A ideia era absurda, eu sei, mas no aperto a gente aceita qualquer coisa. O pagamento oferecido não só pagaria as minhas dívidas como me deixaria bem confortável por alguns meses. Para melhorar, negociei um adiantamento para comprar roupas compatíveis com o cargo que iria exercer. Pechinchei, mas nem tanto. Me dei ao luxo de comprar um bom terno e um par de sapatos novos. Sou moreno, de altura mediana e, pelo menos pelas mulheres, sou relativamente bonito. Sempre entendi meu corpo como uma ferramenta de trabalho e cuidava bem dele. Tenho um físico não muito magro e nem forte demais. Era ideal para representar um jovem executivo, com roupas com caimento perfeito no meu corpo.
Meu trabalho começaria poucos dias depois daquela “entrevista”, em um novo local, a sede da empresa. Estava prestes a interpretar um papel, sem roteiro, sem direção e nenhum ator contracenando comigo. Tudo que eu tinha eram alguns dados bem genéricos que meu contratante me passara.
O primeiro desafio seria entrar na recepção e convencer a todos que eu era o chefe deles. Para a minha sorte, havia alguém me esperando. Uma mulher morena, de cabelos pretos, vestindo um macacão preto, com listras brancas verticais e um decote discreto. Exibia um sorriso perfeito, apesar de discreto, quase enigmático. Se apresentou como Tânia, Gerente de Planejamento. Elegante, educada e muito simpática, ela fez questão de me apresentar todo o andar e das demais gerentes. Eu a seguia e percebia o porquê dela ter me recebido. Todos os funcionários gostavam dela. Sempre a recebiam muito bem. Era notável que todos exibiam sorrisos autênticos para ela, enquanto para mim, sorriam apenas com educação.
Eu seguia aquela mulher pelos corredores e não conseguia não notar suas formas perfeitas. As linhas verticais do macacão ressaltavam a largura do quadril em contraste com a cintura fina. Era difícil não olhar aquela bunda perfeita e, em vários momentos naquele tour, ela percebeu meus olhares. Em nenhuma vez, entretanto, reagiu com constrangimento. Ao contrário, abriu um sorriso. Não era um sorriso malicioso, que me incentivasse a olhar, mas um simpático. Havia algo no olhar dela de quem gostava da admiração, mas não da malícia, como se fosse possível separar os dois. Cada vez que ela me correspondia com aquele sorriso, sentia um misto de constrangimento e desejo. Era estranho, confuso, mas parecia que ela sabia muito bem como lidar com os olhares masculinos. Talvez, por assumir um cargo importante, tenha aprendido isso no dia a dia. No meio daquela confusão de sentimentos, imaginei que ela daria uma ótima atriz.
Apesar dessa confusão, foi um momento muito bem-vindo, pois me dispensou do trabalho de convencer a todos de quem eu era. Resolvida essa questão, viria um desafio ainda maior.
Amanda.
Nos meus relacionamentos, sempre brinquei de interpretar alguns arquétipos que agradavam minhas namoradas. O homem rústico, grosseiro, o sensível, apaixonado, o poeta hábil com as palavras, o dançarino sensual… era legal no início, mas com o tempo perdia a graça. Não queria sustentar esses personagens por muito tempo e, quando voltava a ser eu mesmo, as frustrava. Minha última namorada me deixou dizendo que não me conhecia. Eu era ótimo em reproduzir o que elas queriam, mas falhava quando voltava a ser eu mesmo. Me sentia um canalha por enganá-las e já fazia um tempo em que escolhi ficar sozinho, sem me aproximar de ninguém.
Quando pensei que tudo se tratava de uma cena entre atores, entrei naquele jogo de sedução e terminei transando com ela, para só depois descobrir que aquela mulher não era atriz. Fiz o papel de chefe insensível e ela se entregou por inteira, submissa. Uma entrega que não começou comigo e sim com uma troca de e-mails com o verdadeiro Álvaro. Ela era manipulada pelo chefe de verdade e depois por mim. Aceitei o trabalho de fingir ser o verdadeiro chefe, prometendo a mim mesmo que não manipularia os sentimentos daquela mulher. Talvez fosse tarde demais para essa promessa.
Tânia me deixou no hall em frente à minha sala, onde ficava a mesa de Amanda. Minha secretária usava uma camisa social no mesmo estilo da que usou em nossa reunião, com aqueles botões abertos e o decote generoso. Sem poder olhar suas pernas sob o tampo da mesa, imaginei que usasse saia, obedecendo à ordem do último encontro.
Entrei na minha sala e não fiz mais nada. Fiquei me perguntando o que faz um presidente de empresa, já que todos trabalham por ele. Pensei em chamar Amanda, mas achei melhor deixá-la em paz, dada a promessa que fiz a mim mesmo. Acessei a conta de e-mail do Álvaro, fiquei lendo sobre a ArtePassos na internet, entrei em redes sociais e em pouco tempo tudo me incomodava. Fiquei dez minutos ociosos e já estava enlouquecendo. Afinal, era um ator e ficar escondido em uma sala não era para mim. Se eu deveria manter distância da minha secretária, bastaria ser o chefe babaca e esconder qualquer empatia que sentisse com ela. Assumi esse papel e a chamei.
Amanda entrou com um sorriso ligeiramente sapeca no rosto, usando uma saia um pouco mais curta do que a do nosso último encontro. Eu havia decidido que manteria distância dela e, poucos segundos depois, já desejava estar no meio daquelas coxas. Olhei-a dos pés à cabeça sem disfarçar o desejo, mas algo me chamou a atenção além de suas curvas.
— Por que está descalça?
Amanda puxou o ar, constrangida — Me desculpa, senhor. Comprei um sapato de salto alto da ArtePassos, mas ele quebrou quando vim.
Fiquei com pena dela, mas fingi minimizar o fato.
— Que pena, compra o de uma linha premium na próxima. Agora, me diz a agenda de hoje, por favor.
— Sim, senhor! Às 11 h, você tem uma reunião com as gerentes para discutir o relatório do trimestre. Eu transmiti sua ordem para investir em propaganda, mas isso as deixou confusas.
— Por quê?
— Porque a ordem para suspender a campanha promocional foi sua.
Era só o que me faltava. Se fosse só uma briga entre funcionários, eu poderia ser um chefe rude e impor minha vontade, mas não dava para fazer isso e me contradizer. Dispensei Amanda e voltei a ficar sozinho, pensando nos argumentos que poderia usar, como se construísse um roteiro hipotético. Voltando a ficar ocioso, naquele silêncio, não conseguia pensar em nada, então decidi sair.
Na rua, podia ouvir pessoas falando. Era uma fonte de riqueza para um ator poder observar tantas pessoas diferentes, com tantos trejeitos distintos, sotaques e manias próprias. Se olhar bem, até o jeito de andar de cada um é único. Era divertidíssimo poder escolher cada pedacinho dessas pessoas e montar um personagem novo. Um exercício simples que estimulava minha criatividade.
Escolhi ir a uma loja de sapatos e ouvir conversa entre vendedores e clientes sobre esse universo que se tornara o meu. Lembrava do tempo em que vendia sapatos e tinha que convencer as pessoas a comprar qualquer coisa. Escutava, enquanto fingia olhar sapatos, até que um vendedor me abordou. Resolvi encarnar o personagem e fui improvisando. Conversamos sobre a ArtePassos e ouvi coisas interessantes sobre a desconhecida linha de sapatos de baixa renda com preço bem em conta, mas com uma qualidade péssima. Lembrei de Amanda e, com pena dela, comprei o par mais caro com parte do meu adiantamento.
Sim, eu deveria ser o chefe insensível para afastá-la de mim, mas não conseguia ser desagradável com uma mulher daquelas, principalmente depois do que fizemos. Cheguei com a sacola entrando direto no meu escritório e a chamei. Quando disse que o sapato era para ela, minha secretária abriu um sorriso diferente de todos os que já tinha visto. Amanda estava realmente feliz com o presente.
— Obrigada, Senhor! — disse ela, me olhando com aquele sorriso feliz. Seu olhar se desviava de mim e depois voltava, e a cada volta seu sorriso retomava o desenho malicioso da nossa última reunião. De repente, ela me agarrou e me deu um beijo.
Sei que disse mais de uma vez que deveria evitá-la, mas aquela língua se esfregando dentro da minha boca era irresistível. Rapidamente pus as mãos na bunda dela, a puxando contra mim.
— Não precisava agradecer — disse, sem muita convicção.
— Isso é mais do que agradecimento — disse ela, alisando meu pau por cima da calça. — Te falei que sou toda sua e não estava brincando. Pode fazer o que quiser comigo.
Sem poder resistir àquela mulher, fiz questão de dar o melhor prazer que eu podia. Ela com certeza merecia. Subi a saia dela, tirei sua calcinha e a pus sentada sobre a mesa. Beijei e acariciei as coxas dela, por dentro, até chegar próximo da boceta e me afastar para deixá-la ansiosa. Esfregava minha barba rala na pele macia, arrancando suspiros. Nesse vai e vem de suspense, abocanhei a boceta dela de surpresa. Amanda se contorceu na mesa, tampando a boca para não gemer alto. Ela estava encharcada.
Passei a língua pelos lábios em um vai e vem lento e, quando senti os gemidos menos entusiasmados, entrei com dois dedos, obrigado-a a se contorcer mais uma vez. Quando levei a língua ao grelo, ela segurou minha cabeça e me puxou para si. Amanda já não tampava mais a boca, mas tentava controlar a altura de seus gemidos. Com os dedos dentro dela, senti o corpo dela inteiro tremer. Uma das mãos soltou minha cabeça, tampando provavelmente a boca, e a outra me puxou ainda mais forte. As coxas apertaram a minha cabeça e quase sufoquei.
Quando ela abriu as pernas, exibia um sorriso ainda mais exuberante do que quando ganhou os sapatos. Ela me puxou e me deu um beijo na boca, ainda mais lascivo. — Você é maravilhoso, senhor.
Meu pau explodia na calça e ela percebeu. Ela alisou a minha rola e seu sorriso voltou a ficar lascivo. Ela desceu da mesa e despiu-se da camisa, do sutiã e da saia. Completamente nua, ela calçou os sapatos. O salto alto deixava a bunda dela ainda mais impressionante. Amanda voltou para a mesa, colocando as mãos sobre o tampo, jogando o quadril para trás — quero dar para você assim, vestindo o presente que você me deu.
Eu deveria ficar no papel, talvez fazer um chefe bruto como da outra vez, mas com aquela deusa se oferecendo, eu só consegui arrancar minha roupa, desesperado, como se estivesse indo transar pela primeira vez. Segurei-a pela cintura e deslizei meu pau devagar. Gememos juntos. Não me importei em interpretar o papel de chefe dominador, só me deixei levar. Abracei aquele corpo gostoso e me limitei a um vai e vem lento. Apertava os seios fartos dela, beijando suas costas e mordendo os ombros. Amanda respondia com um rebolado discreto e gemidos tímidos.
Os gemidos ecoavam no mesmo tom, os corpos balançavam no mesmo ritmo. Meu pau deslizava gostoso dentro de Amanda, que reagia deliciosamente à minha penetração. Gozei forte, apertando-a por trás.
O tempo passava e, mesmo me recuperando, eu não conseguia soltá-la. Amanda se virou e me abraçou. Saí totalmente do personagem do chefe dominador, sendo engolido pelo desejo daquela mulher. O calor do corpo dela me prendia e não conseguia mais a soltar.
Até começarem a bater na porta.