A festa de noivado do meu primo era em uma chácara afastada. O ar estava cheiroso com o aroma de churrasco e o som de vozes e música alta ecoava pelo vasto jardim. Eu me afastei da multidão, buscando um pouco de silêncio perto das jaqueiras, quando o cunhado dele se aproximou. A gente se cumprimentou com um aceno, aquele silêncio constrangedor de quem não tem nada a dizer.
Ele olhou para as estrelas, visíveis longe da cidade. "O céu está limpo hoje", ele disse, a voz mais grave do que eu imaginava.
"Está", respondi, sentindo o álcool aquecer meu sangue.
Nossos olhos se encontraram, e não foi um acidente. Foi uma pergunta. E naquele olhar, a resposta foi dada, sem palavras. Ele inclinou a cabeça em direção ao chalé de hóspedes, uma construção pequena e escura, afastada da casa principal. Eu simplesmente segui.
A porta de tela rangiu levemente quando ele abriu. O interior era úmido e cheirava a madeira velha. A porta de madeira principal fechou com um clique suave, abafando o som da festa. Não houve preliminares, nem beijos, nem carícias falsas. A urgência era palpável. Ele me virou de frente para a porta, seu corpo quente colado nas minhas costas. Senti sua mão abrindo meu zíper, puxando minha calça e cueca até os joelhos. Sua respiração era quente no meu pescoço.
"Tem certeza?", ele sussurrou, uma formalidade tola considerando a situação.
"Sim", saiu como um sopro.
Ouvi o ruído do seu próprio zíper, o rasgar de um pacote. Ele cuspiu na própria mão, um ato cru que me fez estremecer. Então, pressionou. A entrada foi brutal e direta, uma dor aguda que me fez prender a respiração. Soltei um grunhido abafado contra a madeira áspera da porta. Ele parou por um segundo, deixando-me me acostumar com a invasão, com a sensação de estar sendo aberto.
Então, começou a se mover. Devagar no início, cada empurrão uma afirmação do que estávamos fazendo. Eu me agarrei à maçaneta de ferro, meus nós dos dedos brancos. A dor começou a se transformar, a se misturar com uma corrente de prazer proibido. Era errado, sujo, e incrivelmente excitante. Deixei escapar um gemido, e ele respondeu com um gemido baixo, suas mãos segurando meus quadris com força, marcando a pele.
Ele aumentou o ritmo, suas coxas batendo contra as minhas com um som úmido e repetitivo. O chalé cheirava a mofo, sexo e a madeira da porta contra minha cara. Eu estava completamente à mercê dele, meu corpo reagindo a cada investida, uma onda de submissão e prazer tomando conta de mim. Gozei de repente, violentamente, contra a porta, um espasmo silencioso que me deixou fraco.
Ele sentiu minha contração e enterrou-se ainda mais fundo, seus dedos cavando na minha carne. Seu gemido foi abafado no meu ombro, e senti o calor dele jorrar dentro de mim, um fluxo que me preencheu completamente.
Ficamos parados assim por um minuto, ofegantes, colados um no outro no suor e nos fluidos. Então, sem uma palavra, minhas mãos, que ainda tremiam do clímax, encontraram a sua cintura e o guiaram para a cama estreita no canto do chalé. A posição mudou. Agora era a minha vez.
Ele não resistiu. Deitou-se de bruços, seu corpo ainda tenso, a respiração ofegante contra o lençol áspero. Minhas mãos percorreram suas costas, sentindo os músculos contraídos sob a pele suada. A urgência que nos dominara antes se transformou em uma determinação mais lenta, mais profunda. Usei o próprio lubrificante que escorria dele, um ato íntimo e possessivo.
Quando o penetrei, foi minha vez de prender a respiração. A sensação de calor e aperto era avassaladora. Um gemido rouco escapou-lhe, abafado no colchão. Comecei a me mover, estabelecendo um ritmo diferente do dele, mais controlado, mas não menos intenso. Minhas mãos seguravam seus quadris, ancorando-nos naquele novo arranjo de poder. Era a minha vez de marcar, de possuir, de deixar uma memória física tão forte em quanto ele havia deixado em mim. O som da nossa respiração ofegante e o rangido da cama velha preencheram o pequeno espaço, ofuscando o som distante da festa. Seu corpo se contraiu sob o meu, e ele gemeu mais uma vez, um som longo e entregue. Só então, sentindo a tensão se acumular em meu próprio corpo de uma forma totalmente nova, deixei-me ir, enterrando meu rosto em suas costas enquanto um último tremor percorria meus membros.
Ficamos deitados ali, exaustos, o ar carregado do cheiro do nosso sexo duplo, do mofo e do suor. O silêncio entre nós era espesso, completo. Ele se levantou primeiro, as pernas trêmulas, e se arrumou com movimentos práticos. Eu o observei, meu corpo pesado e satisfeito na cama. Quando me virei para procurar minhas roupas, ele já estava de pé, o rosto uma máscara impenetrável. Sem uma palavra, ele abriu a porta e saiu, mergulhando de volta na escuridão da chácara, deixando-me sozinho no chalé escuro, a lembrança do meu próprio poder tão viva em mim quanto a marca da sua posse.
Algumas horas depois, na despedida, perto do portão, nossos olhos se cruzaram novamente através do grupo de pessoas. Desta vez, não havia pergunta, nem resposta. Apenas o reconhecimento silencioso e complexo do que havia acontecido. Um acordo cumprido, uma troca igualitária de poder e submissão. Ele acenou com a cabeça, quase imperceptivelmente. Eu virei e entrei no carro, o peso do seu corpo e o eco do meu próprio domínio ainda marcas vivas em mim, enquanto a chácara desaparecia na escuridão atrás de mim.