E, de repente, eu estava no banheiro de um escritório de boate, seminua, com uma garota linda beijando minha boca. O beijo dela era gostoso e, não sei por que, senti um arrepio na coluna quando seus lábios tocaram os meus. Deveria ter me afastado, mas não o fiz; ao contrário, segurei sua cintura e correspondi ao beijo. Sentia seus lábios macios nos meus, sua língua buscando contato com a minha. O beijo era delicioso, mas meu instinto alertava que aquela garota era um problema, e eu estava fugindo de problemas.
Tirei minhas mãos da cintura dela e as levei até seus ombros. Parei o beijo e a empurrei suavemente. Ao olhar para seu rosto, percebi que ela parecia confusa. Então resolvi questionar;
Fernanda— O que foi isso? Por que me beijou assim do nada?
Sabrina— Me desculpe, eu não sei o que me deu.
Fernanda— Tudo bem, esquece. Só não faça isso novamente sem minha permissão, por favor.
Sabrina— Não vou fazer. Mais uma vez, me desculpe.
Eu não estava chateada por ela ter me beijado; na verdade, até gostei. O beijo era diferente, intenso. De alguma forma, mexeu comigo, e eu ainda não sabia o porquê. O que me incomodava era a maneira como aconteceu. Senti minha intimidade invadida sem aviso prévio e sem minha permissão. Me incomodou também as respostas que ela deu, na verdade, ela nem me respondeu, só se desculpou.
Ela abaixou a cabeça, passou por mim e foi até o armário. Pegou uma camisa e a vestiu. Sem olhar diretamente nos meus olhos, pediu para que eu pegasse algo que gostasse para vestir e se afastou. Fui até o armário e vi várias peças de roupa. Ao escolher, percebi que eram todas de marcas famosas e provavelmente caras.
Fernanda— Você não tem alguma blusa ou camisa que não seja cara?
Sabrina— Só tenho essas que estão ai no armário. Pode pegar o que quiser, sem problemas.
Não podia sair dali sem nada e não podia usar a minha, então não tinha outra saída. Peguei uma blusa de moletom. Não era a mais adequada, mas, apesar de ser de uma marca esportiva famosa, provavelmente era a mais barata daquele armário. Vesti e disse que devolveria assim que possível. Ela apenas respondeu um "tudo bem" baixinho e caminhou até o espelho. Depois, me chamou para voltar, dizendo que provavelmente minha amiga estava me esperando. Concordei.
Fui até a porta e percebi que ela não olhou mais nos meus olhos após o beijo. Provavelmente estava envergonhada ou arrependida. Quando ela abriu a porta, perguntou se eu poderia passar meu número para que pudesse avisar quando minha blusa estivesse limpa. Respondi que ela poderia guardar no armário; eu pegaria no próximo final de semana e devolveria a dela. Mais uma vez, ouvi um "tudo bem" bem baixo. Preferi não dizer mais nada e saí para o corredor. Ela saiu logo em seguida e trancou a porta. Seguimos pelo corredor em silêncio e voltamos para onde minha amiga estava me esperando.
Camila não estava mais sozinha. O rapaz com quem ela estava dançando estava ao lado dela e os dois conversavam animadamente. Assim que nos aproximamos, Sabrina mais uma vez me pediu desculpas por tudo e saiu sem esperar eu responder.
Fui até minha amiga, e ela perguntou se estava tudo bem. Respondi que sim, mas que queria ir para casa; não estava mais no clima de ficar ali. Vi que ela fez uma carinha triste e disse que tudo bem. Falei que ela poderia ficar; eu chamaria um Uber e conversáriamos no outro dia. Ela perguntou se eu tinha certeza, já que ela tinha vindo comigo, e não se importaria de voltar comigo. Respondi que não tinha problema algum, que ela poderia aproveitar a noite. Ela decidiu ficar, mas pediu que eu a avisasse assim que chegasse em casa. Concordei, dei um abraço nela e saí. Durante o caminho até a porta, chamei um Uber. Estava ansiosa para chegar em casa, tomar um banho e cair na cama; era melhor esquecer aquela noite maluca.
Logo que entrei no meu apartamento, fui direto para a máquina de lavar roupas, tirei a blusa de Sabrina e coloquei para lavar. Depois, fui para meu quarto, tirei o resto das roupas e fui para o banheiro. Debaixo da água morna que caía sobre meu corpo, fechei os olhos e a lembrança daquele beijo roubado por Sabrina apareceu na minha mente. Era tão nítida que eu podia sentir o sabor da boca dela na minha. Meu corpo se aqueceu por dentro e meu coração palpitou. Droga, eu tinha que esquecer aquilo. Abri os olhos e tentei pensar em outras coisas enquanto terminava meu banho.
Saí do banheiro e vesti um short e uma camiseta confortável. Fui até a máquina e retirei a blusa para pendurar no varal. Antes de estendê-la, olhei com cuidado para ver se não havia nenhum estrago ou mancha. Graças a Deus, estava tudo perfeito.
Voltei para meu quarto e me joguei na cama. Peguei o celular e mandei uma mensagem para Camila, avisando que estava em casa e que ia dormir. Não esperei ela responder, coloquei o celular no silencioso e me deitei. Quando fechei os olhos, a lembrança daquele beijo veio à mente. Agora, não lembrava apenas do gosto do beijo, mas também do perfume de Sabrina, do corpo dela colado ao meu, da sua língua na minha boca, das mãos segurando firme na minha cintura. Meu corpo reagiu às lembranças e se aqueceu, principalmente entre minhas pernas.
Dessa vez, não abri os olhos. Viajei naquelas lembranças até o desejo tomar conta de mim. Nem percebi quando coloquei uma das minhas mãos entre as pernas, mas, naquele momento, meus dedos já deslizavam lentamente sobre meu clitóris. Os primeiros gemidos tomaram conta do quarto enquanto a outra mão apertava um dos meus mamilos. Já havia ultrapassado meu limite e não iria parar. Aumentei o ritmo dos meus dedos e imaginei aquela boca linda que me roubou um beijo me chupando com vontade. Fiquei nisso por um tempo até meu corpo explodir em um orgasmo intenso que tirou toda a energia de mim. Estava ali, suada e imóvel na cama, precisando de outro banho, mas sem forças para levantar. Achei melhor fechar os olhos e me recuperar primeiro.
Acordei no dia seguinte com a claridade do sol entrando pela janela. Olhei para o celular e já eram nove da manhã. Levantei, meio assustada, lembrando da noite passada. Fui direto para o banheiro tomar um banho. Mais uma vez, a lembrança do beijo veio à mente e, dessa vez, não veio sozinha; as memórias do orgasmo incrível que tive pensando em Sabrina também apareceram. Precisava tirar aquilo da minha cabeça antes que se tornasse algo maior.
Liguei para Camila e a chamei para ir ao shopping fazer compras e conversar. Queria me distrair, e ela era uma ótima companhia.
Passamos a tarde toda no shopping, conversando bastante. Camila, curiosa, quis saber dos detalhes da minha ida ao escritório de Sabrina. Contei tudo, menos sobre o beijo. Camila parecia conhecer muito sobre Sabrina e me passou quase um dossiê sobre ela. Sinceramente, não gostei de nada do que ouvi. Garota rica, famosinha e com fama de pegadora, daquelas que só pega e não se apega. O que Camila disse me fez pensar que ela parecia mais uma "playboy" de saias. Mas talvez fosse mais o ciúme falando por mim, já que eu não era muito diferente dela; a única diferença era que ela era rica e pegava homens, enquanto eu era pobre e pegava mulheres.
Durante a conversa, perguntei a Camila se sabia se Sabrina ficava com mulheres também, e a resposta não me agradou. Camila disse que ela era hétero e só ficava com homens, pelo menos era o que sabia e o que lia nas revistas de fofocas. Depois, me questionou o porquê da pergunta e se eu tinha me interessado nela. Respondi que não tinha nada a ver, apenas fiquei curiosa. Camila disse que ainda bem, porque se envolver com Sabrina era pedir para ter o coração partido.
Voltei para casa naquele início de noite com a cabeça a mil. Saí para me distrair e a situação só piorou. Estava com raiva de mim mesma por sentir ciúmes de alguém que mal conhecia e por ter enchido Camila de perguntas, em vez de dizer que não queria saber da vida da garota. Agora meu peito estava apertado, pois sabia que ela era hétero e que não queria nada sério com ninguém. Pelo jeito, a vida dela era só diversão. Mas se ela era hétero, por que me beijou? É porque fiquei tão chateada por saber que ela não levava ninguém a sério.
Naquela noite, resolvi ver alguns filmes antigos para passar o tempo. Bebi algumas taças de vinho, o que ajudou a dormir sem pensar ou fazer besteira. Mas no dia seguinte, assim que abri os olhos, a primeira coisa que pensei foi em Sabrina. Passei o resto do domingo e o início da semana tentando não pensar nela, mas quanto mais tentava, mais pensava. Na terça-feira, durante o banho noturno, me masturbei novamente pensando nela. Na quarta-feira, mal consegui focar no trabalho. Que maldita hora eu fui naquela boate!
Naquela noite em casa, decidi que precisava encerrar aquela história. Tinha que tirar Sabrina da minha cabeça e, não sei se por desculpa ou por realmente acreditar que um encerramento de algo que nem começou poderia resolver, resolvi que queria encontrá-la uma última vez, e era urgente. Não tinha o contato dela, mas poderia achar o da boate; quem sabe eu não daria sorte de encontrá-la no escritório.
Procurei na internet e foi fácil achar o número da boate. Arrumei uma boa desculpa e liguei. Chamou algumas vezes e nada de alguém atender, mas quando eu estava prestes a desistir, a ligação foi atendida. Mas não era Sabrina; era um homem chamado Diego, que perguntou o que eu precisava. Disse que precisava falar com a Dona e que era meio urgente. Ele pediu para eu aguardar que iria chamá-la. Quase desliguei, mas demorei a decidir o que fazer e foi tempo o suficiente para ela me atender. Quando ouvi a voz dela no celular, meu corpo estremeceu.
Sabrina— Oi, quem fala?
Fernanda— Oi, Sabrina, é a Fernanda, a garota que deixou a blusa aí na sexta passada.
Sabrina— Oi, Fernanda. Que bom que ligou. Aconteceu alguma coisa?
Fernanda— Não, nada importante. Liguei porque preciso da minha blusa para uma reunião familiar. Queria saber se podemos nos encontrar para eu pegar ela e entregar a sua.
Sabrina— Claro! Estou livre no momento. Você pode vir aqui na boate? O bar está aberto para clientes, ou pode me dar seu endereço e eu vou até sua casa.
Fernanda— Não quero lhe dar mais trabalho do que já te dei. Eu vou até a boate, sem problemas. Daqui a meia hora estou chegando.
Sabrina— Não seria trabalho algum, mas se você prefere vir, tudo bem. Estarei te esperando no bar.
Despedindo-me dela, fui me arrumar correndo. Decidi chamar um mototáxi, já que não tinha dinheiro para gastar com Uber e ir de ônibus demoraria muito.
Cheguei na porta da boate dez minutos atrasada. Quando vi a fila de carros na rua, quase desisti de entrar. Provavelmente, o bar estava cheio, só com gente de alta classe. Fiquei parada do outro lado da rua, pensando no que estava fazendo ali. Minha coragem de entrar parecia desaparecer, mas ouvi alguém gritar meu nome. Era Sabrina na porta da boate, me chamando. Não tinha mais como desistir, então atravessei a rua e fui até ela.
Sabrina— Achei que você não viria mais.
Fernanda— Acabei me atrasando um pouco, mas estou aqui.
Sabrina— Vem, vamos até meu escritório para eu te entregar sua blusa.
Ela estava linda e voltou a me olhar diretamente nos olhos, como antes. Antes que eu pudesse responder, ela pegou minha mão e seguimos pelo mesmo trajeto até seu escritório. Assim que entramos, entreguei sua blusa. Ela agradeceu, foi até o armário, tirou a dela de dentro da sacola e guardou. Depois, pegou a minha e a colocou na sacola. Veio até mim e me entregou. Agradeci e fui virar o corpo para sairmos, mas ela segurou minha mão e me chamou. Quando me virei, ela estava muito perto; eu podia sentir seu perfume invadindo minhas narinas.
Sabrina— Espera, preciso te falar algo.
Fernanda— Tudo bem, mas você está muito perto novamente.
Sabrina— Não se preocupe, não vou te beijar sem sua permissão. Mas quero muito te beijar de novo. Não parei de pensar no nosso beijo desde que aconteceu, mas não quero cometer o mesmo erro. Então, queria saber se posso te beijar de novo.
Fiquei surpresa com a atitude dela. Poderia me afastar, poderia dizer não e encerrar aquele assunto de vez. Mas só conseguia olhar para seus lábios ali na minha frente. Fiquei paralisada por alguns segundos, sem saber o que dizer. Ela se aproximou mais e perguntou novamente, com uma voz baixa e rouca, que me fez arrepiar o corpo todo— "Posso?". Não respondi; apenas levei a mão até sua nuca e a beijei com toda a vontade que guardei dentro de mim por todos os dias lembrando do nosso primeiro beijo.
Desde o início, o beijo começou intenso, mas quando ela me empurrou até a porta, colando minhas costas nela e seu corpo no meu, as coisas esquentaram ainda mais. Ela chupava minha língua com vontade e dava pequenas mordidas nos meus lábios. Levei minhas mãos à sua cintura e depois desci para seu bumbum. Ela levou a boca até meu pescoço, passando a língua e roçando os lábios. Soltei um gemido contido e apertei mais sua bunda com as mãos. Ela voltou a me beijar e apertar meus seios. Sentia ela mover o quadril, buscando contato com o meu. Sabia que já havíamos perdido o controle e, sinceramente, não queria pensar em mais nada; só queria ela. Depois eu pensaria no depois.
Continua...
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper
