Os amigos.
Lucas a princípio sentiu medo quando Fernando lhe pediu para ser seu personal, mas disse sim, disse que ia avaliar ele depois com profissionalismo e não trocando beijos com ele no seu banheiro. Lucas é muito afeminado em casa, na rua é outra pessoa, ele assume um personagem público para evitar ser espancado pela quarta vez, disse que vai quebrar as patinhas de tanto dar na minha cara se eu o chamar de tio novamente. Rimos.
Ele tem um gel cicatrizante e é geladinho, ficamos passando isso e soprando no anel um do outro, era para a gente dormir, mas nem chegamos a tentar, seis caras estavam arrumando a casa e fazendo o almoço por nós. Lucas falou que tinha medo de meus tios arrumarem um lugar confortável e deixarem de usar a casa dele como o lugar de todo mundo se reunir, de haver um afastamento. Somos a única família que tio Bosco e ele tem, ele fica tristíssimo ao dizer isso, digo que temos de comprar um projetor e tela para a casa onde formos e muitos colchões, para quando todo mundo for lá pra minha casa já na sexta e sair depois do almoço de domingo, para todo mundo dormir em todos os lugares.
Nando diz que vai falar com o pai para mudar de apartamento, sair do quitinete e ir para um dois quartos cheio de colchões, “Não terá cinema, nem piscina e churrasqueira, mas pode ter uma estante de jogos, eu adoro jogos de carta e tabuleiro”, Lucas diz que não é tão fã mas o marido é louco por isso e ‘meus tios’ adoram. Mais risos. Nando pergunta se a gente acha que deveria fazer planos, “Murilo está empolgado, mas eu sou feio e gordo e ele foi o terceiro cara a aceitar transar comigo, o primeiro queria apenas ser o primeiro, mas na segunda tentativa me bateu, chutou minhas costelas, eu quebrei meu celular e disse que havia sido assaltado, nunca contei a ninguém. O segundo era velho e casado, uns cinquenta anos ou mais, me beijava e me comia gostoso, depois me batia porque eu sou feio e gordo. Murilo é…”, “Um triste sem sorte que conseguiu um bilhete de loteria premiado, meu amigo é bonito, sensível, inteligente, está gostando dele e se aprender a não estragar jantares…”, ele cobre o rosto depois de Lucas falar isso e o beijar, eu só queria segurar a pica de ambos, “Bicha, a senhora está louca, quanto mais pica leva, mais pica quer levar, vou colocar gelo no seu rabo pra apagar esse fogo no cu”, Lucas é divertidíssimo.
Ficamos divididos em duplas assistindo o final do filme, comendo salpicão com arroz, tudo bem que eu não estava “liberado” a morar imediatamente com meu namorado, mas foi com ele e Sampaio que fomos visitar meu pai. Meu pai disse de cara que soube que planejo me casar e que não concordava com isso, que concordar com um namorico breve era uma coisa, mas… eu fiquei sem reação, daí ele riu, a pressão de Joel caiu e ele riu mais ainda, chamou o genro de bestalhão e disse que eu serei o verdadeiro homem da casa. Contei que estou decidido a cursar engenharia, a trabalhar na oficina e ser bom com isso, falei que o primo da ex de meu Joel é quase um irmão para ele e iria começar um treinamento na oficina, é o que quero fazer consertar motos, quem sabe tunar carros que é o que vamos fazer quando a oficina aumentar de tamanho, e eu estava empolgado.
Sampaio veio e cumprimentou meu pai, disse que viu os prontuários e não tinha nada a ser mudado, tudo o que podia ser feito estava sendo feito e ele ia se recuperar para ter alta em breve. Meu pai duvidou. Saímos do quarto e eu perguntei se era verdade, ele disse que era verdade, mas não a verdade completa, falou que o médico teve um problema ou acidente com o filho e quem estava era seu chefe, ele aceitou nos ver. Conhecemos o doutor Renato, era um coroa da idade de tio Sampaio, alto e musculoso, todo grisalho branquinho, perfumado, eu fiquei com ciúme do jeito como Joel olhou para ele, ele nos levou para sua sala, Joel disse que estava imaginando o coroa me comendo enquanto ele arrombava o coroa, sorri e disse que topava, mas estava pensando no que acontecia ao meu pai.
Me foi explicado que meu pai iria se sentir bem, mas tinha algumas semanas, talvez três meses, mas sem esperanças de passar muito disso, ia sentir dor e a medicação para controlar isso ia debilitar ele, perguntou se seria melhor para ele passar por isso em casa ou onde estava, eu disse em casa, o médico sorriu e perguntou se era o melhor para todos os membros da família. Meu futuro marido disse que ia falar com meus tios e com meus irmãos, que o contrato do seu imóvel acaba em dois meses e ele não pretende renovar, talvez meu pai pudesse ficar lá esse tempo e o tempo que pudesse ter pela frente.
O Dr. Renato muda de assunto em parte para arejar o ar daquele clima pesado, pergunta a tio Sampaio se ele o reconhecia, olhei para tio Sampaio e ele disse que tem a impressão de ter conversado com ele antes mas não conseguia relembrar, eu ainda podia sentir a pica de Tio Sampaio bombando dentro de mim, aquele braço me segurando pelo pescoço e a outra mão puxando meu cabelo, mandando eu aguentar porque de três cus disponíveis só podia comer dois, e o meu ele estava desejando desde aquela cerveja, ele é um docinho, um docinho, até decidir foder, macho quente da porra, senti que o clima já era de pegação e eu estava mesmo querendo mais, poxa, eu tinha mesmo que pôr gelo no rabo.
O Dr. Renato estava procurando uma foto dele mesmo da época em que se conheceram, falava que tio Sampaio era o maior conquistador naquele período, destruiu muitos namoros, mas era querido por todos os caras também super popular, casou cedo, titio ficou tentando lembrar desse cara na época da faculdade, casou na época da faculdade, viu a foto e disse que o doutor era um nerdzinho que não gostava de fazer amigos e Dr. Renato corrigiu, revelou que sempre foi gay e o melhor jeito de evitar bullying naquela época era se isolar, então se era para não ter amigos de qualquer forma era melhor não sofrer nenhuma ameaça. Eu disse que meu noivo e eu somos gays e amigos do filho gay de tio Sampaio, ele não é homofóbico, tio Sampaio baixa a cabeça e diz que na época seria sim bem violento contra o doutor, pede desculpas por ser um idiota que gera ambiente de pânico.
“Tudo bem, era outra época e acho que mudamos muito então. Sabe, naquela época eu era… eu sempre fui meio caidinho por você, fantasiei muito você e eu, mas era coisa de garoto, o tempo passou, casei, passei anos maravilhosos, fui feliz e sou viúvo há um bom tempo. Ah, desculpa estar ocupando vocês com isso, fiquei feliz e me empolguei não quis roubar o tempo de vocês”, “Tá roubando nada, mas se meu noivo e eu levantarmos o meu amigo tímido vai fugir daqui, somos amigos a pouco tempo, mas ele é muito prestativo e presente, gostamos muito dele, ele está separado há uns dez anos ou mais, nesse tempo foi se descobrindo e teve dois namorados sem importância, pelo que disse, nenhum tão bonito como o senhor, mas o senhor era um magricela muito feio no passado, tem alguma foto desse estupido barrigudo do meu lado?”, doutor Renato riu e desmentiu Joel, disse que ele continua lindo, e mais interessante agora, mostrou a foto de formandos e era como ver Nando uns quinze quilos a menos, um gordinho bem lindo era o tio Sampaio, eu pedi o telefone do doutor, disse que era para saber sobre meu pai e se fosse possível falar sobre essa alta, agradeci, mas disse que a gente estava num dia de feriado e ele no plantão. Ele me passou um número e eu já salvei no celular.
Doutor Renato nos acompanhou até a recepção e disse que seu carro estava na oficina, veio de táxi, pergunta a tio Sampaio se ele queria buscá-lo no fim do expediente, “Olha, Renato, eu vou te ser sincero, foi muito legal ter te revisto e tudo mais, mas eu estou me reconciliando com meu filho e a gente talvez não queira se dar outra chance, já brigamos muito e muito feio, nossa relação está muito gasta e sofrida, eu não quero me distrair com nada, tudo bem, eu sei, você não foi invasivo, foi muito elegante, eu sei, e foi um baita elogio, mas eu não tenho tempo pra perder com paqueras, então se você não me beijar na recepção do seu trabalho não vale a pena abrir mão do tempo com meu filho para brincar de adolescente com você, e aí? Quer me beijar para eu vir te buscar mais tarde ou a gente se despede aqui numa boa?”
Voltamos para casa zoando o nosso beijoqueiro, agora, oficialmente, temos um tio Renato, gato demais e tio Sampaio chegou com os dois pés na porta, apesar do momento de tristeza, do desengano, havia coisas boas acontecendo, Joel deixou ele no quitinete de Nando e me levou para um hotel, disse que a gente precisava de uns momentos só pra gente, me levou pra cama e se deitou pediu para eu me deitar a seu lado e o abraçar, disse que eu estava num ambiente seguro para chorar e desabafar o que estava sentindo, foi como se uma agulha estourasse um balão de gás, eu desidratei, chorei muito, muito, muito. E dormi, quando acordei com ele dormindo ao meu lado, ele se acordou quando eu me mexi. Tomamos banho, foi a primeira vez que ficamos nus e não transamos, saímos para comer um hambúrguer na rua e voltamos para o hotel, ficamos pelados sob a colcha grossa e o ar condicionado, um luxo que eu passaria a ter.
Joel me fala da reserva de dinheiro que tinha e o quanto queria usar na entrada do nosso apartamento, falou de sua separação, de seu casamento, mostrou fotos de sua ex, ela parecia a Sandra Bullock, era linda. Falou de como conheceu tio Caio e de como juntou ele e tio Galvão que é seu amigo de infância, falou que eles são seus melhores amigos na vida, “mas é Murilo quem eu tenho como família”, esse foi expulso de casa debaixo de porrada quando apareceu com um namorado em casa, contra a vontade de sua ex foi buscar o garoto na rua e o trouxe para dentro de casa, arrumou o trabalho de porteiro e o cara nunca mais desenvolveu a autoestima, de vez em quando tinha crise de depressão, por necessidade acabaram se tornando irmãos, ele foi falando dos planos para o futuro que tinha antes de me conhecer, perguntei onde sua ex se encaixava neles e ele notou que não fazia planos para estar com ela no futuro.
Então ele me pergunta sobre meus planos para o futuro, manda eu ser honesto, porque a gente precisava ser honesto com isso e realizar o máximo de sonhos de cada um de nós dois juntos, eu falei que antes eu queria ser qualquer coisa, agora queria ser mecânico, queria parecer com meus tios, mas olhava para as mãos bonitas de Joel e me perguntava se ele ia gostar de dormir todos os dias com um cara que fede a graxa, ele me beijou e disse que gosta mesmo é de homem e eu ter um aspecto rústico e viril o enche de tesão então ele me beija e chupa meu pau, contra a minha vontade eu o interrompo, falo sobre meu pai e ele pergunta o que eu achei da ideia dele, depois ele fala de nosso futuro apartamento, queria apartamento e não casa, falo da conversa com Nando e Lucas, digo que temos de ter oito colchões, ele diz que se numa casa é churrasco e piscina, noutra jogos (que tio Murilo gosta), na nossa cinema, certamente na de meus tios vai ser pra beber, “E você tem de admitir que nem todo mundo bebe até perder o controle, uma vez a cada quatro semanas dá certo. Precisamos falar sobre isso com Galvão e Caio, eu acho que eles vão gostar da ideia. Eu te amo, me deixa sentir sua boca no meu pau enquanto eu engulo o seu, vai amor.” Fizemos isso que foi o máximo tendo em vista nosso cansaço, depois a gente dormiu.
Acordo às oito, ele disse que ia chegar no trabalho às dez e tio Murilo e eu deveríamos chegar na oficina de uma da tarde, mandou eu usar uma calça jeans grossa e uma camisa qualquer, lá me dariam outra, um tênis muito confortável para fazer apenas isso, eu ia ser liberado depois das seis, talvez sete, tomar banho e pegar uma muda de roupa para voltar para o hotel com ele, essa semana a gente ia ‘treinar’ sermos casados, “Meu amor, vamos ver o quanto de graxa você vai voltar, seus tios não são dois porcos não, aliás são cheirosos para um caralho”, me beijou e saiu, deixou uma grana para eu passar o dia e instruções de como pegar o ônibus certo. Tive um momento pra mim e liguei para Nando, ele agradeceu eu ligar, disse que queria falar comigo mas estava com medo de telefonar, “... sabe, eu nunca tive amigos, sempre tive colegas, mas amigos não.” A gente conversou por uma hora, estava inseguro sobre o tio Murilo, disse que estava com vontade de pegar o carro e correr até ele para sentar no pau dele novamente, depois conversar sobre ele mesmo, ouvir as histórias de seu namorado.
Falei sobre o meu dia anterior e ele ficou besta que o pai falou que ia ver um contato para um trabalho, ia encerrar seu ano sabático e se mudar para cá, disse que o pai voltou todo alegre e desconversou, aí eu disse exatamente como o pai dele falou com tio Renato, se fosse para perder tempo não iria desperdiçar uma hora ao lado do filho, “Meu pai vai morrer em algumas semanas, e o teu te ama, ele deve ter cometido muitos erros contigo, mas quer rever isso, o meu foi muito bom, mas ninguém é perfeito nem como pai e nem como filho, eu queria que ele tivesse mais um ano, que ele pudesse tomar um café no apartamento que nem tenho com meu namorado, você pode ter isso, então tenha”, ele chorou e disse que a única coisa boa era as aulas terem acabado, não ia aguentar essas montanhas de emoção durante as aulas, eu perguntei se ele me ajudava a passar no Enem, ele riu e disse que não, que ia ajudar tio Murilo e eu, que ele também quer ser mecânico mas ficou com medo de falar isso e rirem dele porque ele se acha burro.
“Burro, mas me venceu em todos os três jogos que ensinei a ele, ele é um idiota, na última ainda me explicou como fazer para eu ganhar de outros, que raiva eu senti dele ontem a noite, ridículo”. A gente se despediu, eu já estava pronto para chegar a casa de meus tios, medo, muito medo, um medo bom, sei lá, a expectativa de estar vivendo de verdade uma vida de adulto, peguei o ônibus e atendi meu amor às onze e meia, disse que conversei com Nando e estava indo almoçar com tio Caio, ele disse que estava indo almoçar e disse que me amava. Tio Caio já chegou me beijando, disse que só ia me devolver para meu namorado com o rabinho cheio de leite, a gente se agarrou comigo imprensado contra a parede da casa dele. Tio Galvão nem deu importância de nos ver nos agarrando, passou para o banheiro, foi tomar um banho, disse de quando derrubarem aquela casinha, para mim foi um choque, eu adorava aquele lugar, eu ainda não tinha pensado em haver uma construção que não poderia deixar aquele lugar de pé, falei sobre a iminente morte de meu pai, chorei novamente e tio Galvão me abraçou me dando apoio, almoçamos e eu recebi minha camisa de trabalho.
Tio Murilo tem outra postura no trabalho, sorridente e gentil ele sempre é, mas é silencioso, calado e não fala de mais nada que não seja sobre trabalho, meu tio diz que vai precisar de uma mulher para ficar na recepção, é um ambiente muito masculino e ter o mínimo de mulheres ali era essencial, de preferência evangélica para evitar as cantadas e coisas assim, eu lembro que nunca corri atrás de mulher mas comi várias e todas eram evangélicas, tio Caio me olhou e depois de um grande silêncio perguntou o que deveria fazer então, eu falei que uma mulher trans impunha mais respeito e podia ser mais animada que a recepcionista anterior, ou uma pessoa com deficiência de qualquer gênero, tanto uma categoria quanto a outra são bem afastadas do mercado, era melhor para a imagem pública da empresa. Ele concordou, disse que depois iríamos conversar sobre isso.
Foi muito bom o trabalho, eu não entendi nada, não tenho a menor noção do serviço mas me apaixonei, tio Murilo me explicou tudo sobre a oficina e ele ignorava muito pouco ou quase nada, os outros funcionários disseram que a moto dele era tão velha e tão ferrada que ele era um mecânico excelente só em confiar nela, ele diz que não podia pagar o serviço e meus tios deixavam ele usar os equipamentos da oficina. Pedi desculpas aos meus tios por desfazer o combinado, mas eu ia aproveitar uma carona com tio Murilo e ir direto ver meu noivo, queria ter o máximo de tempo com ele nessa semana que nos foi dada, tio Galvão fechou a cara e tio Caio riu concordando, “Ele quer curtir você como sobrinho, como enteado, você é o enteado de nós dois e ele está enciumado”, achei muito lindo.
Eu queria meu namorado deitado no sofá e eu lambendo o corpo dele inteiro, beijando o rosto dele e ele meio aborrecido, meio cansado me ignorando, depois irritado ele baixar meu fogo com uma bela surra de pica, me pegando forte e bruto e ir maneirando a pegada, suavizando o jeito até me fazer gemer baixinho, gozar dentro de mim e me fazer limpar seu pau depois com a boca, colher sua porra direto de meu rabo e me fazer engolir, depois ele me obrigar a dar banho nele, retribuir o favor, me levar pra cama e se deitar, exigir meu abraço até que ele durma e ele dorme rápido, pra me fazer acordar depois dele com seus beijinhos. É só isso que eu quero pra sempre, nada mais.