente apagado, mergulhado em um sono pesado e sem sonhos, um ronco profundo e constante escapando de meus lábios, como o grunhido de um urso selvagem que ele, com certeza, devia imaginar.

(Lucas)

Ele ronca. Um som grave e profundo que vibrava através do chão úmido e do ar denso do nosso cubículo, alcançando meus ouvidos com uma insistência irritante. A irritação, que eu havia conseguido domar e canalizar para uma indiferença fria e calculista, retornou com força total, como uma fera em seu covil. Cada ronco era um lembrete constante de sua presença, de seu peso, do fardo insuportável que ele representava para mim. A frustração acumulada do dia, a raiva contida que queimava em meu peito, a tensão inerente à nossa proximidade forçada… tudo se acumulou em meu corpo, alojando-se em meus músculos, pulsando em minhas veias, clamando desesperadamente por uma válvula de escape.

O estresse implacável se transformou em uma necessidade física urgente, um calor baixo e pulsante que se espalhava pelo meu baixo ventre. Eu precisava de um alívio, um momento que fosse apenas meu, para liberar a pressão antes que ela me fizesse explodir em pedaços. Com o máximo cuidado possível, movendo-me na escuridão quase total, minha mão deslizou lenta e deliberadamente para baixo, por sobre o tecido áspero de minhas calças. Fechei os olhos, concentrando-me intensamente na sensação, na fricção familiar da minha própria mão, ágil e experiente, contra a pele sensível. Com a outra mão, busquei meu peito, os dedos roçando a pele e encontrando um mamilo, que torci com força, provocando uma dor aguda e focada que se misturava a um prazer crescente e proibido. Era uma forma de me punir e me excitar ao mesmo tempo, uma dança perigosa entre a dor e o êxtase.

Eu tentava esvaziar a mente, focar apenas no toque, na sensação física, mas era uma batalha perdida. Imagens do dia, vívidas e cruéis, invadiram meus pensamentos como fantasmas insistentes: o jeito patético como ele segurava a espada, a onda de sua humilhação reverberando através do Vínculo como um choque elétrico lancinante, o cheiro pungente de seu queijo fedorento azedando o ar da nossa clareira. A raiva e a frustração, longe de me afastarem do desejo, alimentavam-no, torcendo-o em algo mais sombrio, mais urgente, mais desesperado. O aperto em meu mamilo se tornou mais cruel a cada memória humilhante que me assaltava, a dor ancorando-me firmemente naquele momento presente, naquele ato solitário e secreto.

Minha respiração ficou presa na garganta à medida que eu me aproximava do limite, o movimento da minha mão se tornando mais rápido, mais firme, quase frenético, em uma busca desesperada por um alívio que parecia cada vez mais inalcançável. O clímax veio como um espasmo silencioso e contido, um calor intenso que inundou meus sentidos por um breve e abençoado segundo, abafando temporariamente toda a dor, toda a raiva, toda a frustração. O alívio foi imediato, mas a evidência pegajosa de minha fraqueza momentânea esfriou rapidamente em minha pele e no tecido áspero de minha túnica, deixando um rastro de constrangimento.

Com um murmúrio quase inaudível, a garganta seca, invoquei um “Cântico de Limpeza”, uma magia simples, mas eficaz. Uma luz fraca e avermelhada envolveu minha mão e a área suja por um instante fugaz, e então, tudo desapareceu como se nunca tivesse existido, deixando apenas o cheiro limpo e persistente de linho e ozônio. Virei-me de costas para o sono pesado de Tiago, meu corpo fisicamente mais relaxado, mas minha mente ainda imersa em uma batalha feroz. Esta seria uma longa, longa jornada sob a mesma lona.

Continua…

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