Eu estava em choque com aquela situação. Do nada, meu patrão estava ali na minha frente com um buquê de rosas. Fiquei ainda mais em choque quando ele disse que esperava que eu gostasse da escolha.
Eu vi o Sr. Sérgio algumas vezes, mas muito rapidamente, a não ser quando fui efetivada na empresa. Nesse dia, fui ao seu escritório assinar meu contrato de trabalho e conversamos um pouco. Ele foi muito simpático e educado comigo. Discutimos apenas assuntos de trabalho, e foi uma conversa rápida. No final, ele me elogiou pelo meu trabalho como estagiária e me desejou boa sorte. Depois disso, eu o vi outras poucas vezes nos corredores, mas sempre foi rápido. Agora, do nada, ele estava ali na minha sala me trazendo flores. Eu não sabia como reagir, mas, por educação, estendi os braços e peguei o buquê. Ele sorriu e tirou um envelope de dentro do bolso interno do paletó e me entregou.
Sérgio— Pela sua cara de espanto, você não está entendendo nada do que está acontecendo, não é, Fernanda?
Fernanda— Desculpe, Sr. Sérgio, mas eu realmente estou sem entender.
Sérgio— Vou lhe explicar. Eu até devia ter feito isso antes, mas achei que seria mais divertido assim. Me desculpe se te deixei constrangida.
Fernanda— Tudo bem.
Sérgio— Essas flores foram compradas por mim a pedido da minha filha. Como ela não sabia suas flores preferidas e está muito ocupada no momento, eu fui encarregado de escolher e te entregar. Nesse envelope, tem um bilhete e um presente que ela mandou. Espero que você goste das flores e do presente.
Fernanda— Sua filha!?!
Sérgio— Sim, Fernanda, eu sou o pai da Sabrina. Bom, preciso voltar ao trabalho. Leia o bilhete; você vai entender melhor o motivo das flores e do presente. Boa tarde e espero te ver mais vezes. Vou pedir para a Sabrina marcar um jantar para que a gente possa nos conhecer melhor.
Fernanda— Está bem, Sr. Sérgio. Obrigada e boa tarde.
Ele se foi e eu fiquei ali sem saber o que fazer com aquela informação. Sabrina era filha do meu patrão e, pelo jeito, ela sabia que eu trabalhava na empresa. Meus pensamentos fervilhavam na minha cabeça. Como ela sabia que eu trabalhava aqui? Se ela falou com o Sr. Sérgio, ele provavelmente sabe de nós duas. O pior é que, do jeito que ele falou, esperando me ver novamente e querendo marcar algo para me conhecer melhor, ele acha que a gente está namorando. Era muita coisa para pensar de uma vez e muitas dúvidas.
Voltei à realidade com a Camila me chamando. Quando olhei, ela e Talita estavam me olhando e sorrindo. Antes que elas me fizessem mil perguntas, eu disse que explicaria durante o café. Vi a cara de decepção delas, mas virei minha cadeira de frente para o meu PC e coloquei o buquê em cima da mesa. Abri o envelope e retirei o que tinha dentro. Era um cartão pequeno, igual a um cartão de crédito. Olhei e percebi que era um cartão da boate. Eu não sabia exatamente para o que servia, mas depois eu perguntaria a Sabrina. Peguei o bilhete e comecei a ler. Sabrina se desculpava por ter saído sem se despedir e disse que só foi embora porque teve uma emergência na boate. No final, ela dizia que estava com muitas saudades e louca para me ver de novo. Logo abaixo, deixou um número de telefone que provavelmente era o dela. Aquilo me deixou com um sorriso nos lábios; ela não fugiu, não me abandonou, só precisou sair às pressas. O bilhete tirou toda a tristeza e os pensamentos ruins que estavam comigo desde que acordei e não vi Sabrina ao meu lado.
Quando levantei o olhar, vi através da enorme janela de vidro da nossa sala e o que vi do outro lado não me agradou. Na sala em frente, algumas pessoas me olhavam com um tipo de olhar que não me agradou. Abaixei meu olhar novamente. Com certeza viram o Sr. Sérgio me trazer as flores e estavam pensando besteira. Esse assunto, com certeza, iria se espalhar pela empresa toda e meu nome iria ser envolvido em todo tipo de fofoca. Porém, aquilo não iria tirar meu sono. Durante minha vida, já vi esses tipos de olhares várias vezes: olhares que te julgam sem saber a verdade, sem te conhecer, ou por puro preconceito. A vida me ensinou a não me importar com o que as pessoas pensam; eu não iria começar a me importar agora. Que se danem.
Voltei ao meu trabalho e consegui focar melhor nas minhas obrigações. Às quinze horas, saímos para o refeitório para tomar nosso café. Assim que entrei, percebi que várias pessoas me olharam. Pelo jeito, a fofoca se espalhou como pólvora.
Assim que pegamos nosso café e sentamos, Camila já me olhou e soltou um "desembucha". Eu dei um sorriso longo e comecei a contar tudo a elas; era engraçado ver as caras que elas faziam. Quando terminei, Camila disse que tinha desconfiado que tinha rolado algo no escritório naquela noite na boate, porque eu voltei toda estranha e, no dia em que fomos passear no shopping, eu estava ainda mais estranha. Eu disse que nem me toquei que estava agindo assim e perguntei a ela por que não me contou que a dona da boate era filha do nosso patrão. Camila disse que não sabia dessa parte, sabia de muita coisa da Sabrina porque algumas amigas comentavam e ela leu algumas coisas sobre ela nas revistas de fofoca, mas não tinha ideia de que ela era filha do nosso patrão. Depois, disse que eu deveria ficar esperta, que a fama dela não era boa em se tratando de relacionamentos e não queria me ver triste por causa de uma mulher como ela, ainda mais porque, pelo que sabia, Sabrina era hétero. Eu disse que tomaria cuidado.
Voltamos à nossa sala de trabalho e, durante o caminho, mandei uma mensagem para Sabrina. Ela só respondeu com vários emojis de coração. Provavelmente, ela estava mesmo ocupada. O resto do dia correu normalmente, mas, quando saí para casa, percebi que teria alguns problemas. Eu não iria deixar o buquê ali; ele era um pouco grande e chamativo. Eu realmente tinha razão: fui o centro das atenções aonde passei, na saída da empresa, no caminho até o ponto de ônibus e durante o trajeto até meu apartamento. O pior mesmo foi transportar o buquê no ônibus sem estragar as flores, mas no fim deu tudo certo; cheguei na porta do prédio que eu morava com ele intacto.
Quando cheguei na portaria, o porteiro me disse que a moça da noite passada estava me esperando dentro do prédio. Eu o agradeci e entrei com mais pressa que o habitual; ela estava me esperando e eu estava com muita saudade dela. Subi o mais rápido que pude e, logo que entrei no corredor do meu andar, a vi sentada na porta do meu apartamento. Ela me viu e abriu um sorriso lindo, e eu retribuí. Assim que me aproximei, ela veio até mim e me deu um beijo rápido.
A chamei para entrar e ela perguntou se eu tinha gostado das flores. Eu disse que sim e ela abriu um sorriso ainda mais lindo quando eu falei sobre o pai dela. Pelo jeito, eles realmente se davam muito bem. Minha vontade era me jogar nos braços dela, mas eu precisava de um banho. Ela se ofereceu para pôr as flores em um vaso com água; eu a agradeci e fui tomar banho.
Durante o banho, comecei a pensar em tudo que tinha acontecido entre eu e Sabrina. Todas as suas ações até agora indicavam que ela realmente estava muito afim de mim. Porém, o "eu acho que estou apaixonada" e o que Camila me disse me davam um pouco de insegurança. Eu sabia que estava a ponto de ultrapassar o último limite que eu tinha criado para me proteger e, até aquele momento, eu ainda tinha minhas dúvidas em me entregar por inteira ou não. Eu precisava ter uma boa conversa com ela antes de dar mais um passo, passo esse que poderia ser para o paraíso ou para o inferno.
Estava distraída com meus pensamentos e nem notei que Sabrina estava ali no banheiro me olhando com um olhar devorador. Quando a vi, simplesmente esqueci de tudo que tinha planejado e a provoquei. Ela tirou suas roupas e veio até mim. Meu Deus, como ela era linda! Ela colou seu corpo no meu e nós nos beijamos. Eu amava seu beijo, mas precisava esclarecer algumas dúvidas.
Quando a questionei sobre o que éramos, sua resposta não me esclareceu muita coisa, mas senti sinceridade nas suas palavras. Quando ela disse que queria me amar por inteira, resolvi testar até onde ela estava disposta a ir. Quando eu disse para me provar, ela foi ajoelhando na minha frente. De início, achei que ela iria me jurar algo, mas me enganei. Ela colocou as mãos na minha coxa e foi aproximando o rosto do meu ventre. Foi aí que percebi o que ela pretendia fazer; também vi um pouco de receio nos seus olhos.
Fernanda— Você não precisa fazer isso se não quiser; eu só estava te provocando.
Sabrina— Eu tenho certeza de que quero fazer isso; na verdade, eu preciso fazer isso.
Ela não deixou eu nem responder e levou a boca entre minhas pernas, passando a língua debaixo para cima sobre minha menina. Aquilo me arrancou um gemido abafado. Ela continuou a me lamber devagar, às vezes meio sem jeito. Parecia estar mapeando minha menina com a língua, conhecendo cada pedaço dela. Eu abri mais as pernas para facilitar o contato da boca dela. Ela passou a me chupar com mais vontade; eu já gemia mais alto e, toda vez que sua língua passava sobre meu clitóris, os gemidos se destacavam. Ela percebeu; concentrou seus lábios e sua língua ali. Eu segurei sua cabeça com as duas mãos e comecei a movimentar os quadris indicando o ritmo. Ela entendeu e logo estávamos em sincronia. Dali em diante, foi tudo perfeito; ela me deu tanto prazer que tive um orgasmo muito intenso na boca dela.
Eu só soltei sua cabeça quando as últimas ondas de prazer que percorreram meu corpo terminaram, mas ela continuou passando a língua com carinho na minha menina e depois veio com o rosto de encontro ao meu.
Sabrina— Você gostou?
Fernanda— Você ainda pergunta? Eu amei! Você foi incrível!
Ela abriu um sorriso enorme e me deu um beijo bem demorado. Quando nos afastamos para recuperar o fôlego, fui descendo minha boca para seu pescoço, depois para seus seios, e fui fazendo um caminho com meus beijos até ficar com o rosto de frente com seu ventre. Ajoelhada ali em frente a ela, não perdi tempo e comecei a devorar aquela delícia com minha boca. Não demorou para ela se contorcer e gemer alto. Eu dei tudo de mim naquele oral e ela me retribuiu com um orgasmo intenso que melou toda a minha boca.
Depois de trocarmos alguns beijos e carinhos, terminei meu banho e disse a ela que precisávamos conversar. Ela fez uma cara meio preocupada, mas disse que tudo bem. Saímos do banho e eu ofereci uma camiseta para ela vestir; ela aceitou e me agradeceu. Devidamente vestidas, a gente se deitou na minha cama. Eu disse a ela que queria conhecê-la melhor, saber como foi sua vida até ali, e também queria que ela me conhecesse. Expliquei que, assim, talvez a gente pudesse entender melhor uma à outra, saber mais, conhecer os medos, sonhos e inseguranças tanto de uma, como da outra. Ela disse que para ela não seria nenhum problema me contar tudo e poderia responder a qualquer pergunta que eu quisesse; não tinha nada a esconder. Eu passei a mão sobre seu rosto e a agradeci. Eu disse que iria começar e ela disse que tudo bem.
Eu contei tudo que achei importante sobre minha vida: como me descobri lésbica, como contei para meus pais, do namoro com Ingrid e como terminou. Contei que meus pais trabalhavam em uma das empresas do pai dela há muitos anos. Que éramos de família humilde, que meus avós maternos deixaram uma casa de herança e meus pais venderam e compraram o apartamento em que eu morava. Falei sobre como fui parar na empresa do pai dela e sobre meus estudos. Falei da minha decisão de blindar meu coração e que, depois de Ingrid, só ficava e não me apegava, até ela aparecer na minha vida.
Quando terminei, ela me abraçou forte e disse no meu ouvido que não era a Ingrid, que jamais faria o que ela fez e que faria o possível para me fazer muito feliz. Eu abri um sorriso, não pelo que ela falou, mas sim pelo significado. Ela tinha acabado de confirmar que queria algo sério comigo. A abracei com mais força e só soltei depois de algum tempo. Ela se afastou e começou a me contar sua história.
Sinceramente, a história dela foi mais rápida de se contar. Ela nunca teve um relacionamento sério e nunca sequer tinha beijado outra mulher. Eu fiquei feliz com aquilo, mas, ao mesmo tempo, preocupada. Relacionamento com uma garota BI exigiria trabalho dobrado, ainda mais uma linda como ela. Porém, não falei nada, guardei aquilo só para mim. Como imaginei, ela e o pai se davam muito bem; em compensação, com a mãe a história era bem diferente e previ que as coisas iriam piorar quando ela soubesse da gente. Conversamos mais um pouco e ela me respondia tudo que eu perguntava rapidamente e me passava muita sinceridade nas respostas. Aquilo foi me dando cada vez mais segurança. Ela também me fez algumas perguntas e procurei responder com o máximo de sinceridade possível. A maioria das perguntas foi sobre meu namoro, sobre as mulheres com quem fiquei. Ali eu percebi que ela tinha algumas inseguranças por ser sua primeira vez com uma mulher, assim como eu tinha as minhas por ser sua primeira mulher e por ter sofrido muito no passado em um namoro que terminou muito mal.
Depois de muito conversar sobre nosso passado e tirar várias dúvidas uma da outra, resolvi perguntar mais uma vez sobre a gente. Eu também não ligava para rótulos, mas precisávamos esclarecer o que realmente uma queria com a outra.
Fernanda— Mas e a gente? Como vai ser daqui para frente? Desculpe insistir nisso, mas preciso saber o que realmente nós somos.
Sabrina— Como eu disse, eu não ligo para rótulos, mas te entendo perfeitamente. Eu gosto de você, eu realmente gosto muito de você e quero que a gente fique juntas, mas só nós duas, sem mais ninguém entre a gente. Como eu disse antes, eu não quero abrir mão de você, isso é o que mais me importa no momento. Porém eu acho que sou ciumenta, porque só de ouvir você falar de outras mulheres eu senti muito ciúmes. Então, acho que o certo é a gente namorar, se você quiser namorar comigo, claro. Mas, antes de qualquer coisa, quero que saiba que isso é novo para mim e vou precisar de você para me ajudar. Preciso que você converse comigo e imponha seus limites quando eu fizer algo que não te agrade. Nunca vou trair sua confiança, mas posso fazer algo que talvez, por falta de experiência, te incomode e isso acabe virando algo que possa separar a gente. Não quero te perder, se você estiver disposta a me ajudar a ser uma boa namorada, acho que daria muito certo.
Fernanda— Claro que eu quero namorar com você, e pode ficar tranquila que sempre vou conversar com você. Não existe uma regra básica para relacionamentos; nós vamos nos adaptando uma à outra, criando nossas regras e limites. Eu também gosto muito de você Sabrina, quero muito tentar e juntas a gente pode fazer dar certo.
Sabrina— Então estamos namorando?
Fernanda— Sim, estamos! ♥️
Continua..
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper