A noite estava úmida, e a cidade parecia adormecida.
O carro estava parado em um canto discreto, longe de qualquer olhar curioso.
Lá dentro, o ar era quente e denso, carregado de algo que não se explicava com palavras.
Eu te observava de perto, sentindo o peso do seu olhar sobre mim.
Havia um silêncio cúmplice, como se nossos corpos conversassem sozinhos.
Apenas a luz fraca dos postes recortava seu rosto, destacando o brilho nos seus olhos — um brilho que eu sabia ler muito bem.
Me inclinei lentamente, e minha mão encontrou o caminho até seu rosto, traçando a curva suave da sua mandíbula até chegar ao canto dos seus lábios.
Você fechou os olhos quando a ponta dos meus dedos roçou sua pele, e eu senti seu corpo estremecer de leve.
Nossos lábios se encontraram num beijo lento, profundo, explorando cada segundo, como quem degusta algo raro.
O gosto da sua boca me incendiava, e minha outra mão começou a explorar, sem pressa, os contornos do seu corpo.
O espaço apertado do carro nos forçava a ficar colados, e eu podia sentir o calor atravessando nossas roupas.
Meus dedos desciam pela lateral do seu corpo, encontrando pontos sensíveis que arrancavam de você suspiros quase involuntários.
A cada toque, sua respiração acelerava, e o som dela se misturava ao meu próprio fôlego pesado.
Você se aproximou mais, seu corpo buscando o meu com urgência disfarçada.
Nossas bocas se encontravam e se separavam num jogo de desejo, como se cada beijo fosse a preparação para o próximo.
A chuva fina começou a cair lá fora, batendo nos vidros e criando uma melodia suave que contrastava com a tempestade que crescia entre nós.
Me aproximei do seu ouvido e deixei minha voz baixa e grave, quase um sussurro:
— Eu poderia ficar a noite inteira aqui, te provocando assim.
Senti seu corpo responder antes mesmo de qualquer palavra.
Você inclinou a cabeça, me dando espaço para que meus lábios descessem pelo seu pescoço, marcando o caminho com beijos quentes e demorados.
O carro parecia menor a cada movimento.
Minhas mãos agora exploravam sem timidez, e a forma como você se encaixava contra mim era a prova de que estávamos no limite.
A tensão era tanta que até o ar parecia mais denso.
Quando nossos olhos se encontraram de novo, não havia mais silêncio, apenas a certeza do que viria a seguir.
O mundo lá fora sumiu.
O vidro embaçado escondia nossos corpos colados, nossas mãos inquietas e a urgência que já não se continha.
E então, como se o tempo se rendesse a nós, tudo se perdeu no calor, no som dos nossos gemidos abafados e no prazer que não poderia ser contido.
Quando a respiração voltou ao ritmo normal, restou apenas o calor impregnado no ar e a sensação de que aquela noite ficaria marcada para sempre.