SOLTANDO DOIS SPOILERS DO CAPITULO:
— Beleza então, mas não ficou nenhum caô entre nós não, né? — ele perguntou.
— Eu fiquei surpreso. Só isso. Não esperava dar de cara com ela ali na sua porta, praticamente de toalha, né? Essa mina ai me abordou esses dias ainda, dando mole. Como ela pode, ser sínica traindo o namorado dela assim?
Ele soltou uma risada, daquela meio debochada, e fez um gesto como quem dizia “é a vida”.
— Por isso eu falo pra você, toda mulher é vadia. Umas, já nascem sendo, outras, só precisam de um empurrão. — disse ele, tomando o resto do seu copo de cerveja.
— É… — suspirei, fingindo um peso. — Tipo a Mônica, não é?
— Pô irmão, ai é meio pesado. — comentou. — Não falei da sua ex digníssima não, mano. To falando das outras.
— Cara, mas você falou a real mesmo. Ela me traiu mesmo. Um professor lá de São Paulo. Me pegou desprevenido. Fiquei destruído.
Ele botou a mão no meu ombro com aquele ar paternalista nojento.
— Sei como é. Ser corno é foda, irmão. Mas quer um conselho? Come as amigas dela agora, passa um rodo. Se quiser, pode ser até no meu cafofo, pra não ter erro dela pegar.
Respirei fundo. “Joga junto, Pedro. Joga junto”, pensei.
— Hum, a Elisa é uma delícia mesmo, né?
— Claro que é, cavala pra caralho. Comi muito aquela bucetinha ontem, deixei vermelha. Hoje vou traçar a amiguinha. Vamos fazer menáge, já fez?
— Já, a muito tempo atrás. — comentei.
— Esse é o Pedrão. Deixa o cara certinho pra trás, porra. Eu aposto que a sua namorada agora vai procurar o cara que comeu o cuzinho dela e vai dar de novo pra ele. Você tem que aproveitar.
— Então, vamos parar de falar desse assunto? — Perguntei.
— Foi mal então irmão. Garçom, trás mais uma ai pra nós.
Rafael já chamava o garçom antes que eu respondesse. Pediu mais uma rodada. Como se não tivesse acabado de me chamar de corno com um sorriso na cara. E ainda sugerido algo, que eu sabia claramente que era uma armadilha.
(...)
— Sabe o que é realmente engraçado? — comentei, virando minha cerveja devagar. — Ela justificou que me traiu, porque soube que eu tinha traido ela. Mas, como?
Rafael ficou em silêncio por um instante. Um instante muito interessante.
— Pô. Da minha boca que não saiu, irmão. E só tinha nós três lá, quem sabe não foi algum vizinho seu que deu de boca quando viu a mulher lá saindo da casa dele.
Foi então que naquele momento eu deduzi que Rafael não sabia absolutamente nada do que foi conversando em nossa casa. Afinal de contas ele foi genuinamente pego de surpresa com esta revelação. Pelo menos eu já estava tranquilo quanto a minha privacidade. Mas eu resolvi continuar jogando, e assim eu lancei mais uma verde contra ele:
— Ela também me disse que alguém comentou com ela sobre meu passado.
— E o que tem? Ela usou como argumento coisas que tu fez antes de conhecer ela? — perguntou.
— Sim. — respondi. Ela disse que contaram pra ela que eu, na minha juventude, destruí ai um certo casamento. Peguei uma casada, isso deixou ela, segundo ela mesma, "arrasada".
— Sério? Casada? — ele disse, forçando uma risadinha. — E você era desses ai? Pilantra hein! Hahahaha
— Se eu peguei, eu não sei. — disse, dando de ombros. — Eu não me lembro, e sinceramente, se deu, sendo casada, ela não passava de uma vadia, não é?
— É, pois é. — respondeu.
Mas eu vi, naquele momento, o semblante dele mudar. Eu vi ele tentar esconder um leve desconforto completamente visível nos olhos dele.
Brutal.
Capitulo sai hoje a tarde.