DISCERE - QUATRO ELEMENTOS - CAPÍTULO 12: CAOS

Um conto erótico de Escritor Sincero
Categoria: Gay
Contém 3199 palavras
Data: 10/09/2025 21:46:51

Paraisópolis era um mundo novo para Valentim. As vielas estreitas e os prédios improvisados formavam um labirinto vivo, pulsando ao som de um bairro que nunca dormia. Do lado de fora, as caixas de som competiam com as vozes animadas, os carros de mensagem e o latido de um cachorro distante. Era uma mistura de vida, cor e caos — completamente diferente de qualquer lugar onde ele já havia morado.

Naquela manhã, pela primeira vez desde que chegara, Valentim decidiu sair do quarto e explorar um pouco. Encontrou Joana sentada na varanda, a luz do sol iluminando os fios de cabelo grisalho que escapavam de um coque frouxo. Ela estava concentrada no crochê, as mãos se movendo com precisão e calma, como se nada ao redor pudesse abalá-la.

Ele se aproximou, sentindo a brisa morna bater no rosto, e fechou os olhos por um instante. Mas o som ao redor logo o incomodou.

— Como a senhora consegue ficar tão calma no meio de tanto barulho? — Perguntou, sentando-se ao lado dela.

— Costume. — Respondeu Joana, sem parar o trabalho. — Achei no crochê meu ponto de equilíbrio.

Valentim observou o movimento repetitivo das agulhas, fascinado.

— Pode me ensinar?

Ela sorriu, como quem esperava por aquele pedido.

— Claro. Vem aqui.

O rapaz se levantou, foi até uma prateleira e pegou um novelo de lã azul, duas agulhas de tricô e uma tesoura pequena. Entregou tudo a Valentim com a delicadeza de quem passa um segredo adiante.

— Vamos começar do começo: a montagem de pontos. É como plantar uma semente. — Disse, sentando de novo e fazendo um nó corrediço. — Primeiro, coloca o nó na agulha... segura assim... agora com a outra mão, faz essa laçada no polegar... isso, e insere a agulha aqui... pega a laçada do indicador e puxa...

Valentim tentava imitar os movimentos, errando e rindo sozinho quando o fio escapava. Joana apenas balançava a cabeça, paciente.

— O importante é não apertar demais. Tricô é como respirar. — Aconselhou Joana, até que finalmente ele conseguiu formar uma fileira de pontos.

— Agora vem o ponto meia. — Explicou, guiando a mão dele. — Você entra com a agulha assim... envolve o fio... puxa... e pronto.

Ele repetiu, devagar, até pegar o ritmo. O som suave do fio deslizando pelas agulhas começou a abafar o barulho da rua.

— E o ponto tricô é o contrário, ó — Mostrou, inserindo a agulha de trás pra frente. — Esse movimento muda tudo no desenho.

Valentim experimentou alternar entre meia e tricô, criando pequenas variações na textura. Joana comentou sobre os padrões possíveis, como o ponto jarreteira e o ponto meia, e ele a escutava como quem ouve uma história.

Por fim, ela ensinou o arremate.

— Pra terminar, você tricota dois pontos e passa o primeiro sobre o segundo... isso... e no fim corta o fio e puxa. Assim o trabalho nunca se desfaz.

Valentim olhou para a pequena amostra que havia feito — torta, com pontos irregulares — e sorriu. Pela primeira vez desde que chegara, sentiu que aquele pedaço de lugar barulhento podia, de alguma forma, lhe oferecer um pouco de paz.

Enquanto passava o fio de lã entre os dedos, ele notou como o gesto o fazia lembrar da infância. Não pelo tricô em si, que ele nunca havia aprendido, mas pela presença calma de alguém ao seu lado. Uma presença que não exigia nada, não cobrava respostas, apenas estava ali.

— Sabe... — Começou, sem tirar os olhos do trabalho — quando eu era pequeno, minha avó materna ficava costurando roupas na cozinha. Eu sentava no chão, perto dela, e ficava ouvindo o barulho da máquina. Era... reconfortante.

Joana parou de tricotar por um momento e olhou para ele.

— E onde ela está agora?

Valentim hesitou. O fio escapou da agulha.

— Faleceu. — Respondeu apenas, engolindo o resto das palavras.

A mulher não insistiu. Apenas recolocou o fio nos dedos dele e o incentivou a continuar.

— O tricô ajuda a gente a colocar a cabeça em ordem. O que está aqui. — Apontou para o novelo — vira algo novo. Bonito. Mas precisa de paciência.

O barulho da rua continuava lá fora: um carro de som anunciava promoções, alguém gritava por uma criança que corria descalça, e a música alta de um baile ecoava ao longe. Mas, na varanda, havia uma bolha de silêncio que não era silêncio — era mais como um abrigo.

Cada ponto que Valentim fazia parecia levar embora um pouco da tensão acumulada nos últimos dias. Ele se sentia menos pesado, menos perdido.

— Acho que... — Disse, olhando para a lã azul enrolada em volta dos dedos. — gostei disso.

Joana sorriu.

— Então continue. Quem sabe daqui a pouco você faz seu próprio cachecol?

Ele riu, imaginando-se usando algo que tivesse feito com as próprias mãos. Pela primeira vez desde que chegara, sentiu que estava construindo algo, mesmo que fosse só um pequeno retalho de tricô. Mas, no fundo, sabia que era mais que isso: estava reconstruindo a si mesmo, ponto por ponto.

Joana observava Valentim concentrado no tricô, as mãos ainda um pouco desajeitadas com as agulhas, mas já mais firmes que na primeira tentativa. Ela percebeu que havia algo guardado atrás daquele olhar distante.

— Valentim, — Disse, com a voz suave — o que te trouxe até aquele parque naquele dia?

Ele demorou a responder, como se precisasse reorganizar os próprios pensamentos antes de soltá-los.

— No começo do ano... minha vida era perfeita. Ou pelo menos parecia. — Olhou para as mãos, evitando o olhar dela. — Mas eu sentia que faltava algo. Foi quando o Noah chegou... e bagunçou tudo.

Respirou fundo.

— Depois, a Karla, minha namorada de longa data, terminou comigo. Disse que tinha se apaixonado por outra pessoa. Então ficou essa confusão... eu, o Noah, a Karla... e ainda uma gincana da escola no meio. Foi aí que descobri que eu tinha TDAH.

Joana franziu levemente a testa, mas não disse nada, o deixando continuar.

— Com ajuda dos psicólogos do colégio, consegui ajustar o foco, organizar minha vida... mas tudo foi por água abaixo quando meu pai descobriu sobre mim e o Noah. Ele não aceitou. Brigamos. Foi feio. — Valentim ficou em silêncio por alguns segundos, os olhos marejando. — Mas o golpe final... — a voz falhou — foi a carta do Noah terminando tudo. Falou que era melhor assim. Eu surtei. Minha cabeça ficou um turbilhão. Sai andando sem rumo. E... acabei sendo assaltado na Praça das Tulipas.

Ele fez um ponto mais apertado que o normal, como se quisesse enfiar toda a raiva no fio.

— Eu sei que pareço um babaca surtando por causa disso... mas não é justo meu pai me julgar desse jeito, nem o Noah desistir da gente por medo. Eu tenho que decidir o que fazer da minha vida e qual rumo seguir.

Valentim começou a tricotar mais rápido, quase ansioso. As mãos tremiam. Joana as segurou com delicadeza.

— A vida pode ser igual a um tricô, Valentim. — Aconselhou, o olhando nos olhos. — Um fio, após o outro. Vamos lá?

— Um fio, após o outro... — Ele repetiu, tentando se acalmar enquanto dava mais pontos.

— Sabe, garoto, às vezes, a vida não sai como a gente quer. Mas desistir não vai resolver as coisas. — A voz de Joana atingiu Valentim.

As lágrimas escorreram pelos olhos dele, silenciosas. Mas ele não parou de tricotar.

Um fio, após o outro.

***

O sol da manhã se infiltrava pelas nuvens finas, espalhando uma luz pálida sobre o Parque das Tulipas. Noah caminhava lentamente pela alameda principal, o olhar atento a cada rosto que passava. Vestia roupas simples — camiseta cinza, calça jeans desbotada e um boné — tentando se misturar à multidão. Ainda assim, por dentro, era impossível esconder o turbilhão que o consumia. A cada minuto, seu coração se apertava mais.

Ele se sentou em um banco de madeira, observando as pessoas que iam e vinham: mães empurrando carrinhos de bebê, casais de mãos dadas, jovens rindo ao redor das bicicletas de aluguel. E, no entanto, nenhum deles era Valentim.

Um sopro de lembrança invadiu sua mente, transportando-o para meses antes, quando tudo parecia perfeito. Lembrou-se do céu imenso de São Paulo visto do alto do Dinner in the Sky. Valentim, com as mãos trêmulas mas o olhar firme, o pedira em namoro diante daquela paisagem vertiginosa. Havia música suave, luzes da cidade piscando ao longe, e o ar frio batendo no rosto. Noah nunca tinha se sentido tão visto, tão amado, tão... seguro.

Era um contraste brutal com o que vivera em Brasília, nas mãos de Gabriel, o ex-namorado tóxico que quase o arrancara à força do armário. Valentim fora diferente: gentil, paciente, e, de alguma forma, capaz de curar feridas que Noah acreditava serem permanentes.

Mas ele havia estragado tudo. Permitiu que um medo tolo sufocasse sua felicidade. E agora, sentado naquele banco, desejava apenas que Valentim estivesse bem — mesmo que isso significasse nunca mais ficarem juntos. As lágrimas vieram sem aviso, quentes e silenciosas.

— Ei, estranho. — A voz de Karla cortou o silêncio, trazendo Noah de volta ao presente.

Ele levantou o olhar e a viu se aproximando. Ela também não usava a farda da escola.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntou, tentando disfarçar o rosto molhado.

— Eu te conheço, Noah. A culpa não ia te deixar em paz. — Karla sentou ao seu lado, oferecendo-lhe um meio sorriso.

Noah respirou fundo antes de confessar, a voz embargada:

— Eu fui tão babaca com o Valentim.

— Sim, você foi um babaca com ele. — Respondeu sem rodeios —, mas também não se ache a última bolacha do pacote, pirralho. O Valentim tinha os próprios demônios. Você talvez tenha ajudado, mas não foi o catalisador. Afinal, eu também tenho culpa, né? Terminei o nosso namoro.

— Acha que ele ia ter coragem de terminar contigo? — Noah perguntou, franzindo a testa.

— Não sei. — Ela suspirou. — Mas sei que ele não estava feliz. A gente começou a namorar com 13 anos, Noah. Mais por pressão dos nossos pais do que por outra coisa. Na realidade, o Valentim se tornou o meu melhor amigo... mas com benefícios.

Noah abaixou o olhar, quase num sussurro:

— Ele está bem?

— Vamos torcer para o melhor, Noah. — Karla colocou a mão no ombro dele. — Mas ficar parado aqui não vai resolver nada, né?

Sem esperar resposta, ela abriu a mochila e tirou um maço de panfletos. O rosto de Valentim estampava cada um deles, acompanhado de números de contato.

— Vamos panfletar.

Noah olhou para a imagem impressa, sentindo o peito arder. Então, enxugou o rosto e se levantou. Não era hora de desistir.

***

João Paulo chegou à escola e, ao atravessar o pátio, viu a mãe conversando com Valentim. O garoto estava radiante, mostrando um cachecol que havia começado a tricotar. A peça, é verdade, estava cheia de nós e irregularidades, mas para Valentim era como uma obra-prima — um símbolo de que, aos poucos, estava se recuperando.

Na cozinha, Joana cuidava do almoço. O aroma do frango refogado se misturava ao cheiro suave de arroz soltinho, preenchendo a casa de um calor reconfortante. Valentim observou aquela cena e não pôde evitar a sensação incômoda de estar apenas pesando ainda mais na vida de duas pessoas tão boas. Joana e João Paulo viviam no limite, sempre equilibrando contas, e ele, sem dinheiro ou cartões, não podia ajudá-los em nada.

Por isso, pegou os dois de surpresa quando anunciou:

— Acho que está na hora de eu voltar pra casa.

Joana se virou, a colher de pau parada no ar, com expressão preocupada.

— Tem certeza? Você ainda está machucado.

— Mãe, o Valentim tem uma família que, com certeza, está preocupada com ele. — Disse João Paulo, tentando ser a voz da razão. Ele sabia o quanto a mãe havia se afeiçoado ao rapaz.

— Eu sei. — Respondeu Joana, desligando o fogão. Sem dizer mais nada, caminhou para o quarto.

— Dona Joana... — Chamou Valentim, olhando para as agulhas de tricô que segurava.

João Paulo sorriu de canto.

— Deixa ela, Valentim. Por dentro dessa pose de durona, a mamãe é uma manteiga derretida. — Largou a mochila no sofá e acrescentou. — Mas é sério, essa é a decisão certa. Sua família deve estar preocupada.

Pouco depois, Joana voltou com algumas notas dobradas na mão. Entregou o dinheiro para que Valentim chamasse um carro de aplicativo e lhe passou o celular para colocar o endereço. No mesmo instante, as agulhas escaparam das mãos dele e caíram no chão. João Paulo se abaixou para pegá-las, ficando logo atrás de Valentim.

— Vai logo, garoto. Eu não gosto de despedida. — Disse a mulher, a voz embargada.

Foi então que o caos irrompeu. A porta foi arrombada e policiais invadiram a casa, armas em punho. A cena que encontraram parecia incriminadora: Valentim sentado, Joana segurando um celular diante dele, e João Paulo atrás, com dois objetos pontiagudos nas mãos.

O olhar dos policiais rapidamente recaiu sobre o machucado no rosto de Valentim. Sem hesitar, avançaram sobre Joana, tentando algemá-la.

— Esperem! Não é o que parece! — Valentim se interpôs, tentando explicar, mas foi empurrado para o lado.

João Paulo, desesperado, tentou proteger a mãe, mas acabou imobilizado contra a parede. Tudo começou a girar para Valentim. O som das vozes e o barulho seco das algemas se fundiram num zumbido insuportável. Até que tudo ficou escuro.

Quando abriu os olhos, estava em um leito de hospital. Victor, seu pai, e Frida, sua mãe, estavam ao seu lado.

— Filho... — A voz de Victor tremia. — Me perdoa. Eu não me importo com a sua sexualidade. Só a sua segurança importa.

Ainda zonzo, Valentim ergueu o olhar.

— E a Dona Joana? E o João Paulo?

Victor suspirou.

— A criminosa está onde deveria estar: na delegacia.

O corpo de Valentim se retesou. Tentou se levantar, mas a tontura quase o derrubou de volta. Mesmo assim, insistiu. Ficou em pé, diante do pai.

— O senhor não entende... eu ia fugir, mas fui assaltado e espancado. Se não fosse a Dona Joana, eu teria morrido. Eu ia embora de São Paulo e nunca mais voltar, mas ela não deixou.

— Valentim... — Começou o pai.

— O senhor disse que está arrependido. — Cortou o rapaz, a voz carregada de raiva. — Tire a Dona Joana dessa delegacia agora ou esqueça que eu sou seu filho.

— Valentim, eu...

— Agora! — Gritou, antes que a exaustão o fizesse apagar novamente.

Victor ajudou Frida a deitar o filho com cuidado. Ela enxugou as lágrimas, mas manteve o tom firme.

— Você ouviu o Valentim. Vá para a delegacia.

Victor hesitou por um instante, mas Frida apertou a mão do filho, que dormia, e voltou a chorar.

***

Karla estava sentada na sala dos professores, tentando organizar suas anotações, quando o celular vibrou. Ao atender, reconheceu de imediato a voz carregada de emoção do outro lado da linha.

— Karla, é a Frida. — Houve uma breve pausa, como se a mulher respirasse fundo para conter o choro. — O Valentim foi encontrado.

Karla sentiu o coração acelerar. Finalmente, a busca tinha um fim. Mas antes que pudesse se alegrar por completo, ouviu a parte mais difícil.

— Ele não quer ver ninguém, Karla. Ainda está muito fragilizado.

Mais tarde, encontrou Noah no corredor, inquieto. O olhar dele buscava respostas.

— Onde ele tá? — Perguntou, a voz tensa. — Karla, por favor.

— Hospital Israelita Albert Einstein.

— Obrigado. Te devo uma. — Agradeceu ele, pegando seus materiais com pressa e deixando a escola sem olhar para trás.

Noah chamou um carro de aplicativo e entrou no banco de trás, tentando se acalmar enquanto o motorista seguia pelas ruas movimentadas. O mundo parecia passar rápido demais pelas janelas, mas sua cabeça estava ainda mais veloz. Ele imaginava cada palavra, cada frase que precisaria dizer a Valentim. Precisava pedir perdão, precisava que ele soubesse que não tinha sido só mais uma história passageira.

"Ele vai me ouvir... mesmo que não queira", pensava, sentindo um nó na garganta.

Ao chegar ao hospital, saltou do carro e foi direto para a recepção. A atendente explicou, com um tom neutro, que visitas não eram permitidas no momento. O desespero ameaçou crescer, mas então, do outro lado do saguão, Noah avistou Frida.

Ela estava sentada, com os ombros caídos e a expressão cansada, como quem carregava o peso de dias sem dormir. Noah hesitou, mas, ao vê-lo, a mulher abriu um pequeno sorriso, sincero e acolhedor.

— Vamos tomar um café? — Sugeriu ela, e Noah apenas acenou, seguindo-a até a cafeteria do hospital.

Sentaram frente a frente. Frida segurou a xícara por um instante, como se buscasse coragem.

— Você ama o meu filho? — Perguntou, direta.

Noah engoliu seco. A pergunta o pegou desprevenido, mas respondeu sem vacilar:

— Amo. — Respirou fundo antes de continuar. — Em Brasília, eu namorei um rapaz que me usou para tirar vantagens, já que o meu pai que era adversário do seu na política. Por muito tempo, não quis confiar em ninguém... mas o Valentim mudou algo em mim. Ele é tão gentil, mesmo com o jeito dele.

— Jeito de ogro. — Completou Frida, arrancando um pequeno sorriso dele.

— Sim. — Noah limpou as lágrimas com a ponta dos dedos. — Eu pisei na bola e não sei se ele vai me perdoar.

— Você escreveu tudo em uma carta, não é? — perguntou a mulher.

— Sim.

Frida abriu a bolsa, pegou um envelope e o colocou sobre a mesa.

— O Valentim teve uma ideia parecida. — disse, o empurrando na direção de Noah. — Eu ia levar até você na escola. — Contou. — Leia e decida o que fazer.

Frida se levantou lentamente, tocou no ombro dele com delicadeza e concluiu.

— Com licença, Noah.

E saiu, o deixando sozinho com a carta nas mãos, o coração batendo mais rápido do que nunca.

***

Noah,

Eu pensei muito antes de vir aqui. A gente se magoou, se afastou, e tudo isso por causa de vozes que não são as nossas. Mas no meio do barulho, do julgamento, da dor... eu só conseguia ouvir uma coisa: o som da sua risada, o jeito que você diz meu nome, o silêncio confortável que só existe quando estamos juntos.

Eu decidi. De novo. Decidi te escolher. Não pelos outros, não pelo que esperam de mim, mas porque o que a gente tem é real. Quando tudo ao meu redor parecia desabar, foi você quem me fez sentir o sol na pele de novo. Foi ao seu lado que encontrei a paz que eu tanto buscava, aquela que nem sabia mais existir.

Eu entendi que pra uma nova história começar, às vezes a gente precisa deixar pra trás tudo aquilo que não nos serve mais. E depois de tanto procurar, foi justamente quando eu desisti que te encontrei.

Depois de tanto resistir, de me trancar, foi com você que me permiti viver. Beijar a sua boca foi como abrir os olhos pela primeira vez. Desde que te conheci... não existe um depois com mais ninguém.

Decidi que você faz parte do meu agora, do meu amanhã, de cada parte de mim. É na sua cama que eu descanso, no seu abraço que eu me encontro.

Sim, a gente ainda vai passar por muita coisa. Mas depois de cada noite fria, o sol sempre volta, e eu quero que esse sol brilhe pra nós dois.

Depois de me perder na sua boca, eu me encontrei. Depois de me jogar nos seus carinhos, eu finalmente sosseguei.

E depois do amor que a gente fez, Noah... não existe depois pra mais ninguém.

Volta pra mim?

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NOSSA, MESMO TODO MACHUCADO VALENTIM, CONSEGUE SER ROMÂNTICO E PERDOAR AS BURRADAS DE NOAH. ISSO QUE É AMOR, ISSO QUE É DESCOBERTA, ISSO QUE É SE ACHAR. CONTINUE,,,

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