Júnior voltou correndo com a bola de futebol, ofegante e ansioso para agradar. Os quatro amigos já estavam no gramado, discutindo as regras do jogo.
— Perfeito! — exclamou Gabriel, pegando a bola das mãos de Júnior. — Vamos fazer dois times. Eu e o João Victor contra o Thiago e o João Guilherme.
— E a cadela? — perguntou Thiago, apontando para Júnior. — Ela não vai jogar?
Gabriel soltou uma gargalhada cruel.
— A cadela não joga, mano. Ela vai ser nossa... assistente de campo. Vai buscar a bola quando sair, vai torcer por mim, essas coisas.
— E vai cuidar da nossa hidratação! — acrescentou João Victor, já entrando no espírito da coisa. — Não podemos desidratar nesse sol.
Júnior assentiu vigorosamente, feliz por ter uma função, mesmo que humilhante.
— Sim, senhores! Vou cuidar de tudo!
Os amigos se posicionaram no campo improvisado, usando algumas cadeiras como traves. Gabriel dominou a bola com habilidade, exibindo seus músculos enquanto driblava.
— ISSO, MESTRE! — gritou Júnior da lateral, pulando de excitação. — O SENHOR É O MELHOR! GABRIEL! GABRIEL! GABRIEL!
Os amigos riram da empolgação exagerada de Júnior, mas Gabriel sorriu com satisfação, claramente gostando da torcida personalizada.
O jogo começou intenso, com os quatro amigos correndo pelo gramado sob o sol forte. Não demorou muito para que a primeira bola saísse do "campo" improvisado, rolando em direção às árvores.
— Cadela! — gritou Gabriel, apontando para a bola. — Vai buscar!
Júnior correu desesperadamente atrás da bola, tropeçando na grama e se levantando rapidamente para não atrasar o jogo. Quando voltou com a bola, estava ofegante e suado.
— Aqui, Mestre! — disse, entregando a bola a Gabriel com uma reverência.
— GABRIEL! GABRIEL! ELE É DEMAIS! — Júnior continuou gritando, agitando os braços como um torcedor fanático.
Após quinze minutos de jogo, Júnior notou que todos estavam suados e se aproximou correndo com garrafas de água gelada.
— Senhores! Hidratação! — anunciou, oferecendo as garrafas. — Não podem desidratar!
— Que serviço! — comentou João Guilherme, bebendo a água gelada. — Melhor que estádio profissional!
O jogo recomeçou com ainda mais intensidade. Gabriel driblou João Guilherme e chutou forte em direção ao gol improvisado. A bola passou raspando pela trave e entrou!
— GOOOOOOL! — gritou Júnior, correndo em direção a Gabriel com os braços para o alto. — MESTRE! MESTRE! QUE GOLAÇO!
Gabriel abriu os braços, comemorando, quando Júnior se jogou no chão aos seus pés e começou a beijar seus pés suados, um por um, com devoção absoluta.
— OBRIGADO POR ESSE GOL MARAVILHOSO, MESTRE! — gritava entre os beijos. — O SENHOR É UM DEUS DO FUTEBOL!
Os amigos pararam o jogo, rindo histéricamente da cena.
— Cara, isso é surreal! — disse João Victor, segurando a barriga de tanto rir. — Ele realmente beijou seus pés por causa do gol!
O jogo continuou, mas a sorte de Gabriel começou a mudar. Thiago empatou com um chute certeiro, e Júnior imediatamente correu até ele.
— Parabéns pelo gol, senhor Thiago! — disse, se ajoelhando e beijando os pés suados do amigo de Gabriel.
Gabriel franziu o cenho, claramente incomodado com a atenção que Júnior estava dando aos outros, mas não disse nada ainda.
Minutos depois, João Guilherme marcou outro gol, colocando seu time na frente. Júnior repetiu o ritual, beijando os pés do autor do gol enquanto Gabriel observava com crescente irritação.
— GABRIEL! GABRIEL! VOCÊ VAI EMPATAR! — gritava Júnior, tentando animar seu Mestre, mas Gabriel estava visivelmente frustrado.
Quando a bola saiu novamente do campo, Gabriel gritou:
— Cadela! Vai buscar! E RÁPIDO!
Júnior correu atrás da bola, mas tropeçou na grama e demorou alguns segundos a mais para se levantar. Quando voltou, Gabriel estava com o rosto vermelho de raiva.
— Que demora foi essa, sua inútil?! — berrou Gabriel, arrancando a bola das mãos de Júnior. — Você está me fazendo passar vergonha na frente dos meus amigos!
— D-desculpa, Mestre! Eu tropeçei... — balbuciou Júnior, assustado.
— Tropeçou? TROPEÇOU?! — Gabriel se aproximou ameaçadoramente. — Você é uma cadela inútil! Não consegue nem buscar uma bola direito!
Os amigos pararam de jogar, observando a cena com interesse mórbido.
O jogo recomeçou, mas Gabriel continuava errando passes e perdendo jogadas. A cada erro, sua frustração crescia, e ele descontava em Júnior.
— GABRIEL! GABRIEL! — continuava gritando Júnior, mas sua voz estava menos entusiasmada, percebendo o humor negro de seu Mestre.
Quando João Victor do próprio time de Gabriel perdeu uma jogada fácil, Gabriel explodiu:
— CADELA! VENHA AQUI AGORA!
Júnior correu até Gabriel, tremendo.
— Você está me dando azar! — gritou Gabriel, empurrando Júnior no peito. — Sua torcida de merda está me atrapalhando! Fica quieta!
— Sim, Mestre... — murmurou Júnior, abaixando a cabeça.
— E para de ficar beijando os pés dos outros! — continuou Gabriel, sua voz carregada de ciúme e raiva. — Você é MINHA cadela! Não deles!
— Perdão, Mestre! Eu só queria ser educado com seus amigos...
— EDUCADO?! — Gabriel deu um tapa forte no rosto de Júnior, fazendo-o cambalear. — Você quer agradar todo mundo menos eu, é isso?!
Os amigos observavam em silêncio, alguns sorrindo com a demonstração de poder de Gabriel.
— Ajoelha! — ordenou Gabriel.
Júnior se ajoelhou imediatamente no meio do gramado, sob o sol escaldante.
— Agora você vai ficar aí, calado, até eu decidir o que fazer com você. E se eu ouvir um pio, você vai se arrepender!
Gabriel voltou para o jogo, deixando Júnior ajoelhado no sol quente. A cada jogada que Gabriel errava, ele olhava para Júnior com mais raiva, como se a presença do escravo fosse a causa de todos os seus problemas.
Após mais alguns minutos, com o placar ainda desfavorável, Gabriel parou o jogo novamente.
— Sabe de uma coisa? — disse, se dirigindo aos amigos. — Essa cadela está me dando azar. Preciso corrigir isso.
Ele se aproximou de Júnior, que ainda estava ajoelhado.
— Você vai ficar aí, de quatro, como um cachorro. E toda vez que o meu time levar gol, você vai apanhar. Entendeu?
— S-sim, Mestre... — respondeu Júnior, a voz trêmula.
— E para de gaguejar! Você está me irritando ainda mais!
Júnior se posicionou de quatro no gramado, sob o olhar divertido dos amigos de Gabriel, que começaram a torcer para que o time adversário marcasse mais gols, ansiosos para ver a "punição" em ação.
O jogo recomeçou com Gabriel ainda mais agressivo. Não demorou muito para que Thiago marcasse novamente, aumentando a vantagem para 3x1.
— GOOOOL! — gritou Thiago, comemorando.
Gabriel imediatamente se dirigiu até Júnior, que estava de quatro no gramado.
— Sua culpa! — rosnou, desferindo um chute forte nas costelas de Júnior, que gemeu de dor mas não saiu da posição.
— Isso, Gabriel! — incentivou João Guilherme. — Mostra quem manda!
O jogo continuou, e a frustração de Gabriel só aumentava. Cada passe errado, cada chance perdida, era motivo para olhar com raiva para Júnior, que permanecia de quatro sob o sol escaldante.
Quando faltavam poucos minutos para o fim do jogo, João Guilherme marcou o quarto gol, selando a derrota do time de Gabriel.
— NÃO! — gritou Gabriel, chutando a grama com força. — ISSO É CULPA SUA, CADELA!
Ele correu até Júnior e começou a desferir chutes em suas costelas e pernas.
— VOCÊ ME FEZ PERDER! VOCÊ É UMA PRAGA! UMA MALDIÇÃO!
Júnior gemia a cada chute, mas não saía da posição, aceitando a punição como se realmente fosse culpado pela derrota de Gabriel.
— Gabriel, calma aí! — disse João Victor, meio rindo, meio preocupado. — É só um jogo!
— NÃO É SÓ UM JOGO! — berrou Gabriel, desferindo mais alguns chutes. — ESSA CADELA ME HUMILHOU NA FRENTE DE VOCÊS!
Finalmente, Gabriel parou de chutar, ofegante e suado. Júnior permanecia de quatro, tremendo de dor e exaustão.
— O jogo acabou — declarou Thiago, tentando aliviar a tensão. — Que tal voltarmos para a piscina?
Gabriel olhou uma última vez para Júnior com desprezo.
— Levanta, sua inútil. E vai preparar bebidas para todo mundo. E se você derrubar alguma coisa, vai apanhar de novo.
Júnior se levantou com dificuldade, o corpo dolorido pelos chutes, mas imediatamente se dirigiu para a casa para buscar as bebidas.
— Que espetáculo! — comentou João Guilherme, enquanto caminhavam de volta para a área da piscina. — Nunca vi alguém apanhar por causa de um jogo de futebol!
— É isso que eu chamo de responsabilidade total — riu Gabriel, já se acalmando. — Ela sabe que quando eu perco, a culpa é sempre dela.
Os amigos riram, impressionados com o nível de controle que Gabriel exercia sobre Júnior, enquanto o escravo mancava em direção à cozinha, preparando-se para servir seus algozes mais uma vez.
O sol começava a se inclinar no horizonte, mas o dia de humilhações estava longe de terminar.