O edifício era moderno, vidro e aço, refletindo o céu nublado da manhã. Entrei com a pasta debaixo do braço, aquele nervosismo padrão de entrevista a latejar nas pontas dos dedos. O ar-condicionado era agressivo. A recepcionista me direcionou a uma sala de reuniões pequena, onde ele esperava.
Era o supervisor do RH. Alto, sólido, sem o excesso de gel no cabelo ou o sorriso exagerado de outros profissionais de recursos humanos. Seu terno era bem cortado, mas via-se que era um homem que usava o traje, não o contrário. Seus olhos eram calmos, directos, e durante a entrevista não houve joguinhos de poder ou perguntas capciosas. Foi objetivo, claro, e eu, em resposta, senti-me mais seguro do que o habitual.
A conversa fluiu para além do currículo. Falamos de projetos reais, de prazos apertados e de como lidar com falhas. Houve um momento em que, ao explicar uma solução que tinha implementado no meu trabalho anterior, ele inclinou-se para a frente, os antebraços apoiados na mesa. A manga do paletó puxou para trás, revelando um relógio de pulso simples e os pelos densos no seu braço. Parei por uma fração de segundo, recuperei o fio da frase e continuei. Ele não pareceu notar, ou se notou, não deu sinal.
Quando a entrevista terminou, ele levantou-se e estendeu a mão. O aperto foi firme, quente.
—Foi uma das conversas mais produtivas que tive esta semana — disse ele, enquanto me acompanhava até a porta. — A vaga é para entrar o mais rápido possível. Tem disponibilidade para um almoço rápido agora? Podemos fechar os detalhes.
A proposta era invulgar, mas a lógica fez sentido. Acedeci fomos a um restaurante. Ele levou-me ao refeitório interno, no último andar, que estava praticamente vazio àquela hora. Comemos sanduíches. A conversa profissional continuou, mas o tom tinha mudado. Era mais íntimo, como se a formalidade da sala de reuniões tivesse sido deixada para trás. Ele falou das pressões do departamento, das expectativas irreais da diretoria. Eu falei da minha vontade de sair do lugar onde estava. Havia uma cumplicidade crescente, um reconhecimento mútuo.
Quando ele perguntou se eu queria ver o espaço onde a equipa trabalhava, já não era apenas sobre o emprego. O escritório estava vazio, as luzes principais apagadas, iluminado apenas pela luz do fim da tarde que entrava pelas janelas de parede. Caminhámos entre as mesas até um escritório isolado, com vidros fumados. Ele abriu a porta e entrou. Eu entrei atrás.
A porta fechou-se. O silêncio era total. Ele virou-se para mim, as costas contra a secretária.
—Então — disse ele, a voz mais baixa. — Acha que se encaixa aqui?
Não era mais uma pergunta sobre competências. Era outra coisa. O ar entre nós ficou denso, eléctrico. Em vez de responder com palavras, dei um passo à frente. A minha decisão estava tomada ali, naquele instante. Coloquei a minha mão no lado do seu pescoço, o polegar a sentir o pulso acelerado sob a pele. Ele não se moveu, apenas prendeu a respiração por um segundo. Depois, os seus olhos escureceram e ele puxou-me para si.
O primeiro beijo foi urgente, uma colisão de boca e dentes. Senti a textura da sua barba por fazer no meu rosto. As suas mãos agarram as minhas costas, puxando a minha camisa para fora das calças. Eu já estava duro, e ao pressionar-me contra ele, senti a sua ereção através do tecido do fato. Não houve mais conversa. Ações. Ele virou-me, empurrando-me gentilmente para que eu me debruçasse sobre a secretária, os papéis espalhando-se sob o meu peso. Abri a minha cintura, as calças e a roupa interior desceram até aos meus joelhos. Ouvi o ruído de um fecho éclair atrás de mim.
Ele não foi lento. A ponta do seu pénis, já lubrificada com o próprio fluido, pressionou a minha entrada. Uma das suas mãos estava na minha anca, a outra na minha nuca, pressionando-me suavemente para a mesa.
—Pronto? — sussurrou, e a voz era baixa, um misto de tensão e nervosismo.
Anui, enterrando o rosto no braço. Ele entrou com um único empurrão, profundo, que me fez prender a respiração. A dor inicial deu lugar rapidamente a uma sensação de preenchimento intenso, de estar a ser aberto e usado de uma forma que eu nem sabia que queria. Ele começou a mover-se, um ritmo constante e potente, cada investida empurrando-me contra a borda da mesa. O som da nossa respiração ofegante e o impacto dos nossos corpos ecoavam no escritório silencioso. Eu gemía, baixo, com a boca contra a madeira polida. A sua mão saiu da minha nuca e envolveu o meu pénis, a bombear no mesmo ritmo brutal com que me fodia. Não demorou. A tensão que tinha construído desde o momento em que o vi explodiu. Vim-me na sua mão, na secretária, com um gemido abafado. O meu corpo contraiu-se violentamente, e isso deve tê-lo levado ao limite. Ele enterrou-se fundo em mim, um último e longo empurrão, e senti o pulso da sua ejaculação no meu interior.
Ficámos parados por um momento, os dois a ofegar. Ele inclinou-se sobre as minhas costas, o suor a unir-nos. Depois, retirou-se. A sensação de vazio foi abrupta. Endireitei-me, puxando as calças. Ele já estava a arrumar a própria roupa, o rosto sério, mas os olhos ainda escuros de excitação residual.
Nem uma palavra foi dita. Ele pegou num lenço de papel, limpou a secretária e depois as mãos. Eu fiz o mesmo. Quando nos viramos um para o outro, estávamos outra vez compostos, dois profissionais num escritório.
— O emprego é teu — disse ele, a voz completamente normal, como se estivesse a comentar o tempo. — O contrato chega por e-mail amanhã.
— Obrigado — respondi, a minha voz igualmente estável. — Estou ansioso para começar.
Saímos do escritório, ele trancou a porta, e caminhámos juntos até aos elevadores. O aperto de mão final foi idêntico ao primeiro: firme, profissional.
Desci sozinho, o elevador a descer os andares. O meu corpo ainda sentia o peso dele, o eco dos seus movimentos. E sabia, com uma certeza absoluta, que aquela não tinha sido uma entrevista de emprego. Tinha sido uma entrevista para algo completamente diferente. E eu tinha ficado com o lugar.