Eu nunca imaginei que me entregaria de forma tão inteira. Sempre achei que controle fosse poder, mas aprendi, desde cedo, no calor da pele, que há um poder maior em me render. Quando me deixo guiar, quando aceito a voz firme, o olhar que não admite recusa, sinto meu corpo tremer não de medo, mas de excitação.
Há um prazer secreto em ser conduzido, em ceder. No momento em que me coloco vulnerável, cada gesto sobre mim se intensifica. O simples toque vira comando, e eu me torno um território aberto para ser explorado. A humilhação sussurrada no meu ouvido não me diminui; pelo contrário, inflama meu desejo. Eu ardo em silêncio, obedecendo, porque sei que minha entrega é o que provoca o jogo, é o que sustenta a intensidade.
Submeter-se é despir não apenas o corpo, mas também a vaidade. É aceitar que o prazer nasce do desequilíbrio — eu abaixo, o outro acima, eu esperando, o outro decidindo. E nesse espaço, nesse abismo entre vontade e obediência, é onde sinto a chama mais forte, onde o prazer é quase insuportável.
E, no fim, descubro que minha maior liberdade é justamente a entrega. Porque ser submisso, para mim, não é fraqueza — é escolha. Uma escolha que me faz estremecer de tesão.
Aprendi isso no seminário, quando fui designado a auxiliar Padre Hosin, um angolano, que veio para o Brasil, para um curso e ficaria 1 ano entre o seminário e algumas paróquias.
Nunca esquecerei a primeira vez em que estive diante do Padre Horsin. Não era a beleza que atraía nele — longe disso. Seu rosto era duro, marcado, e sua figura, imponente, parecia projetar sombras maiores do que o próprio corpo. Mas havia algo em sua voz... um timbre grave, firme, que parecia atravessar a pele e alcançar um lugar mais fundo, onde o desejo se esconde.
Quando ele falava, eu sentia o peso da ordem disfarçada de conselho. Seus olhos, negros como a noite africana que o viu nascer, não pediam — determinavam. Eu me vi pequeno, mas não diminuído; vi-me entregue, submisso, como se minha vontade fosse sugada pela força que emanava de cada palavra.
Horsin não precisava tocar para possuir. Ele conduzia com frases curtas, incisivas, que me faziam arder de dentro para fora. A cada ordem velada, meu corpo respondia sem resistência. Eu me despia, não apenas das roupas, mas da vaidade, das defesas, das certezas. Diante dele, eu era matéria crua, moldada pela sua autoridade.
O mais perturbador era sentir prazer nisso. Saber que estava sob o domínio de alguém que não buscava agradar, que não oferecia beleza, mas sim poder. E quanto mais duro ele se mostrava, mais minha submissão florescia, mais eu sentia o corpo se render, vibrar, implorar em silêncio por mais.
No olhar severo do Padre Horsin eu encontrei o que nunca busquei: a doce vertigem de me perder em mãos firmes, em palavras que se tornaram correntes invisíveis. E ali, sendo apenas submissão, descobri um prazer que jamais ousaria confessar em voz alta.
Quando ele se aproximou de mim pela primeira vez, senti o peso da presença antes mesmo do toque. Padre Horsin não tinha pressa. Seus olhos me varriam como se me desnudassem por dentro, e quando finalmente suas mãos alcançaram meu rosto, foi como se me prendesse ali, imóvel, sob o domínio absoluto.
Ele não buscava carícias; seus dedos eram firmes, quase rudes, marcando em minha pele a diferença entre quem ordenava e quem obedecia. Um simples movimento de sua mão no meu queixo, me obrigando a erguer o olhar, já era suficiente para me fazer tremer. Eu estava entregue, vulnerável, e cada segundo dessa entrega me incendiava.
Quando suas mãos deslizaram por meus ombros, descendo devagar até o peito, senti o peso de sua força. Não era delicado, não era suave — era possessivo. Ele me empurrava contra a parede, e eu aceitava, sentindo a aspereza do contato me atravessar. A respiração quente dele, tão próxima, me envolvia como um comando silencioso.
Meu corpo reagia sozinho. O arrepio na pele, a tensão nas pernas, o coração acelerado — tudo denunciava o prazer que nascia justamente dessa dominação. Quando ele prendeu meus pulsos acima da cabeça, imobilizando-me com uma única mão, compreendi que não havia escapatória. E, paradoxalmente, era isso que me excitava ainda mais: estar contido, controlado, submisso.
Cada gesto de Horsin era uma sentença. Seu toque pesado na minha cintura, o corpo dele colado ao meu, a respiração ritmada no meu ouvido — tudo me levava a um estado em que desejo e obediência se confundiam. Não havia mais resistência em mim, apenas a ânsia por ser conduzido até o limite.
Eu já estava entregue antes mesmo de ele despir qualquer camada de roupa. Mas quando seus dedos puxaram a batina para o lado e eu o vi ereto diante de mim, o ar me faltou. Era imenso. Um volume quase desproporcional, grosso, pesado, que mais parecia uma ameaça do que uma promessa. Meu primeiro instinto foi recuar, porque o corpo entendia o que os olhos viam: não havia espaço para aquilo em mim.
Mas o olhar de Horsin não permitia fuga. Ele sabia do efeito que causava, sabia do medo e da excitação que me rasgavam por dentro. Segurou-me firme pela nuca, aproximando meu rosto, como se dissesse em silêncio que eu não tinha escolha. O cheiro dele, forte e viril, misturado ao calor do desejo, me deixou tonto.
Quando a glande roçou nos meus lábios, senti o peso da entrega completa. Era grande demais, duro demais, e mesmo assim meu corpo se abriu em obediência. Primeiro devagar, engolindo o impossível, asfixiado pela sensação de invasão total. Horsin me guiava com as mãos firmes, decidindo o ritmo, forçando-me a aceitar cada centímetro como um juramento silencioso de submissão.
Meus olhos lacrimejavam, minha garganta ardia, mas junto vinha uma vertigem deliciosa: o desafio de suportar o que parecia insuportável. Cada vez que eu pensava que não conseguiria mais, ele me puxava de volta, impondo a realidade de seu dote, testando meus limites. E em cada limite rompido, em cada gemido sufocado, eu descobria uma nova forma de prazer.
Quando finalmente me virou e pressionou contra a parede, senti o corpo inteiro tremer. A ponta roçando entre minhas nádegas me fez arfar alto, quase em desespero. Era medo, sim — mas um medo que excitava, que incendiava. O primeiro avanço foi lento, cruel, fazendo-me sentir cada detalhe da largura que me abria. Eu gemi, arfando, mas não recusei. Pelo contrário, minha pele clamava para ser possuída.
E então ele avançou mais fundo, até que não houvesse mais como fugir. A dor se misturou ao prazer, lágrimas se confundiram com gemidos, e eu me rendi por completo. Horsin não apenas me penetrava: ele me dominava, me possuía de um modo absoluto. Cada estocada era uma sentença, cada gemido arrancado de mim era a prova de que minha submissão tinha encontrado o clímax.
No choque do impossível cabendo dentro de mim, no estremecer do meu corpo vencido, descobri a essência da entrega: medo e tesão fundidos, dor e prazer costurados, submissão que se transforma em êxtase. E ali, com o dote monstruoso dele me tomando até o fim, eu entendi que jamais voltaria a ser o mesmo.
Quando tudo terminou, fiquei sem forças. Minhas pernas tremiam, o corpo ainda latejava em cada parte que ele havia invadido. Encostei a testa contra a parede, arfando como quem acaba de atravessar uma tempestade, e senti um calor espesso escorrendo, prova daquilo que eu havia suportado e, de algum modo, desejado.
Padre Horsin não disse nada. Apenas permaneceu atrás de mim por alguns instantes, a respiração dele ainda pesada, firme, como se sua presença continuasse me penetrando mesmo sem movimento. Sua mão pousou em minha nuca — não como um carinho, mas como um selo. E naquele gesto, senti que não era apenas o meu corpo que ele havia marcado, mas também algo muito mais íntimo.
O silêncio após o clímax era quase sagrado. O mundo parecia distante, apagado, como se só existíssemos nós dois naquele espaço carregado de suor, cheiro e submissão. Eu estava vulnerável, exposto, talvez até humilhado — mas havia uma paz naquilo. Uma serenidade que eu nunca havia conhecido.
Percebi que, na rendição, eu tinha encontrado uma forma de liberdade que não esperava. Não havia luta, não havia disputa — apenas aceitação. E nessa aceitação, por mais paradoxal que parecesse, havia força. Eu era dele naquele instante, completamente, e essa entrega me dava um sentido que nenhuma vitória própria jamais me ofereceu.
Enquanto me recomponha, ainda ofegante, senti o corpo dele se afastar lentamente, como se soubesse que a marca já estava feita, que eu não precisava mais de nada além do vazio preenchido pela lembrança. Fechei os olhos e deixei o calor da submissão se transformar em um descanso doce, quase anestesiante.
E foi nesse silêncio, no depois, que entendi: não era apenas o prazer físico, não era apenas a carne vencida. O verdadeiro êxtase estava em ter sido tomado por inteiro, em ter perdido o controle, e ainda assim ter encontrado paz dentro da própria rendição.