Derradeira Traição - O laço

Um conto erótico de David
Categoria: Heterossexual
Contém 6998 palavras
Data: 13/09/2025 08:11:44

Derradeira Traição - O Laço

David não via Samantha Ruiz desde o funeral de Emily, quando entrou no refeitório do hospital. Um uniforme azul que não escondia suas curvas sensuais e um sorriso que derreteria aço. Ela estava radiante, o tipo de brilho que uma noiva exibe sem esforço.

Ela se levantou quando olhou para cima e o viu caminhando em sua direção com determinação. Ela o abraçou — um abraço que ele tolerou, mas se sentiu desconfortável. "O que te traz aqui numa tarde de terça-feira?

David deu um pequeno sorriso e sentou-se à sua frente. "Sam, preciso de um favor", disse ele simplesmente.

Sam pareceu confuso, mas disse baixinho: "Não tenho certeza do que posso fazer, mas vou tentar."

"Preciso que você coloque o Dr. Hart e sua esposa para sentar com Mandy e Tasha."

Ela olhou para cima bruscamente. "Com Mandy e Tasha?"

"Sim."

Sam hesitou. "David... elas não são exatamente discretas. E Claire..." Ela parou de falar, franzindo as sobrancelhas. "É mesmo uma boa ideia?"

Ele a encarou, sem hesitar. "Elas vão ficar bem. Além disso, você queria a Emily lá em espírito? Isso serve."

Ela franziu a testa ainda mais. "Não entendo."

Ele tomou um gole lento de café, deixando o silêncio se adensar antes de falar: "Jonathan e Emily estavam transando."

As palavras a atingiram como um tapa. Ela piscou uma vez, depois outra — processando, rejeitando.

"Não", ela disse baixinho. "Isso não pode ser verdade. Emily te adorava. Eu tenho certeza disso."

Ele sorriu, mas não havia calor algum nele. "Ela também gostava do Jonathan. De joelhos. De costas. Curvado sobre o banco do passageiro enquanto ainda usava a aliança."

Sam empalideceu. "David..."

"Vi o laudo da autópsia. Fluido seminal na vagina, reto e orofaringe." Ele não se encolheu ao dizer isso, não suavizou o golpe. "Ela morreu com pedaços dele ainda dentro dela."

Ela o encarou, atordoada. "Meu Deus. Jonathan? Voltando da conferência."

Ele se inclinou para a frente, então, baixando a voz até que ela se enrolasse como fumaça ao redor deles. "Quero a Mandy e a Tasha naquela mesa porque vou transar com uma delas antes do seu casamento. E nós dois sabemos que essas duas não conseguem guardar um segredo nem que suas vidas dependam disso."

"Por quê?", Sam sussurrou. "O que você quer com isso?"

Seu olhar era firme, calmo. Calmo demais.

"Quero que Jonathan saiba como é. Que se pergunte. Que doa. Que se desfaça. Quero que Claire ouça sussurros que ela não consegue ignorar. Quero que eles apodreçam no mesmo silêncio em que tenho vivido no último ano. Porque, como já disse ao Dr. Hart, vou transar com a esposa dele como ele transou com a minha."

"Você contou para o Jonathan? Você realmente disse a ele que ia transar com a esposa dele?"

O maxilar de David se contraiu, seus lábios se contraíram com algo próximo à satisfação. Seus olhos — do mesmo azul suave que outrora fazia Emily derreter — brilharam com algo muito mais sombrio agora.

"Eu disse exatamente isso a ele."

"Você..." ela balançou a cabeça, prendendo a respiração. "Você olhou nos olhos dele e..."

"Ele sabe", disse David, com a voz rouca e grave. "Parecia que tinha engolido um fio desencapado quando eu disse isso. Nem tentou negar o que fez. Simplesmente ficou ali, com aquele terninho presunçoso, com aquela arrogância de cirurgião, e confessou."

Ele se inclinou para frente, sua voz assumindo um tom quase sedutor.

"Ele me disse que Emily o amava. Que ele nunca quis que isso acontecesse. Que ela não conseguia parar de querer mais. Que ele ia deixar Claire."

Sam piscou, atordoada. "Meu Deus."

David torceu a boca. "Ela morreu antes que ele tivesse coragem. E agora? Ele pode seguir com a vida como se nada tivesse acontecido. Sorrindo em festas de gala. Transando com a esposa. Bancando o bom marido, enquanto eu fico com uma cama vazia que ainda cheira ao xampu dela."

Sua respiração ficou presa.

"É por isso que quero Mandy e Tasha naquela mesa. Não preciso sussurrar nada. Depois que me pegarem, os boatos farão o resto. Você sabe como elas são: gemidos altos, bocas ainda mais altas. E Claire vai começar a se perguntar: O que eu fiz? Quando eu fiz isso? Como eu fiz isso."

As bochechas de Sam coraram, suas coxas se mexeram na cadeira enquanto algo perverso se movia através dela, sem ser convidado.

"Não acredito que estou dizendo isso", murmurou ela. "Mas acho que entendi."

David a observou. "Você acha?"

Os olhos dela se ergueram para encontrar os dele. Ela engoliu em seco, com o coração disparado.

"Você não está fazendo isso por luxúria."

"Não", disse ele simplesmente. "Estou fazendo isso porque a justiça nem sempre usa túnica. Às vezes, usa batom e salto alto. Às vezes, geme meu nome alto o suficiente para assombrá-lo."

Sam ficou sentada ali por um longo momento, mordendo o lábio. Então, pegou a caneta e desenhou dois círculos bem fechados ao redor dos nomes Mandy Croft e Tasha Bell no mapa de mesas.

"Mesa Oito", ela disse baixinho. "O jogo começou."

Dois sábados depois, o quarteto de cordas tocou algo leve e descontraído, enquanto taças de champanhe tilintavam e risadas ecoavam pelo salão como perfume. A Mesa Oito estava escondida perto da pista de dança, perto o suficiente para ser vista, longe o suficiente para não ser esquecida.

Jonathan Hart ajustou o punho do seu terno sob medida, visivelmente irritado enquanto olhava ao redor para o mar de vestidos azul-petróleo e piadas internas do hospital. Ele se inclinou na direção de Claire, em voz baixa.

"Enfermeiras? Sério?"

Claire não olhou para ele. Ela tomou um gole de champanhe, os lábios vermelhos beijando a borda da taça.

"Jonathan, cale a boca. Não estrague esta noite", disse ela suavemente.

Ele enrijeceu, o rosto pálido.

Ela sorriu docemente para Mandy Croft do outro lado da mesa. "Me diga, as noites no pronto-socorro têm estado movimentadas ultimamente?"

Mas antes que Mandy pudesse responder, Tasha Bell se aproximou, os olhos já brilhando de malícia e tesão mal contido. A conversa fiada da mesa se aquietou quando ela apoiou o cotovelo na mesa e entornou uma taça de champanhe e disse: "Ocupada, não é nem o começo."

Mandy sorriu. "Você parece estar brilhando. O que aconteceu com você?"

Tasha mordeu o lábio inferior e soltou uma risada ofegante. "Digamos que conheci um homem. Um homem de verdade. Mais velho. Maior. Confiante como o pecado. Ele não só me fez gozar, como me destruiu literalmente, tô acabada."

As outras enfermeiras riram, enquanto Jonathan e Claire ficavam vermelhos. Mandy, porém, estava intrigada com sua melhor amiga e se aproximou.

"Vamos lá", ela sussurrou, com os olhos brilhando. "Você sempre diz isso. O que tornou este diferente?"

Os olhos de Tasha percorreram a mesa, sabendo exatamente o que estava fazendo — e quem estava ouvindo. Sua voz baixou o suficiente para atrair a todos, um murmúrio de sereia com a intenção de prender a atenção.

Todos os olhares se voltaram para a voluptuosa enfermeira do pronto-socorro, de cabelos escuros e cacheados, peitos grandes e pele morena. "Querida, já estive com irmãos que eram dotados como mulas — e eles não fizeram comigo o que esse homem fez. Já ​​estive com mulheres que achavam que podiam chupar melhor que qualquer outra — e elas não fizeram comigo o que esse homem fez. Já ​​estive com homens e mulheres que achavam que seus dedos tocavam você como um violino — eles não fizeram comigo o que esse homem fez. Homens que achavam que estavam no controle. Mas esse homem? Ele não perguntou o que eu queria. Ele sabia. Ele leu meu corpo como se tivesse escrito o maldito manual."

Ela fez uma pausa, saboreando a atenção, e deixou a língua traçar a borda do copo antes de continuar. "Ele não se atrapalhou. Não hesitou. Simplesmente pegou o que queria, como queria e do jeito que queria. Nunca gozei com tanta força a ponto de ver estrelas, esse cara quase me fez desmaiar."

Mandy e as outras enfermeiras estavam bem envolvidas nesse momento, enquanto Tasha continuava: "O cara me fez desistir... DUAS VEZES."

Mandy balançou a cabeça: "Não há a mínima chance de alguém fazer a poderosa rainha das picas, Tasha Bell, uma vadia extraordinária, desistir."

Tasha riu: "Garota, eu sei — e não uma, mas duas vezes. Juro que vi anjos — clarões brancos — e muito mais. Ele me destruiu com os dedos, com a língua, com o pau, aliás, cajado. Ele me fez implorar e eu nem reconheci o som da minha própria voz."

A mão de Claire parou a meio caminho da boca. Jonathan ficou rígido, fingindo se concentrar na taça de vinho, mas o tique no maxilar o traiu.

Mandy soltou um assobio baixo. "Jesus. Preciso de mais detalhes."

Tasha deu um sorriso irônico. "Ele é grosso, Mandy. Não só longo, grosso. Você o sente por dias. E o jeito como ele falou comigo enquanto me fodia. Não é só conversa suja — ele comanda. Ele diz coisas que você não sabia que queria ouvir até que ecoassem pelo seu corpo como um trovão."

Ao lado deles, a enfermeira Shirley trêmula, se mexeu na cadeira, cruzando as pernas com força.

Tasha continuou.

"Ele não me dava apenas orgasmos. Ele os tirava. Arrancava-os de mim como se fosse dono deles. Como se fosse meu dono. Eu não conseguia respirar. Não conseguia pensar. Eu só gritava, me agarrava e deixava que ele fizesse o que quisesse. E quer saber qual a pior parte?"

Mandy ergueu as sobrancelhas, concentrada nas palavras.

"Eu o deixaria fazer tudo isso de novo sem pestanejar."

Houve um breve e inebriante silêncio. Do tipo que se instala quando as pessoas percebem que passaram da conversa para a confissão.

Claire finalmente olhou para Jonathan, sua voz seca e baixa.

"Talvez você devesse tomar notas."

Ele não respondeu. Mas o brilho de pânico em seus olhos era inconfundível.

Mandy não aguentava mais.

"Certo", disse ela, com os olhos arregalados e a voz baixa, como se estivessem compartilhando uma fofoca sagrada e perversa, "você não pode contar um milagre desses e não me dizer o nome do santo. Vamos, Tasha. Preciso de um nome."

Tasha não respondeu de imediato. Apenas sorriu — lenta, decadente e cheia de segredos. Girou o champanhe na taça, sem nem fingir timidez. Estava saboreando aquilo, e todos à mesa sabiam disso.

Então ela mordeu o lábio, olhou para as portas de entrada e deu um aceno sutil e deliberado.

Todas as cabeças se viraram.

Entrando pelas portas estava ninguém menos que David Williams. Ele entrou como alguém de outro mundo.

Despreocupado. Imponente, num terno escuro cor de carvão que se ajustava à sua estrutura robusta como se tivesse sido costurado diretamente nele. Uma barba por fazer escura marcava seu maxilar, seus olhos azuis calmos e indecifráveis, mas com uma confiança silenciosa que desafiava todos a desviar o olhar.

Claire Hart prendeu a respiração — mas não o suficiente para demonstrar. Não para alguém destreinado. Sua coluna se endireitou, os ombros se contraíram, mas seu rosto permaneceu sereno. Mesmo assim, dentro dela, tudo ficou tenso. Não era apenas surpresa. Era calor. Confusão. Uma comichão baixa e latente que ela não sentia há muito tempo.

Ao lado dela, Jonathan congelou. Não o tipo de congelamento que poderia ser considerado mera surpresa.

Não, os nós dos dedos dele ficaram brancos ao redor da haste da taça de vinho. Seu maxilar se apertou tanto que um músculo se contraiu perto da têmpora. Seus olhos se fixaram em David como uma presa avistando um predador que já havia lambido os lábios.

Claire se virou para ele, apenas ligeiramente, percebendo como seu corpo estava rígido, o pulso acelerado em seu pescoço avermelhado.

"O que foi?" ela perguntou, com a voz suave e baixa, só para ele.

Jonathan piscou, arrancado de onde quer que sua mente estivesse. "Nada", disse ele rápido demais. "Só... não esperava vê-lo aqui."

Claire ergueu uma sobrancelha elegante. "Tenho certeza de que o Dr. Williams e David teriam sido convidados."

Jonathan o encarou: "Não pensei que ele apareceria sozinho." Ele não conseguia desviar o olhar do homem que sabia de tudo. Para o homem que ele não conseguia parar. Para o homem que já lhe havia dito — calma e claramente — que ia transar com Claire. E Jonathan não havia contado a ela. Ele não podia — porque isso seria admitir sua própria culpa.

Ele não sabia o que o aterrorizava mais: que ela pudesse descobrir... ou que ela não conseguisse impedir.

Tasha, enquanto isso, recostou-se na cadeira com um sorriso satisfeito, apreciando o modo como todos na mesa ficaram de repente um pouco sem fôlego, um pouco corados.

Mandy estendeu a mão e agarrou o braço dela. "Tasha. De jeito nenhum. É ele?"

Tasha sorriu, toda divertida e maliciosa. "Um-hum."

Mandy olhou para David, seus olhos percorrendo a linha do seu peito, a força das suas coxas, a presença imponente do homem. "Meu Deus. Não é a viúva do Dr. William?"

Claire sentiu necessidade de corrigir a gramática, mas não sabia por quê. "Viúvo, minha querida, David é viúvo — um homem a quem a esposa foi tirada cruelmente e cedo demais."

Mandy não hesitou. Ela já estava farta de ouvir, de imaginar. Estava faminta pela verdade por trás do sorriso irônico nos lábios de Tasha e do calor intenso em sua voz.

Com um último gole de vinho e uma leve lambida no lábio inferior, ela se levantou e alisou a curva do seu vestido bordô justo. Ele abraçava seu corpo como uma segunda pele, exibindo as horas que passara em pé no pronto-socorro — e na academia, fazendo levantamento com mais da metade dos homens com quem trabalhava.

A sala parecia se abrir para ela enquanto se movia. Cada passo era deliberado. Seus quadris balançavam com um pouco mais de calor, um pouco mais de propósito. Seus olhos estavam fixos em apenas um homem.

David Williams.

Ele estava parado perto da parede oposta, conversando com o pai da noiva, com a bebida na mão, a postura relaxada, mas o olhar sempre atento. Ele a viu chegando. E não desviou o olhar.

Ao alcançá-lo, não perdeu tempo. Ficou na ponta dos pés, os seios roçando o peito dele, apenas o suficiente para que ele sentisse a pressão da carne quente e das curvas firmes. Seus lábios roçaram sua orelha, sua voz um ronronar rouco que só ele conseguia ouvir.

"Eu quero o mesmo que vc deu a ela", ela sussurrou.

A risada profunda de David ecoou por seu peito como um trovão no horizonte. Seus olhos verdes se voltaram para a mesa atrás dela — direto para Tasha, que observava com satisfação presunçosa. Ela ergueu o copo em um brinde silencioso.

Mandy se virou o suficiente para deixar seus dedos encontrarem a parte interna do cotovelo de David e passarem por ele. Ele não resistiu. Jamais resistiria.

Sem dizer mais nada, eles se viraram e saíram juntos.

A taça de vinho de Claire tilintou contra seus dentes antes que ela se controlasse. Seus lábios estavam ligeiramente entreabertos. Seu rosto corou — não de vergonha, mas de algo muito mais sombrio. Algo mais quente. Algo faminto.

uma rainha, observando seu plano se desenrolar, ergueu o copo bem alto. "Acho que nosso quarto lá em cima vai cheirar a sexo animal hoje à noite."

Uma das outras enfermeiras engasgou com o champanhe. Jasmine deu uma risadinha.

"Para Mandy, vai ser sim, um sexo incrível, alucinante, de gritar até a garganta doer."

Ela bebeu.

Claire cruzou as pernas com força sob a mesa, pressionando as coxas contra a pulsação lenta que florescia entre elas. Odiava ser afetada. Odiava que a ideia de David com outra mulher, especialmente uma tão ansiosa e oferecida, fizesse sua pele arder.

E ao lado dela, Jonathan estava paralisado. Mais pálido do que antes. Seu maxilar estava tão cerrado que seus dentes doíam. Seu estômago se revirou como ácido. Porque ele sabia o que David estava fazendo.

E pior, ele sabia que merecia.

Cerca de 90 minutos se passaram. A recepção do casamento havia se acalmado, o jantar havia sido servido, as primeiras danças haviam ocorrido e algumas das músicas mais animadas haviam começado a diminuir. Era tarde, alguns convidados já haviam se afastado enquanto os casais dançavam mais devagar, o burburinho do álcool se misturando à luz de velas e à música suave. Mas naquela mesa — naquela mesa — o clima estava tudo, menos calmo.

Risadas ecoaram de um canto. Talheres tilintaram. Mas o som mais agudo foi o eco de saltos altos no chão polido. Mandy estava de volta.

Cabelo despenteado. Bochechas coradas. O vestido levemente amassado, como se tivesse sido vestido às pressas. Seus olhos estavam pesados, brilhando de satisfação e exaustão em igual medida. Ela se recostou no assento como se suas pernas mal conseguissem se mexer, soltando um suspiro lento e sonhador enquanto pegava seu copo.

Todos os olhos se voltaram para ela.

Jasmine, que bebericava vodca e cranberry a noite toda, observava tudo com interesse crescente. Ela se inclinou, a voz rouca de expectativa e bebida. "E então?"

Mandy fez uma pausa, fechou os olhos e estremeceu. Então, riu — suave, baixo, incrédula. "Sabe aquela sensação de quando você acha que fez sexo gostoso? Tipo, você acha que sabe do que seu corpo é capaz? E aí alguém simplesmente... manda todo esse sistema de crenças para o inferno?"

Tasha deu um sorriso malicioso e completou seu vinho. Jasmine se inclinou ainda mais.

Mandy não parou.

"O descrição da Tasha foi pouco. Eu nem tenho palavras para descrever a maior parte do que aconteceu. Em determinado momento, tenho quase certeza de que parei de respirar. Sei que parei de pensar. Houve momentos em que eu nem lembrava onde estava — só o que ele estava fazendo. O que eu implorava."

Ela olhou ao redor da mesa, corada, mas sem vergonha. "Já tive homens. Já tive mulheres. Já tive brinquedos, casais, trios, um fim de semana em Las Vegas que achei selvagem... mas isso? Isso foi outro nível. Ele não só te fode, ele te arrebenta e te faz gostar. Faz você agradecer a ele por te dilacerar por dentro."

Sua voz se transformou num sussurro sensual. "Gozei com tanta força na segunda vez que chorei. Eu nem choro."

Tasha riu com conhecimento de causa: "Quantos?"

Mandy suspirou: "Parei de contar no 7. Droga, esguichei três vezes. Talvez eu tenha que dormir com você hoje à noite. Minha cama está um pântano."

Tasha levou o copo aos lábios: "Você chegou ao 7? Perdi a conta no 6, mas sei que havia muitos mais para contar."

Mandy levantou seu copo e as duas mulheres brindaram com cumplicidade.

Houve um suspiro coletivo ao redor da mesa — todos ficaram atordoados em silêncio, excitação ou pura descrença.

Por duas vezes, durante o relato vívido, Jonathan fez menção de se levantar. Suas mãos tremiam levemente e sua pele adquirira um tom acinzentado. Mas, a cada vez que se mexia, a mão de Claire pousava em sua coxa. Leve. Controladora. Possessiva.

As unhas dela o roçaram uma vez, suavemente, lembrando-o de não se mexer. Sua expressão permaneceu fria e calma, seu olhar nunca deixando Mandy, mas sua mensagem era clara. Você vai se sentar. Você vai ouvir. Você vai se deliciar com isso.

O maxilar de Jonathan se contraiu, raiva, humilhação e culpa fervilhando em suas entranhas como veneno. Mas ele não ousou se levantar. Não com os dedos de Claire apertando-o um pouco mais a cada tentativa.

Mandy recostou-se, suspirando satisfeita. "Que D eus me livre da pobre alma que eu tentar namorar de novo. Homem, mulher, alienígena, não me importo. Não será a mesma coisa. Ele... me arrombou."

Tasha sorriu como um gato que acabou de lamber o creme da tigela. Jasmine se abanou.

E Claire? Ela tomou um gole lento de vinho, sem tirar os olhos de Mandy. Então, com um tom suave demais, deliberado demais, murmurou: "Parece inesquecível."

Jonathan quase engasgou. E isso foi só o começo. Ele já havia passado o rodo nas enfermeiras, e pela descrição de Tasha, e pela confirmação de Mandy, ele o superava em todos os quesitos e isso o corroía por dentro.

A viagem para casa foi tranquila no começo, tranquila demais.

Os nós dos dedos de Jonathan estavam brancos no volante, sua mandíbula tão cerrada que ele achou que seus molares iriam quebrar. A escuridão lá fora era sufocante, mas não era nada comparada ao silêncio entre eles.

Claire sentou-se imponente no banco do passageiro. Imaculada. Imóvel. A Rainha do Gelo, mesmo agora. Com as pernas cruzadas, as mãos apoiadas no colo, nenhum fio de cabelo fora do lugar — embora sua calma fosse uma máscara que Jonathan não conseguia nem começar a entender.

Tentando quebrar o silêncio e desesperado para reassumir qualquer tipo de controle, ele zombou e murmurou: "Aquelas duas vadias se jogando em cima dele como animais famintos por carne. Que vergonha."

Claire não respondeu. Ele continuou, a voz carregada de ressentimento e medo, na esperança de que talvez ela se juntasse a ele em sua amargura.

"Nossa, a Mandy mal conseguia ficar de pé quando voltou. Se gabando como se tivesse ganhado um prêmio. Tipo, como é patético? Gritando para a mesa como se fosse um troféu"

"Jônatas."

A voz dela era suave, fria. Aço glacial cortando seu discurso. Ele hesitou. Claire virou a cabeça lentamente em sua direção, o olhar penetrante, a expressão indecifrável — mas perigosa. Sua voz não se elevou, mas as palavras o atingiram como congelamento.

"Se alguém fizesse comigo o que David fez com elas..." ela disse calmamente, "eu gostaria que o mundo também soubesse."

Jonathan piscou, confuso, mas ela não lhe deu tempo de se recuperar.

"Homens assim... homens com essa aparência, que se movem como ele, com essa voz, esse sorriso... esse tipo de poder?" Ela se inclinou um pouco, a voz ainda calma demais. "Se um homem como David Williams decidisse me foder daquele jeito? Me fazer perder o controle daquele jeito?" Ela fez uma pausa rápida — o suficiente para garantir que suas palavras atingissem os ossos. "Eu gostaria que todos soubessem que eu fiquei com ele."

Jonathan abriu a boca, mas depois fechou. Seu estômago se revirou violentamente.

Claire desviou o olhar e voltou para a janela do passageiro, como se não tivesse dito nada de importante. Mas ela não tinha terminado. Não exatamente.

"Eu ficaria orgulhosa de ser mais uma na lista dele", acrescentou ela baixinho. "Porque, ao contrário de alguns homens... ele sabe como fazer valer a pena."

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Foi nesse momento que Jonathan soube. Ele não tinha a mínima chance. Não contra David Williams. Estava até começando a duvidar do que Emily vira nele, se tudo não passava de uma mentira.

Ele sabia que eles faziam sexo gostoso juntos, mas ela lhe dissera que ele tinha um pau maior, que era um amante melhor, que era perfeito para ela. Ele estava começando a achar que era tudo mentira – que Emily gostava de estar com ele porque ele era gentil, menos exigente.

Ele também sabia que se — quando — David decidisse levar Claire, tudo estaria acabado. Irrevogável. Ele não simplesmente levaria o corpo dela. Ele a destruiria — assim como as duas enfermeiras. E o pior de tudo, Jonathan não conseguiria desviar o olhar. Ele teria que assistir. David se certificaria disso.

Claire estava deitada na cama, olhando para o teto, seu corpo imóvel, só pensamentos e nada mais.

Jonathan dormia ao lado dela, com a respiração superficial e rítmica. Ela sentia o sutil subir e descer do peito dele sob os lençóis. Mas o homem em sua mente, aquele que acendera o calor que agora ardia em seu ventre, não estava deitado ao seu lado.

A expressão dele ao passar por aquela porta — a confiança lenta e imponente a cada passo. O sorriso presunçoso e consciente que dizia que ele já havia vencido. A voz de Tasha tremia com a lembrança, e a maneira como Mandy retornara, corada, radiante, com as pernas mal conseguindo carregá-la...

As coxas de Claire se pressionaram sob as cobertas, instintivamente.

Ela nunca fora do tipo ciumenta. Não daquele jeito mesquinho e inseguro. Mas ver aquelas mulheres falando sobre ele — não, não apenas falando. Adoração — despertava algo dentro dela. Algo profundo, faminto e sombrio.

Ela olhou para o marido adormecido.

Jonathan. O homem que levara Emily à morte. O homem que ela agora suspeitava ter tomado o que não lhe pertencia. E o homem que sabia que, se David realmente decidisse agir, a perderia — completamente. Porque David não apenas a seduziria. Ele a reivindicaria.

Claire deixou a mão deslizar pelo corpo, prendendo a respiração enquanto seus dedos traçavam a seda da camisola, mais abaixo, onde o calor se transformara em algo necessário. Ela fechou os olhos.

Em sua mente, não eram as mãos de Jonathan sobre ela. Eram as de David — mais ásperas, mais seguras. Sua voz, baixa e autoritária em seu ouvido. Sua boca. Seu peso. O jeito como ele a faria se desfazer como as outras, só que mais. Ela não se quebraria, ela se despedaçaria.

O colchão se moveu levemente quando seu corpo começou a arquear, sua respiração não estava mais silenciosa.

Jonathan se mexeu, os olhos se abrindo rapidamente. Ele não se moveu. Não disse uma palavra. Ele sabia.

Ele sentiu os tremores sutis da cama. Ouviu os suspiros silenciosos e ofegantes. Mas não falou. Não ousou. Porque o que tornava aquilo insuportável não era o fato de ela estar se tocando.

Eram os sons suaves e indefesos do prazer dela — o tipo que ele nunca havia extraído dela. A maneira como seu corpo estremeceu, se contraiu e finalmente se liberou num grito silencioso que ela enterrou no travesseiro. Ela se desfez... não para ele. E deitado ali, congelado na cama que dividia com a esposa, Jonathan percebeu que já havia perdido. A traição, a entrega de Claire já havia se consumado em seus sonhos e pensamentos.

Três dias se passaram desde o casamento, e Claire fez de tudo para afogar as imagens persistentes em trabalho. Contratos. Visitas a locais. Reuniões de desenvolvimento. Qualquer coisa para impedi-la de pensar no som que Mandy fez ao retornar à mesa. Qualquer coisa para apagar a aparência de Jonathan, um homem que já se fazia de luto pela perda eminente da esposa.

Ela estava na metade da revisão do projeto de reforma de um arranha-céu no centro da cidade quando sua secretária apareceu.

"Claire? Desculpe interromper, mas... David Williams está aqui. Sem hora marcada. Perguntou se você teria um minuto."

A caneta de Claire congelou no meio da nota. Seu pulso disparou na garganta.

David Williams.

Ela engoliu em seco e ajeitou o blazer com a maior calma possível. "Claro. Mande-o entrar."

A porta se fechou atrás de sua secretária por um momento antes de reabrir.

Ele entrou como se pertencesse àquele lugar — terno sob medida, confiança tranquila, sem um único pedido de desculpas na expressão. Claire se levantou para cumprimentá-lo, instantaneamente consciente de cada nervo do seu corpo. Ela estendeu a mão com o profissionalismo que usara como armadura por anos.

"David. Que surpresa."

Ele apertou a mão dela e a segurou por mais um segundo do que o necessário, educadamente. "Não queria incomodar a Alexandra com isso. Pensei em falar diretamente com você."

"Claro", disse ela, apontando para a cadeira em frente à sua mesa. "Por favor, sente-se."

Claire se jogou de volta no assento, tentando não notar como as pernas dele estavam abertas, o quão relaxado ele parecia, o quão deslocado ele fazia Jonathan parecer apenas por existir.

"Tenho um cliente", disse David, "que está de olho em um possível empreendimento de uso misto. Eles estão de olho naquela faixa perto do centro, perto da água."

Claire se inclinou para a frente, grata pelo assunto, pela oportunidade de falar de negócios — o único lugar onde ela ainda se sentia no controle. "Aquele terreno está parado há uma década. Fizemos as contas, mas o zoneamento sempre foi um problema."

David assentiu, com a voz suave e tranquila. "Exatamente por isso que eu queria sua opinião. Eles têm recursos financeiros e influência política. Se fizer sentido estrutural e financeiramente, podemos fazer o zoneamento se encaixar."

Ela relaxou um pouco. "Eu ficaria interessada em ver o que eles têm em mente."

E então, ele mudou.

Seu sorriso continuou encantador, mas seu olhar mudou. Aguçado. Como se finalmente tivessem descoberto o verdadeiro motivo de sua visita.

"Então", ele disse, inclinando-se para a frente e apoiando os cotovelos casualmente na mesa, "você gostou da cerimônia?"

O ar em seus pulmões ficou denso. Ela sentiu as bochechas corarem instantaneamente, e o calor subiu como um incêndio do pescoço até as orelhas.

Ele sabia.

Ela abriu a boca, tentando evocar alguma resposta inteligente, alguma resposta profissional, mas as únicas palavras que saíram foram: "Ouvi dizer que você e a enfermeira tiveram uma experiência melhor".

O sorriso de David se aprofundou, a pequena covinha em sua bochecha direita aparecendo enquanto seu olhar se fixava no dela com um calor inexplicável. "Quem chega primeiro, é atendido primeiro", disse ele. "Você poderia ter vindo antes da Mandy."

Ela deveria ter ficado ofendida. Indignada. Enojada.

Mas ela não estava.

Ela corou novamente, seu corpo a traindo, o calor pulsando em sua barriga. "Sou casada", ela sussurrou.

David se inclinou, roçando as costas dos dedos no antebraço dela — mal tocando, mas foi o suficiente para fazer sua pele pegar fogo.

"Tem certeza de que isso é um impecilio?"

Claire engoliu em seco, os olhos se voltando rapidamente para a porta e para a parede de vidro. Seu coração batia tão forte que ela tinha certeza de que ele conseguia ouvir.

"Sou casada", ela disse novamente, mais baixo dessa vez.

David estendeu a mão para ela, e desta vez ela não o impediu. Ele entrelaçou os dedos nos dela e a levou à boca, segurando o olhar dela como uma arma. "Isso não é uma resposta", disse ele.

Ela não conseguia se mover.

Não conseguia respirar.

E então--sua boca.

Quente. Molhado. Possessivo.

Ele deslizou o dedo dela lentamente entre os lábios, e Claire sentiu uma onda de desejo atravessá-la com tanta violência que pensou que poderia desmaiar ali mesmo na cadeira.

Sua respiração tremeu. Sua determinação se despedaçou.

"...Não", ela sussurrou.

David se levantou, soltando a mão dela com uma lentidão deliberada. "O jantar na sua casa foi incrível da última vez", disse ele com aquela calma perigosa e característica. "Deveríamos fazer de novo."

Ela piscou, ainda desorientada. "Quando...?"

O sorriso irônico de David retornou enquanto ele abotoava o paletó. "Quinta-feira. Não conte para o Jonathan. Vamos fazer uma surpresa para ele."

Claire só conseguiu concordar, seu estômago se contraindo e seus pensamentos colidindo uns com os outros como ondas em uma tempestade.

David virou-se para a porta, parando pouco antes de abri-la. "Vou levar a proposta de desenvolvimento", disse por cima do ombro. "Podemos trocar ideias."

E então ele se foi.

Claire encarou a porta vazia por um longo tempo, o coração ainda batendo forte, sabendo que o jantar não seria sobre zoneamento. E sabendo que, na quinta-feira, ela não conseguiria dizer não.

O sol mal havia nascido, e uma luz suave filtrava-se pelas cortinas de linho enquanto Claire estava sentada na beira da cama, com o roupão frouxamente amarrado e o café esfriando nas mãos. Ela não dormira muito – muitos pensamentos, muitos "e se". Ainda sentia o fantasma da boca de David em seu dedo, ouvia o veludo escuro em sua voz: "Isso não é uma resposta."

Ela não tinha dado nenhuma. Na verdade, não.

Atrás dela, Jonathan entrou no banheiro. O som da escova de dentes elétrica, o baque de uma gaveta fechando, o zumbido casual que ele sempre fazia quando tentava preencher o silêncio. Ele não tinha ideia. Ainda não.

Claire tomou um gole de café e olhou pela janela, sem ver o horizonte, sem ver o dia. Só ele. David.

A maneira como ele se posicionou no escritório dela — totalmente confiante, sem se desculpar. Como se soubesse o que ia tirar dela. E como se soubesse que ela ia dar de bom grado.

E pior... ele estava certo.

Ela sentiu sob a pele. Uma dor baixa e latente que não passava. Que se acumulava dentro dela desde a cerimônia do casamento e só ficava mais forte. Apavorava-a a facilidade com que David se infiltrara em sua cabeça, sob sua pele, entre suas pernas.

A culpa apertou seu peito como um torno. Ela não era essa mulher. Ela não trapaceava. Ela não fazia joguinhos. Ela não queria ser essa mulher. Mas, sem premeditar, ela já havia iniciado esse trajeto sem ao menos saber em que ponto exato começou.

"Bom dia", disse Jonathan, saindo do banheiro e abotoando os punhos da camisa. Ele parecia... normal. Seguro. Previsível.

Apenas o marido dela e nada além, algo que já não tinha mais o mesmo peso, a mesma importância.

"Bom dia", ela respondeu suavemente, colocando a xícara na mesa e se levantando para alisar o robe. "Dormiu bem?"

Ele assentiu e se inclinou para beijar a bochecha dela. Ela não se afastou, mas também não se inclinou em sua direção. Ele não pareceu notar.

Ela o observou enquanto ele ajeitava a gravata no espelho, do mesmo jeito de sempre: centralizada, conferida duas vezes, um leve puxão. Ele estava tentando, à sua maneira. Tentando mantê-los juntos. Mas ela já estava escapando por entre seus dedos. Se ele soubesse quem viria jantar hoje à noite...

"Reuniões importantes hoje?" ele perguntou enquanto se movia para pegar o telefone no criado-mudo.

Claire assentiu. "Algumas. Preciso conversar com algumas pessoas sobre um grande empreendimento perto do rio..."

Ele se virou, curioso. "Alguém que eu conheça?"

Claire hesitou. Engoliu em seco. "Bem, David Williams trouxe a proposta ontem. Vou me reunir com o cliente dele esta manhã."

A mão de Jonathan congelou. "Ah." O silêncio se prolongou.

Claire pigarreou e foi até o armário, torcendo para que a conversa parasse. Mas ela sentia o olhar de jonathan.

"Isso foi rápido", disse ele finalmente. "Depois do casamento."

Claire não se virou. "Eles são ambiciosos. São só negócios." Ela não acreditou. E pelo silêncio atrás dela, ele também não. Ele não insistiu. "Convidei-o para jantar na quinta à noite. Pensei que ele e eu poderíamos resolver alguns negócios antes de você chegar em casa para o jantar."

Quando ela se virou, Jonathan já estava vestindo o casaco. Ela o pegou olhando para ela, com algo indecifrável nos olhos. Medo? Dúvida? Rendição?

A realidade de que na quinta-feira à noite David Williams iria tomar posse de sua esposa, na sua frente, fez seu estômago revirar – e o sangue começou a fluir para o seu pau. "Você está linda", disse ele gentilmente. "Como sempre."

Claire sorriu, mas o sorriso não chegou aos olhos. "Obrigada."

Eles se moviam um em volta do outro como dançarinos que se esqueceram dos passos. E quando Jonathan pegou as chaves e saiu com um discreto "Vejo vocês à noite", Claire sentiu como se estivesse à beira de um penhasco, com o vento da tentação rugindo em seus ouvidos. E mesmo assim, ela não se afastou.

Na manhã de quinta-feira, Jonathan saiu cedo de casa e foi até a casa de Dave Williams. Uma casa onde ele já havia deixado Emily mais de uma dezena de vezes — uma casa onde ele havia entrado tantas vezes e feito sexo com Emily na cama do casal. Desta vez, os papéis estavam invertidos.

A batida foi forte. Desesperada.

David ergueu os olhos da ilha da cozinha, de camiseta preta e calça social, tomando seu expresso descalço e sem pressa. Quem quer que estivesse na porta já estava batendo por um minuto inteiro antes de finalmente chegar.

Quando ele abriu, Jonathan estava lá, desgrenhado, pálido, olhos fundos, como se não dormisse há semanas.

David encostou-se no batente da porta, bebendo calmamente. "Bem. Isso é novidade. Qual é o problema, Jon? Perdeu a coragem em algum lugar entre aqui e seu pequeno apartamento seguro?"

Jonathan passou por ele e entrou no interior moderno de aço e vidro.

David não o impediu.

"Não faça isso", disse Jonathan, com a voz embargada. "Você já deixou claro o seu ponto. Com a Jasmine. Com a Tasha. Com a Mandy. Com todas as enfermeiras que você..."

David deu uma risadinha profunda e suave. "Então é isso. Você está aqui para me convencer a não transar com a sua esposa."

Jonathan se virou, quase gritando: "Ela disse que resistiria. Ela me disse que resistiria!"

David deu um sorriso irônico. "Claro que sim. Você precisava ouvir isso. Mas eu vi como ela olha para mim. Ora, você também viu."

"Eu imploro", disse Jonathan, com a voz embargada. "Só... deixe ela em paz. Por favor."

Aquele sorriso desapareceu.

David deu um passo à frente. "E você acreditou nela."

Jonathan cerrou os punhos. "Ela é minha esposa."

"Ela é uma mulher que nunca foi tocada do jeito que merece", retrucou David. "Ela está com fome, Jon. E você? Você está deixando ela passar fome."

O rosto de Jonathan se contorceu, mas antes que ele pudesse falar, a voz de David ficou mais baixa, mais mortal.

"Quer falar sobre fome? Vamos falar sobre Emily."

A cor desapareceu do rosto de Jonathan. "Não."

David deu um passo à frente. "Você se lembra do acidente, não é? Você se lembra do que realmente aconteceu."

"Cale-se."

David não. "Você disse à polícia que o sol estava nos seus olhos, que não viu o caminhão rugindo a 72 km/h. Que ela tinha desafivelado o cinto de segurança para pegar a bolsa — mas não era só isso? Ela estava desafivelada porque estava chupando você!"

Jonathan congelou.

O maxilar de David se contraiu, seus olhos afiados e brutais. "Vamos lá, Jonathan, me diga o que você não contaria à polícia. Me diga a verdade em vez das suas mentirinhas de merda. Você a viu morrer. Ficou sentado lá enquanto os policiais tentavam juntar as peças, bancando o amigo em luto, mas sabia o que eles encontrariam."

"Para."

"Você a viu morrer com seu esperma ainda fresco na boca dela. Fresco."

Jonathan recuou como se tivesse sido atingido.

Os lábios de Jonathan tremeram. "Eu não queria..."

"Ela morreu gritando seu nome? Você ao menos TENTOU salvá-la, Doutor Hart? Ou estava mais preocupado com a verdade vindo à tona?"

"EU DISSE QUE NÃO ERA A MINHA INTENÇÃO!"

As palavras saíram do peito de Jonathan como uma ferida aberta. Ele cambaleou para trás, agarrando-se à borda da bancada de David como se fosse vomitar.

David avançou, com a voz agora venenosa. "Você não apenas a perdeu. Você a matou."

"EU A AMAVA!" Jonathan gritou, desabando. "Tínhamos acabado de terminar... ela estava me provocando, rindo... estava colocando o cinto de segurança de volta, colocando-o de propósito entre os seios para me provocar... e eu olhei para ela, só por um segundo..." Seus joelhos cederam. Ele caiu no chão, soluçando violentamente. "Olhei para ela em vez de para a estrada... vi o caminhão, mas era tarde demais..." Ele cobriu o rosto com as mãos trêmulas. "Eu a vi morrer. Eu vi acontecer. E agora está acontecendo de novo."

David ficou parado diante dele, em silêncio por um longo momento. Então, calmamente, como se estivesse lendo um cardápio, disse: "A diferença é que... desta vez, ela não vai morrer, não dessa forma, más estará morta pra você."

Jonathan olhou para cima, um homem destruído.

David agachou-se diante dele, com a voz fria e baixa. "Desta vez, você vai sobreviver. Vai me ver levá-la. E não vai conseguir fazer nada para impedir."

Jonathan ainda estava no chão, tremendo, os olhos vermelhos e desvairados, o peso da culpa o pressionando como uma pedra. As palavras de David o cortaram mais fundo do que qualquer lâmina jamais conseguiria, e por um momento, houve apenas silêncio — denso, sufocante.

Então algo estalou. Como um fósforo riscando uma isca seca. Jonathan se levantou com um rugido, daqueles que não vêm de coragem, mas de puro desespero. Cuspe voou de seus lábios, a raiva fervendo. "Seu filho da mãe convencido!"

Ele investiu. Desleixado. Descoordenado. Motivado pela dor, não pela habilidade. Jonathan nunca havia se envolvido em uma briga na vida — e isso era evidente.

O sorriso irônico de David retornou.

Ele desviou facilmente do primeiro soco, deixando-o passar perto do ombro. O próximo veio em espiral como a birra de uma criança – era quase triste. David agarrou o pulso de Jonathan, torceu-o e o desequilibrou. Jonathan tropeçou, quase caindo.

Mais um golpe. Desta vez, selvagem e exagerado.

David se esquivou sem esforço. "Jesus, Jon", disse ele, balançando a cabeça, "você já se envolveu numa briga?"

Jonathan rosnou, a respiração ofegante. "Você não pode tocá-la, você não pode possuí-la!"

"Ah", disse David friamente, "mas eu sei".

E então, quando Jonathan investiu uma última vez, os olhos de David escureceram. Ele avançou em sua direção. E com um único e preciso soco — acionado como um pistão — David enterrou o punho no plexo solar de Jonathan. O som que se seguiu foi grotesco.

Um suspiro gutural, um suspiro seco que não veio. Jonathan caiu de joelhos, os olhos esbugalhados enquanto agarrava o ar, sem fôlego como uma boneca de pano esmagada por uma bota.

David agachou-se ao lado dele. Calmo. Meditado. Cruel. "Sente isso?", disse ele, em voz baixa e íntima. "Esse som de engasgo? Esse suspiro oco? Acostume-se."

Ele se aproximou, os lábios perto do ouvido de Jonathan. "Você vai ouvir de novo hoje à noite. Logo depois que ela gemer meu nome. Logo depois que ela me implorar. E você saberá que eu não estou apenas no corpo dela — estou na cabeça dela."

Jonathan ofegou, com o rosto vermelho, ainda tentando recuperar o fôlego.

David se levantou lentamente, ajeitando as mangas da camisa. "Agora saia da minha casa antes que eu pare de me conter."

Ele não observou Jonathan rastejar até a porta como um animal ferido. Não se encolheu quando a porta se fechou atrás dele. David simplesmente se serviu de um expresso fresco, já de olhos na noite que o esperava

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