Meu nome é Diego, sou carioca da gema e dono de uma rede de padarias de luxo aqui na Cidade Maravilhosa. Mas não pense em qualquer padaria, dessas que vendem pão na chapa e café ralo. As minhas são verdadeiros templos da panificação, fincadas nos bairros mais nobres da Zona Sul — Copacabana, Ipanema e Leblon. São quatro ao todo, cada uma com seu charme, seu público fiel e um cardápio de dar água na boca.
A vida me sorriu com esse negócio. E parte do mérito, preciso dizer, veio de dois parceiros que caminharam comigo desde o início: Beto e Clair. Um casal de sessentões cheios de energia, alma boa e uma dedicação que raramente se vê. Estavam comigo há oito anos, desde a fundação da primeira loja. Tinham um filho único, que veio como um presente tardio, depois de muitas tentativas frustradas. A história deles era bonita — se conheceram ainda na faculdade, e logo no primeiro beijo a gravidez veio de surpresa. Abandonaram os estudos, ele em gastronomia, ela em contabilidade, para cuidar do bebê e da vida.
Quando entraram para a equipe, foi como se a engrenagem tivesse encontrado suas peças perfeitas. Beto assumiu a cozinha com mãos de artista. Era o mestre por trás das fornadas matinais, o criador dos sabores que fizeram fama nos bairros chiques. Clair, com sua cabeça afiada para números, virou a guardiã das finanças. Eu sempre reconheci o valor deles — pagava bem, acima da média. E não era favor, era justiça.
Outra parte importante da minha história — talvez a melhor — é Flávia. Minha esposa. Nutricionista, catarinense, e dona de uma beleza de cair o queixo. Loira, 25 anos, descendente de italianos, corpo escultural moldado por treinos diários e uma dieta que beira a obsessão, ela tinha um belo par de peitos naturais, uma bunda carnuda e uma bucetinha perfeita, parecia um desenho de tão linda. Às vezes o exagero com a dieta me cansa, confesso, mas admiro sua disciplina. A gente se conheceu num Rock in Rio, durante um show do Coldplay. Amor à primeira vista. Trocamos contatos, saímos no fim de semana seguinte e, desde então, não nos largamos. Moramos juntos há quatro anos. Eu, por minha vez, sou moreno, cabelo preto, 1,75 de altura e, modéstia à parte, em ótima forma para meus 39. Cresci surfando nas praias cariocas e sempre valorizei a saúde.
Mas a vida — ah, a vida — adora mudar o roteiro quando tudo parece encaixado. O filho de Beto e Clair, recém-completados 19 anos, ganhou uma bolsa para estudar em Londres por dois anos. Quando me contaram, fiquei animado. Me ofereci até para bancar as passagens quando fossem visitá-lo. A resposta deles veio carregada de emoção: agradeceram, mas decidiram se mudar de vez para a Inglaterra. Era o único filho, estavam perto da aposentadoria... queriam estar por perto.
Fiquei feliz por eles, claro. Fechamos as contas e deixei a porta aberta caso precisassem de mim. Mas, seis meses depois da despedida, percebi o tamanho do buraco que eles deixaram. Os pães perderam a alma. Nenhum novo padeiro conseguiu manter o padrão que Beto impunha com naturalidade. Mas pior que isso foram as finanças — sem Clair, perdi completamente o controle dos números. A empresa que antes nadava em lucro afundou em dívidas. Como se não bastasse, funcionários antigos começaram a sair, talvez prevendo o naufrágio. Faltava mão de obra, sobram boletos.
E, pela primeira vez em anos, me vi à deriva.
Certa noite, em casa, depois de tomar banho, Flavia vendo minha preocupação me colocou sentado no sofá da sala, tirou sua roupa, abaixou minha bermuda e começou um delicioso boquete, ela tinha lábio carnudos e manejava meu pau com maestria, lambia toda a extensão, do saco até a cabeça, passava em seus peitos, fazendo uma espanhola, chupava com muita vontade, apesar das preocupações em minha cabeça, não conseguia me desconcentrar daquele boquete e depois de uns 5 minutos gozei como nunca, ela engoliu tudo com cara de safada, sentindo o peso dos últimos dias repousar sobre os ombros. Fiquei ali, quieto, olhando o nada, enquanto Flávia tinha ido ao banheiro.
Minutos depois, ela voltou. Sem dizer uma palavra, se abaixou e me envolveu num abraço apertado, daqueles que dizem mais que qualquer frase. Senti seu perfume, seu calor. Então, com a voz baixa e firme, ela disse:
— Amor… eu sei que as coisas não estão fáceis. Mas é só uma fase. Vai passar. Vai melhorar, eu sinto isso.
Fiquei em silêncio, engolindo seco. Ela continuou:
— Vi na sua agenda que amanhã você vai entrevistar alguns candidatos pra vaga de padeiro. Eu tenho certeza... vai aparecer alguém. Alguém que vai mudar tudo isso. Que vai mudar totalmente nossa vida.
Olhei pra ela e, por um instante, deixei o cansaço de lado. Ela tinha aquele jeito de fazer até o caos parecer temporário. E, no fundo, talvez ela estivesse certa. Talvez o destino estivesse só esperando o momento certo para dar seu próximo passo.
A mudança realmente viria, mas não como eu estava imaginando.
Na manhã seguinte, acordei cedo e fui direto para a empresa. Tinha sete entrevistas agendadas — começariam às 7h30 e tomariam a manhã inteira. No papel, parecia um passo adiante. Na prática, um teste de paciência.
Dos seis primeiros candidatos, nenhum apareceu. Nenhum. Nem ao menos um aviso. Enquanto os minutos passavam, sentado naquela sala silenciosa, comecei a cogitar vender tudo, fechar as portas e buscar um emprego em alguma empresa qualquer. A ideia, que antes parecia absurda, começava a fazer sentido.
Foi quando a porta se abriu.
Entrou um rapaz alto, muito alto — devia beirar os dois metros. Magro, postura um tanto desengonçada, mas com uma presença difícil de ignorar. Trazia o nome de Ryan. Devia ter uns 19 anos. Tímido, mas com aquele olhar esperto, um sotaque carregado e o jeito típico do carioca que sabe se virar.
— Meu avô era padeiro, senhor Diego — disse, com um leve sorriso torto. — Me ensinou os truques da massa desde moleque. Aprendi vendo, metendo a mão na farinha. Sou bom, o senhor vai ver.
Tinha algo nele. Não só as palavras, mas o jeito. Uma mistura de humildade e malícia, aquele tipo de confiança que não se ensina. Gostei do garoto. Firmei a mão e dei a ele a vaga. Começaria na segunda-feira.
No sábado, Flávia apareceu radiante, me chamando para ir à praia. Eu não estava no clima, o estresse ainda pesava. Mas ela insistiu com aquele jeitinho irresistível e, no fim, fui quase arrastado. Disse que queria estrear um novo biquíni, com aquele brilho nos olhos que ela sabia usar quando queria mudar meu humor.
Chegamos cedo. Ela se deitou de bruços na canga, pegando sol. Eu fiquei ali ao lado, distraído no celular, tentando esquecer por uns instantes o caos da empresa. Em determinado momento, tive a sensação de que alguém me observava. Virei o rosto e, à distância, vi uma figura conhecida se aproximando.
Ryan.
Vestia uma sunga verde-clara que chamava atenção, principalmente em contraste com a pele morena. Tinha uma corrente dourada no pescoço e um óculos Juliette espelhado que lhe dava um ar de personagem de novela. Quando percebeu que eu o havia reconhecido, acenou com empolgação e veio na minha direção.
— Seu Diego! — disse com um sorriso largo. — Queria agradecer de verdade pela oportunidade. Prometo que não vou decepcionar. A gente vai fazer os melhores pães dessa cidade, o senhor vai ver, ela falava para mim, mas estava com o rosto virado para Flávia deitada de bruços.
Gostei da atitude. Era bom ver alguém jovem tão determinado. Flávia, curiosa, se levantou para ver quem estava comigo. Apresentei os dois, e ela se sentou na toalha, ficando com as pernas levemente abertas bem em frente a Ryan, que continuava de pé, examinando cada detalhe do corpo dela.. Logo puxou assunto, falando da família, dos irmãos, do quanto amava o Rio, especialmente aquela praia.
Conversa vai, conversa vem, ele foi se soltando. O jeito malandro floresceu. Flávia ria das piadas, das histórias exageradas, daquele charme meio inconsequente que ele exalava. Em poucos minutos, eu já era só o espectador da conversa. Eles riam, trocavam olhares, e eu... bom, eu só observava.
Ela então me pediu uma água de coco. Meio contrariado, levantei. Caminhei até encontrar um vendedor. Levei alguns minutos. Quando voltei, carregando o copo de plástico gelado, parei por instinto a alguns passos de distância.
Flavia estava novamente de bruços e Ryan estava ajoelhado na frente do seu rosto, ela diferente do que se esperava, parecia estar olhando diretamente para sunga do rapaz, e ele com as mãos nas costas de Flávia, espalhando protetor solar com naturalidade, como se aquilo fosse a coisa mais comum do mundo.
Fiquei ali, parado. A água começando a escorrer pelas minhas mãos. E algo dentro de mim... algo começou a despertar.
Ryan continuava ali, ajoelhado diante dela, as mãos deslizando com naturalidade por toda a extensão das costas de Flávia. Seus dedos percorriam a pele dela com uma intimidade que me fez franzir a testa. Seguia até a linha do biquíni, passando o protetor como se aquele gesto fosse algo cotidiano entre eles.
Cheguei bem no fim da cena, ainda a tempo de vê-lo espalhar o creme com mais uma passada lenta, antes de se levantar com um sorriso largo no rosto e um volume assustador na sunga.
— Pronto, dona Flávia. Agora pode pegar sol tranquila, sem medo de ficar vermelha.
Flávia se virou para ele, rindo com leveza, o corpo ainda brilhando sob o sol.
— Dona? Qual é, Ryan? Não sou tão velha assim, né? Pode me chamar só de Flávia, seu bobo.
Ela deu uma risadinha espontânea, dessas que ela só dava quando estava realmente se divertindo. Os dois trocaram um olhar rápido — leve, íntimo demais para meu gosto.
Fiquei ali, em pé, segurando a água de coco, sem saber exatamente o que dizer. Me senti estranho, deslocado, como um figurante na própria história. Antes que eu tomasse qualquer atitude, Ryan se adiantou, como se já tivesse percebido que sua presença estava durando além do necessário.
— Bom, vou nessa. Até segunda, seu Diego.
Acenei com a cabeça, quase sem voz, só erguendo a mão numa despedida mecânica.
Ele se afastou com passos despreocupados pela areia, deixando atrás de si um rastro de riso, charme e algo mais — algo que ainda não tinha nome, mas que começou a martelar em silêncio dentro de mim.
Voltei a me sentar na areia e, pela primeira vez naquele dia, reparei de verdade no biquíni que Flávia usava. Branco, com lacinhos delicados nas laterais, e a parte de cima do tipo cortininha e extremamente minúsculo, sua bunda grande praticamente engolia todo o tecido e na parte da frente uma verdadeira “pata de camelo” marcava sua bucetinha. Ela estava deslumbrante ali, banhada de sol, como se tivesse saído direto de um comercial de verão. Fiquei alguns segundos apenas olhando, tentando afastar o desconforto que ainda me rondava desde a cena com Ryan.
Depois de cerca de uma hora, decidimos ir embora. No carro, enquanto dirigia, Flávia comentou casualmente:
— Sabe, gostei do Ryan. Ele parece um bom garoto. Tem presença, fala bem… parece ser ótimo no que faz.
Assenti, mantendo os olhos na estrada.
— Também achei. Apesar de novo, passa uma certa maturidade.
Ela sorriu, olhando pela janela, e comentou:
— Pois é… e ele é bem grandinho, né?
Virei o rosto ligeiramente, sem entender o tom.
— Grandinho?
— É… alto — respondeu rápido, quase como se tivesse se arrependido da frase anterior. — Ele é muito alto.
Ficamos em silêncio pelo restante do trajeto. Mas a palavra "grandinho" ainda ecoava na minha cabeça, pendurada ali, sem explicação.
Quando chegamos, Flávia subiu as escadas primeiro, e logo começou a reclamar:
— Ai, meu bumbum ficou todo queimado! Que droga, tá ardendo muito!
Fui atrás dela, observando a marca do sol já se formando em vermelho na pele.
— Você devia ter me esperado. Sempre fui eu quem passava protetor em você. Nunca deixei o sol te queimar assim.
Ela deu um risinho leve, mas não respondeu. Sumiu pelo corredor, deixando no ar uma mistura de bronca, descuido... e algo mais que eu não soube nomear de imediato.
A noite, fui me deitar e ao chegar no quarto vejo flavia totalmente nua, de bruços, com as pernas abertas, meu pau deu salto na hora, não sei duas vezes, tirei minha roupa e praticamente saltei pra cima dela, ela me expulsou aos chutes, brigando que estava toda ardida na bunda.
Ela ficou emburrada o resto da noite. Não falou mais comigo, nem sequer olhou na minha direção. Tentei puxar assunto uma ou duas vezes, mas ela respondeu com monossílabos, só o suficiente para encerrar qualquer tentativa de conversa.
Desisti.
Fui para a cama e virei de lado, encostado na beira do colchão, encarando o vazio do quarto escuro. Ela ficou do outro lado, imóvel. Nenhum toque, nenhuma palavra. Dormimos assim — cada um em seu canto, separados por um silêncio que dizia mais do que qualquer briga.
No domingo, ninguém tocou no assunto. Passamos o dia inteiro em casa. Ela ficou assistindo séries na sala, e eu mergulhei nos papéis da empresa, tentando colocar em ordem o que dava. Revisei números, listei pendências, preparei mentalmente o terreno para mais uma semana puxada.
Tudo parecia silenciosamente fora do lugar. Até o tempo dentro de casa parecia mais lento, espesso.
Era como se algo tivesse mudado... e eu ainda não soubesse exatamente o quê.
Na segunda-feira, cheguei cedo à padaria, pronto para ser o primeiro a abrir e colocar tudo em ordem. Mas, para minha surpresa, Ryan já estava lá. Encostado no balcão com um café na mão e um sorriso tranquilo no rosto.
— Acordei animado, seu Diego. Tava com vontade de começar logo.
Gostei da atitude. Levei ele para conhecer o espaço com calma, mostrei os equipamentos, os ingredientes, a rotina. Achei que levaria uns dias para ele se ambientar, mas parecia que o garoto tinha nascido ali. Começou a se movimentar com uma naturalidade impressionante. Era rápido, focado, e já no primeiro dia demonstrou um talento raro — não só técnico, mas também de convivência.
Na sexta-feira, parecia um funcionário com anos de casa. Conhecia todos os colegas pelo nome, já antecipava tarefas, fazia piadas, ganhava sorrisos. E eu, pela primeira vez em semanas, comecei a ver uma pequena luz no fim do túnel.
No fim daquele dia, pouco antes de fecharmos, recebi uma visita inesperada. Flávia apareceu na padaria. Me deu um abraço carinhoso e perguntou como estavam as coisas.
— Estão caminhando bem... — comecei a responder, mas nem terminei.
Assim que avistou Ryan ao fundo, ela praticamente correu até ele.
— Oi, rapaz! — disse, animada.
Eles começaram a conversar, rindo como velhos amigos. Ryan perguntou, sorrindo de canto:
— E aí, não ficou vermelha daquele sol todo?
— Um pouco... — ela respondeu, fazendo uma careta divertida. — O bumbum ainda tá ardendo.
— Que pena... — disse ele, com um sorriso meio malandro.
Riram juntos. Eu fiquei no balcão, finalizando as contas do dia, fingindo concentração, mas escutando tudo. A conversa entre eles fluía de um jeito solto, como se eu fosse apenas um detalhe naquele cenário.
Quando me dei conta, já passava das 19h.
Ryan percebeu o horário, pegou suas coisas às pressas e disse:
— Ih, vou perder meu ônibus! Valeu, pessoal, até segunda!
Ele saiu quase correndo, e nós continuamos ali, fechando as máquinas e apagando as luzes. Ao sairmos e virarmos a esquina com o carro, Flávia apontou:
— Aquele ali não é o Ryan?
Olhei e lá estava ele, sentado no meio-fio, com a mochila encostada nos pés.
Estacionei e abaixei o vidro.
— Tudo certo, Ryan? Que horas sai o próximo ônibus?
— Já perdi o último... Mas tranquilo, ia te ligar, seu Diego, ver se podia dormir no escritório hoje. Amanhã eu resolvia.
Antes que eu pudesse oferecer um Uber ou qualquer ajuda, Flávia se adiantou, com aquele jeito decidido que ela tinha.
— Que nada disso. Coitadinho, trabalhou a semana toda... Dorme lá em casa, vai. Amanhã cedinho a gente passa na praia e depois segue pra padaria.
Fiquei quieto por um segundo. Ryan olhou para mim, esperando minha reação. Eu apenas dei um leve aceno com a cabeça, enquanto um desconforto estranho se espalhava pelo meu peito — denso, abafado e silencioso.