FILÓSOFOS

Um conto erótico de ClaudioNewgromont
Categoria: Homossexual
Contém 457 palavras
Data: 13/09/2025 18:33:11
Assuntos: Gay, Homossexual

Um negro lindo. Mais do que lindo – e isto é a minha perdição – inteligente, perspicaz. Curte filósofos. Lê Filosofia. Cita aforismos.

E é lindo. Sorri com tudo que a natureza lhe concedeu: a neve dos dentes, a faísca dos olhos, o brilho da face. Meu olhar se perde no ímã do seu.

A campainha me chamou. Por estranhamento de não costumar receber visitas, o olho mágico mostrou-me o negro, deformado pela lente, mas ainda lindo. Achei que não deveria me vestir; abri e nossos sorrisos se encontraram. Fi-lo penetrar em meu mundo.

À fugacidade do seu presto olhar sobre meu corpo desnudo, seguiu-se o habitual sorriso, em aquiescência. Um comentário despretensioso sobre nudez e psique humana, sobre o interdito social e autoafirmação, ou ratificação pessoal. Preâmbulo para perguntar se também lhe era permitida a partilha do desvestir-se. “Claro”, enfatizei. Até diria “necessária” – mas não disse. Sorri apenas.

O abandono das roupas expôs aveludada pele, escuros mamilos, pulsante falo – ambos rígidos. Enlevei-me ante a beleza negra de seu corpo. Voltando ao rosto, calei seu sorriso em silêncio, somente nossas línguas em molhado diálogo. Sua pele escura misturando-se à minha brancura. Mastros roçantes e efervescência sanguínea.

Eu ansiava, ávido, por conhecer-lhe o gosto. Desci por seu tronco, sentia sua essência a passar pelas minhas narinas. Até que o encontrei, ansioso e teso; primeiro enfiou-se seu cheiro por dentro de mim, depois molhou-se em minha já abundante saliva e recebeu a vasta e intensa carícia da minha língua. A sua gemia, ao discretamente, lá no alto.

Meu todo já não mais se continha. Subi, num afago de corpo inteiro, o meu lentamente se volteando e lhe entregando todos os caminhos; suas carícias mais me acendendo o desejo – peito-costas, boca-nuca, púbis-nádegas...

E ante a flor da manhã que se escancara à visita do orvalho, a viagem começou, tímida, devagar, mas logo tomando impulso e, com firmeza carinhosa, conhecendo-me o interior. A fricção de seu membro, ganhando tamanho dentro de mim, elevava-me às alturas, fazia-me sentir um apaixonado discípulo socrático, experimentando a sabedoria integral do meu jovem filósofo.

E por um tempo impossível de mensurar, nossos corpos se integraram, se fundiram num só prazer, numa só onda de energia vivificante, em movimentos perfeitos, concatenados, complementares.

Até que uma mais forte pressão, a imobilização de seu corpo sobre o meu, e o nítido pulsar do seu falo em mim revelaram-se introito de uma explosão líquida de prazer jactante, a me inundar, fazendo minhas entranhas recolherem todo o saber inexplicável daquele momento, enquanto nossos corações, agitados em percussão, competiam entre si. O calor de nossos corpos colados/calados ainda nos unificava, no profundo de nossas respirações.

Abri a porta, e após o simpático cumprimento, ouvi-lhe o pedido do Banquete platônico emprestado e o satisfiz.

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Comentários

Foto de perfil de Tito JC

Belíssimo texto! Magnífico uso das palavras! Uma demonstração, refinada, de entrega absoluta ao prazer da escrita. Parabéns!!!...⭐⭐⭐

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