O namorado
Murilo chupou meu pau depois que eu gozei, e eu quase desmaiei quando tio Caio despejou aquela coisa dentro de mim, ele mandou que eu ensinasse Murilo a dar banho nos machos como eu aprendi, e eu ensinei, demos banho em tio Joel e depois nos outros dois juntos, eles foram dormir em uma cama ainda sem uso e Murilo e eu ficamos para tomar banho sozinhos e dormir na cama usada, um deles pediu lençóis que recebemos por um passa-prato.
Murilo me contou um pouco sobre a própria vida. Era filho do coração, sua mãe deixou ele com dois anos na feira e se matou logo em seguida, a sua mãe do coração fez de tudo para o criar e conseguiu, e ele era péssimo em tudo, mas era um bom filho, ainda que a primeira mãe… a gente se abraçou molhados e nus.
“Eu queria te agradecer por dividir esse dia comigo, por dividir esses caras comigo, por ser meu namorado por uma noite. Eu juro que eu não vou te incomodar se a gente se esbarrar na vida, mas eu quero que você saiba que me deu a melhor noite de minha vida. Nenhum cara me ofendeu, riu de mim, nem me bateu, nem me… eles foram legais, e foi a primeira vez que eu gostei de sexo, porque ninguém me…”, e eu quis perguntar, mas não perguntei, perguntei outra coisa. “Você quer me comer?”
E eu fui buscar uma camisinha e dei a ele, ele não sabia como usar e eu ensinei, e eu dei com minhas mãos na parede e ele em minhas costas, e ele me comendo, “Você é melhor que qualquer menina com quem já trepei pagando para me garantir como macho. Eu gosto da coisa macia em seus olhos, eu podia morar neles.” Pedi para ele sentar na privada e sentei no pau dele, falei que gostava da fúria em seus olhos, que nunca tive um namorado, e ele foi o primeiro homem que eu comi, e isso era nosso, chamei ele de gostoso e ele gozou, ainda bem, eu estava fodido a ponto de sentir meio machucado. Tomamos banho novamente e fomos dormir.
Acordei muito cansado, morto, precisando de descanso, mas com aquele fogo de quem poderia começar tudo novamente só com um ‘vamo’, mas não me movi, preferi sentir o corpo do meu namorado, eu de frente para o teto e ele me abraçando. Foi bom sentir o braço dele em meu peito, ele é menos forte que eu e mais baixinho, não podia avaliar da inteligência, mas era mais esperto (e isso me dava um pouco de medo) e era bonito, eu o achava bonito. Tio Joel acordou soltando um peido estrondoso, “Se faz barulho não fede”, falou ele acordando todo mundo. Enquanto meus tios brigavam, e Murilo me beijou.
Nunca mais voltei a ver Murilo, ‘ele desapareceu’, pelo que entendemos deram conta dele, pelo que entendemos foi ele a roubar o dinheiro na carteira de tio Joel, nem era tanto, pelo que Sampaio apurou era um pivete que comprava brigas com os meganhas por nada, meio preguiçoso para o estudo, mas um bom filho, a mãe dele morreu da tal doença na mesma semana.
Mas eu só estou contando isso para você não achar que a gente namorou, prometo contar tudo direitinho, sem pular partes, mas é que dessa vez foi importante, ok? Vou continuar.
Ele se espantou com o dia claro e pediu para ir embora, falou da mãe e ficou nervoso com os olhos. Tio Caio pediu um táxi para a recepção e deixou uma grana para ele pagar, depois disso a gente se despediu com um aperto de mãos.
Tio Galvão dirigia, perguntou se eu gostei do presente, eu perguntei se eu podia ter meu presente outras vezes e ouvi um sim, claro que eu adorei aquela noite, tio Joel perguntou se eu gostei dele, “Eu poderia ter dito não a qualquer parte, mas nem pude, você foi o primeiro a gozar dentro de mim, isso torna você especial”, ele ficou cheio de si, ficou vaidoso e alisava minha coxa, “Ouviram isso, otários, especial, eu sou especial”, tio Caio disse que ele estava era apaixonado por mim, “Claro que estou apaixonado por Mateus, mas sou casado e sou dezessete anos mais velho, quase o dobro da idade dele, eu vi como ele fica com garotos da idade dele, e eu não sou louco de… Eu não sou um idiota, mas eu estou apaixonado sim, eu já estou pensando na próxima vez…”, eu tive de interromper aquele cara com um beijo, se fosse noite eu arriscava um boquete e sentar no colo dele.
Deixamos combinado de ele ficar no prédio dele e dar uma passada a noite, depois que eu descansasse, tio Caio disse que o nome do pau dele era descanso, eu girei os olhos e falei que era o que eu precisava, rimos muito e eu me senti incluído na turma. O telefone de tio Joel toca e ele atende, era a esposa e fizemos silêncio, ele põe no viva voz, como zombaria, ela diz que contava com essa farra costumeira no sábado a noite, fez as malas e partiu, outra cidade, iria ficar com a mãe, ele venceu, ela estava arrependida de tudo o que fez com ele, inclusive o ter amado, inclusive o ter conhecido. E desliga, ele tenta religar, mas não consegue e ele dobra o telefone ao meio (imagina se aquilo explode), tio Caio para o carro, pergunta se ele queria… “Ele vai ficar bem, tio, a gente tá com ele, a gente vai passar na casa dele e ver as coisas, e ele não está sozinho agora, terça já é Natal, vai ser diferente, eu sem família e ele também, eu solteiro e ele descasado, duvido ele falar que quer ser meu namorado.” Rimos, principalmente ele, depois a gente se beijou e o puto mordeu meu lábio de levinho, mas forte o suficiente para me manter preso, fiquei excitado, querendo pica.
Descemos e fomos direto para o apartamento, o porteiro estava largando, chegou perto, era loiro como eu, mas tinha olhos escuros diferente de mim, disse que sentia muito, queria se desculpar mas foi ele quem ajudou com as malas e… “Sua prima e eu terminamos e você não tem do que se desculpar, quase tudo o que é meu fica no escritório, eu já esperava por isso, ela meio que deixou avisado”. Subimos, ela destruiu mais de vinte livros, fez das roupas dele frangalhos e rasgou o sofá. “Ela não vai voltar”, ele fechou a porta e disse que queria foder, mas Murilo bateu na porta e disse que impediu que ela fizesse mais, os vizinhos ouviram e ligaram e ele subiu, ligou para o tio que veio buscá-la.
Eu estava achando esquisito conhecer dois Murilos que logo iriam embora, “Murilo, esse é meu namorado, tô indo morar com ele no chão da oficina”, meus tios concordaram e eu estava animado demais, vendo a destruição ao redor a tevê arrancada da parede, assustado demais, “vamos embora, comer alguma coisa e depois ir pra oficina e comer Mateus, você se anima?”
Mateus me puxou para si, me perguntou de onde eu vim, “Sou afilhado e sobrinho de Caio”, meu tio completou, “E está se divertindo como nosso putinho, quando ele disser que parou então parou, e se alguém causar problemas para ele, sabe… vai ter problema comigo”, Murilo pergunta se eu fui testado e se tomo PrEP, tio Galvão diz que eu não podia tomar nada até fazer dezoito (o dia anterior), mas havia feito exames há três semanas quando meu tio falou com meu pai e eu estava limpo.
Murilo tem uma pegada bruta e quase violenta, me beijou sem dizer nada pôs o pau pra fora e disse que eu podia mamar se quisesse ou podia ser depois de passar numa padaria, eu me ajoelhei, pau grande e gordo, “Namorado de um e putinho de todo mundo?”, perguntei quantos eram, tio Galvão disse que ainda tinha Lucas e Bosco, e eu tinha seis tios, tio Murilo é forte, gordo (do tipo durinho, quase musculoso e quase sem barriga, quase) e tem uma voz grossa.
Pedi para Joel chupar meu cuzinho, os olhos dele brilharam, os outros dois foram dar uma geral na casa, talvez fazer aquilo que era importante, manter meu namorado, pois é, eu tinha um namorado, amigo de meus tios e aprovado por eles, manter meu namorado distraído de estar naquele cenário.
Tio Murilo metia fundo em minha boca, eu tossia e chorava, babava muito, ele parecia ter raiva de mim, mas suavizou quando meu namorado me chamou de amor e perguntou se o tio estava me machucando, eu disse que ele estava indo até onde eu deixava porque se eu não estivesse gostando não era o caso de passar os dentes, mas de morder até ouvir os dentes de baixo bater nos de cima. Tio Murilo entendeu bem o recado, gosto de ser submisso, passivo nunca. Meu namorado veio mamar um pouco daquela pirocona comigo, “Moleque, você ganhou meu respeito”, Joel falou que era uma delícia chupar rola, mas tinha de comer estava faminto. Depois fui me adaptando ao jeito de Joel, por muitas vezes ele interrompe o sexo para poupar-se e fazer isso recomeçar tantas vezes ao longo do dia, um pouco sempre como se nunca parasse. E ele se adaptou a mim, afoito por clímax, por gozada, por êxtase.
Mas fomos a uma padaria, nós cinco, tio Murilo se desculpou comigo, mas emendou que logo faria mais e mais forte, confessou que parte do prazer estava na dor, em sentir e em fazer sentir. Joel ia falar algo, mas não era lugar. Tio Murilo disse que iriam mesmo colocar a portaria eletrônica e ele e mais três estariam na rua em três semanas, Joel disse que esperava por isso, o tempo passava e ele não se dava ao trabalho de se profissionalizar, tio Caio tossiu e olhou fixo pra mim, ainda olhando pra mim, falou com tio Murilo, “Manda esses bostas tomarem no cu, se demita, eu assino sua carteira, estou contratando mecânicos, a oficina está crescendo, você manja bem disso e pode ser treinado enquanto não expandimos”, e eu completei imitando a voz e o jeito de tio Caio, “Isso se não for um bestalhão como meu sobrinho, eu quero um plano, ele diz que vai ser engenheiro, acho que é fogo de palha, vamos ver, porque você não estuda pra concurso público, escriturário ou técnico do INSS, você parece inteligente, talvez não se sinta incapaz como meu sobrinho, só precisa não sentir medo de decepcionar as pessoas, talvez sua família telefone pra você”, tio Caio me abraçou porque do nada eu chorei, disse que meu pai teve um problema de saúde ia falar comigo depois do Natal, se desculpou por não ter falado.
Meu pai estava com um problema grave, uma coisa enorme crescia em sua barriga; mas a cirrose e o diabetes não deixavam ele ser operado, logo era uma corrida dos médicos contra as doenças que não queriam cirurgia e outra que exigia cirurgia, e talvez ele fosse embora muito mais rápido do que a gente pudesse esperar. Meus irmãos me culpavam por eu não ter cuidado dele, mas porra, eu era um adolescente que mal acabou de perder a mãe. O dia ficou pesado. Meus tios propuseram um churrasco, tio Galvão disse que todo mundo ia acabar comendo linguiça, disse baixinho como se fosse um segredo, caramba, todos da quinta série. Rimos.
Passamos no mercado, tio Murilo queria saber se era real a história de ser um dos mecânicos, meu tio falou que ia depender se ele iria estudar para ter mais estabilidade. Tio Galvão me pergunta se estou bem, estava, ele liga para Lucas e Bosco, “Como estão os belos do grupo?, hoje vai ter churras, no nosso quintal e… ok, no quintal dos ricos do grupo. A gente chega em uma hora, hora e meia.” Joel me conta que o cara que lhe fez de corno e ele teve um caso depois é Bosco, disse que são amigos, de boas, até foi a pessoa que apresentou ele ao hoje marido, mas Lucas ainda sente insegurança, mas ciúme não porque não tem motivo, fala que me disse isso para eu não pular dentro de uma história sem saber o que estava acontecendo eu disse que o agarraria se não fosse um ambiente público.
“Está acontecendo rápido demais, muita coisa ruim, você é um presente, meus tios são um presente, eu tô morrendo de medo, mas eu não me sinto desprotegido, ao contrário eu me sinto seguro perto de meus tios e eles parecem que confiam em você.” Ele segurou forte minha mão e ficou me encarando, o momento foi interrompido por tio Murilo, ele vem todo tímido, nos pede desculpas pelo exagero, estava com a cabeça cheia de problemas e… “E você é bonito demais e todo safadinho, me descontrolei, eu…”, eu digo que temos de arrumar um curso para ele, mas antes a gente tinha de descobrir onde ele gostaria de estar em cinco ou dez anos.
Eu sabia onde eu queria estar. Conheci Lucas, negro de pele clara e cabelo liso, tatuado, musculoso, sorridente, uma coisa sorridente olhando para mim como se eu fosse diferente, depois conheci João Bosco, esse era negro escuro, musculoso, bem musculoso, uma barba pontuda no queixo, cabelo crespo baixo, lábios grossos e pouco dado a risos, óculos de armação grossa escura, ele havia acabado de sair do banho, abraçou a mim e a todos, puta que pariu, era complicado acreditar que Joel o havia dispensado, o mesmo Joel que estava todo cheio de dedos e felizinho comigo.
Carne na churrasqueira, piscina pequena imprensada entre a garagem a casa, o muro e churrasqueira no fundo do quintal, o melhor daquela tarde foi tudo, bebi cerveja e vi tio Caio cercando tio Lucas, cercando, dominando e fazendo dele seu veadinho naquela tarde, tio Murilo disse que era assim meus tios decidiam quem iam dominar e dominavam, era quase inútil tentar resistir, ele já havia abandonado a ideia de fazer isso, só concordava.
Tio Galvão me disse em segredo que não tinha segredo, ele e tio Caio só exerciam o direito de mandar com o qual nasceram, e disse que eu era mais ou menos do mesmo jeito, eu fiz isso na festa, fiz com o Murilo que descobrimos ter roubado meu namorado no caixa do supermercado, com Sampaio, com Joel, eu só precisava saber como é quando fazer isso, não podia ser a metralhadora que eu estava sendo.
Vi Joel sentado comendo uma farofa, Murilo comprou linguiça apenas e pão de alho, disse que ninguém ia querer ficar de olho na churrasqueira e foi certeiro. Chamei meu namorado para ficar sentado do meu lado com as pernas dentro da água, observei tio Galvão se chegado para cima de tio Murilo. Não tinha muita escolha, chamei tio Bosco para sentar ao meu lado, ele é gato demais, sentou, me apresentei como namorado de Joel, disse que estava com ele havia menos de vinte e quatro horas e ele já mentiu pra mim. Joel me olhou sem entender, “Ele falou que odeia fumantes e por isso vocês se separaram, mas tio Caio fuma um ou dois cigarros quando está nervoso, dá uns seis por mês e meu amorzinho adora beijar meu tio, então é mentira.”
Tio Bosco gargalhou, disse que achava que tinha a situação sob controle e falou que só ia ficar com meu namorado novamente se fosse um relacionamento assumido, ele estava decepcionado com a esposa mas a amava, “ele falava sobre ela com esses olhos que agora ele tem quando olha pra você, sabe, ele já amou antes, mas eu posso jurar que é a primeira vez que ele se apaixona”.
Beijei meu namorado, depois Bosco, e fiz com que se beijassem, Lucas aplaudiu, mas tarde ele me agradeceu, disse que eles nunca mais se beijaram ou foderam, era a pior parte, parecia que quando acontecesse eles largariam tudo e ficariam juntos, mas eu estava ali, pedi ‘ajuda’ a tio Bosco para comer meu namorado, caralho, foi bom demais comi os dois, pois é… eu estava entendendo como as coisas funcionam.
Meu tio chamou os funcionários no dia seguinte, confirmou a escala de serviço, avisou que Murilo ia começar a fazer o que ele já sabia, amortecedor, trocar óleo e a parte de combustível, queria colaboração, Murilo era um amigo, quase família, ele recebe os cumprimentos, um e outro falam que finalmente o pior cliente ia continuar a fazer o que sempre fez, o serviço deles e não deixar eles se aproximarem da motoca velha dele, eu contive o riso, depois meu tio diz que não viram data, mas ia casar, um alvoroço, ele diz com quem é eU a alegria desaparece, bando de crente homofóbico. “Não precisa de festa, mas não quero indiretas, quem quiser se demitir a hora é agora.” Dois se demitiram, a recepcionista e o marido dela, o soldador, Tio Caio agradeceu a ambos e disse que podiam passar no escritório de Joel logo depois do Natal.
Tio Caio fazia planos e tudo mais para aumentar a oficina, não esperava pela demissão daqueles dois, de outros sim, mas aqueles dois tinham filhos, dependiam inteiramente da oficina, ainda assim se demitiram, ele não iria pagar a multa rescisória, eles se demitiram por homofobia, sem FGTS, sem gratificação, demitidos no Natal, uma barra que eles mesmos queriam encarar.
Meu namorado me levou naquela tarde para ver meu pai, e eu honestamente, não esperava por aquilo, parecia que ele tinha envelhecido vinte anos, ele me perguntou quem era Joel, eu fingi surdez e ele tornou a perguntar, Joel disse que era “amigo de Caio”, “Não perguntei a você”