— Carlos, você pensa que é assim? Que basta chegar aqui, vir com esse discurso de que cometeu o maior erro da sua vida e tá tudo bem? — Falei cruzando os braços e mantendo distância do Carlos, minha voz tremendo de raiva contida.
— Eu gosto de você, sinto sua falta — falou Carlos me olhando com aquela cara de cachorro pidão que sempre me desarma, os olhos dele brilhando com uma mistura de desespero e desejo.
— Não adianta fazer essa cara que não vou ceder, você acha que é fácil? Chega aqui, vem com esse discurso barato de que tá com saudades, que isso e aquilo. Carlos, você me traiu de uma maneira suja. A gente estava construindo algo sólido, eu tava apaixonado por você e você me trocou pelo Raul, sinceramente Carlos, o que eu sentia por você acabou, eu tô seguindo em frente — falei, mas minha voz falhou no final, traindo a dor que ainda sinto.
— Seguindo em frente com aquele cara que você estava no restaurante? Com aquele cara bem mais velho que você? — perguntou Carlos, a voz carregada de ciúmes e despeito.
— Com ele também, e com o Luke, e com qualquer um que aparecer que me faça esquecer você — falei o nome do Luke só pra irritar Carlos, sabendo exatamente como isso o afetaria.
— COM O LUKE? — gritou Carlos, os punhos se fechando, o rosto contorcendo de raiva.
— Sim, com o Luke, qual o problema!
— Você sabe que eu não gosto de você com o Luke, que eu tenho ciúmes — falou Carlos se aproximando, a respiração pesada, os olhos fixos nos meus com uma intensidade que me fazia tremer.
— Carlos, você não manda na minha vida, e sua opinião não vai interferir em nada na minha vida. Eu fico com o Luke, eu fiquei com o Luke, e vou ficar com o Luke, e sabe de uma coisa? Acabei de chegar da casa dele.
Foi então que Carlos avançou para cima de mim com a fúria de um homem desesperado. Seus lábios colidiram com os meus num beijo voraz, faminto, carregado de toda a paixão e desespero que ele sentia. Por alguns segundos eternos, eu me perdi no sabor dele, na textura dos seus lábios que conhecia tão bem, no calor do seu corpo pressionado contra o meu. Meu corpo traiu minha mente, respondendo instintivamente àquele toque que tanto conhecia. Mas quando a realidade voltou, empurrei Carlos com força, meu peito subindo e descendo descompassadamente.
— Ele beija você assim como eu te beijo? Por acaso ele te pega assim? — disse Carlos, a voz rouca, os olhos escuros de desejo enquanto suas mãos se moviam pelo ar, simulando carícias íntimas que me faziam arrepiar.
— Carlos, cala a boca — respondi, mas minha voz saiu mais fraca do que eu queria.
— Vai me responder — disse Carlos se aproximando mais de mim, seu perfume familiar invadindo meus sentidos, me transportando para todos os momentos íntimos que compartilhamos.
— Sai de perto de mim, Carlos.
— Tem medo de não resistir a mim? — disse Carlos me segurando pela cintura, suas mãos quentes queimando através da minha roupa, seus dedos desenhando círculos que me faziam perder o fôlego.
— Carlos... melhor você ir embora, não quero nada com você — tentei soar firme, mas estava derretendo por dentro com o toque dele.
— Eu não quero você com o Luke — sussurrou no meu ouvido, sua respiração quente fazendo minha pele se arrepiar toda.
— Eu não vou deixar de ficar com o Luke, e aí? A gente não namora mais, acabou.
— Como você pode voltar pro Luke depois de tudo? Me responde, pra ele você dá uma chance e pra mim não? Isso é injusto — a voz dele quebrou um pouco, mostrando uma vulnerabilidade que ele raramente deixava escapar.
— Injusto foi o que você fez comigo! Ficou com meu amigo debaixo do meu nariz, daí vem aqui querendo perdão, querendo voltar pra mim? O que você quer? Quer que eu seja seu amante enquanto você namora com o Raul? É isso? Quer inverter as coisas, igual você fez? Você acha isso certo, Carlos?
— Eu quero você, já disse — ele respondeu com uma firmeza que me fez engolir seco.
— Eu não estou disponível pra você, eu não estou à venda, e eu não sou sua posse.
— Você me ama, eu sei — disse Carlos com uma certeza absoluta, me fazendo engolir seco e sentir meu coração disparar.
— Sim, eu amo você, Carlos — admiti, as palavras saindo como um sussurro doloroso — mas o que você fez acabou com todo sentimento que eu vinha construindo por você.
— Então é isso? Vai me desprezar mesmo?
— Carlos... para de show, por favor, segue a vida, já disse, eu tô bem, você tá vivendo seu grande romance com o Raul. Ele sabe que você tá aqui? Que veio atrás do ex-namorado dele?
— Claro que não.
— Carlos, veja o que tá acontecendo, veja o que a gente passou, traição em cima de traição, eu traí o Luke com você, você me largou pra ficar com o Raul, porra, sempre uma traição no meio, eu não quero mais isso na minha vida, isso pra mim é baixo, sei lá, acabou, não quero viver nesse ciclo.
— Você e o Luke vão voltar a namorar?
— Carlos, você tá preocupado comigo? Ou você está preocupado com seu ego que não aceita perder pro Luke?
— Eu não gosto do Luke, você sabe disso.
— Tudo que eu tô falando tá sendo em vão? O que eu penso, o que eu sinto? Porque o que importa aqui é eu não ficar com o Luke, é isso?
— Não é isso.
— Mas é isso que você insiste em dizer, Carlos.
— Eu tenho ciúmes do Luke, você sabe disso, eu odeio ele porque ele conquistou você primeiro do que eu, você amou primeiro ele.
E foi então que algo dentro de mim explodiu. Todas as palavras que eu tinha engolido, toda a dor, toda a raiva, tudo veio à tona como um vulcão em erupção:
— Sim, o Luke realmente me fez mudar muita coisa, mas isso não anula o fato de que eu estava gostando de você — minha voz começou a falhar, as lágrimas queimando meus olhos — estava completamente apaixonado por você, estava gostando de você de uma forma que eu jamais gostei, até mais do que o Luke, porque eu te amava, Carlos! — as primeiras lágrimas escorreram, mas eu não conseguia parar — Eu queria você pra mim, queria viver uma história de amor com você, queria passar o dia dos namorados, meus aniversários, seu aniversário, tantas coisas, tantos planos que eu tinha e nem tinha te contado, porque o que estava nascendo em mim era real, era um sentimento bonito!
Minha voz quebrou completamente, os soluços tomando conta de mim:
— Eu sempre fui frio, posso não ter transparecido nada, mas era você o cara que eu tinha escolhido, era você que me fazia rir, era você que cuidava do Thanos melhor do que eu, eu te amava, Carlos! — gritei entre lágrimas — Eu tenho certeza disso, que eu te amei bem mais do que você me amou, porque se você me amasse como você diz que ama, você não teria me trocado pelo Raul, você não teria ficado com ele debaixo do meu nariz, você não teria me deixado ir embora, você foi um covarde!
As palavras saíam como punhaladas no meu próprio peito:
— Você me deixou, você me trocou, e quer que eu esqueça tudo isso? Quer que eu simplesmente coloque uma pedra em cima? Que eu não fique com o Luke porque fere o seu ego? Você acha isso justo? Pra você é simples brincar com meus sentimentos? — estava soluçando descontroladamente agora — Você acha que foi fácil? Fiquei me sentindo a pior pessoa do mundo, fiquei me sentindo culpado por você preferir o Raul do que a mim, me senti um lixo, me senti feio, me senti horrível!
Caí de joelhos no chão, as mãos cobrindo o rosto:
— Eu poderia ter caído em depressão, mas eu resolvi seguir em frente, porque você fez o mesmo e você fez primeiro que eu, enquanto você leva o Raul pros mesmos cantos que me levava, deve beijar e fazer as mesmas coisas que fazia comigo, daí vem aqui e diz que tá arrependido? Que cometeu o erro da sua vida? Você acha que realmente tudo é assim fácil? — levantei o rosto molhado de lágrimas para ele — Carlos, vai embora, por favor, some da minha vida!
— Desculpa por tudo, Lucas, perdão, eu não sei nem o que dizer — a voz dele saiu quebrada, visivelmente abalado com meu desabafo.
— Sim, você não sabe o que dizer porque é um covarde! Assuma que você me trocou, assuma que você preferiu o Raul do que a mim, não joga o nome do Luke, ou venha querer questionar com quem eu fico ou deixo de ficar, eu tô fazendo o que você também tá fazendo!
E então, friamente, Carlos saiu, com a cabeça baixa e algumas lágrimas escorrendo pelo rosto. Meu peito doía como se alguém tivesse arrancado meu coração com as próprias mãos. Meu peito apertava de uma forma sufocante, porque Carlos, sem dúvidas, era um dos meus grandes amores - talvez o maior de todos.
Aquele amor que me avassalou de um jeito que eu jamais pensei que iria acontecer. Com Carlos foi intenso e natural, como se duas almas se reconhecessem depois de vidas inteiras procurando uma pela outra. Era diferente do que sentia pelo Luke. Luke foi meu primeiro amor verdadeiro, aquele que fez meu coração bater pela primeira vez de verdade, que me fez descobrir quem eu realmente era, que me deu coragem de largar Camile e assumir minha sexualidade. Luke foi transformação, foi despertar, foi renascimento.
Mas Carlos... Carlos foi consumo. Foi paixão que queima por dentro, foi desejo que transcende o físico. Com Luke eu me descobri, mas com Carlos eu me perdi completamente. Luke me ensinou a amar, Carlos me ensinou o que é ser amado de volta, até o momento em que não fui mais.
Luke era como um rio calmo que me levava gentilmente para um novo lugar, Carlos era como um oceano tempestuoso que me engolia por completo. Com Luke, eu escolhi amar; com Carlos, eu não tive escolha, simplesmente aconteceu, como um raio que cai do céu.
E agora, vendo ele partir de cabeça baixa, chorando depois de eu deixá-lo sem palavras, me fez ter um pouco de pena. A dor no meu peito não era só raiva, era saudade, era amor ferido, era a constatação de que talvez eu tenha sido um pouco duro com ele. Talvez não devesse ter pegado pesado com as palavras, mas aquilo serviu também para eu vomitar tudo que eu tinha entalado na minha garganta, toda a dor que eu carregava desde que ele me deixou.
Eu não sabia se aquele seria nosso ponto final para sempre, ou se seria um longo hiato, mas a verdade é que o que eu sentia pelo Carlos era algo grande demais para simplesmente desaparecer. Era o tipo de amor que marca a alma, que deixa cicatrizes bonitas, que mesmo machucando, a gente não consegue lamentar ter vivido.
Fiquei ali, sozinho, com o eco das nossas palavras ainda ecoando no ar, sabendo que algo havia se encerrado definitivamente, mas também que algo de nós dois sempre viveria em mim, como uma tatuagem invisível no coração.
Em meio de todo esse caos emocional, acabei adormecendo ali mesmo, exausto de tanto chorar e desabafar. Acordei algumas horas depois com a cabeça pesada, como se tivesse bebido a noite inteira, mas era só o peso da dor mesmo. Peguei meu celular e tinha mais mensagens de perdão do Guto, mas eu não estava a fim de ler aquelas palavras vazias. Precisava dar um gelo nele, fazer ele entender que não se brinca comigo impunemente.
Respondi as outras mensagens rapidamente e tomei meu banho, deixando a água quente lavar um pouco da tensão dos meus músculos. Quando fui tomar café da manhã, me deparei com a Camille e meu pai na cozinha - aquela cena doméstica que me dava náusea. Dei um bom dia seco, preparei minha comida em silêncio e comi rapidamente para evitar ficar no mesmo ambiente que eles. Aquela situação estava me matando por dentro, me sufocando como uma corda no pescoço.
Foi então que resolvi ligar para minha mãe. Contei a ela sobre a situação com a Camille, que não estava me sentindo bem em casa, e falei que queria sair dali. Eu sabia que não seria tão simples simplesmente sair de casa e ir morar sozinho,- eu não trabalhava e ainda tinha o Thanos pra tomar conta. Como imaginei, minha mãe não topou bancar uma casa só pra mim, pediu pra eu ter paciência, disse que logo eu começaria outra faculdade e passaria mais tempo longe de casa.
Quando estava no carro, o Guto me ligou:
— Oi — disse de maneira fria, quase cortante.
— Por que você não me atendeu?
— Porque eu não quis, Guto — falei suspirando, fazendo questão de soar entediado.
— Me desculpa, por favor, vem aqui em casa.
— Tô indo pra academia, Guto.
— Vamos conversar, por favor, não quero que a gente fique brigado.
— Quando acabar meu treino eu passo aí.
— Vem à noite, vou trabalhar hoje à tarde.
— Tá bom, tá bom, à noite eu vou e a gente conversa — então desliguei o telefone, cortando qualquer chance dele continuar se humilhando ao telefone.
Ali, dirigindo pra academia e refletindo sobre minha conversa com minha mãe, percebi que estava insuportável viver com a Camille e meu pai em casa. A tensão era palpável, o ar estava sempre carregado, e eu me sentia como um estranho na minha própria casa. Até pensei em terminar tudo com o Guto ali mesmo por telefone, mas aí me veio uma ideia calculista: ele era mais velho, tinha dinheiro, e podia me dar um certo conforto. Por que não usar isso a meu favor?
Era uma oportunidade de ouro, estar com ele seria uma maneira de fugir e ficar longe de casa. Pensei em fazer um drama, uma cena, esquecer tudo o que tinha acontecido com o Haroldo, e usar o Guto como minha válvula de escape. Talvez aquilo fosse exatamente o que eu precisava naquele momento: alguém completamente dependente de mim, alguém que eu pudesse controlar.
Quando terminei o treino, fui pra casa do Matias. A gente resolveu as coisas da matrícula na faculdade particular, conversei e contei a ele sobre Carlos, Raul, e a briga com Guto. Ele me deu os melhores conselhos, como sempre, e passamos o dia juntos. Com a matrícula tudo ok, eu estava prestes a dar outro passo importante na minha vida, uma nova faculdade além da que eu já fazia. Me sentia feliz de certa maneira, como se estivesse tomando controle da minha vida.
Quando anoiteceu, troquei mensagens com Guto e fui para casa dele. Quando cheguei, ele abriu a porta e me deu um beijo rápido, mas eu mal correspondi.
— Me desculpa, meu bb — disse Guto sussurrando no meu ouvido, a voz carregada de culpa.
— Desculpa pelo quê? Pela humilhação que seu ex-marido me fez? Ou por você não me defender? — respondi com frieza, aproveitando para testar até onde ele iria se rebaixar.
— Pelos dois, eu errei, fui moleque, prometo não mais fazer isso.
— Você tá merecendo um castigo, sabia? — falei puxando o cabelo do Guto com força e o puxando para um beijo enquanto caíamos no sofá.
— Eu adoro quando você me trata assim, sabia? — disse Guto com a voz rouca, os olhos brilhando com uma mistura de dor e prazer.
— Assim? — dei um tapa no seu rosto, não muito forte, mas o suficiente para ele sentir.
— Sim, bate mais forte — falou Guto com aquele olhar de desejo puro, me fazendo perceber o quão submisso ele realmente era.
— Seu safado — dei dois tapas seguidos, um atrás do outro, bem rápidos, e vi como ele se derretia com cada um.
— Você é tão malvado, Lucas, adoro isso em você — disse Guto tirando minha camisa com uma urgência quase desesperada.
— É? Você gosta do malvadão aqui, é? — falei tirando também a camisa dele e chupando seu peitoral, sentindo como ele estremecia com cada toque.
— Sim, penso em você noite e dia, não paro de pensar desde ontem com medo de perder você.
— Espero que você não vacile mais, tá ouvindo? — falei puxando novamente o cabelo dele com força, fazendo ele gritar.
— Aiii — gritou Guto.
— Não grita, não seja frouxo, que eu não gosto de macho mole não — disse com autoridade, estabelecendo meu domínio.
E então demos um beijo intenso, por longos minutos, onde as roupas foram sendo jogadas pelo chão. A gente sussurrava coisas no ouvido um do outro, e eu estava deixando Guto completamente doido. Como eu já relatei, estava descobrindo um lado dominante meu, e Guto era totalmente submisso - a combinação perfeita para alimentar esse lado sombrio que estava aflorando em mim.
Eu tinha lido umas coisas, me inspirado em outras, e então resolvi "maltratar" Guto de uma forma que ele nunca esqueceria. Quando ele estava implorando pelo meu corpo, eu disse:
— Vamos pro quarto, melhor — e sorri com um sorriso malicioso.
— Vamos.
— De quatro. Quero você indo pro quarto se rastejando, igual um cachorro — falei de forma autoritária, testando até onde ele iria.
— O quê?
— Você faz o que eu mando e me obedece sem questionar — e então dei outro tapa no seu rosto, bem forte dessa vez.
— Sim, senhor.
E então fomos para o quarto. Eu me deitei na cama enquanto Guto ficou no chão, esperando minhas ordens como um animal domesticado.
— Agora deita aí no chão, que esse é seu castigo. Você não vai ter meu corpo hoje, pra você aprender a me respeitar. Vai dormir aí no chão enquanto eu durmo aqui, e não pense em vir pra cama, senão será pior pra você.
— Você não vai fazer isso comigo, né? Eu quero você me fodendo Lucas, por favor, me come, olha como eu tô;
— Isso é castigo pra você aprender. Quem manda em você sou eu. Me obedeça e cale sua boca. Se eu acordar e você não estiver aí deitado, a consequência será pior.
— Lucas...
— Calado. Não fale nem um piu até eu mandar, eu estou com tesão, vou ver se tem alguma passiva aqui no grindr pra eu meter, enquanto você assiste.
– Você não é doido de fazer isso.
– Calado, eu mandei você falar? Eu vou fazer o que eu quiser, e você não pode reclamar, esse é seu castigo, pra você aprender.
Então o Guto ficou ali deitado no chão, enquanto eu mexia no celular, troquei conversas com alguns caras, e acabei desenvolvendo melhor o papo com um carinha que topou, falei a ele que meu “namorado” iria assistir, e ele adorou, achou interessante, trocamos nudes, e eu adorei, pouco tempo depois ele chegou, fui abri a porta, ele era bem mais bonito e gostoso do que pelas fotos, fomos para o quarto, e lá estava o Guto no chão, fui beijando o carinha e tirando a roupa dele, enquanto o Guto só assistia, comecei a meter feito um animal no cú do carinha, o Guto começou a se masturbar, eu vi o movimento, e eu logo mandei ele parar, ele não tinha esse direito, fui metendo no carinha, ele gemia, rebolava no meu pau, e a toda instante eu olhava para o Guto, um sorriso sádico saiu do meu rosto, aquilo definitivamente estava sendo o máximo para mim, logo eu gozei e o carinha também gozou, e foi embora, dei outro beijo nele na frente do Guto, e fui deixar ele na porta. Quando voltei para o quarto fiquei observando Guto deitado no chão frio como um cãozinho obediente, eu me sentia uma pessoa forte e importante. Era uma sensação nova ser dominante assim, ter alguém completamente à minha mercê. Mas enquanto observava aquela cena, uma reflexão perturbadora começou a tomar forma na minha mente.
Eu acho que tratava Guto como eu secretamente queria ser tratado às vezes. Me via no lugar dele, e se fosse o Luke ou Carlos me tratando assim? Se eu fosse o que estava no chão, implorando por atenção, por um toque, por aprovação? Ter acabado de assistir eles fodendo outro na minha frente? E sabe de uma coisa assustadora? Eu acho que eu iria gostar sim de ser submisso, de entregar completamente meu controle para alguém que eu amasse de verdade.
Mas aquilo era algo que eu não estava disposto a explorar naquele momento. Naquele momento, eu precisava ser o dominante, precisava mandar, precisar ter Guto como minha propriedade. Era uma forma de compensar toda a impotência que eu sentia em outras áreas da minha vida, em casa com Camille e meu pai, com Carlos que me trocou.
Observando Guto ali no chão, submisso e patético, comecei a entender algo sobre a natureza humana que me assustou um pouco. As pessoas são capazes de se humilhar, de abrir mão da própria dignidade, em troca de migalhas de afeto, de sexo, de atenção. Guto, um homem de 43 anos, bem-sucedido financeiramente, estava literalmente no chão porque eu, um garoto de 18 anos, mandei.
E o mais perturbador de tudo: ele estava gostando. Seus olhos brilhavam com uma satisfação doentia de estar sendo dominado, humilhado, controlado. Era como se ele precisasse daquilo para se sentir vivo, como se a dor emocional fosse o preço que ele estava disposto a pagar pelo prazer.
Isso me fez pensar em mim mesmo. Quantas vezes eu não me rebaixei pelo Luke e pelo Carlos? Quantas vezes não aceitei migalhas de atenção dele quando deveria ter exigido o banquete inteiro? A diferença é que eu estava começando a perceber esse padrão, estava começando a entender que amor verdadeiro não deveria custar a nossa dignidade.
Talvez essa experiência com Guto fosse exatamente o que eu precisava, não só para satisfazer meu lado dominante emergente, mas para entender como funciona essa dança doentia entre dominador e dominado, entre quem dá migalhas e quem as aceita agradecido.
Fechei os olhos naquela cama confortável enquanto Guto permanecia no chão, e pela primeira vez me senti verdadeiramente no controle de alguma coisa na minha vida. Era uma sensação viciante, poderosa, quase narcótica. E eu tinha a impressão de que aquilo era só o começo de uma descoberta muito mais profunda sobre mim mesmo.