Parecia que eu estava sonhando acordada naquela noite. Mas, ainda bem que não era um sonho; tudo o que aconteceu foi verdade, e eu estava extasiada de felicidade. Sabrina se superou dessa vez: tudo foi tão lindo, tão perfeito, que não havia como ser melhor. Eu estava noiva da mulher mais incrível do mundo e tinha certeza de que ela seria minha esposa em um futuro próximo.
Ali, sentindo seu abraço e seus beijos sob a água morna que escorria sobre nossos corpos nus, eu me sentia no paraíso. Nossos beijos eram suaves, carinhosos e cheios de afeto. Mas, conforme nossos corpos se tocavam e as mãos exploravam cada vez mais, a intensidade dos beijos foi mudando aos poucos. Cada vez se tornavam mais quentes, mais intensos, e o carinho foi sendo substituído por desejo. Nossos corpos estavam totalmente unidos, e nossas línguas se entrelaçavam dentro de nossas bocas. A respiração ficou pesada, e às vezes o beijo era interrompido para que uma pudesse beijar o pescoço da outra, mas logo nossas bocas se uniram novamente, e a cada reencontro, o beijo se tornava mais quente.
Não demorou muito para eu sentir Sabrina pegando uma das minhas mãos que estava sobre seu bumbum e levando até sua menina. Eu comecei a massagear seu clitóris, e ela gemeu dentro da minha boca pela primeira vez. Logo senti seus dedos se posicionarem sobre o meu clitóris, começando a estimulá-lo com vontade. Ela segurou com a outra mão na minha cintura e foi girando o corpo; eu agora estava com as costas na parede e sem a água do chuveiro sobre mim.
Sabrina gemia no meu ouvido, mordia meus lábios, brincava com sua boca no meu pescoço e movimentava os dedos entre minhas pernas. Eu levei minha mão esquerda por cima do ombro e segurei sua nuca, puxando-a para um beijo quase descontrolado. Depois de algum tempo naquela situação gostosa, meu corpo já estava prestes a explodir de tanto prazer que eu sentia com os toques de Sabrina entre minhas pernas. Eu gemia alto e tentava ao máximo me concentrar em lhe dar prazer, mas não conseguia manter a intensidade dos meus toques. Ela percebeu que eu estava chegando ao clímax e intensificou os movimentos dos seus dedos. Às vezes, ela me penetrava forte e rápido; outras vezes, apenas estimulava meu clitóris com seus dedos. Meu corpo todo começou a tremer, e eu perdi a coordenação motora. Um orgasmo forte tomou conta do meu corpo. Eu me agarrei com os dois braços ao redor do seu pescoço, com medo de desfalecer de tanto prazer que senti.
Sabrina passou as mãos pela minha cintura e me prendeu entre seus braços até minhas forças voltarem. Eu respirava pesado, com o queixo apoiado no seu ombro. Assim que consegui respirar normalmente, voltei a beijá-la. Eu precisava retribuir aquele prazer intenso que ela me fez sentir, e não demorou para eu descer com a boca para seu pescoço, depois para os seios, e, após deixar um rastro de beijos pela sua barriga, me ajoelhei na sua frente, com minha boca já buscando contato com sua menina.
Sabrina abriu mais as pernas e colocou uma das mãos em minha cabeça. Eu passava a língua por sua menina e usava os lábios para sugar seu clitóris. Ela gemia baixinho e movia seu quadril devagar. Minha língua e lábios trabalhavam incansavelmente. Seus gemidos, cada vez mais altos e roucos, tomavam conta do ambiente. Ela começou a mover o quadril mais rápido e forçar minha cabeça com as mãos. Aquilo era um sinal de que ela estava prestes a ter um orgasmo. Concentrei-me em seu clitóris e intensifiquei os carinhos ali, estimulando-o ao máximo. Logo, seus gemidos se tornaram pequenos gritos e seu corpo tremeu. Senti os primeiros espasmos tomarem conta do seu corpo; ela estava gozando na minha boca, e eu fiz questão de lamber cada gota do seu mel.
Quando Sabrina se recuperou, voltamos a nos beijar, trocamos juras de amor e terminamos nosso banho. Do banheiro, fomos para o tapete do escritório e, depois de forrá-lo com uma manta, nos deitamos. A noite ainda estava longe de acabar, e nós duas queríamos aproveitar muito ainda. Só fomos dormir depois de nossos corpos estarem totalmente saciados. Eu amei cada segundo ali fazendo amor com ela e depois sentindo seus carinhos antes de dormir em seus braços. Sem dúvidas, foi a melhor noite da minha vida, e provavelmente a dela também.
Acordamos quase na hora do almoço do dia seguinte, e era nítido o semblante de felicidade que Sabrina tinha no rosto. Seu sorriso sempre foi lindo, mas naquele dia parecia ainda mais radiante. A gente transbordava felicidade, e isso era evidente em nossos sorrisos e olhares.
Nem fomos para nosso apartamento naquele dia; pedimos um almoço e depois fui ajudar Sabrina a arrumar as coisas da festa. Logo, o pessoal que trabalhava com ela chegou, e um sorriso brotava em meus lábios toda vez que Sabrina mostrava a aliança para alguns deles. Era nítido o orgulho que ela sentia ao fazer aquilo; era como se estivesse mostrando algo extremamente valioso. Na verdade, acho que para nós duas era sim, algo muito valioso. Para mim, era a minha maior conquista. O amor que tínhamos era algo que não tinha preço, que eu nunca imaginei conquistar, mas aconteceu, e eu me sentia totalmente realizada.
Nossas vidas seguiram, e aquele cuidado que tínhamos uma pela outra não mudou. Sabrina não deixou de me surpreender com jantares românticos inesperados ou com programas especiais quase todos os finais de semana, normalmente aos domingos. Minha terapia seguia e eu estava muito animada com os resultados; me sentia cada vez mais segura comigo mesma e no meu relacionamento. Meu trabalho continuava o mesmo, mas a amizade com Camila e Talita se tornava cada vez mais forte.
Sabrina continuava à frente da boate, que, graças a Deus, manteve o sucesso e lotava todos os finais de semana. Eu, como sempre, passava duas noites com ela lá e ajudava no que podia. Diego acabou se tornando um bom amigo; ele era divertido e muito gente boa. Ele e Camila saíram algumas vezes; pensei que poderia virar namoro, mas acabou que não deu em nada. Marina era uma presença constante em nossas vidas; ela sempre aparecia no nosso apartamento e a gente sempre dava um jeito de ir à casa dela para conversar e ver os filhos. Sabrina era apaixonada pelos meninos e já havia deixado claro para mim que queria ser mãe algum dia. Era um sonho dela, mas para o futuro; a gente queria se casar antes.
Falamos em casamento, mas não tínhamos pressa para fazer isso. Nossa ideia era planejar com cuidado primeiro e não fazer nada correndo para não atropelar as coisas. Sabrina disse que era algo que ela queria fazer no ano seguinte, e eu concordei, mas ainda não tínhamos uma data certa para isso. Já vivíamos uma vida de casadas, não tínhamos pressa para oficializar, mas com certeza queríamos fazer isso. Não por obrigação ou qualquer outra coisa; era um desejo nosso. Na verdade, era algo que eu nem pensava antes do pedido da Sabrina, mas depois daquele pedido se tornou um desejo meu. Acredito que aconteceu o mesmo com Sabrina, pelo que conversamos; foi algo que ela não pensava antes de Marina dar a ideia.
Sabrina tem falado muito sobre a mãe dela nos últimos tempos; acho que ela está quase perdoando sua mãe. Isso tem muito a ver com as mudanças que a mãe vem demonstrando depois do episódio na festa de aniversário. Meu sogro sempre comenta que Solange está mudada; se tornou uma esposa mais presente, se afastou das amigas e tem dedicado a maior parte do seu tempo a ele e aos netos. Isso tem amolecido o coração da Sabrina; eu não me meto muito nessa história, apenas a escuto e dou alguns conselhos, mas deixo claro que é uma decisão que só diz respeito a ela.
Nunca mais tivemos notícias do Hugo, mas sabemos que a polícia expediu um mandado de prisão para ele. Como ele não se apresentou à polícia, o processo foi encaminhado ao MP sem o testemunho dele, e um juiz expediu o mandado assim que leu o processo. Meu sogro contratou um advogado para acompanhar o caso, e ele nos contou sobre isso. Eu sinceramente queria que ele estivesse preso, mas só de ele ter desaparecido de nossas vidas, eu já fico mais tranquila.
Já faziam dois meses do nosso noivado e eu estava muito feliz; tudo estava perfeito na minha vida, porém o destino tinha preparado uma surpresa não muito agradável para mim. Minha mãe sempre dizia que desgraça pouca não existe, que geralmente ela vem acompanhada por outras, como se fosse um efeito dominó, e eu iria aprender da pior forma possível que isso, infelizmente, era verdade.
Tudo começou quando Sabrina disse que um grande empresário amigo do pai dela tinha alugado a boate em uma sexta-feira. Era o aniversário de 18 anos da sua filha mais nova, e ele ofereceu um valor irrecusável para realizar a festa. Sabrina disse que era muito dinheiro e acabou aceitando. O evento foi o assunto da cidade entre a elite; a festa foi muito divulgada em revistas e veículos de comunicação em geral. Sabrina não iria trabalhar; era tudo por conta da empresa que foi contratada para organizar a festa, mas como a dona do lugar, ela foi convidada para a festa. Eu, sinceramente, não queria ir; não gosto de ficar no meio desse povo mais rico, mas Sabrina queria ir para ficar de olho no seu maior patrimônio e eu acabei concordando em acompanhá-la.
Para minha sorte, Marina também iria com Henrique, então eu pelo menos teria companhia além da minha namorada. No início, eu me senti meio deslocada, mas a gente foi bebendo um pouco de champagne e relaxei um pouco. Sabrina me apresentou a algumas pessoas que conhecia e, depois, ficamos em uma mesa no bar. Ela parecia querer aproveitar a festa, algo que não podia fazer durante o trabalho. Resolvemos ir até a pista de dança e até nos divertimos. Quando saímos, um rapaz se aproximou da Sabrina. Ele queria informações sobre o jogo de luz da boate; pelo jeito, não estavam entendendo bem como funcionava tudo. Sabrina resolveu ir até o painel para explicar e me chamou, mas eu precisava ir ao banheiro e avisei a ela. Combinamos de nos encontrar no mesmo lugar.
Fui até o banheiro da boate; em vez de ir ao escritório, que era mais longe. O banheiro estava um pouco cheio, mas achei uma cabine vazia. Fiz o que tinha que fazer, lavei as mãos e voltei para encontrar Sabrina. Quando estava quase chegando ao local, ao passar entre as pessoas, ouvi uma risada muito alta e logo senti um pequeno impacto no meu ombro. Não foi forte, mas desequilibrei um pouco. Quando consegui recuperar o equilíbrio, olhei na direção da pessoa que me esbarrou. Ela me olhava com uma expressão meio assustada. Foi então que reconheci quem era: Ingrid, minha ex-namorada, estava ali na minha frente me olhando nos olhos. O que aconteceu dali para frente foi uma sequência surreal de coisas que não poderiam ter acontecido, algumas por minha culpa.
Ingrid me reconheceu na hora e simplesmente se jogou nos meus braços. Ela colocou os braços ao redor do meu pescoço e apertou forte. Eu senti o perfume dela no meu nariz, e aquilo me levou a ter lembranças do meu passado. Ela disse ao meu ouvido que estava com muita saudade de mim. Eu devia dizer algo, mas não consegui; não sabia como reagir naquela situação. Demorei a reagir, ela se afastou e disse que até que enfim tinha me encontrado. Eu ia dizer algo, mas não deu tempo; ela simplesmente me beijou. Senti o gosto do álcool na sua boca, mas também a maciez dos seus lábios. Eu sabia que deveria ter me afastado logo, mas o susto e as lembranças que vieram à minha cabeça me fizeram demorar para reagir. Quando finalmente consegui reagir, me afastei e disse a ela que não podia fazer aquilo. No mesmo instante, lembrei de Sabrina e olhei automaticamente para o lado.
Foi aí que meu mundo começou a ruir de vez. Sabrina estava a uns três metros de mim. Mesmo em um ambiente meio escuro, pude ver seu olhar de ódio na minha direção. Mas, antes que eu pudesse me soltar de Ingrid, ela se virou e saiu andando. Tentei sair dos braços de Ingrid, mas ela não queria me soltar. Então, eu a empurrei, lhe disse que eu tinha uma noiva e que ela acabara de me ver beijando outra. Ela foi dizer algo, mas não a deixei. Apenas disse para ela ficar longe de mim e saí atrás de Sabrina.
Ela tinha desaparecido entre as pessoas, mas imaginei onde ela poderia estar. Fui direto para o seu escritório e abri a porta. Quando olhei, ela estava parada de costas, com as mãos apoiadas na mesa.
Fernanda— Meu amor, me desculpe pelo que aconteceu. Ela me pegou de surpresa; eu não queria que isso tivesse acontecido.
Sabrina— Sai daqui, Fernanda. Eu não quero te ver na minha frente nunca mais.
Fernanda— Pelo amor de Deus, não faz isso. Eu te juro que foi ela que me beijou sem eu esperar.
Sabrina— Eu vi tudo, Fernanda. Se você não quisesse aquele beijo, teria se afastado na hora, mas você não fez isso. Beijo roubado não dura aquele tempo todo. Você pode achar que sou uma idiota por ter acreditado em você esse tempo todo, mas você não vai mais me enganar. Agora sai daqui, por favor, me deixe em paz.
Fernanda— Você tem razão, eu demorei a reagir, mas foi porque eu me assustei; demorei a ter uma reação. Por favor, me perdoe; eu te juro que é a verdade. Eu te amo, Sabrina, acredita em mim, por favor.
Sabrina— Ama o caralho! Quem ama não faz o que você fez. Eu acreditava em você, achei que era real o que a gente tinha, mas você só é uma..
Fernanda— Uma o quê, Sabrina? Fala! Eu sou uma o quê?
Sabrina— Só sai daqui..
Fernanda— Tá bom, é melhor mesmo.
Sabrina— Isso, vai lá ficar com sua nova namoradinha.
Eu não esperei ela terminar e me virei saindo dali; não iria aguentar ouvir ela me ofender. Não me lembro bem de como consegui forças para caminhar por aquele corredor e procurar a saída da boate. Eu chorava muito e estava totalmente desnorteada. Lembro de ouvir alguém me chamar, mas não sei dizer quem era. Saí pelo portão chorando e saí andando sem direção. Eu sentia uma dor tão forte no peito que parecia que alguém estava arrancando meu coração de dentro de mim.
Vi alguns carros ao meu redor e consegui ver a luz fraca das luzes da rua. Quando levantei a cabeça para me localizar, alguém segurou meu ombro com força, e eu senti uma dor aguda no meu abdômen que me fez gritar. Então, senti um braço passar pelo meu pescoço e apertar até eu perder o ar. Minha visão escureceu, e a única coisa que pensei foi que eu estava morrendo.
Continua..
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper