DESCERE - QUATRO ELEMENTOS - CAPÍTULO 11: PISTAS

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 3007 palavras
Data: 09/09/2025 07:21:24

OI, GOSTA DE UM ROMANCE GAY FOFO E LEVE? CONFERE AÍ:

alentim abriu os olhos lentamente — ou melhor, apenas um deles. O outro estava inchado demais para reagir. A dor era densa, espalhada por cada músculo, cada osso. Respirar doía. Tentar se mover doía.

O teto acima de si não era familiar: vigas de madeira escuras, algumas já empenadas pelo tempo. Ele virou a cabeça com esforço e viu as paredes cruas, o reboco ausente revelando o vermelho irregular dos tijolos. O quarto era pequeno, com apenas uma cama estreita onde ele estava, uma cadeira encostada no canto e uma janela sem vidro, coberta por um pano surrado.

Valentim se ergueu de supetão, ofegante, o coração batendo como se quisesse escapar pelo peito. Não fazia ideia de onde estava ou como tinha chegado ali. O pânico crescia rápido, queimando a garganta.

O som de uma porta se abrindo o fez virar o rosto bruscamente. Um homem entrou. Alto, forte, com barba por fazer e um olhar sério — João Paulo. Ao cruzar os olhos com ele, Valentim recuou até encostar as costas na parede, tentando se proteger com os braços.

— Por favor, não, não me machuca. — Pediu, a voz rouca, quase um sussurro desesperado.

Para sua surpresa, João Paulo ergueu as mãos num gesto rápido, como quem também temia um ataque.

— Eu que peço isso, não machuca a gente também. — Disse, quase sem fôlego, os olhos fixos no estado deplorável em que o rapaz estava.

Por um instante, os dois ficaram se encarando, ambos tensos, respirando com dificuldade — um misto de medo e incerteza preenchia o ar.

O som de passos apressados veio do corredor estreito. Joana apareceu na porta, carregando uma bacia com água, um rolo de gaze e alguns frascos improvisados de pomada. Sua expressão endureceu ao ver os dois, mas sua voz saiu firme e baixa:

— Chega. Ninguém vai fazer mal a ninguém aqui.

Ela se aproximou da cama, pousou o material na cadeira e olhou para João Paulo como quem dá uma ordem silenciosa para que ele recuasse.

— Vamos cuidar desses machucados, rapaz. — Falou a mulher, mais suave agora, mas ainda com um peso sério no tom. — E depois você vai me contar o que aconteceu.

Após limpar os ferimentos de Valentim, Joana saiu do quarto e voltou carregando uma caneca fumegante e um pedaço de pão, apoiando-os na pequena mesa ao lado da cama.

— Come alguma coisa, menino. Vai te fazer bem — Orientou, com a voz firme, mas acolhedora.

Valentim se endireitou devagar, se apoiando no travesseiro. Tomou um gole do café e respirou fundo, hesitando antes de falar.

— Meu nome é Valentim. — A voz saiu baixa, quase um sussurro.

Joana se sentou na beirada da cama, observando-o com atenção.

— Eu me chamo Joana e esse é meu filho João Paulo. — A mulher se apresentou. — Então, Valentim, o que foi que aconteceu com você?

Ele desviou o olhar, fixando-o na parede nua.

— Eu... tive uma briga feia com meu pai. Foi, foi pesado. Depois, — Agarganta travou. — depois recebi uma carta de uma pessoa muito importante, terminando o nosso relacionamento. Não sobrou nada pra mim lá. Fiquei vagando pelas ruas até chegar em um parque, quando dois homens me assaltaram.

A mulher soltou um suspiro e passou a mão na perna dele, num gesto quase maternal.

— Entendo... Mas, menino, você não pode ficar aqui. É melhor voltar pra casa, ajeitar as coisas.

Valentim balançou a cabeça com força, sentindo o latejar no rosto.

— Não. Ainda tô muito ferido. Quero descansar um pouco antes... não quero ver ninguém agora. Olha, eu não sou uma pessoa ruim, só preciso saber o que vou fazer.

Joana olhou para o filho, que observava tudo encostado no batente da porta, e deu de ombros.

— A gente vai confiar na sua palavra.

— Mãe, eu preciso ir pra escola. — Anunciou João Paulo, já arrumado com a mochila nas costas.

— E eu vou levar umas latinhas pra vender — Respondeu ela, levantando-se. — Valentim, eu vou sair um pouco, mas não demoro. Não tente nenhuma gracinha.

Poucos minutos depois, Valentim ficou sozinho no quarto. O silêncio parecia amplificar os pensamentos que ele tentava sufocar. A cena da briga com o pai voltava como um soco, e, logo em seguida, a lembrança da carta de Noah... as palavras de despedida cortando mais fundo que qualquer ferimento físico.

Sem conter, as lágrimas começaram a escorrer, quentes e silenciosas. Ele as enxugou com o dorso da mão, mas outra enxurrada veio logo depois.

— Foda-se nome, foda-se vida amorosa. — Murmurou para si mesmo, a voz embargada.

E naquele instante, Valentim tomou a decisão que começava a amadurecer em silêncio: assim que se recuperasse, iria embora de São Paulo. Para longe de tudo e de todos.

***

O clima na Discere permanecia pesado, abafado por um silêncio que nem o burburinho distante dos estudantes conseguia dissipar. A polícia ainda circulava pelo campus, conversando com professores e funcionários, anotando declarações, recolhendo qualquer pista que pudesse levar a Valentim.

Noah estava sentado sozinho em uma mesa do refeitório, os dedos entrelaçados, o olhar perdido no vazio. O som das cadeiras e vozes ao redor parecia distante, abafado. Foi nesse momento que Karla se aproximou, desta vez sem a irritação da última conversa. Havia no rosto dela um cansaço misturado com preocupação.

— Noah... — Começou, puxando uma cadeira para se sentar ao lado dele. — Eu precisei contar aos policiais sobre a carta.

Noah a fitou, o peito apertando. Ele não precisou perguntar qual carta era. Apenas assentiu, compreendendo.

— Eu entendo. — Murmurou. — Eles precisam saber de tudo...

— O celular dele foi encontrado num córrego. — Karla suspirou, apoiando os braços sobre a mesa. — Mas não há mais nenhuma pista.

Essas palavras foram como uma pancada no estômago. Noah sentiu as lágrimas subirem, e, antes que pudesse controlá-las, já escorriam silenciosas. Ele se lembrou dos bons momentos que viveu ao lado de Valentim — a tensão das disputas, o primeiro encontro nos céus de São Paulo, os beijos trocados no segredo da noite, o calor de um toque que parecia prometer eternidade. Cada lembrança vinha como um raio, queimando e iluminando ao mesmo tempo.

Enxugou as lágrimas com a manga da blusa, respirou fundo e se levantou.

— A gente precisa fazer alguma coisa, Karla. — Sua voz estava firme, mas o olhar denunciava o desespero.

— O que podemos fazer nessa situação, Noah? — Ela questionou, tentando manter a razão. — A polícia está cuidando do caso e...

— Não. — Ele a interrompeu. — O Valentim sumiu por minha causa. Eu preciso resolver isso.

Antes que Karla pudesse responder, Noah avistou Victor e Frida saindo de um dos prédios do campus. Eles pareciam abatidos, como se o peso das últimas horas os tivesse envelhecido. Um rompante de coragem tomou conta dele.

Caminhou em direção aos dois, e, de longe, Victor o reconheceu. O olhar do homem se encheu de fúria. Sem hesitar, começou a avançar, mas Frida e Karla se colocaram entre os dois, impedindo que qualquer gesto impulsivo se concretizasse.

— Como você pode, Karla? — Esbravejou Victor, apontando para Noah como se ele fosse uma ofensa viva. — Deixar o Valentim ficar com isso aí!

— Victor, o que é isso? — Frida o repreendeu, a voz carregada de desgosto.

— Eu amo o seu filho. — Noah ergueu o queixo, sem recuar. — E não existe nada que o senhor possa fazer quanto a isso.

— Você ama? — Victor soltou uma risada irônica. — Que idade você tem, garoto, para saber o que é o amor?

— E aparentemente o senhor, sendo mais velho do que eu, desconhece esse termo. — Retrucou Noah, a voz cortante.

Sem esperar mais nada, ele pegou a mão de Karla e a puxou para o outro lado do pátio.

— Vamos achar o Valentim.

O sol atravessava as árvores, lançando sombras trêmulas sobre o chão, mas, no peito de Noah, só havia uma certeza: ele não descansaria enquanto não o encontrasse.

***

Valentim corria. O som dos passos atrás dele ecoava como trovões no beco estreito. Sentia a respiração falhar, o coração disparado. Não adiantava olhar para trás — eles estavam lá, cada vez mais próximos. Então, a primeira pancada veio seca, cortando-lhe o ar. Depois outra. Mais uma. As mãos e pés se tornaram armas contra o seu corpo indefeso, e, em meio ao caos, ele teve a certeza de que não sairia dali vivo. Tudo ficou pequeno. Ele ficou pequeno. Um garoto frágil encolhido no chão, ouvindo apenas o próprio choro abafado e o gosto metálico do sangue na boca. A última coisa que sentiu antes de tudo escurecer foi o medo — um medo cru, paralisante.

— Não! — Gritou, despertando. O corpo estava coberto de suor e o peito arfava.

A voz calma veio do canto do quarto.

— Pesadelo, hein? — João Paulo falou, sem tirar os olhos do caderno, enquanto escrevia com uma caneta mordida na ponta.

Valentim piscou, tentando entender onde estava. O rapaz à sua frente era magro, de traços suaves, e os cabelos cacheados caíam sobre a testa de um jeito quase desarrumado, mas bonito.

Mais uma vez, o olhar de Valentim percorreu o ambiente e a estranheza voltou. As paredes sem reboco, a tinta antiga descascando, móveis que não se combinavam, como se cada um tivesse sido salvo de um destino no lixo. E, ainda assim, havia algo acolhedor naquele caos.

— Um daqueles. — Murmurou, se ajeitando na cama. — Onde estamos? Digo, eu sei que é a tua casa, mas onde fica?

— Paraisópolis.

— Droga... andei muit.o — Resmungou, tentando se levantar, mas o corpo protestou com uma dor aguda nas costelas.

— Cara, eu e a mamãe não queremos problemas.

— Eu também não, JP. — Valentim deixou escapar, como se fossem velhos conhecidos.

O olhar de João Paulo endureceu.

— É João Paulo.

— Ah... desculpa.

O garoto fechou o caderno, apoiando o cotovelo no joelho.

— Eu pesquisei essa escola aí. — Apontou para a farda de Valentim, largada num canto, imunda de sangue e terra.

— Discere... é um bom lugar. — Disse Valentim, com um suspiro. — Mas eu não conseguia acompanhar o ritmo. Tenho TDAH. Descobri recentemente.

— Que merda. — Soltou João Paulo, seco.

A porta rangeu, e uma voz firme, porém calorosa, preencheu o espaço.

— Boa tarde, crianças. — Joana entrou no quarto, olhando ao redor com uma expressão de alívio. — Graças a Deus, ninguém morto. Vou preparar o almoço. Valentim, acho melhor você tomar um banho... você tá horrível.

Ela colocou uma toalha e roupas limpas sobre a cama. Valentim tentou se erguer, mas as pernas fraquejaram. João Paulo suspirou e o ajudou a se apoiar.

A casa não era grande; na verdade, parecia inacabada. Ao caminhar pelo corredor estreito, Valentim percebeu que o "banheiro" era separado do resto por uma simples cortina. Respirou fundo antes de entrar.

O espaço era minúsculo, as paredes nuas, o vaso sanitário verde destoando da pia branca. Mas, ao contrário do que esperava, tudo estava limpo, organizado e com um leve cheiro de sabão.

No canto, pendurado precariamente, um pequeno espelho refletia sua imagem. Valentim se encarou e sentiu um aperto no estômago. O olho esquerdo estava arroxeado, o lábio cortado, o nariz vermelho. Um retrato cru da noite anterior — e da dor que ainda latejava por dentro.

Valentim ficou parado diante do espelho por um momento que pareceu longo demais. Passou a ponta dos dedos pelo corte no lábio, sentindo a pele repuxar. A lembrança do sonho — não, da surra — voltou como um soco, e ele fechou os olhos com força, tentando afastar as imagens.

Tirou a roupa com movimentos lentos, cada esticar de braço denunciando um hematoma novo. Ao entrar no box improvisado, girou o registro. A água caiu fria, arrancando-lhe um arrepio que percorreu a espinha, mas ele não reclamou; era uma sensação quase purificadora, como se pudesse lavar dali todo o medo.

Ficou alguns minutos apenas sentindo o líquido escorrer, acompanhando o caminho que fazia pela pele manchada e pela sujeira que ia embora pelo ralo. Em sua mente, vozes se misturavam: a de quem o ameaçava, a dos colegas gritando, a de alguém rindo. Apertou as mãos contra as têmporas e respirou fundo.

— Não aqui... não agora... — Murmurou para si mesmo.

Quando terminou, se enrolou na toalha. As roupas que Joana deixara eram simples: uma camiseta larga, um short de algodão e um par de meias que não combinavam. Ao vesti-las, um sentimento estranho lhe atingiu. Como se estivesse usando uma vida que não era a dele.

Empurrou a cortina e voltou para o quarto. João Paulo ainda estava ali, agora deitado de bruços na cama, rabiscando algo no caderno.

— Melhor? — Perguntou, sem olhar.

— Acho que sim. — Respondeu Valentim, sentando devagar na beirada da cama. Olhou em volta outra vez. O teto com manchas de infiltração, a janela sem vidro, fechada com um pedaço de madeira. E, ainda assim, havia um cheiro doce no ar — talvez o almoço que Joana começava a preparar.

O estômago de Valentim roncou alto, arrancando um sorriso discreto de João Paulo.

— Vem comer logo, antes que a mamãe reclame.

***

A tarde começava a esfriar quando Noah e Karla chegaram ao córrego indicado pela polícia como o lugar onde o celular de Valentim havia sido avistado. O ar estava úmido e o som da água correndo misturava-se ao ruído distante do trânsito. Eles caminharam pela beira, perguntando aos poucos que passavam se tinham visto alguém com as características de Valentim. Três horas depois, os pés de Noah pareciam feitos de vidro, cada passo um incômodo, mas a dor não seria suficiente para fazê-lo desistir.

Foi então que se depararam com uma viela estreita, sufocada por muros grafitados e pelo odor intenso de urina que escapava de cada canto. O local estava degradado, as paredes cobertas de mofo e descascando, e o chão tomado por manchas escuras. Barracas improvisadas, feitas de lona e papelão, abrigavam pessoas deitadas sob cobertores rasgados. Outros dormiam ao relento, encolhidos, tentando se proteger do frio que se instalava.

Karla, mais cautelosa, enfiou a mão na bolsa e deixou o spray de pimenta pronto. Noah, porém, continuou avançando, os olhos atentos a cada detalhe.

De repente, ele parou. O coração acelerou. Reconheceu, sem sombra de dúvida, aquele par de tênis sujo e gasto — eram de Valentim. Estavam nos pés de um homem adormecido no canto, enrolado em um cobertor encardido.

— Ei! — chamou Noah, cutucando o ombro do homem. O sujeito acordou assustado, piscando contra a luz fraca que vinha do poste.

— Eu não fiz nada. — Se defendeu, erguendo as mãos.

— Ainda não, mas quero saber onde descolou esse tênis? — Perguntou Noah, buscando dentro de si toda a coragem que conseguia reunir.

— Eu comprei do Ernesto. — Respondeu o homem, ainda desconfiado. Noah estreitou os olhos.

— Tá bom. Conta outra, vai...

— Tô te falando, truta. — insistiu. — Ele me vendeu ontem. Disse que pegou de um grã-fino lá no Parque das Tulipas.

Outro homem, saindo de uma barraca, confirmou: — É verdade. Eles conseguiram com um carinha rico.

— Parque das Tulipas. — Repetiu Noah, lançando um olhar rápido para Karla. — Vamos.

Eles deixaram a viela e, já em uma área mais movimentada, abriram o mapa no celular. O parque não ficava tão longe. O sol já se punha quando finalmente chegaram, tingindo o céu de laranja e roxo.

Caminharam devagar, observando cada canto. Foi quando Noah sentiu o coração quase sair pela boca: no chão, ao lado de um banco, estava um papel amassado. Reconheceu de imediato — era a carta que havia escrito junto com Valentim.

No impulso, se abaixou para pegá-la, mas Karla segurou seu braço.

— Não toca. Vamos chamar a polícia.

Eles ligaram e aguardaram, os olhos varrendo cada sombra que o entardecer criava no parque.

Quando os policiais responsáveis pelo caso chegaram, Noah e Karla mostraram primeiro a foto do tênis de Valentim nos pés do morador de rua e, depois, a carta encontrada. Relataram que quem havia vendido o tênis era um tal de Ernesto.

Um dos agentes assentiu, aprovando a atitude dos dois.

— Bom trabalho. Essas informações são valiosas para a investigação.

— Agora vocês precisam voltar para casa. — Outro completou. — A gente continua daqui.

Noah deu um passo à frente, relutante.

— Mas eu posso ajudar...

— Noah, deixa eles cuidarem disso. — Karla tocou no ombro do amigo, firme. — É o trabalho deles.

Ele respirou fundo, ainda inquieto, mas cedeu. A esperança, embora misturada com ansiedade, brilhava um pouco mais forte dentro dele.

De repente, um carro estacionou sobre o gramado do Parque das Tulipas. Da porta traseira desceram Victor e Frida. Ele parecia mais abatido que nunca, o rosto marcado pelo cansaço e pela barba por fazer; ela, com os olhos vermelhos de tanto chorar, segurava um lenço amarrotado nas mãos.

Um dos policiais se aproximou para recebê-los.

— Foi graças ao Noah e à Karla que conseguimos avançar. — Informou, apontando discretamente para o casal de jovens que estava ao lado de uma árvore. — Encontraram a carta e rastrearam a pista dos tênis.

Frida levou a mão ao peito, emocionada, e caminhou alguns passos na direção deles. Karla, percebendo que o trabalho ali havia terminado, segurou a mão de Noah para que fossem embora. Mas antes que pudessem se afastar, Victor deu dois passos rápidos e os deteve.

— Espera. — Pediu com a voz firme, mas embargada. Seus olhos, antes duros e desconfiados, agora revelavam vulnerabilidade. — Eu... preciso falar com vocês.

Noah se virou, hesitante. Victor respirou fundo, buscando as palavras certas.

— Eu amo o Valentim. Ele é meu filho, e tudo o que fiz... foi porque estava desesperado. — A voz dele falhou por um instante. — Me desculpa, Noah. Eu estava nervoso, e acabei sendo injusto com você.

Houve um breve silêncio. Noah, surpreso com aquela confissão, manteve-se quieto, sentindo um nó na garganta.

Frida se aproximou então, completando o gesto do marido.

— Obrigada, Noah... e você também, Karla. Eu não sei o que teria sido de nós sem a ajuda de vocês. — Ela olhou para o chão por um momento, as lágrimas começando a cair de novo. — É tão cruel pensar que o Valentim está lá fora, passando por isso...

O vento frio da noite soprou entre eles, carregando consigo o peso das palavras e da situação. Karla apertou mais a mão de Noah, como quem o lembrava de que não estavam sozinhos naquela luta.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Escrevo Amor a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários