DISCERE 2 - TEMPO DE AMAR - CAPÍTULO 3: EXPLICAÇÃO

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 2909 palavras
Data: 22/09/2025 03:06:11

Carnaval. Em São Paulo, o frio contrariava a tradição do sol escaldante de outras regiões do Brasil. Na mansão de Karla, entretanto, o clima era outro: aquecedores espalhados estrategicamente quebravam o ar gélido, e até a piscina brilhava convidativa, com a água aquecida. A anfitriã, de sorriso firme, tinha organizado tudo com esmero — desde as luzes que recortavam o ambiente até o DJ badalado, que transformava sucessos de Carnaval em remixes vibrantes.

Valentim ainda digeria a conversa séria que tivera com o pai, mas decidiu guardar segredo do namorado para não estragar o clima das festividades. Com uma cadeira de rodas improvisada, assumiu o posto de rei da festa, cruzando o salão de um lado a outro como se fosse ele o responsável por carregar o próprio Carnaval nos ombros.

Noah, por sua vez, chamava atenção por motivos bem diferentes: protegido até o último fio de cabelo com uma generosa camada de protetor solar, destoava da manhã fria de quinze graus. Karla observava a cena entre risos e balançava a cabeça, sem imaginar que, por trás da leveza daquele momento, havia tensões muito maiores do que a da temperatura.

Gabriel chegou logo depois, com o convite em mãos. A cortesia de Karla com ele era natural, alheia ao conflito dele com Noah. E, como se não bastasse, em poucos minutos, Gabriel roubou os olhares: sempre solícito, sedutor, parecia saber exatamente como cativar todos os colegas que se aproximavam.

Mas não era ele quem mais roubava a cena. Narciso chegou como quem invade o espaço com sua própria luz. O celular na mão captava cada detalhe da festa em vídeos rápidos, registrando sorrisos e abraços forçados. O artista parecia absorver a atenção de todos, e foi nesse movimento que seus olhos caíram sobre João Paulo.

O rapaz estava sozinho, sentado em um canto, sem camisa. A pele úmida ainda denunciava o mergulho recente. O cabelo cacheado, rebelde, caía em ondas desordenadas sobre a testa. O corpo magro, mas firme, exibia músculos sutis, traços delicados de um físico moldado pelo cotidiano mais do que pela vaidade. A pele morena reluzia sob as luzes da piscina, como se guardasse o calor que o frio lá fora insistia em roubar.

Narciso se aproximou devagar, sentindo o magnetismo daquele isolamento. Seu próprio corpo parecia um contraste: amplo, marcado por músculos perfeitos, iluminado para ser admirado. Uma escultura viva.

— Aproveitando o calor? — perguntou ele, sentando-se ao lado de João Paulo, próximo a um dos aquecedores.

— Sim. Os ricos conseguem me impressionar. Fora dessa mansão tá um frio danado. E cá estou eu, sem camisa, aproveitando uma piscina. — João brincou, pegando um copo e bebendo, evitando encarar a imponência de Narciso.

— Narciso! — uma moça surgiu animada. — Eu posso fazer um vídeo com você?

— Clar... — Narciso começou, já pronto para o espetáculo.

— Ele não pode agora. — João Paulo interrompeu, segurando o braço do colega. — A gente tem uma reunião super importante.

Sem esperar resposta, puxou Narciso para dentro da mansão. Narciso o acompanhou, mais intrigado do que irritado.

Foi então que João Paulo parou, subitamente, no coração da casa: a cozinha. Seus olhos se arregalaram.

O espaço parecia ter saído de uma revista. O balcão central, de mármore branco com veios elegantes, se estendia como uma mesa infinita, rodeada por bancos de madeira clara e estofados suaves. Acima, luminárias de vidro suspensas lançavam uma luz quente e sofisticada. À esquerda, o brilho metálico da geladeira de portas largas competia com os fornos embutidos e o brilho impecável dos armários cinza claro. As linhas retas e espelhadas davam uma sensação de ordem absoluta, quase intimidadora.

Os refletores embutidos no teto iluminavam cada canto, e até os vasos discretos de plantas traziam frescor à cena. Do outro lado, a visão se abria para a sala de estar, com cortinas translúcidas filtrando a luz da rua e móveis modernos que completavam o cenário de luxo.

João Paulo soltou um palavrão baixinho, sem conseguir disfarçar.

— Caralho... — murmurou, olhando em volta. — É a cozinha mais bonita que já vi na vida.

Ele se aproximou devagar, como se temesse que qualquer toque pudesse estragar o brilho perfeito do lugar. Narciso, atrás dele, observava divertido, deixando que aquele encantamento falasse mais sobre João Paulo do que qualquer palavra.

— Obrigado. — Agradeceu Narciso, ajeitando o roupão sobre os ombros.

— Você pode dizer não, cê sabe, né? — questionou João Paulo, com um olhar sério, embora a voz soasse baixa, quase culpada. — Digo, sobre as pessoas que se aproximam de ti para tirar foto. Sei lá, você está se divertindo como todo mundo.

— É o ônus de ser famoso, João Paulo. — Narciso sorriu, mas havia um peso escondido no tom. — Já pensou eu nego uma foto ou vídeo? Um comentário pode destruir tudo o que eu construí.

João Paulo levou a mão à boca, alarmado.

— Meu Deus... será que eu fiz besteira?

— Relaxa. Tenho certeza que na quinta caipirinha a moça esquece que tentou tirar uma foto comigo. — Narciso riu, a gargalhada ecoando leve entre os dois.

— Com licença. — Uma funcionária de uniforme surgiu com passos contidos. Carregava dois roupões dobrados com cuidado. — Para não ficarem com frio.

— Obrigado. — disse Narciso, pegando um deles e vestindo.

— Desculpa. — murmurou João Paulo, um tanto envergonhado, pegando o outro roupão. A moça apenas sorriu e seguiu adiante, desaparecendo entre os corredores da mansão. — Acho melhor a gente sair daqui. — completou ele, puxando Narciso pela mão, quase sem perceber a ousadia do gesto.

Noah estava inquieto, ainda que tentasse disfarçar. O riso dos amigos lá fora, o som distante da música e o tilintar de copos se misturavam a uma angústia que insistia em crescer dentro dele. Para evitar um mal-estar maior, pediu para ir embora, mas Valentim o convenceu a ficar. Fugir agora seria dar a Gabriel a vitória. O único caminho era se afastar, e foi isso que fizeram. Karla, generosa como sempre, permitiu que os dois se recolhessem em seu quarto.

O banho os acalmou, lavando o gosto do cloro da piscina e parte do peso do dia. Enrolados em toalhas, acabaram na cama de Karla, com a televisão ligada em uma série qualquer que servia mais como fundo do que distração. Valentim, deitado de lado, percebia a respiração do namorado ainda descompassada. Até que uma gota quente lhe tocou a pele.

Ele virou o rosto. Noah chorava em silêncio, o olhar perdido.

— Ei, o que está acontecendo? — Valentim pausou a tela, preocupado.

— Eu estou acontecendo... — respondeu Noah, com a voz embargada, enxugando as próprias lágrimas sem sucesso. — Desculpa não ser uma pessoa normal.

Valentim suspirou, se aproximando mais, e passou os dedos pelo rosto do namorado, limpando uma lágrima que insistia em escorrer.

— Amor, você não é normal mesmo. E ainda bem. Você é incrível.

As palavras trouxeram um alívio breve, mas a angústia continuava exposta. Valentim então continuou, suave, mas firme:

— Carregar algo dentro da gente pode ser um veneno. Eu sei como é. As conversas com os psicólogos da escola me ajudaram muito... Já pensou em fazer terapia?

Noah desviou o olhar, inseguro.

— Sim, mas... e se o psicólogo contar para alguém?

— Noah... — Valentim se ajeitou melhor, deitando-se contra o travesseiro. — O que Gabriel fez contigo foi cruel, desumano. Mas nem todo mundo é como ele. Nem todo mundo se aproxima de você para tirar vantagem. Olha só: Karla, Breno, João Paulo... eles gostam de você porque você é exatamente quem é. Você não é normal. Você é único. Você é incrível.

Noah não conteve um soluço que se transformou em riso nervoso, e então o abraçou com força.

— Eu te amo, Valentim. — disse, antes de beijá-lo com intensidade.

O beijo rompeu a barreira da insegurança, trazendo um calor urgente. Valentim sorriu contra os lábios do namorado e murmurou:

— Esquece o que eu disse sobre ninguém querer tirar vantagem de ti. Eu quero.

Noah arqueou as sobrancelhas, surpreso e divertido, mas logo se levantou, correu até a porta e girou a chave, garantindo o silêncio cúmplice entre eles. Voltou apressado, se jogando sobre Valentim.

O quarto mergulhou em uma atmosfera de desejo contido, em que cada gesto precisava ser rápido e cada suspiro, contido. Era um sexo silencioso, urgente, apaixonado, nascido mais do alívio do que da carne. A tensão acumulada em lágrimas se transformava em toques apressados, beijos profundos e olhares que falavam mais do que qualquer palavra. O mundo lá fora continuava em festa, mas ali, entre quatro paredes, o tempo se resumia a dois corpos que se buscavam, encontrando refúgio um no outro.

Quando enfim se aquietaram, ofegantes e entrelaçados, Valentim pousou o rosto contra o pescoço de Noah, sentindo o coração do namorado bater rápido, mas agora em paz.

A festa de Karla se estendeu noite adentro, repleta de música, risadas e o brilho quente das luzes que refletiam na superfície da piscina. Em certo ponto, Gabriel já não se sustentava em pé — o álcool tinha falado mais alto. Entre tropeços e gargalhadas desconexas, acabou desmaiando no sofá. Foi necessário que alguns colegas o carregassem até fora da casa, onde conseguiram desbloquear seu celular e ligar para a família. Não demorou para que o motorista chegasse, recolhesse o rapaz e o levasse embora, deixando atrás de si um silêncio de alívio.

Com Gabriel fora de cena, Noah sentiu o peso do ambiente diminuir. Voltou a circular entre os amigos, mais leve, disposto a se permitir divertir. Encontrou Valentim sentado na borda da piscina, a perna erguida na parte rasa, enquanto João Paulo e Karla se enfrentavam numa animada "briga de galo". Narciso e Breno serviam de ombros para os dois, rindo a cada tentativa de desequilibrar o adversário.

Noah não resistiu ao chamado da água. Mergulhou de cabeça, sentindo o corpo ser envolto pelo frescor líquido. Sob a superfície, o barulho da festa sumia, dando lugar ao silêncio acolhedor. Ali, protegido pela água, as palavras de Valentim ecoaram em sua mente, despertando lágrimas — não de tristeza, mas de felicidade. Nunca imaginara que poderia se apaixonar por alguém como Valentim Almeida Cardoso, o "ogro amigável" que, contra todas as expectativas, se tornara seu porto seguro.

Ao emergir, respirou fundo e voltou o olhar para a confusão divertida que se desenrolava. João Paulo se esforçava em vão para vencer Karla, que, com sua obstinação, não cedia um centímetro. O riso coletivo enchia o ar, e Noah se permitiu sorrir, mesmo com a lembrança de que precisaria conversar com sua mãe sobre procurar um terapeuta. Afinal, Gabriel ainda era uma sombra próxima demais para ser ignorada.

No clímax da disputa, João Paulo perdeu o equilíbrio e caiu na água com um estrondo. Sob a superfície, abriu os olhos e se deparou com Narciso diante de si. O cabelo solto, flutuando em ondas, e o olhar firme o fizeram pensar num tritão. Por um instante, quis permanecer ali, contemplando aquela visão quase irreal. Mas logo Narciso foi puxado de volta à superfície, deixando João Paulo sem escolha a não ser acompanhá-lo.

Quando voltou a respirar, João Paulo viu a mesma garota de antes, agora mais alterada, abraçada em Narciso. O rapaz, embora um tanto constrangido, não perdeu a postura de galã. A moça, empolgada, propôs uma nova rodada da "briga de galo" e desafiou Noah, que acabou aceitando. Um dos colegas se ofereceu para carregá-lo nos ombros, enquanto Valentim, à beira da piscina, observava cada movimento com atenção.

Ele tentou disfarçar o incômodo, mas o ciúme transbordou em sua voz firme:

— Sem muito toque! — gritou, atraindo olhares e sorrisos divertidos.

A festa seguiu em meio a risos, respingos e provocações, mas para Noah, a noite já tinha se tornado inesquecível.

João Paulo saiu da piscina, respingando água pelo caminho, e seguiu direto para a área do buffet. O cheiro de fritura fresca e doces recém-preparados o envolveu, e ele não pensou duas vezes.

"Pelo menos rico não é mão de vaca quando se trata de comida", refletiu, se servindo sem cerimônia. Parecia querer devorar a frustração junto com cada salgadinho. Mas por quê? Ele sabia a resposta, embora não quisesse admitir nem para si mesmo.

— Aquela enxerida... — murmurou, abocanhando um punhado de salgadinhos de uma vez. Logo depois, imitou com a boca cheia: — "Posso tirar uma foto..."

Enfurnou mais algumas mini coxinhas no prato, quase como se fosse uma batalha.

— Tem comida em casa não, JP? — brincou Alex, colega de classe, abraçando-o por trás.

— Sai, idiota. — João Paulo se sacudiu, mal-humorado. — E meu nome é João Paulo.

— Você é maior gatinho, sabia? Pena que é pobre, mas eu não tenho nada contra. — Alex apertou o corpo contra o dele, insinuando-se sem pudor.

João Paulo se virou rápido e deu-lhe uma cotovelada certeira, o afastando.

— Me solta, bacaca!

— Todo pobre é raivoso, né? Eu só tava te elogiando... — resmungou Alex, recuando desnorteado.

— Idiota. — João Paulo bufou, voltando para a sua missão de comer até esquecer o desconforto.

— Ei... — uma voz suave se aproximou.

— Já falei pra sair daqui, idiota! — gritou ele, girando o corpo, mas congelou ao ver quem era. — Narciso...

O artista, de expressão tranquila, inclinou levemente a cabeça.

— Eita. Tá tudo bem?

João Paulo respirou fundo, arrependido.

— Desculpa.

— Tudo bem. — Narciso, com um gesto espontâneo, aproximou a mão e limpou discretamente algumas migalhas que ficaram nos lábios dele.

O toque fez João Paulo recuar de imediato.

— Não. — murmurou, afastando a mão de Narciso. — Eu não consigo.

Sem mais palavras, largou o prato e se afastou, deixando Narciso sozinho entre as bandejas do buffet.

Logo em seguida, Alex reapareceu, ainda massageando o próprio braço.

— Ei, Narciso. João Paulo é maluco, né? Pobre acha que tem...

— Escuta só. — Narciso avançou de súbito, agarrando o pescoço de Alex com firmeza. Os olhos dele se arregalaram em choque. — Se voltar a destratar o João Paulo de novo, vai conhecer um lado meu que vai se arrepender.

O soltou sem mais explicações, virando as costas e indo embora.

Alex levou a mão ao pescoço, incrédulo.

— Que diabos... — murmurou, ainda atônito. — O povo tá sensível demais.

Narciso caminhou para longe do buffet, tentando controlar a respiração. Não era dele perder o controle daquele jeito, muito menos pôr a mão no pescoço de alguém. Mas ouvir Alex diminuindo João Paulo mexeu com algo dentro dele — algo que não sabia nomear.

Ele se encostou discretamente em uma das colunas da varanda, onde a música abafava o burburinho da festa. Seus olhos varreram o jardim, procurando instintivamente por João Paulo. O garoto andava rápido, atravessando o gramado com os ombros tensos, como se quisesse desaparecer.

"Por que ele não consegue?" pensou Narciso, repetindo as palavras que João Paulo deixara escapar. Era rejeição? Medo? Ou algo mais profundo?

Narciso não estava acostumado com isso. Normalmente, as pessoas se aproximavam dele — pediam fotos, sorrisos, qualquer coisa. Ele era desejado, elogiado, seguido. Mas com João Paulo parecia tudo ao contrário. Quanto mais ele tentava se aproximar, mais João Paulo construía muros.

E, ainda assim, havia algo no jeito dele que fazia Narciso não desistir.

Passou a mão no cabelo, frustrado.

"Ele tem esse fogo dentro... essa raiva, esse orgulho. Mas também tem um olhar que pede pra ser visto de verdade. Será que ele não percebe que eu só quero estar perto?"

Por alguns instantes, Narciso pensou em ir atrás dele, mas se conteve. Se fosse agora, talvez só o afastasse mais. João Paulo não precisava de mais pressão. Precisava de espaço — mesmo que Narciso não tivesse paciência para esperar.

De onde estava, viu João Paulo desaparecer pela lateral da casa, provavelmente em busca de silêncio. Narciso suspirou fundo e forçou um sorriso no rosto antes de voltar para a festa, tentando se misturar novamente entre as conversas e os flashes de celular.

Mas, por dentro, ele já sabia: não conseguiria esquecer tão facilmente o jeito que João Paulo o olhou antes de fugir.

O crepitar da fogueira iluminava o rosto de cada um, lançando sombras dançantes sobre a grama e o entorno silencioso da festa. Karla, Breno, Valentim, Noah e João Paulo eram os últimos a permanecer ali, absorvendo a calmaria que contrastava com o burburinho que havia tomado conta do lugar horas antes. Karla estava radiante, não apenas pela proximidade do namorado e dos amigos, mas por sentir que, naquele instante, tudo se encaixava de maneira perfeita.

— Que tal passarmos o final de semana aqui? — sugeriu Karla, com um sorriso que parecia iluminar ainda mais a noite.

Enquanto todos assentiam, Narciso surgiu do nada e se acomodou ao lado de João Paulo, provocando um leve sobressalto seguido de risadas contidas. Breno, apoiando o violão nos joelhos, começou a dedilhar as primeiras notas de "Quando o segundo sol chegar". A melodia, simples e ao mesmo tempo carregada de emoção, flutuou pelo ar, e um a um, o grupo se deixou levar, cantando junto com o violão, suas vozes se misturando à chama que queimava à frente.

E, por alguns momentos, entre a fumaça e as notas de Breno, o mundo parecia caber inteiro naquele círculo de amigos, na luz das chamas e na certeza silenciosa de que algo grandioso estava acontecendo ali, dentro de cada um deles.

Então, Noah quis começar a própria mudança. Ele olhou em volta e se sentiu seguro para abrir o coração.

— Galera, eu preciso contar uma coisa para vocês. — Noah começou e olhou para Valentim, que consentiu. — É sobre o Gabriel...

***

Seu telefone irá tocar

Em sua nova casa que abriga agora a trilha

Incluída nessa minha conversão

Eu só queria te contar

Que eu fui lá fora e vi dois Sóis num dia

E a vida que ardia sem explicação

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