O sorriso de Gabriel ampliou-se, exultante. A gargalhada fria que ecoou pela chácara soou como uma confirmação de sua profecia. Não havia mais dúvidas, nem ceticismo nos olhos de seus amigos; apenas a admiração perturbadora diante do abismo de submissão que Júnior revelara. Enquanto a BMW sumia na estrada de terra, levando o contador para desmantelar sua vida, a euforia tomou conta da chácara. Aquele espaço meticulosamente cuidado por Júnior, agora desprovido de seu zelador, tornou-se o palco perfeito para a libertinagem despreocupada de seus "novos" donos.
Thiago, ainda processando a cena, balançou a cabeça, rindo sem conter a euforia. — Caralho, Gabriel! Ele realmente vai fazer isso! Isso é insano!
João Victor, que até então parecia o mais abalado, deixou-se contagiar. — Que se foda! Ele vai, e a gente aproveita! Essa chácara é nossa agora!
— É a casa da cadela! — bradou Thiago, sem cerimônia, correndo para a beira da piscina. Ele estava sem camisa, exibindo o torso atlético, e os meiões sujos da partida ainda nos pés. Não hesitou. Com um nojo calculado, puxou um dos meiões.
— Uhhh! — ele exclamou, sentindo a umidade pegajosa, e arremessou-o para um canto da área gourmet, onde pousou em cima de um vaso de plantas. Em seguida, arrancou o outro meião e o atirou em outra direção, quase acertando João Victor.
— Porra, Thiago! — João Guilherme exclamou, limpando a tela do aparelho com a mão. — O Júnior vai surtar quando vir isso!
Com um grito e um splash exuberante, Thiago jogou-se na água, molhando as espreguiçadeiras e respingando até no celular de João Guilherme.
Gabriel, sentado à beira da piscina com os pés na água, riu alto, o som carregado de satisfação. — Que surte! É o mínimo. Essa porra toda é dele, mas quem manda sou eu. E se ele for uma boa cadela, ele limpa.
No rastro de Thiago, João Victor e João Guilherme também se livraram de seus meiões, atirando-os sem direção definida. Um caiu perto da churrasqueira, o outro sobre uma mesa auxiliar, marcando a superfície com a umidade e o odor característico do futebol. A partir daquele momento, a chácara, antes um santuário de ordem e controle, começou a se transformar em um reflexo da anarquia de seus ocupantes. As toalhas molhadas, que Júnior havia deixado dobradas e alinhadas, foram atiradas sobre os móveis de vime da área gourmet, esquecidas ao sol, prontas para embolorar. Garrafas vazias de cerveja e refrigerante começaram a se acumular nas mesas, seus aros úmidos deixando marcas nos tampos de madeira polida. Sobras de carne do churrasco, esquecidas no prato e ao redor da grelha, atraíam moscas e um cheiro rançoso começava a se misturar ao aroma de cloro da piscina.
João Victor, entediado, resolveu testar os limites do lugar. Com os pés molhados da piscina e ainda sujos de grama do campo de futebol, ele entrou na casa principal, deixando um rastro de pegadas enlameadas pelo chão de porcelanato que Júnior havia lustrado horas antes.
— Ei, Gabriel! — ele chamou, do meio da sala, a voz ecoando. — O ar-condicionado está fraco! Aumenta aí!
Gabriel, sem se mover da beira da piscina, gritou de volta, com um tom de escárnio: — Ah, se vira! Essa casa tem de tudo! Se não está funcionando, é porque você não procurou direito!
João Victor revirou os olhos com um bufo, resmungando sobre o calor e a "falta de conforto" da chácara. Em vez de procurar o controle remoto ou o manual, ele apenas encolheu os ombros, resignado, e se acomodou em um dos sofás.
Enquanto isso, Thiago, que havia ido até o carro buscar algo, retornou com um par de suas chuteiras sujas. Sem meias e sem se preocupar em amarrar os cadarços frouxos, ele calçou as chuteiras nos pés descalços. Com um ar de dono, ele entrou na sala e caminhou diretamente até a mesa de centro impecável, apoiando os pés sobre o tampo de vidro e deixando marcas circulares de terra e umidade.
— Essa cadela tem umas revistas de contabilidade chatas aqui! — ele reclamou, pegando uma delas com desdém, folheando-a rapidamente antes de jogá-la no chão, amassada e rasgada na lateral.
João Guilherme, que havia saído da piscina para pegar mais cerveja, notou o cooler que Júnior havia reabastecido com um zelo quase maternal. Tentou abrir uma das garrafas, mas a tampa teimava em não ceder. Com um grunhido de frustração, ele bateu o fundo da garrafa contra a palma da mão, depois contra a borda de uma espreguiçadeira, sem sucesso. Em um acesso de raiva, jogou a garrafa vazia no gramado, quebrando-a perto dos canteiros de flores. O vidro estilhaçado brilhava sob o sol.
— Ops! — ele exclamou, sem um pingo de remorso, olhando para os amigos. — O Júnior que limpe! Ele não tem nada melhor para fazer!
Gabriel observava a cena da bagunça do alto de sua espreguiçadeira, os olhos semicerrados, um sorriso perverso e satisfeito crescendo em seu rosto. De repente, João Guilherme, sentindo uma necessidade, se levantou com um ar de desinteresse. Em vez de se dirigir ao banheiro, caminhou casualmente até um canto do jardim, perto de um canteiro de flores que Júnior tanto cuidava. Sem sequer se preocupar em se afastar ou esconder, abriu o zíper e, com um suspiro de alívio, urinou livremente sobre as plantas. O som do jato era audível, e o cheiro, mesmo que suave, misturava-se ao aroma das flores.
— Olha a moral do João Guilherme! — exclamou Thiago, rindo e apontando. — Mijando no jardim da cadela! É isso aí!
João Victor balançou a cabeça, admirado. — Isso é outro nível de desrespeito! Júnior vai surtar quando sentir o cheiro!
— Vocês acham que isso é bagunça? — Gabriel bradou de sua espreguiçadeira, sua voz carregada de um desafio. Os amigos se viraram, curiosos. — Vocês estão se divertindo na casa da minha cadela, fazendo o que bem entendem. Mas quem realmente manda aqui sou eu. O que vocês fazem é recreação. O que eu faço é domínio.
Com um ar de superioridade, Gabriel se levantou. Em vez de se dirigir ao banheiro, caminhou casualmente para o centro da sala de estar, onde Júnior havia deixado um tapete persa de valor inestimável, presente de casamento. O tapete, de cores vibrantes e meticulosamente cuidado, era um dos orgulhos do contador. Gabriel parou sobre ele, desamarrando o calção da sunga.
— Prestem atenção, seus amadores! — ele exclamou, um brilho de triunfo em seus olhos. — Isso é mostrar quem é o dono!
Sem hesitar, e com um suspiro audível de alívio, Gabriel urinou livremente sobre o tapete persa. O som do jato era forte e audível, molhando o tecido caro e espalhando um cheiro ácido pelo ambiente.
Os amigos de Gabriel ficaram em choque por um instante, antes de explodirem em uma gargalhada histérica.
— Caralho, Gabriel! — João Victor exclamou, as mãos na cabeça. — Você é um monstro! Que porra foi essa?!
— Puta que pariu! — Thiago berrou, entre risadas. — Mijando na sala da cadela! Essa é demais! Que desrespeito!
João Guilherme, com o queixo caído, balançou a cabeça. — Ele vai te matar! Ou te adorar mais ainda! Você é insano!
Gabriel apenas sorriu, sentindo a satisfação preencher seu peito. Cada garrafa quebrada, cada mancha de sujeira, cada objeto fora do lugar, e agora, cada gota de sua urina no tapete, era um testemunho silencioso do poder de Gabriel, uma prova tangível da anarquia que ele conseguira instaurar na casa de Júnior. O contador havia construído essa vida com esmero, com controle, e Gabriel, através de seus amigos, estava desmantelando-a peça por peça, não apenas na vida pessoal de Júnior, mas em sua própria casa. Era a desordem como uma forma de domínio, um caos orquestrado para afirmar a supremacia de Gabriel.
O tempo passava, e a hora estipulada para o retorno de Júnior se aproximava. O relógio na parede da área gourmet marcava pouco mais de quarenta minutos desde a partida de Júnior. Quarenta minutos de uma bagunça crescente, de uma anarquia deliberada que se espalhava pelos cômodos e pelo jardim.
— Ele deve estar quase voltando! — João Victor comentou, largando um copo de suco meio cheio no chão da sala de jantar, ao lado de um resto de pão mordido. — Será que ele vai reclamar?
Thiago riu, com a boca cheia de um pedaço de fruta que tirara de um cesto, ignorando o prato. — Se ele reclamar, o Gabriel manda ele lamber o chão! Não é, Gabriel?
Gabriel sorriu, um brilho de antecipação nos olhos. — Ele vai estar tão desesperado para me agradar que não vai nem ver a sujeira. Ou se vir, vai agradecer pela oportunidade de limpar. Ele é a minha cadela. E cadelas são leais, não importa o que aconteça.
A certeza na voz de Gabriel era absoluta. A chácara, antes um santuário de ordem e controle para Júnior, agora era um monumento à sua subserviência, manchada, suja e bagunçada pelos "novos" donos. A plateia de Gabriel aguardava, e o palco estava montado para o ato final da humilhação de Júnior. A cada minuto que passava, a tensão aumentava, misturando o cheiro de suor, cloro e bagunça à expectativa do retorno iminente do contador, que, sem saber, estava correndo para o epicentro de sua própria desordem.
Acelerou a BMW, levantando uma nuvem de poeira no caminho de cascalho. O tempo. O tempo era seu inimigo e seu motor. Uma hora para desmantelar uma vida inteira e se reafirmar como a propriedade de seu Mestre. O relógio estava correndo, e Júnior estava pronto para a corrida de sua vida. A BMW devorou o asfalto, cada metro aproximando-o daquele portal que selaria seu destino.
O carro de Júnior, agora seu carcereiro, freou bruscamente na estrada de terra que levava à chácara. O pó, levantado pela sua velocidade, dançava no ar como uma nuvem de incerteza. Júnior saltou do veículo, o corpo dolorido, mas a mente em um turbilhão de adrenalina. Seus olhos varreram a fachada da casa, buscando qualquer sinal de que sua ausência tivesse sido notada, qualquer indício do caos que o esperava. A chácara parecia silenciosa demais, um silêncio carregado de presságios.
Ele abriu a porta com uma cautela que beirava o terror, o coração martelando no peito. O primeiro impacto foi visual: as toalhas molhadas sobre os móveis, garrafas vazias espalhadas, restos de churrasco atraindo moscas. Seus olhos se arregalaram, mas a mente, já programada para a submissão, começou a processar a cena não com revolta, mas com uma estranha aceitação. Ele podia sentir o cheiro, uma mistura rançosa de álcool, comida estragada e algo mais... um odor pungente que lhe era familiar, mas que jamais esperaria encontrar ali.
Ele seguiu as pegadas enlameadas de João Victor que maculavam o porcelanato, um rastro claro da desordem. Seu olhar pousou na mesa de centro da sala de estar, e um arrepio percorreu sua espinha. As chuteiras de Thiago, com suas marcas de terra, repousavam sobre o vidro impecável, um sacrilégio. Seus lábios tremeram, mas ele não teve tempo para digerir a visão. O cheiro o puxava. O cheiro de urina.
E então ele viu. A mancha escura, úmida, espalhando-se pelo tapete persa. O orgulho de sua sala, agora uma tela para a mais íntima e degradante das violações. A mente de Júnior vacilou. Seu corpo enrijeceu, a respiração presa na garganta.
Na área da piscina, Gabriel e seus amigos observavam a cena em silêncio. Um sorriso lento e sádico se espalhava pelo rosto de Gabriel.
— A cadela voltou. — Gabriel disse, sua voz um sussurro triunfante. — E parece que não está gostando do que vê.
Thiago riu, um som seco e cruel. — Ele está travado! Olhem a cara dele!
João Victor balançou a cabeça, admirado. — Incrível! O cheiro deve estar batendo forte.
Gabriel levantou-se de sua espreguiçadeira, caminhando com passos lentos e calculados em direção à casa. Os amigos o seguiram, como uma corte perversa, prontos para assistir ao espetáculo.
Júnior permaneceu imóvel, os olhos fixos na mancha no tapete, o cheiro invadindo suas narinas. Era a prova final. Aquele ato, tão gratuito, tão humilhante, era a concretização de tudo o que Gabriel representava. Era a anulação total de sua vida anterior, do seu lar, de sua dignidade. E, no fundo, uma parte de Júnior, a parte mais perversa e submissa, sentiu um alívio insuportável. A farsa havia terminado.
Gabriel parou a poucos metros de Júnior, os olhos fixos nos dele, a voz baixa e carregada de uma autoridade inquestionável. — E então, cadela? Vai ficar parado aí, babando na bagunça? Essa casa não se limpa sozinha. Eu não pedi uma estátua. Pedi um escravo.
Júnior sentiu o baque das palavras, a quebra do transe. Seus olhos, marejados, finalmente se desviaram do tapete e encontraram os de Gabriel. Havia dor, sim, mas também uma devoção desesperada. Ele sabia o que tinha que fazer. Aquele era o seu propósito.
Ele se ajoelhou ali mesmo, no chão da sala, a poucos centímetros da mancha no tapete. Com a testa quase tocando o chão, ele levou os lábios aos pés descalços de Gabriel, beijando-os com uma reverência quase febril, como se selasse o pacto de sua própria anulação. As mãos trêmulas então tocaram o tecido caro, sentindo a umidade pegajosa.
— Sim, Mestre! — Júnior murmurou, a voz embargada pela emoção e pela aceitação. — Seu escravo vai limpar. Vai limpar tudo. É uma honra servir ao senhor.
Gabriel sorriu, um sorriso vitorioso que não chegava aos olhos, mas que se espalhava por toda a sua face. O show final havia começado. Júnior se arrastou até a cozinha, a busca por panos e produtos de limpeza se tornando sua nova missão.
João Victor soltou uma gargalhada. — Olha a cadela limpando a sujeira do Mestre! Que cena!
Thiago, em um gesto de escárnio, jogou um resto de salgadinho perto do tapete. — Ei, Júnior! Sobrou um pouco aqui! Vê se não esquece!
Júnior, sem reagir às provocações, começou a esfregar a mancha de urina no tapete. O cheiro ácido, o toque pegajoso, tudo se misturava em uma experiência sensorial de degradação. Ele não parou por um segundo, movendo-se com uma eficiência robótica, limpando o tapete com produtos específicos, e em seguida varrendo os restos de comida, recolhendo as garrafas e reorganizando os móveis. Enquanto Júnior se dobrava em sua tarefa, Thiago, que havia calçado suas chuteiras novamente, começou a andar pela sala, arrastando os pés e deliberadamente criando mais rastros de terra e grama.
— Cadela! — Thiago chamou, com um sorriso debochado. — Não esquece de limpar aqui também, hein! Minhas chuteiras fazem um estrago danado.
Júnior sentiu o coração apertar. Acabara de limpar o porcelanato, e agora Thiago sujaria tudo de novo. Sem levantar o olhar, ele perguntou, a voz quase inaudível:
— S-senhor... posso... posso tirar as chuteiras do senhor, para... para não sujar mais o chão?
Os amigos de Gabriel explodiram em gargalhadas.
— Hahahahaha! Olha a cadela! — zombou João Guilherme. — Não quer limpar, é? Quer moleza!
Gabriel riu, balançando a cabeça em reprovação. — Quer evitar o serviço, cadela? Não é assim que funciona.
Thiago, aproximando-se de Júnior, que estava de joelhos, estendeu o pé calçado na chuteira imunda.
— Tirar? Não, cadela. Você não vai tirar. Mas já que você está tão preocupado com a limpeza... eu quero que você limpe a minha chuteira. Agora. Com a sua língua. E não quero ver um pingo de sujeira nela! Entendeu?
Júnior sentiu o estômago revirar, mas a ordem era clara. Ele se inclinou, a hesitação lutando contra a obediência, e com a ponta da língua, começou a lamber a sola da chuteira de Thiago, sentindo o gosto amargo da terra e da borracha. Ele não parou até que a chuteira estivesse visivelmente mais limpa.
Ele lavou as louças, esfregou as superfícies, e até mesmo enxaguou os meiões fedorentos dos amigos que Thiago havia jogado, torcendo-os com nojo e pendurando-os no varal. Ele se arrastou até a piscina, onde a água ainda estava suja pelos mergulhos dos amigos, e as toalhas molhadas estavam espalhadas. Com um balde e escova, ele começou a esfregar as bordas da piscina, retirando as marcas de sujeira. Ele recolheu as toalhas, separando-as para a lavanderia, e em seguida, com um aspirador próprio para piscina, limpou o fundo, garantindo que a água voltasse a ficar cristalina. O sol, agora em seu zênite, castigava sua pele, mas Júnior continuava, movido por uma força estranha, uma necessidade de agradar.
Enquanto Júnior se desdobrava na limpeza, Gabriel e seus amigos sentaram-se na área gourmet, observando cada movimento.
— Incrível como ele limpa, né? — comentou João Guilherme, entre um gole e outro de cerveja. — Melhor que qualquer diarista!
— É o treinamento, João Guilherme! — retrucou Gabriel, com um sorriso satisfeito. — Ele sabe que agora não tem mais pra onde fugir.
Quando Júnior finalmente terminou, suado, exausto, mas com a chácara impecável novamente, ele se aproximou de Gabriel, que ainda estava sentado com os amigos. Ele se ajoelhou, a respiração ofegante, os olhos fixos nos pés do Mestre.
— Mestre, tudo está limpo. A chácara está como o senhor merece. — A voz de Júnior era um sussurro rouco, mas carregada de uma satisfação estranha.
Gabriel observou o ambiente, um ar de aprovação condescendente em seu rosto. — Muito bem, cadela. Você provou seu valor.
Ele então se virou para seus amigos, que olhavam Júnior com uma mistura de fascínio e repulsa.
— Viram? Eu disse a vocês. Ele é minha cadela. E agora, mais do que nunca. — Gabriel pausou, seu olhar voltando para Júnior, que esperava, imóvel, a próxima ordem. — Júnior não tem mais uma esposa. Ele não tem mais uma vida "normal". Ele é meu. Vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Aquele casamento, aquela fachada de vida perfeita, se desfez. Ele é a minha propriedade. E vocês, meus amigos, são testemunhas disso.
Os amigos de Gabriel assentiram, a gravidade da situação finalmente os atingindo por completo. Aquele não era um mero jogo de poder, mas uma realidade brutal.
Júnior, de joelhos, sentiu as palavras de Gabriel ecoarem em seu peito. Vinte e quatro horas por dia. Sete dias por semana. Aquele era o auge de sua submissão, a anulação completa de sua individualidade. A dor física se misturava a uma sensação de vazio, mas, paradoxalmente, também a uma estranha e perversa libertação. Ele não precisava mais fingir, não precisava mais carregar o peso de uma vida que não era a sua. Ele era apenas a cadela de Gabriel. E, para ele, naquele momento, isso era o suficiente.
Para Júnior, aquele era o verdadeiro início. Não o início de um novo dia, mas de uma nova existência. Uma vida onde cada respiração, cada batimento cardíaco, cada pensamento não pertencia mais a ele, mas ao seu Mestre. O relógio ainda corria, mas agora, não era o tempo que o controlava, e sim a vontade de Gabriel. A sua vida era a servidão.