Há Luz, Mesmo no Fundo do Poço - Parte 3/3

Um conto erótico de Tom (Por Mark da Nanda)
Categoria: Heterossexual
Contém 5025 palavras
Data: 11/08/2025 10:58:59

Elisa tentava contato insistentemente: mensagens, e-mails, uma carta escrita à mão deixada no escritório. Tom ignorou tudo, mas guardou a carta, sem coragem de abri-la. O ódio pelos amigos, no entanto, era mais visceral. Ele imaginava confrontos, socos, humilhações públicas. Em seus piores momentos, fantasiava vinganças elaboradas: expor Rafael em seu círculo profissional, quebrar o joelho de Lucas para acabar com sua carreira, revelar Marina como a instigadora em suas redes sociais de influenciadora. Mas essas fantasias, embora momentaneamente satisfatórias, o deixavam vazio, como se o ódio fosse um veneno que ele mesmo bebia.

[CONTINUANDO]

Minha vida, antes uma construção sólida, com alicerces firmes, agora era um casarão em ruínas, com vigas expostas e paredes desmoronando, prestes a colapsar ao menor toque. Mas Carol, com sua insistência calma e aquele olhar que parecia enxergar através dos escombros emocionais, me convenceu a tentar terapia. Ela, sendo uma amiga próxima e testemunha do meu colapso, não podia me atender profissionalmente, então indicou o Dr. Marcelo, um antigo professor dela, especialista em traumas emocionais e relacionamentos. Eu nunca acreditei que conversar com um estranho pudesse remendar as rachaduras que se abriram em mim naquela noite, mas marquei a consulta, mais por exaustão do que por fé. Carregar tanto ódio era como segurar uma viga de concreto com as mãos nuas, estava me esmagando, e eu não sabia por quanto tempo aguentaria.

Na primeira sessão, entrei no consultório com o corpo rígido, os braços cruzados, a garganta seca, como se estar ali fosse admitir que eu era fraco, que minha estrutura interna havia cedido. O Dr. Marcelo, um homem na casa dos 50 anos, com cabelo curto e grisalho, óculos de armação fina e um jeito tranquilo que parecia acalmar o próprio ar, me recebeu com um sorriso sutil. O consultório era simples: poltronas macias, um “recamier”, uma mesa de madeira polida e uma janela que deixava entrar uma luz suave, como um convite para respirar. Após 15 minutos de um silêncio pesado, onde eu encarava o tapete como se ele fosse me atacar, ele quebrou o gelo:

— Tom, me conta o que te trouxe aqui. Não precisa detalhar tudo agora, mas me dá uma pista do que tá pesando no teu peito.

— Não é fácil... — Murmurei, a voz rouca, os olhos marejando contra minha vontade, como se as palavras fossem pedras arranhando minha garganta.

— Nunca é, Tom. Mas é por isso que você tá aqui. Comece devagar. Me fala de você, da tua vida... Com o que você trabalha? É solteiro, casado?

A palavra “casado” me atingiu como um prego sendo martelado na minha mão, sendo batido, entrando na carne, doendo, queimando:

— Casado com aquela biscate... mas por enquanto. — Respondi, o xingamento ecoando.

Foi o gatilho que ele precisava. Com paciência e perguntas precisas, ele me fez despejar tudo: a traição de Elisa, o choque que senti ao vê-la com Rafael, Lucas e Marina, a humilhação que queimava como ácido por tudo ter acontecido num local público, num encontro de amigos, a excitação confusa que senti num primeiro momento ao ver Elisa com Marina, a náusea que veio quando a vi com Rafael e Lucas, e, acima de tudo, o ódio que agora era um incêndio descontrolado, consumindo tudo dentro de mim. Contei que imaginava reiteradamente formas de me vingar, sonhando com confrontos violentos, em destruir aqueles que chamei de irmãos. Enfim, contei como a raiva me mantinha acordado, revisitando aquele corredor escuro onde minha confiança desmoronou como uma fachada mal sustentada:

— Eles eram minha família, doutor, meus amigos, meus irmãos. Eu confiava neles cegamente, e eles... eles me apunhalaram pelas costas. E ela... Poxa! Ela era tudo para mim, onde eu descansava a cabeça depois de um dia miserável, com quem eu sonhava construir uma família. — Minha voz tremia, os punhos cerrados, o coração batendo como um tambor quebrado: - Como eu supero isso? Como olho pra esses canalhas sem querer arrancar a cabeça deles?

O Dr. Marcelo ouviu em silêncio, anotando algo de vez em quando, os olhos atentos, mas sem julgamento. Quando parei, ele se inclinou para frente, mantendo contato visual:

— Tom, primeiro, quero te parabenizar por estar aqui. Fazer isso não é demonstrar fraqueza, é, ao contrário, um sinal de força da sua parte, de dignidade de um homem que sabe que o certo é se entender e não se deixar levar. Você tá enfrentando um trauma e não é só com a Elisa. A traição dos teus amigos é uma camada extra de dor, porque eles eram tua rede de apoio, tua história. Quando pessoas tão próximas te traem, é como se o chão sob teus pés virasse areia movediça. O ódio que você sente é natural: é o teu cérebro tentando te proteger, mas se isso não for trabalhado, pode fazer com que você se prenda.

Eu franzi o cenho, confuso:

— Prender? Não entendi... O senhor tá dizendo que eu tô errado em odiá-los? Eu tenho todo o direito, não tenho? Eles merecem!

— Você tem todo o direito, Tom. Teus sentimentos são legítimos. Mas o ódio, quando não é processado, vira uma corrente. Cada vez que você revive essa raiva, é como se voltasse para aquele corredor, vendo tudo de novo. A pergunta é: você quer ficar preso lá com eles, revivendo aquela cena, ou quer encontrar um jeito de seguir em frente, dominando a dor?

As palavras dele acertaram como um martelo numa parede já rachada. Eu não queria admitir, mas ele tinha razão. O ódio era uma âncora, me puxando de volta para aquele dia, aquele corredor:

— Então o que eu faço? Mato eles? Perdoo? Finjo que nada aconteceu? — Perguntei, o sarcasmo mal escondendo a vulnerabilidade que eu tentava enterrar.

— Perdão e esquecer são situações diferentes, Tom. Perdão não é aprovar o que eles fizeram ou voltar a ser amigo deles. É sobre te libertar do peso dessa raiva. Esquecer não é apagar a memória, porque isso é impossível. Mas é transformar essa memória em algo que não te controla mais. Vamos trabalhar nisso juntos, eu vou te ajudar. Mas primeiro precisamos entender o que esse ódio tá protegendo. O que ele tá pedindo?

Nas sessões seguintes, o Dr. Marcelo usou uma abordagem que misturava terapia cognitivo-comportamental (TCC) e terapia focada nas emoções (EFT). Ele me ajudou a identificar os pensamentos automáticos que alimentavam meu ódio: “Ela me traiu porque eu não era suficiente”, ou “Fui um idiota por confiar neles”. Com a TCC, ele desafiava essas ideias:

— Pensa, Tom... Você confiou neles porque tinha uma história, de amizade, de afeto, de amor, porque eles te conquistaram esse lugar por razões que se construíram através do tempo. Isso é humano, todos somos assim. A traição foi uma escolha deles, não é um reflexo do teu valor como pessoa ou marido.

Para o ódio, ele propôs uma técnica de EFT chamada “cadeira vazia”. No começo, achei ridículo imaginar Rafael, Lucas e Marina sentados à minha frente, mas quando comecei a falar, as palavras saíram como uma enxurrada:

— Rafael, seu canalha, você sabia que eu confiava em você. Você era como um irmão. Quantas vezes saímos juntos para beber, conversar? Contei segredos para você, coisas que não tive coragem de contar nem mesmo para Elisa. Você me chamava de irmão e transou com a minha mulher.

— Lucas, você sempre foi um covarde, se escondendo atrás do seu tamanho, mas pra trair a minha amizade, você foi bem corajoso, né? Seus pais ficariam orgulhosos de você...

— E Marina, você... Talvez você seja a pior de todos, se fazendo de amiga, oferecendo o ombro para nos ouvir... No fundo, você usava toda essa energia pra manipular. O que era isso? Inveja!? Vontade de me humilhar, de destruir o que eu construí?

O Dr. Marcelo me incentivava a continuar, cada vez com menos sem filtro. Depois, perguntou:

— O que você gostaria que o Rafael dissesse, Tom?

Eu hesitei, os olhos marejando:

— Queria que ele admitisse que foi um canalha. Que se arrependesse de verdade. Mas sei que ele não vai. Ele é um mulherengo egoísta, sempre foi.

— E se ele dissesse que se arrepende? O que mudaria pra você? — Insistiu o terapeuta.

Pensei, a raiva dando lugar a uma tristeza que eu evitava sentir:

— Não sei se mudaria. Mas talvez eu me sentisse... menos merda, menos... traído. Sei lá! Talvez menos idiota.

- Tom, já conversamos sobre isso. Você não foi idiota. Você não poderia impedir o que aconteceu. Eles querendo, se não fosse naquela noite, teria sido em outra. Não se culpe ou menospreze por isso. Não é justo, nem correto com você.

Semanas depois, algo inesperado aconteceu. Eu estava saindo do escritório para visitar uma obra, quando vi Rafael parado na calçada, hesitante, as mãos nos bolsos, o cabelo castanho ondulado meio bagunçado, o sorriso galanteador substituído por uma expressão tensa. Meu primeiro instinto foi socá-lo novamente, imaginar seu nariz sangrando como na noite da traição, mas o trabalho com o Dr. Marcelo me fez respirar fundo e segurar a raiva, pelo menos por um instante:

— Tom, eu... Será que posso falar com você? Só cinco minutos, cara. — Pediu, a voz mais baixa do que o normal, quase suplicante.

Eu cruzei os braços, o corpo rígido, como se fosse uma parede de contenção:

— Rafael, não tenho tempo para suas ladainhas...

- Por favor, cara. Pela nossa amizade...

- Amizade!?

Ele engoliu em seco, olhando para o chão antes de me encarar com um semblante tenso:

— Eu sei que você me odeia, e com razão. O que aconteceu naquela noite... foi uma merda, Tom. Uma fraqueza. Estávamos todos bêbados, drogados, fora de órbita. Não foi planejado, juro. Foi só... o calor do momento. A tequila, o ecstasy, o jogo... tudo se misturou. Eu sei que não justifica, mas quero que saiba que não foi algo que eu quis pra te machucar.

Eu ri, um riso amargo, cortante, que ecoou na rua vazia:

— Não foi pra me machucar? Você transou com a minha mulher, Rafael. Minha mulher! E ainda acha que pode vir aqui com essa conversa de ‘calor do momento’? Porra! Você me chamava de irmão, cara. Irmão! Tem ideia do que isso significa?

- Você pode não acreditar, mas a gente nunca quis te machucar. Foi uma ideia louca que surgiu quando você foi no banheiro e a gente... só fez. Só nos demos conta da merda quando a Iara apareceu na porta, xingando todo mundo.

Ele baixou a cabeça, o rosto vermelho, como se sentisse o peso do que fez:

— Eu sei que fui um canalha e me arrependo, de verdade. Não só por você, mas por mim, pela Elisa, pelos nossos amigos. Eu traí a nossa amizade e isso tá me matando. Não espero que você me perdoe hoje, mas... eu precisava te dizer isso. Sei lá! Para me dar uma chance de ser perdoado...

Ele hesitou, como se quisesse dizer mais, mas parou. Nesse momento, a memória do jogo de Verdade ou Desafio voltou como um flash e a pergunta que ele fez a Elisa, onde ela estava no dia 13 de agosto, acendeu uma faísca de desconfiança:

— Rafael... Tá! Me conta uma coisa... Naquele dia, durante o jogo da garrafa, você perguntou pra Elisa onde ela estava no dia 13 de agosto. Por que isso? Já tinha algo rolando antes, não tinha? Fala a verdade, Rafael. Vocês já tinham...?

Ele ficou pálido, os olhos arregalados, como se tivesse sido pego no flagra mais uma vez:

— Não, Tom, juro que não. Foi só uma provocação idiota no jogo, pra criar um clima. Não tinha nada antes. Aquela noite foi a primeira e única vez. Eu... Eu não sou esse tipo de cara, apesar de tudo.

- Se não tinha acontecido nada antes, por que esse dia em específico? Dia 13 de agosto... que, por coincidência, foi um no qual Elisa saiu sem mim.

Ele respirou pesadamente:

- Eu encontrei com ela numa... num lugar, sozinha. Então, brinquei... – Ele me olhou, mas vendo que eu não acreditava, mudou a história: - Juro que nunca tive nada com ela! Nesse dia, eu a vi dançando com um outro cara, um desconhecido. Foi só...

Eu não acreditei. O jeito que ele desviou o olhar, a hesitação na voz, era como uma parede mal rebocada, onde a verdade vazava pelas frestas:

— Você tá mentindo, Rafael... Mas quer saber? Não importa mais. Você, o Lucas, a Marina... até mesmo a Elisa... vocês são passado. Não quero mais ver a cara de vocês na minha vida.

Virei as costas, sentindo o coração acelerar, mas também um alívio diferente, como se tivesse colocado um tijolo novo na minha fundação, um que não dependia deles:

Contei para o Dr. Marcelo o meu encontro com o Rafael e fui parabenizado efusivamente por ele, como um pai faz para um filho que marca um gol num jogo de colégio. Mas ele queria mais. Então, me fez uma pergunta definitiva:

- Como pretende seguir com seus “amigos”, Tom? Irá perdoá-los e tentar reatar a amizade, ou...

- Não! Não vou. Quero distância deles, doutor. Quem sabe um dia... Mas hoje, não!

Ele então sugeriu que eu escrevesse uma mensagem final para Rafael, Lucas e Marina, algo para fechar aquele capítulo. No meu quarto de hotel, sentei-me à frente da escrivaninha e, com o celular na mão, digitei:

“Nunca esperei que vocês me fizessem o que fizeram. Espero que estejam conseguindo dormir tranquilos com a sua consciência, se é que tem alguma. Nossa amizade morreu naquela noite. Não me procurem mais.”

Enviei a mesma mensagem para cada um deles. Depois, bloqueei os três em todas as minhas redes sociais e no telefone, e pedi a Carol, Thiago e outros amigos em comum que nunca mais mencionassem seus nomes. Foi como derrubar uma parede condenada, não consertou tudo, mas abriu espaço para algo novo.

Num dia, numa única vez, Carol me disse que Marina pediu que ela intermediasse um encontro, mas ela própria disse que isso não seria possível naquele momento. Foi a última vez que ela me falou daquela outra.

O Dr. Marcelo também me incentivou a escrever cartas de próprio punho para cada um deles, não para enviar, mas para liberar tudo o que ainda estava preso em mim. No meu quarto naquela noite, com uma caneta e um caderno, deixei a raiva fluir. Para Rafael, escrevi sobre falsidade, sobre como seu charme era uma máscara para o egoísmo. Lembrei de momentos em que eu o apoiei e que ele simplesmente deixou de lado para me trair. Para Lucas, despejei o desprezo por sua covardia, por se esconder atrás da suposta timidez e do seu tamanho, como se isso resolvesse todas as questões do mundo. Num exercício cômico, lhe desejei que quebrasse a perna, mas não para ficar aleijado, apenas para nunca mais jogar e ainda assim poder se levantar para assistir minha vitória de pé. Para Marina, acusei-a de manipular, de usar sua energia para orquestrar aquela traição. Independentemente de ter sido algo forjado, montando, planejado, ela participou ativamente, ignorando os anos de amizade. As cartas eram furiosas, cheias de xingamentos, mas também confessavam como a traição deles me fez duvidar de mim mesmo, do meu julgamento de caráter. Entreguei-as ao Dr. Marcelo:

- O que sentiu, Tom?

- Não sei. Um certo alívio...

- Disse tudo o que queria?

- Sim, tudo e muito mais.

- Ótimo!

Ele pegou 3 envelopes brancos e, sem ler o conteúdo, colocou cada uma dentro de um deles. Voltei até onde eu estava, devolvendo os três e me deu um tubo de cola:

- Que tal deixar esse passado para trás, Tom?

Eu o olhei, confuso:

- Cole os envelopes. Encerre essa fase. Definitivamente...

Apontei para as cartas, ainda confuso:

- Mas o senhor não quer... ler?

Ele apenas sorriu:

— Essas cartas são pra você, Tom. São pra tirar esse peso do teu peito. Apenas encerre esses capítulos. Depois, você guarda, queima, rasga... Você decide o que fazer.

Eu colei os envelopes com tanta cola que cheguei a sujar meus dedos e as guardei por um tempo, mas semanas depois, num impulso, fiz um ritual. Queimei as cartas no quarto do hotel, vendo o papel virar cinzas, e joguei as cinzas no vaso sanitário, dando descarga com uma satisfação quase infantil, sorrindo enquanto via a água escoar.

Enquanto trabalhava o ódio na terapia, voltei a me reconectar com os amigos que não me traíram. Thiago e Letícia, sempre discretos, mas leais, me convidaram para um churrasco em sua casa. Rimos de histórias de alunos tentando colar nas provas, e pela primeira vez em semanas, senti meu peito mais leve. Letícia, com sua paciência de professora, me ouviu desabafar:

— Foca no que você controla, Tom. Eles não merecem teu tempo, nem teu sofrimento.

Era como ouvir o Dr. Marcelo, mas com a simplicidade de uma amiga.

Iara, a escritora, virou uma confidente inesperada. Ela me enviava trechos de seu novo livro sobre perda e resiliência, inspirado, segundo ela, em “um certo arquiteto”. Um dia, num café, me disse:

— Tom, as pessoas que nos machucam não definem quem somos. Elas são só capítulos de uma história maior, da qual você é o autor.

Aquilo me fez sorrir, e pela primeira vez, pensei: “Eu sou o autor da minha história.” Retomei minhas caminhadas matinais, sentindo o silêncio da cidade me abraçar, e me matriculei em aulas de boxe, onde cada soco no saco era uma forma de canalizar a raiva. Confesso: imaginei diversas vezes estar socando novamente o Rafael e o covardão do Lucas. Também voltei a estudar arquitetura renascentista, mergulhando em livros sobre Brunelleschi e Palladio, encontrando consolo nas linhas precisas e na beleza das estruturas que resistiam ao tempo.

Dois meses depois, senti que estava pronto para enfrentar Elisa, ou pelo menos, menos despreparado. A terapia me ajudou a canalizar o ódio e focar nas minhas necessidades, mas a dor ainda estava lá, como uma fratura que começava a calcificar, mas doía com certos movimentos. Carol, que mantinha contato com nós dois, sugeriu um encontro num café, um lugar neutro, sem as memórias do nosso apartamento. Concordei, embora meu coração batesse na garganta só de pensar nisso.

O café era pequeno, com paredes de tijolinhos e mesas de madeira, um lugar acolhedor, mas impessoal. Cheguei primeiro, as mãos tremendo enquanto segurava uma xícara de café preto. Quando Elisa entrou, quase não a reconheci. Ela estava mais magra, o cabelo loiro preso num coque frouxo, os olhos castanhos opacos, sem o brilho provocador de antes. Vestia um suéter cinza e jeans, uma simplicidade que contrastava com o vestido verde que ainda dançava na minha memória. Ela se sentou, tremendo, uma lágrima já brotando:

— Tom, obrigada por vir. Eu... pensei que a gente nunca mais... — Começou, a voz falhando.

Eu respirei fundo, lembrando do Dr. Marcelo: “Fale sua verdade, mas ouça a dela. Não é sobre quem tem razão, sobre vencer; é sobre entender.”:

— Não me agradece, Elisa. Acho que a gente precisava ter essa conversa. — Falei, a voz firme, mas sem a raiva crua daquela noite.

Ela assentiu, enxugando uma lágrima:

— Nem sei por onde começar...

— Começa pelo porquê. Por que você fez isso? Não por que foi com o Rafael, o Lucas ou a Marina... mas por que fez isso? Por que jogou fora tudo o que a gente tinha? — Minha voz saiu mais dura do que eu queria, mas a dor ainda pulsava.

Ela engoliu em seco, os olhos marejando ainda mais. Respirei profundamente, sabendo que cobrá-la daquela forma poderia fazê-la se fechar:

— Quer um cappuccino? Doce de leite, não é? — Perguntei, tentando aliviar a tensão.

Ela assentiu, com um sorriso fraco. Fiz o pedido, dando a ela um momento para se recompor. Quando voltei com o cappuccino, sentei-me e esperei:

— Tom, eu não tenho uma resposta que faça sentido, porque eu mesma ainda não entendi direito o que aconteceu. — Começou ela, a voz tremendo: — Aquela noite... eu não planejei nada. Juro! Eu bebi demais, todos nós bebemos! O Rafa me ofereceu uma balinha, e eu imaginava que era ecstasy, mas aceitei, porque achei que seria só uma brincadeira, uma forma de me soltar. Eu tava bêbada, drogada, perdida... Daí o jogo da garrafa, a tequila, o calor do momento... eu fui me deixando levar.

Ela parou por um instante, respirando profundamente, fazendo o mesmo exercício de autocontrole que o Dr. Marcelo havia me ensinado, sinal de que ela própria devia estar se tratando. Ela continuou:

- Foi uma coisa tão louca... Teve uma hora que você foi no banheiro e ficou. A Marina me puxou para cima, dizendo que precisávamos aproveitar o momento. Eu não entendi nada no momento, mas quando entramos no quarto e eu vi o Rafael com o Lucas, tentei sair, só que ela me pegou num beijo que... – Ela suspirou profundamente, balançando a cabeça em negação: - Me deixei levar. Fiquei excitada. Começamos a nos pegar. Daí eles...

- Tá! Nem precisa contar o resto. Uma boa parte do que aconteceu lá, eu assisti, congelado, com uma dor que não me deixa mais dormir direito.

- Desculpa. Tom, nunca foi sobre você. Eu te amo e sempre te respeitei. Era... não sei bem. A psicóloga me disse que talvez eu quisesse uma coisa diferente, fugir de mim mesma, entende?

Eu cerrei os punhos sob a mesa, mas a terapia me ajudou a controlar a raiva impulsiva. Inspirei fundo, usando a técnica de respiração do Dr. Marcelo:

— Você disse coisas naquela noite que me magoaram, Elisa. Disse que o que tinha comigo não era suficiente, que o Lucas... — Parei, a humilhação ainda ardendo: — Como você espera que eu acredite que você me amava, depois disso? Pior: como quer que eu acredite que era homem suficiente para você?

Ela cobriu o rosto com as mãos, as lágrimas escorrendo:

— Tom, eu não sei por que disse aquilo. Nunca foi pra te humilhar, nunca. Eu não sabia que você estava lá. Eu só queria... Sei lá... Deixar o Lucas mais... — Ela fechou os olhos, suspirando profundamente: — Acho que era o ecstasy e a bebida falando por mim. Eu não tava ali, não era eu. Você me conhece, eu não sou assim. Juro, por tudo o que é mais sagrado, que nunca quis te humilhar. Juro! Eu nunca humilharia o homem que eu amo, Tom. Eu sempre te amei e amo ainda, muito! O que eu fiz foi horrível, imperdoável, mas ainda assim espero que você possa me perdoar, me aceitar, conviver com aquilo...

Eu fiquei em silêncio, processando. A terapia me ajudou a entender que as ações dela eram escolhas, não um reflexo do meu valor, mas a dor ainda era real. Então, lembrei da pergunta de Rafael no jogo:

— No jogo, o Rafael perguntou onde você estava no dia 13 de agosto. Você disse que não lembrava, mas pareceu nervosa depois. O que aconteceu naquele dia, Elisa? Você já me traiu antes? Fala a verdade.

Ela arregalou os olhos, o rosto pálido, como se eu tivesse aberto uma porta que ela queria manter trancada:

— Tom, eu... Não, eu não te traí antes, não como naquela noite... — Ela hesitou, as mãos tremendo: — Naquele dia 13, a gente realmente ia para a casa da Carla, você também foi convidado, mas não pode, lembra?

Confirmei com um meneio de cabeça:

- Então... Só que várias meninas faltaram e fomos então para um barzinho. Lá, a gente dançou, bebeu, conversou, riu. Acabou que um cara me tirou para dançar e me beijou. Eu errei em não ter recusado e me afastado. Sei lá! Acabei gostando e deixando rolar, mas foi só beijo, nada mais, tanto que depois voltei para a nossa mesa e não o encontrei mais. Só que o Rafael surgiu do nada e me chamou para dançar também, e ele... também tentou me beijar, só que eu recusei. Juro! Eu tava bêbada, mas não deixei acontecer nada, não com ele. Talvez por isso ele tenha feito aquela pergunta no jogo, pra me provocar, pra me deixar nervosa.

Eu a encarei, tentando ler a verdade nos olhos dela. Havia algo na hesitação, na forma como ela desviou o olhar por um instante, que plantou uma semente de dúvida. Mas eu estava cansado de cavar em busca de verdades imprestáveis:

— Sabe, Elisa, eu queria muito acreditar em você como antes, mas não sei se consigo. Também não sei se importa mais. Você fez uma escolha naquela noite, e isso mudou tudo entre a gente. Não importa se estavam bêbados, drogados, ou sei lá. Você, o Rafael, o Lucas, a Marina... vocês eram minha família, principalmente você, e me traíram. Tô tentando não deixar esse ódio me consumir, mas não é fácil. Você fez uma escolha, Elisa, péssima: escolheu beber, se drogar, se entregar a eles, sabendo que nosso casamento era só eu e você.

Ela soluçou, as lágrimas escorrendo, mas assentiu, aceitando a verdade nas minhas palavras:

— Eu sei, Tom. Eu sei que não tenho direito de pedir nada. Eu gostaria que a gente pudesse se entender, se aceitar de novo, mas... — Ela pigarreou, suspirando profundamente: — Eu também tô fazendo terapia, enfrentando meus fantasmas, porque preciso entender por que fiz aquilo, e mudar, não pra te convencer, mas...

- Torço por você. Sei que você é uma boa pessoa... – Resmunguei.

- Eu sei que te machuquei e isso é algo que vou carregar pra sempre. Torço para que você consiga conviver com isso também. E se um dia precisar de mim para qualquer coisa, eu vou estar aqui para você.

Eu olhei para ela com pena, vendo a mulher que amei se tornar uma estranha. A terapia me ajudou a sentir uma pontada de compaixão, mas não o suficiente para apagar a dor e muito menos para voltar a aceita-la:

— Eu acho que a gente precisa de tempo, Elisa. — Falei, a voz mais calma, mas firme: — Tô tentando me reconstruir, deixar o ódio pra trás, e reconstruir a minha vida. Não sei o que vai acontecer com a gente, mas agora preciso cuidar de mim. Talvez um dia a gente consiga conversar sem essa dor, mas não hoje.

— E... o nosso casamento? — Perguntou ela, a voz quase um sussurro.

— A gente conversa outro dia sobre isso, mas não tenha muitas esperanças.

Ela assentiu, as lágrimas caindo, mas sem tentar me segurar. Pela primeira vez, respeitou meu espaço.

Nos meses seguintes, continuei a terapia, mergulhando fundo com o Dr. Marcelo. As sessões sobre o ódio pelos amigos foram intensas. Ele me ajudou a entender que o ódio era uma forma de proteger minha dignidade, mas que precisava superá-lo para não ficar preso num ciclo de sofrimento. Usando reestruturação cognitiva, ele me pediu para reconstruir mentalmente a narrativa dos amigos, vendo-os como pessoas falhas, movidas por impulsos egoístas, não como vilões que planejaram minha destruição:

— Eles não são monstros, Tom. São pessoas que fizeram escolhas ruins, movidas por desejos, inseguranças ou falhas de caráter. Isso não justifica o que fizeram, claro, mas humanizá-los pode te ajudar a se libertar deles.

Eu também pratiquei meditação guiada, imaginando uma corrente se soltando do meu peito, liberando Rafael, Lucas e Marina. Não era perdão, mas uma escolha de não deixar que eles controlassem minhas emoções. Ainda assim, não podia evitar imaginar uma âncora na outra ponta, puxando-os para o fundo do oceano, eles se debatendo sem ar. O pensamento trazia um sorriso amargo, mas eu sabia que precisava deixar isso ir.

Contratei um advogado para o divórcio. Elisa não contestou nada. No dia da audiência, em frente ao juiz e a promotora, apenas pediu que eu não sumisse de vez da sua vida, porque isso tornaria sua culpa insuportável. Tive que ouvir quase 30 minutos de discursos sobre o perdão da promotora, comovida com a Elisa, mas me mantive decidido. Não vou dizer que me afastei dela, até mantive uma relação, distante, não de amizade, mas de uma bondade prática, a mesma com que ajudaria qualquer pessoa estranha.

Mudei-me para um loft pequeno, cheio de luz, onde podia recomeçar. Joguei fora objetos que me lembravam dela, mas guardei algumas fotos, momentos que, mesmo com ela, me marcaram positivamente, e também a carta dela, ainda fechada, como um lembrete de que a história existiu, mas não me definia mais.

Thiago, Letícia, Iara e Carol se tornaram pilares dessa minha nova fase, ambos com sua importância específica. Iara, em particular, me surpreendeu. Num jantar em sua casa, ela compartilhou um trecho de seu romance sobre um homem que reconstrói sua vida após uma traição. Ri, percebendo que era inspirado em mim, e ainda dei algumas sugestões, sentindo orgulho das minhas cicatrizes.

Um ano depois, eu estava melhor, mas não perfeitamente reconstruído. Comecei a sair com Ana, uma engenheira civil com quem começara a trabalhar. Ela compartilhava minha paixão por história e me fazia rir, especialmente quando discutíamos construções, meu lado emocional de arquiteto batendo de frente com sua lógica de engenheira. Não era amor, ainda não, mas era uma possibilidade, um novo tijolo na minha fundação.

Uma noite, enquanto organizava o loft, derrubei uma caixa e a carta de Elisa caiu. Senti que estava pronto para lê-la. Abri e li palavras de arrependimento, culpa e desejo de que eu encontrasse paz. Um trecho me marcou:

“Você foi a melhor parte de mim, Tom. Espero que encontre alguém que te ame como eu sei que merece. Desculpa por eu, mesmo querendo, não ter sido essa pessoa.”

Li duas vezes, sentindo uma tristeza suave, mas também uma leveza que não esperava, como se removesse os últimos escombros de um prédio condenado. O ódio por Rafael, Lucas e Marina, e a dor causada por Elisa, ainda estavam lá, como rachaduras numa fachada antiga, mas já não sustentavam o peso da minha história. Guardei a carta numa gaveta, um relicário de um passado que não me definia mais, e caminhei até a janela. As luzes da cidade brilhavam lá fora, alheias a tudo. Minha alma, outrora um casarão em ruínas, agora se erguia, não perfeita, mas robusta, com alicerces forjados na dor e na coragem, pronta para abrigar uma história que eu, e só eu, escreveria.

OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS, E OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL SÃO MERA COINCIDÊNCIA.

FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DOS AUTORES, SOB AS PENAS DA LEI.

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Foto de perfil de Mark da NandaMark da NandaContos: 307Seguidores: 684Seguindo: 28Mensagem Apenas alguém fascinado pela arte literária e apaixonado pela vida, suas possibilidades e surpresas. Liberal ou não, seja bem vindo. Comentários? Tragam! Mas o respeito deverá pautar sempre a conduta de todos, leitores, autores, comentaristas e visitantes. Forte abraço.

Comentários

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Parabéns Mark, o conto foi maravilhoso, a densidade de como foi a terapia dele, mostra o quanto ele estava "quebrado".

Mas, eu concordo com o comentário do Astrogildo, também achei que talvez poderia ter se aprofundado um pouco mais, tipo um capitulo falando sobre a ótica dos traidores, de como a noite e os dias seguintes foram na vida deles, poderia ter mostrado os conflitos entre os quatro e até com o restante do grupo de amigos.

mas você achou que assim foi o necessário, então esta tudo certo.

Mais uma vez parabéns, a história apesar de dolorida, foi deliciosa de ler e viajar nos acontecimentos

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Primeiramente, parabéns pelo lindo texto - caprichado, elaborado com rigor, com conhecimento e coerente. Embora eu discorde de muitos textos de cunho liberal, esse com certeza foi premiado com uma visão que foge de ser monogâmico ou liberal. É sobre coerência de ter caráter e viver uma vida de parceria. Ele ainda havia advertido a mulher a não ficar bêbada. Deu no que deu - a desistência dele sobre o dia 13/8 concluiu mais um capítulo de traição. A reviravolta que sempre peço é por esse caminho (sem violência) mas com inteligência e saídas de grandeza da pessoa, de cabeça erguida. Não precisa ser tudo certinho, pode ter pontas soltas, pois cada situação aparece uma reação diferente. Excelente texto! 3 estrelas!

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Olha,gostei muito do conto,é o tipo de história que desperta minha atenção,essa coisa de tentar entender por que as coisas aconteceram,em que momento as coisas saíram dos eixos...

Porém,minha sensação é que,diante dessa traição dantesca,muitos esclarecimentos deveriam ser trabalhados no texto. O dia 13 de agosto permaneceu vago,e a atitude dos demais após anos de amizade mereciam maior aprofundamento. A tal da Marina não teve voz uma vez sequer e até o papo com Elisa me pareceu bem insuficiente. Enfim,vi algumas lacunas que demonstram que essa saga deveria tee mais capítulos,ser estendida,e caprichada. Acho que uma parte de mim quer extrair ao máximo o que o conto pode oferecer,e assim,a história nunca fica suficiente. Não fiquei decepcionado,só lamentei essa trama não ter continuado por mais uns capítulos,abrangendo os trairas que não tiveram voz. Foram apenas um bando de mau-carater que detonaram anos de amizade por um lampejo de prazer numa noite e só.

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Antes de qualquer coisa, foi real, verdadeiro. Certas traições são pesadas demais para serem transformadas em algo diferente de dor e cicatriz.

⭐⭐⭐

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Gostei muito desse conto, o perdão é um sentimento nobre, que não acontece repentinamente, como um passe de mágica, igual muitos propagam, Tom vivia um amor pleno com Elisa, gigantesco mesmo, quando presenciou a dimensão da traição da que estava sofrendo, a raiva e decepção foram inversamente proporcionais aos sentimentos positivos que nutria por todos os traidores envolvidos, gerando o ressentimento esperado por tamanha deslealdade em conjunto, o perdão é igual ao amor, precisa de tempo para se estruturar solidamente.

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Sempre fico me perguntando como seria a história na visão de quem traiu.

Tipo por parte de Eliza e Rafael perceb-se que eles já tinha um caso. Mas como esse caso surgiu ? Já era algo de antes ? Surgiu no dia 13 ? Como mantiveram as aparências até o flagra na chácara?

E depois que ele foi embora da chácara? Como as coisas ocorreram ? Ela foi até a piscina ajudar o Rafael ? Combinaram algo, continuaram se envolvendo ? Terminaram juntos ?

Sobre Tom, teve o final diguino e merecido, o mundo tá cheio de pessoas legais e descentes, tem que mandar pra pqp os traíras mesmo.

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Finalmente, um corno que não é manso. Conto muito lúcido. Achei um final justo e o comportamento dele foi muito legal. Me parece que ele manteve contato com a Elisa como alguém que presta serviço comunitário e ainda sim, por ele, o que diz muito sobre sua recuperação. Final triste mas muito satisfatório.

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O conto vinha se desenrolando muito bem, mas na minha opinião foi um final decepcionante, sem confrontos, se q a verdade fosse revelada, só mais do mesmo, a traição sendo tratada como coisa de momento, como algo normal q poderia ser relevada, Tomás um homem frouxo q precisou buscar terapia pra curar suas feridas, um homem forte jamais se renderia a um terapeuta por causa de uma traição, ainda mais vinda de pessoas q não se importaram nem um pouco com ele, isso é.coisa de homem frouxo, incapaz de seguir em frente sozinho,e Eliza tentar por a culpa na bebida e na droga ficou fora da casinha, pois ela estava muito preocupada em ser pega ou se machucar, e sabemos q quem está fora de si por uso de entorpecentes (seja álcool ou drogas), não tem consciência do q está fazendo ou do q pode causar, por tanto a justificativa dela foi bem fraca, e sobre o 13 de agosto, independente de ser com o Rafael ou não, também foi uma traição, q ela fez questão de esconder, omitir do marido, mostrando seu caráter no mínimo duvidoso,bom em resumo o final ficou muito a baixo do nível ao qual o conto vinha apresentando

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Velhaco, em uma situação dessa nem precisa de confronto. Tá certo o Tom, o que passou passou e o importante é seguir em frente.

Ficou evidente que não foi a primeira traição e ele percebeu isso, se importou com a saúde mental dele e pois um basta na relação.

Confrontar não era preciso ele viu a coisa acontecer e viu que ele não era o suficiente pra Eliza, ficou tudo as claras.

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Na ficou as claras amigo, ficou sim subentendido, mas as claras não, ninguém se reconstrói sem entender o porquê, e pra isso acontecer tem q ter o confronto, não uma conversinha fiada tomando café, usando os mesmo clichês de sempre, pra se seguir em frente é preciso entender o passado, e meia dúzia de palavras bonitas de psicólogo não é suficiente pra isso, nesse caso o confronto se faz sim útil,pra se começar um novo capítulo é preciso entender e finalizar o capítulo anterior

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A verdade é que Eliza queria experimentar o cafajeste. Rafael era rodado, era sedutor, provavelmente muitas outras mulheres falaram de Rafael para Eliza e aí surgiu a curiosidade, e a curiosidade virou vontade e a vontade virou traição.

Provavelmente Rafael já flertava com ela e no dia 13 ela respondeu positivamente pra ele. Provavelmente ficou com Rafael e mais um estranho, essa parte da história dos dois batem.

E na chácara se descontroladamente pq misturaram álcool, droga e vontade.

Comentei que sempre ficamos com a dúvida de entender os fatos pelo ponto de vista do traidor, pq de fato tem coisas que somente ele sabe dizer, como começou, pq começou e o que sentia de verdade.

Mas não dá para o autor escrever todas as histórias sobre o ponto de vista dos dois né

Mas nessa história eu aposto que foi como eu disse, o cafajeste ganhou do marido certinho.

Porém do mesmo jeito que Tom superou o passado, Eliza também pode, quem sabe ela e Rafael não fiquem juntos e iniciem uma vida liberal ?

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Salve Velhaco

Cara , esse final com certeza foi decepcionante pra VOCE , isso eu já imaginava .

Imaginando um final que você gostasse a esposa deveria ter apanhado , tomado muitos chutes no estômago e o rosto desfigurado , a pele arrancada em praça pública, depois de ser torturada em carne viva iria tomar um belo e refrescante banho com ácido, ter seus cabelos cortados , logo mais uma simples seção de carinho sendo tirada todas as unhas dos pés e das mãos com um alicate tramontina de cabo azul , logo em diante seus tímpanos seriam introduzidos uma caneta Bic azul .

Depois de ter sua língua cortada seria jogada à 2 pit bull no quintal .

Passada a seção de massagem , iria ser crucificada de cabeça pra baixo .

Depois de morta iria incinera lá numa fogueira com fogo baixo de uns 4 metros de altura .

Suas cinzas iriam ser enterrada Dividida em 26 partes , cada parte em um estado brasileiro para não renascer igual uma fênix.

Sua alma iria para o inferno ser castigada pelo resto da eternidade porque aqui na terra ela não pagou o suficiente .

Fim.....

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Amigo achei seu comentário infeliz, mas fazer o q né, veja q em momento nenhum eu me referi a violência contra ela ou contra os outros traíras,mas como disse, na minha opinião faltou o confronto, não digo confronto físico, mas o confronto verbal, verdades sendo ditas, esclarecimentos,até porque..... Dizer q essa traição envolvendo os quatro foi coisa de momento não cola né, ficou muitas pontas soltas, são quatro os envolvidos, e só ouvidos 2 tentarem justificar a lambança, e é nesse sentido q me referi sobre a falta do confronto, como disse repito, ficou um final poético sem esclarecimentos

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Caraca Velhote , sabe que eu te amo né rs .foi só uma brincadeira .

Me perdoe a franqueza mas Você pelo que me parece está aguardando uma vingança, quer que a esposa pague a todo custo .

O próprio conto já está escrito que ela traiu transando apenas uma vez e aí da se abril falando que a primeira vez que traiu foi com um beijo .

Esse conto é muito realista ,isso acontece em vários casos , a esposa ou o esposo se perde em uma ocasião, seja por bebida ou drogas e acaba traindo seu cônjuge.

Não vi que falta nenhuma ponta , o conto foi costurado de ponta a ponta .

A grande maioria que é traído procura ajuda psicológica e acaba se "curando" seja se separando e seguindo a vida ou voltando .

Estamos acostumados a acreditar que quem ama não trai , posso até dizer que seja uma meia verdade,neste conto mesmo a esposa poderia ter traído sem o marido tivesse visto e ela nunca iria falar e viveriam felizes para sempre .

Mas neste caso a esposa se perdeu numa festa rodeada de bebidas , amigos e ainda por cima se drogas, o esposo viu , procurou ajuda psicológica e resolveu se separar , simples assim

Valeu Velhaco

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fantástico com sempre E importante saber como um pessoa pode se reconstruir de uma traição e esse teu conto descreve bem esse momento

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Espetacular como sempre, meu irmão!

Uma história muito rica, que se quiser, é muito rica para ter mais uns 20 capítulos no mínimo!

Como é bom ler suas histórias, e a da Nanda, que aliás, está fazendo falta! parabéns de novo Mark, e torço para vc continuar está história, não termina-la neste capítulo!

Abração meu irmão!

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