A Pauta.
Operação Surpresa do Exército Desarticula Rede de Tráfico e Prende ‘A Baronesa’ e seus Cúmplices.
Em uma operação relâmpago que chocou o setor de logística e agronegócio, a Polícia do Exército prendeu na manhã de hoje um grupo de indivíduos envolvidos em um sofisticado esquema de tráfico de armas. O principal alvo da ação foi a Logística Sul, onde as autoridades desvendaram uma rede de desvio de armamentos camuflada por uma fachada empresarial.
Eduardo, o proprietário da Logística Sul, foi surpreendido e preso em seu escritório no edifício administrativo. Em suas primeiras declarações à imprensa, ele negou veementemente qualquer conhecimento sobre a carga ilegal, afirmando que as armas foram escondidas em suas instalações sem seu consentimento. Eduardo tentou desviar a culpa, responsabilizando uma de suas assistentes, que não foi encontrada no local da operação.
Apesar da declaração de Eduardo, a reportagem de “A Pauta” investigou a fundo a relação entre a Logística Sul e a poderosa empresária do agronegócio, Elisabeth Barbosa. Investigações preliminares da polícia apontam que Elisabeth é a notória traficante de armas conhecida no submundo do crime como “a Baronesa”. Foi descoberto que, embora não constasse formalmente no quadro de sócios, Elisabeth foi a responsável por quitar as dívidas da empresa e financiar uma total renovação da frota de caminhões, injetando milhões em um negócio à beira da falência. Essa relação financeira obscura é vista como a chave para o uso da transportadora como braço logístico da organização criminosa.
A prisão de Elisabeth ocorreu em um dos galpões da empresa, junto com a esposa de Eduardo, a artista plástica Camila. O local, que também servia como ateliê de Camila, foi o epicentro da operação. As duas foram detidas em flagrante, no momento em que um caminhão era carregado com o arsenal roubado, escondido entre caixas de pinturas assinadas pela própria Camila. A prisão em flagrante da artista levanta sérias dúvidas sobre sua alegada inocência.
Além do trio principal, a operação também resultou na detenção de cúmplices importantes para a logística do esquema: o caminhoneiro Rafael, responsável pelo transporte, e o segurança César, que cuidava da vigilância no local.
O General Mendes, do Comando do Exército, se manifestou publicamente, mas com notável surpresa ao perceber que a imprensa já tinha conhecimento da operação. Apesar disso, ele concedeu entrevista e declarou que a prisão foi resultado de um trabalho investigativo exemplar conduzido pela polícia do exército, que agiu com precisão para desmantelar a rede criminosa. No entanto, quando questionado se Elisabeth era de fato a “Baronesa”, o General foi evasivo. O ponto de maior tensão na entrevista ocorreu quando a imprensa o questionou sobre a participação de soldados no desvio original do armamento. O General Mendes encerrou a entrevista abruptamente, deixando um rastro de especulações e mistério sobre a possível infiltração do esquema no próprio Exército.
***
Enquanto todo o país lia sobre a prisão de Elisabeth e seus cúmplices, um casal aproveitava uma manhã de descanso. Apesar de apertado, aquele quarto era bem iluminado. As roupas espalhadas pelo chão criavam um ar caótico que deixava aquele espaço ainda mais apertado. Na parede em frente à cama, está pendurado o quadro em que Júlia, que não era mais Kátia, foi pintada por Camila. A capitã estava na cama, nua, com o lenço cobrindo as pernas e o quadril, enquanto os seios permaneciam livres, como seu sorriso despreocupado. Seus olhos brilhavam enquanto observava Patrícia, vestindo apenas blusa e calcinha, caminhando de um lado a outro enquanto lia a sua matéria para o jornal “A Pauta”.
— E aí, gostou? — perguntou Patrícia, ao engatinhar sobre a cama.
Júlia se sentou na cama e recebeu um beijo na boca. — Ficou perfeito. Eu queria ter visto a cara do Mendes quando você apareceu fazendo perguntas a ele, mas infelizmente ele me excluiu da operação.
— Isso é um absurdo, viu? Você faz todo o trabalho, mas na hora ele dá o crédito para aqueles homens.
— Todos incompetentes. Pior é ser humilhada sempre que ele fala comigo.
— Como você consegue?
Júlia torceu os lábios, abaixando os olhos para o lençol. — Tem essa coisa do exército onde os superiores sempre pisam em você e reclamar é sinal de fraqueza, mas fica pior quando trabalhamos disfarçadas. A gente se acostuma a ter duas ou mais identidades e passamos muito tempo fingindo ser outras pessoas. Fazemos coisas de que não gostamos, enganamos pessoas e, por mais que acreditamos fazer tudo por uma causa nobre, lá, no fundo, nos entendemos como pessoas horríveis. É como se eu merecesse ser destratada.
Patrícia acariciou o rosto de Julia, lhe dando mais um beijo — Você não é uma pessoa horrível. É tão maravilhosa que conseguiu sair dessa manipulação deles.
— Obrigada, meu amor, mas não foi sozinha que saí.
— Foi graças à Camila, não foi? — perguntou Patrícia, com ironia.
Júlia sorriu — Não fique ciumenta, mas tem a ver com ela também. Me entreguei para ela de um jeito que nunca havia feito em missão, indo contra todas as minhas diretrizes. Eu realmente me apeguei a ela, mas depois vi nela o que eu fazia com as pessoas. Quando percebi que ela me enganava por prazer e não por uma missão, entendi que eu não era a pior pessoa do mundo.
Patrícia riu, acompanhada por Júlia.
— Quem esperava que se apaixonar por ela fosse o que levou você a se libertar? — disse a Jornalista, alisando o seio nu de Júlia.
Júlia sorriu e acariciou o rosto de Patrícia, lhe dando mais um beijo. — Eu não me apaixonei por ela. No início, até pensei que sim, mas meu carinho por ela me fez ter dúvidas se eu estaria certa, mas só isso. Ainda, sim, eu entreguei meu corpo como sempre faço nas missões. Com você, foi diferente, pois naquela noite, no carro, eu te entreguei meu nome verdadeiro, a coisa mais valiosa e íntima para quem trabalha disfarçado. Não fique com ciúmes, o que tive com ela nem se compara ao que sinto por você.
Lentamente, um sorriso largo se abriu no rosto de Patrícia, que puxou Júlia para si, a beijando na boca com desejo.
— Me desculpa. É que me dá raiva só de pensar no que ela fez com você.
Um sorriso sereno se fez no rosto de Júlia — se você visse a cara que ela fez quando eu disse que dei para o marido dela, nem sentiria tanta raiva assim.
As duas riram juntas mais uma vez. Patrícia se virou para o quadro na parede, onde Júlia se debruçava nua sobre o motor do caminhão.
— Pelo menos ela pinta bem. Fez você igualzinha.
— Sim, eu adorei o quadro. Só que odiei ser exibida para aquele monte de gente. Não ia deixar os homens do Mendes me olharem desse jeito para depois espalharem fotos pelo quartel. Quando saí do escritório da Elisabeth, fui lá e roubei.
— E trouxe para mim?
— Sim. Agora eu quero mostrar a minha bunda só para você.
Patrícia sorriu, maliciosamente — então me mostra agora, Kátia.
Júlia franziu o cenho. Patrícia sorriu. — Na cama, você é minha Kátia. Foi assim que te conheci.
Com o sorriso voltando aos lábios, Júlia retirou completamente os lençóis de cima do corpo e se virou de quatro, nua para a jornalista. Com o rosto encostado no colchão, ela empinou o quadril ao máximo. Ao afastar os joelhos, ela ofereceu seu corpo a Patrícia por completo, para o beijo grego de que tanto gostava. Seus gemidos, manhosos, mudaram de intensidade, guiando o ritmo e a força com a qual aquela língua deslizava em pontos tão sensíveis. As mãos quentes percorriam suas coxas e alcançavam a bunda que apertava com vontade.
— Amo esse gemido seu — disse Patrícia, ao interromper a carícia para depois retomá-la.
— Amo seu beijo no meu cuzinho — disse Júlia, entre gemidos.
Júlia apertava e mordia os lençóis, gemendo manhosa com a língua de Patrícia esfregando em seu cu. O quadril balançava sutilmente, como se ajustasse o melhor encaixe para a língua. Com os olhos fechados e um sorriso sapeca, levou uma das mãos para trás e segurou o cabelo da namorada, puxando o rosto dela para dentro da bunda. Ao sentir a língua infiltrada no cu, revirou os olhos.
Quando soltou Patrícia, virou-se para ficar de joelhos e beijá-la na boca com desejo. Retirou a blusinha dela e massageou os seios. As duas, de joelhos, ficavam bem próximas, com as coxas se intercalando e os seios espremidos entre as duas. Mais um beijo e os corpos se esfregavam, assim como as línguas. Júlia mergulhou a mão na calcinha de Patrícia e recebeu a dela em sua boceta. As mãos tinham os gemidos abafados pelo beijo lascivo. Os quadris rebolam, como se degustassem dos toques íntimos que recebiam. Com os grelos inchando entre dedos, os beijos foram interrompidos para darem vazão aos gemidos de prazer enquanto se apoiavam no corpo da outra, com os rostos colados.
Júlia e Patrícia passaram a se olhar nos olhos, enquanto trocavam gemidos. Ao se olharem, aceleraram os movimentos de suas mãos até explodirem em um prazer simultâneo. As duas gritaram e seus corpos desabaram, voltando a se apoiar entre si. Assim, se abraçaram e tombaram juntas na cama, onde namoraram por mais algumas horas.
Alguns dias depois, Patrícia publicou a matéria “Prostitutas do Estado: Como o Exército explora sexualmente mulheres em missões de espionagem”, com relatos de Júlia e outras agentes. O fato da instituição ter uma divisão secreta, exclusiva para a abordagem sexual, chocou a opinião pública e custou o cargo do General Mendes. Júlia saiu do Exército e passou a trabalhar no A Pauta com Patrícia. A jornalista percebera que os talentos de Júlia, para persuasão e capacidade de extrair informações, poderiam ser muito úteis na imprensa, mesmo sem seduzir ninguém. Foi uma época de aprendizado mútuo, onde elas se conheceram melhor como profissionais e companheiras, culminando em um casamento.
Incomodada com a traição do marido, Camila se divorciou mesmo estando presa. Ao criar suas primeiras relações com outras detentas, começou a seduzi-las, mas foi seriamente reprimida pelas facções que dividem o presídio.
Desolado, Eduardo tinha dificuldades em contratar advogados. Nenhum profissional aceitou pôr sua carreira em risco com uma tese de defesa que transfere responsabilidades para uma funcionária que não conseguia provar que existia.
Elisabeth foi a melhor assessorada por advogados, que construíram uma tese de defesa sólida para se esquivar da acusação de ser a Baronesa, assim como explicar sua presença no galpão sem envolver o desvio de armas. O que ela não contava era que seria delatada por Rafael e Camila. O motorista disse tudo o que sabia em troca de abatimento de pena. A ex-amante delatou por vingança ao provocá-la a se envolver com “Kátia”. Com todos os crimes imputados a Baronesa, ela foi quem ficou presa por mais tempo.