de ator a atriz

Um conto erótico de Cacau CD
Categoria: Crossdresser
Contém 550 palavras
Data: 13/08/2025 10:16:46

Guilherme sempre sonhou alto. Desde que se formou no curso de teatro, a rotina era ensaiar, decorar textos, subir nos palcos das pequenas salas no centro da cidade. Seu rosto ainda anônimo, mas cheio de esperança. Foi num desses dias comuns que Natasha, sua amiga inseparável de cena, chegou trazendo a novidade: uma série de TV estava recrutando novos talentos, gente nova, rostos frescos, histórias inusitadas.

Sem pensar duas vezes, correram juntos para o local da seleção, dividindo nervosismo e piadas enquanto enfrentavam a fila interminável de aspirantes. Quando finalmente chegou a vez de Natasha, ela preencheu a ficha, entregou o material e saiu sorrindo, confiante. Guilherme mal podia esperar. Mas antes mesmo de sentar, ouviu do produtor: só restavam vagas para uma personagem feminina, e já eram sete concorrentes, todas atrizes experientes.

Ele hesitou, mas Natasha, persuasiva como sempre, sussurrou: “Tenta assim mesmo. Você é ator, lembra? Consegue ser quem quiser.” O diretor olhou curioso e, em tom de desafio, pediu:

-“Então, qual o nome da moça?”

Guilherme respirou fundo, sentiu a pele arrepiar, e respondeu:

-“Laura. Pode escrever aí. Vou ganhar esse papel.”

De volta para casa, o medo bateu forte. Mas Natasha já traçava planos: “Se vai ser Laura, tem que começar já.” E foi assim, sem volta, que a transformação começou.

Nos primeiros dias, tudo parecia estranho. Na companhia de Natasha, Guilherme tirou toda a roupa de homem do armário – camisas, calças, tênis – colocou numa mala e deixou aos cuidados da amiga. “A partir de agora, só Laura existe,” disse Natasha, selando aquele pacto.

A depilação foi o primeiro desafio: doía, mas ela ria dizendo que logo acostumaria. Depois, o cabelo. Já usava um corte mais comprido para personagens, mas agora foi além: cortaram em camadas, deram brilho, hidrataram, modelaram em um salão que Natasha garantia ser “divino para reinventar mulheres”.

Vieram as roupas. Saíram para comprar lingeries delicadas, vestidos leves, saias rodadas, regatas de renda e blusas cheias de pequenos detalhes. As primeiras experiências com maquiagem foram um pequeno desastre: o delineador tremia, a base ficava marcada. Entre vídeos e tutoriais, Laura ia surgindo no reflexo do espelho. Natasha ensinava a desfilar de salto, a sentar com as pernas cruzadas, a cuidar do rosto, das mãos, das palavras. Tudo era novo: o jeito de andar, de gesticular, de escolher um perfume, de cruzar a rua sentindo o vento bater na saia. Cada pequeno ritual era um teste e uma descoberta. As unhas pintadas de vermelho, as sobrancelhas moldadas, a atenção ao tom de voz – mais suave, diferente do grave de sempre. Treinava sorrisos, olhares, trejeitos. Percebia como as pessoas olhavam diferente, como o mundo parecia mudar ao seu redor, e como se sentia outra mesmo, já não um menino assustado, mas Laura, uma atriz pronta para qualquer palco.

Com o tempo, Laura saiu à rua, encarou olhares, buscou inspiração nas mulheres ao redor. Vinte e nove dias depois, a garota que se via no espelho já não era disfarce, mas sim, uma artista pronta para representar com verdade, coragem e entrega. No último dia antes do teste, Natasha sorriu, orgulhosa. Laura estava ali, inteira. Para ela, o teatro, a vida e a identidade haviam se fundido. Não era mais só sobre conquistar um papel — era sobre se reinventar, desafiar limites e surpreender a si mesma.

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