O som das batidas na porta tirou a mim e a Amanda do transe.
— Álvaro, todas estão na sala de reunião te esperando! — disse Tânia, do outro lado da porta.
— Pode me esperar lá. Estou numa ligação importante! — disse, enquanto vestia a minha cueca.
Apesar do susto e do risco de sermos pegos, eu e Amanda sorrimos enquanto nos vestimos. Havia uma cumplicidade naquela transgressão que tirava todo o peso dos nossos atos. Colocamos as roupas apressadamente, mas como se ainda estivéssemos brincando. Da minha sala, Tânia nos guiou com os passos apressados até a sala de reunião. Lá encontrei as gerentes que havia conhecido mais cedo. Todas elas sorriam para Tânia, que entrou na frente, mas fecharam a cara no momento em que eu e Amanda entramos. De um lado, junto a Tânia, sentava Priscila, uma ruiva com sardas salpicadas no rosto que gerenciava o departamento financeiro. Ao lado dela estava Vanessa, Gerente de Recursos Humanos. Negra, exibiu um vasto cabelo cacheado. Foi a que menos fechou a cara ao me ver, aparentando uma timidez que sumiu por alguns segundos quando abriu um sorriso mais largo para Amanda, que não foi correspondido. Do outro lado da mesa, uma mulher branca de cabelos pretos e ondulados. Era Bruna, Gerente de Marketing. Era quem me dirigia o olhar mais furioso quando entrei. Ao lado dela, uma loira de lábios carnudos. Luiza, a Gerente de Produto, que se distraía no celular, como se fugisse do clima tenso daquela sala.
Eu me sentei na ponta e Amanda se sentou ao lado de Luiza e de frente para Vanessa, que abriu mais um sorriso tímido ao encará-la. Luiza colocou o celular na mesa e todas passaram a me olhar. Senti aquele frio na barriga com a plateia me olhando, mas sabia que aquilo logo passaria. Já entendia que não estaria ali contracenando com atrizes e precisava conhecê-las melhor antes de improvisar. Decidi passar a bola para elas.
— Bom, eu analisei com a Amanda os resultados do trimestre e gostaria de saber que sugestões vocês têm para revertermos esse quadro.
Uma fala genérica apenas para abrir a conversa.
— Você é o chefe, não é você que tem que decidir? — Disse Bruna, com insatisfação.
— Preciso entender as necessidades de vocês, primeiro. — respondi, com segurança.
— Trabalhamos para você há tanto tempo e não sabe nossas necessidades? O que acha que o departamento de marketing precisa?
— É a primeira vez que conversamos assim. Conversas por e-mail não têm sido suficientes para chegarmos a um consenso. Por isso estou aqui. Então, quero que você verbalize o que o marketing precisa. — Enrolei o melhor que pude.
— De verba, né? Fiz um orçamento para a campanha de promoção da ArtePassos que foi vetado por você porque queria cortar gastos enquanto abria fábricas novas.
— Jogar dinheiro fora com suas campanhas iria piorar nosso prejuízo — disse Priscila, antecipando a minha resposta.
— Desperdício é um departamento financeiro incompetente e uma gerente que ninguém sabe como chegou ao cargo.
— Você está insinuando o quê? Não sou eu que tenho uma namoradinha na empresa.
— Do que está falando, sua ridícula! — intercedeu Luiza.
Um bate-boca generalizado iniciou na reunião. Tânia tentou esfriar os ânimos, mas logo começou a discutir quando ouviu que o planejamento da empresa estava errado. Vanessa balançou a cabeça negativamente, com a mão na testa, dando a entender que aquele desentendimento era comum. Amanda estava visivelmente constrangida. Eu esperava aquilo, mas não no nível de insinuações pessoais entre elas. De qualquer forma, fui contratado para pôr ordem e aquela balbúrdia era perfeita para interceder de forma ríspida.
— Pelo amor de Deus, senhoras, parem! — gritei, batendo na mesa. — Vocês são profissionais, não é possível que não consigam se reunir sem esse baixo nível. Lembrem-se de que não apenas essa empresa, mas a carreira de vocês também está em jogo. Bruna, prepare uma nova campanha. Veja o que consegue fazer com bastante alcance e o menor custo possível. Apresente o orçamento para Priscila e Tânia, que vão adequá-lo nas contas da empresa. Luiza, me prepare para uma apresentação de um novo modelo de sapatos para a linha de baixa renda. Vanessa, vamos abandonar as demissões. Dê férias coletivas aos funcionários. Isso vai regularizar os estoques.
Lembrando-me de notícias de leituras dos cadernos de economia de jornais, distribuí ordens com um tom firme e todas me olharam caladas. Quando terminei, Priscila tentou argumentar, mas levantei e deixei a sala, a ignorando. O silêncio se impôs e elas não discutiram mais entre si, limitando-se a saírem da sala uma de cada vez.
Era provável que fossem tentar me dissuadir de alguma forma, então saí. Disse à Amanda que tinha compromissos e fui para a rua. Elas sempre trabalharam para chefe distante, então imaginei que manter um pouco essa distância seria sensato. Acabei ficando o resto do dia fora.
No dia seguinte, cheguei ao escritório e fui recebido por Tânia na recepção.
— Bom dia. Não precisa me guiar hoje.
A gerente de planejamento riu. Ela tinha um sorriso fácil, daqueles que deixam a gente sempre à vontade.
— Não estou aqui por isso. Na verdade, eu acabei de chegar também e vi que estava vindo. Queria te falar algo.
— Pode falar.
Tânia deu um passo à frente. O perfume suave dela inundou minhas narinas.
— Entendo a nova diretriz de aumentar os investimentos, mas o senhor precisa alinhar isso melhor com a Priscila — sussurrou ao meu ouvido.
A voz dela era calma, agradável. Tinha vontade de ouvir aquela mulher falar o dia todo. Tão próxima de mim, me deu uma visão privilegiada de seu decote. Se não fosse o sutiã, poderia ver os seios dela inteiros. Aquelas formas medidas, perfeitamente moldadas pela roupa íntima, prenderam a minha atenção por mais tempo do que deveria.
— Ei, prestou atenção no que eu disse? — Perguntou ela, flagrando meu olhar indiscreto, mas exibindo um sorriso meramente simpático. Meu discreto assédio poderia deixá-la excitada na melhor das hipóteses, mas normalmente isso seria motivo para incômodo. O sorriso dela não demonstrava nenhuma dessas opções. Não ler as expressões dela me assustava.
— Me desculpa. Você falou da Priscila e me lembrei da última reunião. Ela perdeu a linha.
— Assim como a Bruna. Elas têm uma rivalidade aqui dentro, justamente por isso eu queria te avisar. Ela vai resistir a rever o orçamento e parte do motivo disso é ela não gostar da Bruna.
— Sabe o motivo?
— O desempenho das últimas campanhas dela foi fraco, o senhor não lembra?
Fui pego de surpresa mais uma vez.
— Sim, claro, mas confiamos nela.
— Alguns aqui não confiam, Priscila é uma dessas pessoas.
— Qual a sua opinião?
— Eu só quero o melhor para a empresa. Eu ainda não tenho certeza sobre o que é pior, a briga pessoal entre as duas ou uma gerente de marketing ineficiente.
— Ela pode ser eficiente se tiver apoio dos outros setores. Pode deixar que converso com a Priscila.
Ela se afastou e fiquei um tempo parado com a voz e o perfume de Tânia na minha memória enquanto pensava no que fazer com Priscila. Para Tânia vir falar comigo, a gerente financeira deveria ser mesmo uma pessoa difícil.
Me dirigi ao meu escritório e Amada já estava lá. Dei um bom dia, pensando em falar o mínimo possível, mas ela me chamou. Veio em minha direção — Hoje estou do jeito que o senhor mandou — disse, com um sorriso sapeca no rosto. Ela exibiu o conjunto de camisa social e saia que a deixava muito provocante, mas dessa vez ela fazia questão de exibir os pés, com os sapatos que havia comprado para ela. Ela deu uma voltinha na minha frente, sorrindo sapeca quando percebi meus olhares na bunda dela. Deu mais um passo e começou a ajeitar minha camisa.
— Senhor, a Priscila do financeiro está te esperando na sua sala. — disse, com um sorriso de quem se divertia cuidando de mim ao ajeitar minha camisa.
Eu não merecia uma secretária daquelas, mas talvez merecesse a dor de cabeça que teria ao lidar com a gerente do departamento financeiro querendo me fazer mudar de ideia. Com ela chegando antes de mim, ficou difícil evitá-la. Respirei fundo e entrei. Ela olhava para o fundo da sala. Vestia um terninho azul-marinho com uma calça tão justa que não tinha como deixar de notar a formosura daquele bumbum. Ela se virou e nos cumprimentamos.
— Eu queria me desculpar por ontem. Eu e Bruna temos nossas diferenças e às vezes passamos do ponto. Eu queria conversar melhor com você sobre os impactos que uma nova campanha pode gerar no balanço da empresa.
Ela não parecia a mulher nervosa do dia anterior. Estava calma, com um tom de voz doce.
— Prefiro ver o orçamento da campanha primeiro. Pode ter certeza de que vamos discuti-lo com você e a Tânia.
— Entendo, mas acho que você não avaliou bem a situação da empresa.
— Li o relatório inteiro. Sei bem o que estou fazendo.
— Não, Álvaro — disse ela ao tirar as mãos da frente do corpo e colocá-las na cintura. A pose estufou seu peito e abriu o blazer. O decote da blusa branca exibia parcialmente os seios cobertos de sardas. A transparência do tecido deixava claro que ela não usava sutiã. Meus olhos se perderam naqueles mamilos rosados e, quando retornaram, encontraram o sorriso sacana da ruiva.
— Não entendi o que quer dizer. — Falei, gaguejando enquanto forçava meus olhares nos olhos dela, sem distrações.
— Faço tudo para manter a saúde financeira dessa empresa. Não parece saudável para você?
Voltei a olhar aquele belo par de seios, mas logo a olhei nos olhos de novo. No rosto, ela exibia um sorriso confiante de quem estaria conseguindo me convencer. Estava começando a entender o motivo de o verdadeiro Álvaro se manter distante. A vontade de apertar aqueles peitos era enorme, mas acho que isso não estava no meu contrato. Lembrei das cenas românticas que fazia, onde, enquanto agarrava minha colega de cena, não sentia nada. Com o público olhando, não tinha como ter tesão. Tentei pensar nisso, considerando que estava sendo observado por um público imaginário. Incorporei o personagem de um homem casado, apaixonado pela esposa, que resistiria a qualquer tentação.
— A saúde não está boa. Por isso, vamos investir mais em marketing. — Disse, ao dar a volta por ela e me afastar, indo em direção à minha cadeira.
— Álvaro, as campanhas dela são ruins. A última campanha que ela fez foi um fiasco. Ela tentou promover a linha de sapatos populares, que não venderam nada.
Lembrei da conversa com o vendedor no outro dia.
— Não venderam porque a qualidade era ruim. Por isso, convoquei a Luiza para apresentar um modelo novo. Isso também demandará investimento.
Priscila tirou o Blazer e o jogou sobre uma das cadeiras. Apoiou-se com as mãos no tampo da mesa, se debruçando de frente para mim. Seus seios ficaram ainda mais insinuantes.
— Álvaro, nós já conversamos por e-mail várias vezes, eu já te mostrei todos os argumentos do porquê a gente precisa cortar mais gastos e demitir funcionários, se possível.
Quando pedi acesso ao e-mail, o verdadeiro Álvaro se negou a me dar. Se limitou a criar um novo, com o nome quase igual, para eu usar. Eu não fazia ideia do histórico de conversas dele com as diretoras.
— Olha, Priscila, eu troco e-mail com muita gente todos os dias. Já não lembro mais o teor das conversas. Estou convencido do que precisamos fazer e não é o que me mandou em um e-mail que nem lembro mais que vai me convencer de volta.
Dei a melhor resposta que podia dar. A olhei nos olhos, com a voz firme, disposto a deixá-la frustrada por tentar me seduzir em vão.
Ela respondeu com uma gargalhada.
— Você é um ator excelente, sabia?
Controlei minhas expressões o máximo que pude para não transpassar o meu susto. Não fazia ideia do que aconteceria comigo se minha interpretação fosse descoberta e aquilo me assustava muito.
— Não entendi — disse, na esperança de eu estar entendendo errado.
Priscila exibia um sorriso extravagante, carregado de malícia — quase acreditei que estava me evitando. Você é um safado mesmo!
Ela parecia saber algo importante sobre mim, algo que aparentemente a deixava em vantagem para sorrir daquela forma. Comecei a pensar que Priscila provavelmente chantageava Álvaro. Eu precisava saber o que era e só tinha um jeito de saber.
— Me mostre o que você tem — disse, cruzando meus braços, tentando passar alguma confiança.
O sorriso dela em resposta me deixou ainda mais nervoso, mas não transpareceu. Pelo contrário, apertei os olhos, como se a desafiasse.
— Achei loucura quando recebi isso de você, mas aprendi a gostar de como a gente faz isso.
A cena que se seguiu na minha frente foi inacreditável. Priscila tirou a blusa, deixando os seios nus, livres. Se abaixou para tirar os sapatos e se virou de costas para mim. Desabotoou a calça e a tirou, empinando a bunda na minha direção. A tanga vermelha, ornada em rendas delicadas, desenhava as formas perfeitas do bumbum de Priscila.
— Você é um safado. Comprou essa calcinha e mandou entregar na minha casa e depois me pediu fotos com ela. Pensei que isso bastava para o nosso acordo.
Achei que Álvaro tinha relações problemáticas com as funcionárias, mas não pensei que chegasse a esse ponto. Não era à toa que a empresa ia mal, com o presidente fazendo os caprichos de uma de suas gerentes que o seduzia como queria. Priscila se aproximou, apoiou um dos joelhos na minha cadeira, entre minhas pernas. Apoiou as mãos no braço da cadeira, colocou o rosto próximo ao meu.
— Agora que está olhando de pertinho, nós retomamos o nosso combinado?
Aquela ruiva linda, delicada e nua a poucos centímetros de mim. De todas as cenas tórridas sensuais que fiz, nunca tive uma atriz tão desenvolta em se despir na minha frente. Era difícil me concentrar. Queria beijá-la, apertar aquele corpo inteiro, mas eu precisava manter o meu personagem.
— Não temos acordo, Priscila — disse ao empurrá-la o mais gentil que eu conseguisse — essa empresa não tem futuro se continuarmos nesse joguinho.
Encarnei o patrão arrependido, usando o medo da falência para resistir à tentação. Priscila, por outro lado, sobrou a aposta.
— Quer que eu me humilhe, seu safado? — disse ela, sem desfazer o sorriso no rosto. Ela se pôs de joelhos e engatinhou em minha direção. — Posso implorar de joelhos se você quiser.
— Não precisa, Priscila. Já estou convencido de que não posso só fazer cortes.
— Seu corpo me diz o contrário — respondeu ela ao esfregar o rosto na minha virilha. Eu podia controlar minhas respostas, minha expressão, mas não minha ereção.
A vista daquela mulher ajoelhada, me olhando nos olhos enquanto desabotoava minha calça, me hipnotizou. Eu não resisti mais, deixei-a pôr o meu pau para fora e lambê-lo lentamente. Quase perdi a força nas pernas com o toque daquela língua. Minha preocupação, de repente, foi a de encontrar algo para me apoiar enquanto tinha o meu pau lambido por ela.
— Vamos combinar uma coisa, se você gozar na minha boquinha, você mantém os cortes. Se você resistir, eu não te incomodo mais. Tudo bem? — perguntou, para em seguida passear a língua na cabeça do meu pau.
Não consegui responder nada quando meu pau foi abocanhado. Só me esforcei para segurar o gemido. A mão pequena e quente dela abraçou as minhas bolas enquanto o vai e vem suave daquela boca alisava minha rola inteira. Eu pensava em coisas para distrair a mente, mas era impossível. Eu iria gozar na boca de Pricila. Mesmo que eu negasse os cortes de orçamento depois, estaria claro o quanto eu era manipulável. Eu estava quase lá quando a porta se abriu.
Para a minha sorte ou azar, era Amanda.