Eu, minha esposa e nossos vizinhos – Parte 14

Um conto erótico de Rogério
Categoria: Heterossexual
Contém 7452 palavras
Data: 02/09/2025 09:00:26
Última revisão: 02/09/2025 15:33:06

Bom dia a todos, leitores. Eu me chamo Rogério. Atualmente, estou com 28 anos e sou casado há quatro anos com a Jéssica. Esta série conta nossas desventuras no prédio onde moramos, onde alguns vizinhos e vizinhas (e os nossos melhores amigos) parecem querer testar nosso amor. Quem puder ler os primeiros capítulos, só procurar pela série.

A Jéssica tem 26 anos, é médica e tem o corpo esculpido por horas de academia e uma disciplina invejável. Ela tem 1,71, pele amendoada e lindos cabelos castanho-claro. Barriga tanquinho, seios e bundinha pequenos, mas bem proporcionais ao seu corpo escultural. Não temos filhos ainda, mas isso está no nosso radar depois que os dois trintarem.

A minha melhor amiga, Lorena, acabou de se mudar para o apartamento ao lado do nosso. A Lorena tinha 27 anos e era minha amiga desde o primeiro período da faculdade. Éramos tão próximos que ela havia sido madrinha do meu casamento com a Jéssica. Ela tinha se tornado sócia da empresa da minha família depois de formada e, com isso, trabalhávamos juntos no mesmo ambiente. Ela era morena de praia, magra, seios pequenos e bundinha redondinha e empinadinha, além de um belo par de coxas. Estava solteira e, segundo ela, muito bem assim.

Nos capítulos anteriores, eu e a Jéssica decidimos encontrar namorados pras nossas amigas, Lorena e Lisandra. A Jéssica pensou no seu colega de hospital, Miguel, pra Lorena. Eu pensei no analista júnior da minha empresa, Vinícius, pra Lisandra. Este capítulo começa uma semana depois do anterior.

Segunda-feira. Estava na cozinha, café quente na caneca, pão com manteiga pela metade no prato. O corpo ainda com lembranças da noite anterior, quando eu e a Jéssica tínhamos passado horas fazendo amor, até o sono finalmente vencer. Ela ainda estava no quarto, provavelmente se arrumando, porque o chuveiro tinha parado fazia pouco. Pelo horário, ainda tínhamos cerca de uma hora inteira antes de cada um seguir para o trabalho.

A campainha tocou. Estranho pra esse horário. Levantei, ajeitei a camiseta e fui atender.

Quando abri a porta, dei de cara com o Enéias. Ele estava com aquela postura de sempre, peito estufado, cara de quem se acha a última Coca-Cola do deserto. Só que, quando me viu, a expressão dele fechou na hora.

— A Jéssica tá? — perguntou, seco, quase tentando me empurrar pra entrar sem ser convidado.

Mantive o tom calmo, sem pressa:

— Não, não tá. — E fechei a porta na cara dele.

Voltei pra cozinha, puxei a cadeira e dei outro gole no café. A campainha tocou de novo, insistente, mas ignorei.

O barulho da porta do quarto se abrindo ecoou pelo corredor. A Jéssica apareceu com o cabelo ainda úmido, secando com a toalha.

— Quem era na porta?

Continuei mexendo no café, dei de ombros.

— Ninguém importante.

Ela estranhou, mas não insistiu. Sentou-se à mesa e pegou o celular. O rosto dela mudou sutilmente quando leu algo.

— É... realmente não era ninguém que eu estivesse a fim de ver agora. — comentou, largando o aparelho sobre a mesa.

Senti que era o momento de trazer à tona o que estava engasgado fazia tempo. Respirei fundo e decidi ir direto ao ponto.

— Posso perguntar uma coisa séria? — falei, mantendo o tom calmo.

Ela confirmou, ajeitando a toalha no pescoço.

— Por que você ainda insiste em manter amizade com o Enéias?

O rosto dela endureceu de leve, como se tivesse esperado essa pergunta em algum momento.

— Eu tô bem chateada com ele desde o episódio do aniversário no sítio — disse, baixando o olhar. — Aquela história dele ficar pelado na minha frente e querer me ver nua foi ridícula. Mas ele já foi o meu melhor amigo, sabe? Tenho esperança de que ele melhore, que volte a ser aquele cara de antes.

Balancei a cabeça, firme.

— Jéssica, o Enéias nunca foi o seu melhor amigo. Na verdade, ele nunca foi seu amigo. Ele sempre ficou por perto só esperando uma chance de ficar com você. Só isso.

Ela ergueu os olhos, me encarando.

— Você quer que eu pare de falar com ele? Que eu pare de tratá-lo como amigo?

— Sim — respondi sem hesitar. — Quero que você pare de falar com ele e com o Lucério.

Ela cruzou os braços, respirou fundo, e veio a reação.

— Rogério, você tá abrindo uma brecha perigosa. Tá querendo cercear minhas amizades.

— Não, não é isso — tentei evitar que esse lado da discussão escalasse. — Não tenho o menor problema com você ter amizades com homens. Você tem uma amizade mais forte com o Carlos do que eu, e nunca vi problema nisso. Nem com os outros médicos que são seus amigos. O que eu tô dizendo é: o Enéias e o Lucério só se aproximam de ti porque querem te comer. Eles nunca esconderam isso. Você sabe disso. Nós dois sabemos.

Ela apertou os lábios, sem responder por um instante. Depois rebateu:

— Se for assim, eu deveria ter o direito de mandar você parar de falar com a Lisandra e com a Odete. Porque as duas querem dar pra você.

Assenti de leve, pronto pra enfrentar esse ponto.

— Eu já mantive o contato com a Odete no mínimo, igual você. Quanto à Lisandra, tive uma conversa séria com ela. Ela entendeu, aceitou que é só amizade e parou de dar em cima de mim. E, convenhamos, foi você quem incentivou o comportamento dela até limites que não eram saudáveis pra nenhum de nós três.

O olhar dela se estreitou.

— Eu esperava que você desse um basta bem no começo. Que você deixasse a Lisandra usar aquela corda que eu dei pra se enforcar.

Respirei fundo, firme.

— Jéssica, eu não acredito em resolver nada deixando alguém se destruir sozinha. Se eu tivesse feito o que você tá sugerindo ia ser crueldade. Ela estava confusa, tentando se encontrar. Eu achei que era melhor conversar. E funcionou. Ela recuou. E eu fiquei em paz com a minha consciência. E, sinceramente, a Lisandra é uma pessoa maravilhosa e batalhadora. Ela provou isso, principalmente depois que conheceu a Lorena. Você mesma passou a ver a Lisandra como amiga.

A contragosto, ela admitiu:

— Sim.

— Ela só precisa de um pouco de paciência pra sair desse momento confuso da vida dela. Um namorado mala e traidor de um lado, e a Odete cercando ela, fazendo a coitada duvidar da própria sexualidade só pra levar pra cama.

Ela me lançou um olhar desconfiado.

— E por que a Lisandra merece uma segunda chance e o Enéias não?

— Porque o Enéias já teve inúmeras chances. Já faz três meses desde o episódio do sítio e ele só piora. Fica te cercando, mandando nudes sem autorização. Parece que, quanto menos chance ele sente ter, mais ele prefere arriscar tudo em vez de aprender — respondi, firme.

Ela bufou, mexendo no cabelo ainda úmido.

— Mas você não percebe que, às vezes, ser bonzinho demais acaba piorando? Que dá corda pra pessoa achar que pode tudo?

— Percebo, sim. Mas não acho que crueldade seja um caminho.

Ela me olhou com intensidade, mordendo o lábio inferior, claramente dividida entre concordar e rebater. Mas havia outro ponto que eu não queria deixar passar.

— E sobre o Lucério? — perguntei, tentando manter o tom sereno.

— Rogério, sinceramente... Você tá inseguro demais se sente ciúmes de um velho pálido que parece um vampiro.

— Não é ciúme, Jéssica. — respondi, firme. — É cuidado. O Lucério é esperto e traiçoeiro. Ele não dá ponto sem nó.

— O Lucério é diferente. Ele entende limites. Ele tem cumprido todas as regras que a gente estabeleceu. Tenho plena certeza de que vou conseguir transformar ele numa pessoa boa.

— Ele pode até parecer que entende limites, mas só tá esperando a hora de usar as regras contra você. Vai envenenar nossa relação aos poucos, e quando você perceber, já vai estar acreditando nas palavras distorcidas dele.

Ela suspirou, quase exasperada. Balancei a cabeça devagar.

— Ele não tá se transformando, ele tá se adaptando. É o jogo dele. Ele tem cara de quem sabe esperar. Você é o alvo dele, Jéssica. Eu não duvido da sua força, mas você subestima bastante ele.

— Eu não sou boba, Rogério. Eu sei que ele vai tentar fazer isso. Mas eu também sei que, lá no fundo, ele tem um pedaço de bondade redimível. Eu acredito nisso. Você confia em mim? Acredita em mim?

Olhei bem nos olhos dela.

— Sim.

— Então confia em mim sobre o Lucério — disse, firme. — Eu sei que ele não é flor que se cheire. Mas eu quero arriscar. Ele é meu rival, e se eu me afastar agora, é como admitir que ele está certo. Que ele é um vilão perigoso demais e que eu perdi.

— Então é tudo orgulho? — perguntei.

Ela respirou fundo, encarando a mesa por alguns segundos antes de me responder.

— Não é só orgulho. É acreditar que ninguém é irrecuperável. Que eu posso provar que alguém como ele pode mudar. Eu quero essa vitória.

Assenti lentamente.

— Eu entendo. Vou confiar em você. Mas ainda acho que o Lucério é ardiloso. Ele não é como os outros.

— Eu sei que você acha isso. Mas eu quero seguir com o meu instinto aqui. Eu prometo que vou estar atenta.

Aproveitei a deixa e lancei outra pergunta.

— Você acha que, no fundo, lá no fundo, o Enéias também tem um pedaço de bondade redimível?

O silêncio caiu na mesa. Ela desviou o olhar, mexendo na toalha sobre os ombros. Demorou um bom tempo antes de responder.

— Não sei — admitiu, voz baixa. — Eu torço pra que sim.

— Então, se você confia em mim, corta relações com ele — pedi novamente, calmo.

Ela me encarou em silêncio, e depois falou devagar:

— Eu tenho medo de que isso seja um precedente, Rogério.

— Jéssica, não é sobre precedentes — respondi, olhando firme pra ela. — Eu nunca mais falaria com a Milena, mesmo que ela aparecesse de volta. Porque eu sei o quanto ela te magoou. Isso não é cercear, é proteger o que temos.

Ela respirou fundo, olhando pro celular na mesa.

— Tá bom. Eu vou dar uma última chance pro Enéias. Vou continuar falando enquanto ele não me mandar nenhum nude não solicitado de novo. Satisfeito?

Nesse momento, o WhatsApp dela apitou. Ela pegou o celular, olhou as mensagens rapidamente, e sem pensar duas vezes apagou e bloqueou o número. Colocou o aparelho de volta na mesa com um estalo.

— Você venceu — disse, num tom mais resignado que irritado. — Vou cortar a amizade com o Enéias.

Notei, observando o rosto dela, que a Jéssica parecia mais aliviada do que decepcionada com ele.

— Eu preferia não fazer isso... — disse, num tom quase confessional. — Porque, no fundo, sentia que estava te protegendo da fúria do Enéias.

— Você acha que ele iria querer brigar comigo?

— Talvez. Não sei. Talvez até fosse físico, sim. Mas não é disso que eu tenho mais medo. O Enéias é uma das pessoas mais mesquinhas que eu conheço quando se sente contrariado. Teve um médico que pediu demissão do hospital duas semanas depois de ter feito uma brincadeira idiota sobre uma camisa dele. Eu tenho quase certeza de que teve dedo dele nisso.

— Eu odeio violência, Jéssica. Você sabe. Mas também sabe que eu sei me defender, se for preciso. O problema é que uma briga dessas não termina na gente. Teria consequência no condomínio, talvez até na justiça.

Ela concordou com a cabeça, ainda parecendo inquieta.

— Eu sei. Mas ele não vai querer trocar socos. Ele prefere cutucar até achar a ferida. E quando acha, enfia o dedo e gira. — Ela respirou fundo, se ajeitando na cadeira. — Deixa o Lucério comigo. Ele eu sei lidar com ele. Ele segue as regras. Mas você não vai ser bobo de tentar lidar sozinho com qualquer coisa que o Enéias aprontar. Eu quero saber na mesma hora.

— Fechado. Eu não escondo nada de você. Se ele tentar alguma coisa, você vai ser a primeira a saber.

Ela pareceu aliviar um pouco, voltando a mexer no café. O silêncio que se instalou depois não era desconfortável, mas cheio de pensamentos não ditos. Peguei o pão que ainda estava no prato, mordendo devagar, enquanto observava os olhos dela se perderem no vazio. Terminamos o café da manhã assim, com esse acordo feito e eu me livrando do Enéias.

Na quarta de noite, eu e a Jéssica saímos pra um jantar a quatro em um restaurante novo pros dois. Aquela noite, ela estava com um vestido simples, azul escuro, com um decote discreto e a saia na altura dos joelhos. Nada extravagante. Mas no jeito como o tecido abraçava a cintura dela, como realçava a pele amendoada iluminada pela luz do restaurante, parecia que o mundo tinha parado para prestar atenção só nela. E eu, claro, me sentia o homem mais sortudo da sala.

O lugar parecia um verdadeiro achado. Mesas bem espaçadas, luz baixa, jazz suave tocando. A comida tinha aromas que já abriam o apetite antes mesmo de chegar à mesa.

— Como é que a gente nunca veio aqui antes? — comentei, olhando em volta.

— Estava pensando a mesma coisa — Jéssica riu, ajeitando a taça de vinho na mão. — Tudo aqui parece perfeito, até o couvert.

— Quem foi que te indicou esse restaurante? — perguntei.

— Foi um colega lá do hospital, o Gustavo. Ele falou muito bem daqui. Eu queria usar esse restaurante no nosso double date com o Miguel e a Lorena, mas o Miguel ainda está mal da gripe e o Gustavo insistiu muito por esse jantar duplo. Que seria um noite de amigos.

Estranhei, segurando o riso.

— Amigos? Eu nem conheço esse Gustavo.

— Pois é. E eu nem conheço a esposa dele, a Márcia — ela deu de ombros.

Como se tivesse sido ensaiado, nesse instante os dois apareceram na entrada. Gustavo era um sujeito de meia idade, calvo, com uma barriga leve de cerveja. Tinha aquele ar de gente que fala mais baixo só pra parecer sábia. Ao lado dele vinha sua esposa, Márcia: usava um vestido justo, mas discreto. O salto alto e as meias realçavam as pernas, e o decote, apesar de recatado, deixava evidente o formato dos seios. Tinha a mesma idade dele e não parecia nem bonita e nem feia.

— Jéssica! — Gustavo se adiantou, abraçando minha esposa com entusiasmo. Apertado demais pro meu gosto. Em seguida, virou-se pra mim. — Você deve ser o Rogério.

— Prazer — respondi, devolvendo o abraço meio sem jeito. Márcia veio logo depois, repetindo o gesto, igualmente apertado.

Logo estávamos todos sentados, taças de vinho se enchendo. A conversa começou inocente, falando do restaurante, da comida, mas rapidamente escorregou para um tom estranho. Gustavo falava como se estivesse dando uma palestra de autoajuda.

— O que falta na maioria dos casais, Rogério, é a coragem de experimentar o novo. De buscar experiências que renovam, entende? — ele dizia, gesticulando devagar, como se estivesse revelando um segredo milenar.

Márcia complementava, sorrindo demais:

— A gente acredita que a vida a dois não precisa ser monótona. Existem tantas formas de compartilhar...

Eu já estava desconfiando, mas mantive a taça nos lábios e apenas assenti. Um minuto depois que a Jéssica foi ao banheiro, pedi licença e a segui. Nos encontramos num corredor meio escondido, perto dos lavabos.

Ela me olhou de cara fechada:

— Você percebeu o que eles estão armando, né?

— Se eu percebi? — ri baixo. — Isso está com cara de convite pra swing escrito em letras garrafais.

— É sério, Rogério. Parece que todo mundo quer me comer. Tem horas que eu não aguento mais.

— Eu sei, amor.

— Mas a comida daqui é tão boa demais que dá pena da gente ir embora agora e deixar tudo isso... — suspirou.

— Que tal fingirmos que estamos interessados, enrolamos eles, e só vamos embora depois que terminarmos de aproveitar o jantar?

Ela estreitou os olhos, mas um sorriso apareceu.

— Malandrinho...

— Perto das tentativas que a Odete fez com a gente durante anos, esses dois são amadores — falei, sem esconder o tom de deboche.

Jéssica soltou uma risada gostosa, relaxando.

— Você tem razão. Tá bom, essa noite eu vou liberar a “curiosa da troca de casais”.

— Entendido. Vamos voltar antes que desconfiem.

E assim, rindo baixinho, seguimos de volta para a mesa. Quando Gustavo e Márcia nos receberam com sorrisos largos, e ele foi direto ao ponto, deixando claro que queriam fazer uma troca de casais.

— Eu sei que vocês podem estar um pouco nervosos, mas não existe compromisso nenhum aqui. Estamos apenas quatro pessoas conversando, curtindo a noite. Se pintar a vontade, a gente deixa rolar. — Ele levantou um pouco a taça, como se fosse um brinde à leveza.

Márcia completou com um sorriso suave:

— Vocês podem perguntar o que quiserem, não há tabus nem assuntos proibidos. Deixar tudo às claras é a melhor forma de criar o elo de confiança que a gente precisa.

Eu troquei um olhar rápido com a Jéssica. Ela segurou a taça com calma, e entrou no papel.

— Eu e o Rogério somos meio curiosos, sabe? Queremos entender como isso funciona.

Começamos com perguntas mais inocentes, sobre como eles conciliavam a rotina de casal com essa vida paralela. Eles respondiam tudo com calma, como quem já tinha dado a mesma palestra para outras vítimas.

Foi quando a Márcia se levantou:

— Jéssica, vamos no banheiro retocar a maquiagem? — disse, já segurando de leve a mão dela.

— Vamos sim. — Jéssica se levantou sem hesitar.

Ficaram fora alguns minutos. Quando voltaram, notei de imediato: Jéssica parecia mais relaxada, com aquele ar de curiosidade genuína. Só eu sabia que era teatro. A encenação dela era impecável.

— Então me conta, Gustavo... Como vocês começaram nessa coisa do sexo liberal? — perguntou ela, apoiando o cotovelo na mesa.

Ele respondeu sereno:

— Já faz alguns anos. Nós entendemos que nossa relação era sólida o bastante para não confundir amor com sexo. Descobrimos que poderíamos viver experiências novas sem que isso abalasse o que temos.

Márcia completou:

— A gente adora experimentar com outros parceiros, mas temos nossos momentos a dois, que são só nossos.

— E um de vocês é bi? — perguntou Jéssica.

— Apenas eu — disse Márcia, com naturalidade. — Isso abre ainda mais possibilidades.

— Mas não rola ciúme? — insistiu Jéssica.

— Claro que pode rolar — admitiu Gustavo. — Mas a confiança que temos um no outro é o que nos faz atravessar isso. Sabemos separar as coisas.

Tomamos mais vinho, o papo foi ficando solto. Eu observava a cada pergunta a forma como a Jéssica fazia parecer que estava mergulhando naquele universo. Gustavo e Márcia estavam convencidos de que ela tinha mordido a isca. Até que a Jéssica soltou, direta:

— Então, a ideia de vocês é que o Gustavo transe comigo e o Rogério com a Márcia, certo?

Gustavo sorriu, satisfeito com a clareza da pergunta.

— Exatamente. Essa é a proposta. Mas sem pressão, claro.

Márcia assentiu com leveza.

— Sim. Só se vocês quiserem.

Jéssica encarou ambos.

— Então acho que faz sentido cada um direcionar as perguntas ao seu par. Eu falo com o Gustavo, e o Rogério fala com a Márcia. — E virou-se para mim, como se estivesse selando um acordo implícito.

— Perfeito — disse Gustavo, já animado. — Vamos fazer assim.

E sem esperar muito, eles se levantaram e trocaram de cadeiras, posicionando-se de frente para nós. Gustavo agora diante da Jéssica, Márcia diante de mim. Assim que eles se acomodaram nas cadeiras trocadas, eu decidi começar de leve com Márcia, perguntando sobre hábitos, como se fosse uma entrevista casual.

— E você, Márcia, o que mais te excita nesse estilo de vida? — perguntei, fazendo uma expressão de curiosidade genuína.

Ela sorriu, inclinando um pouco a cabeça:

— A liberdade, Rogério. O poder escolher, experimentar, saber que posso viver tudo isso com o Gustavo ao meu lado.

Enquanto isso, a Jéssica, olhando fixamente pro Gustavo, largou uma bomba:

— Me diz, Gustavom desde quando você quer me comer?

Gustavo riu baixo, quase envergonhado, mas ainda com aquele ar de pseudo-confiança:

— Desde que nos conhecemos.

— Isso já faz mais de dois anos — comentou Jéssica. — Você sempre quis me comer esse tempo todo?

— Sempre — respondeu, firme, mas em tom controlado, como se a honestidade fosse sua maior arma. — É impossível não desejar você, Jéssica. Mas sempre respeitei os limites.

Eu mordi o lábio, como se estivesse impressionado. Por dentro, me divertia.

— Já transou com alguém do hospital?

— Sim. — Gustavo não hesitou. — A Iolanda e a Bruna, enfermeiras. Mas você será a primeira médica.

A Jéssica balançou a taça devagar, como se estivesse considerando a informação.

— E já trocou de casal com algum médico que eu conheça?

— Sim. O Enéias. — Ele soltou o nome quase como quem compartilha um segredo suculento. — Fiz troca com ele e uma namorada que ele tinha na época.

Eu e a Jéssica sabíamos que “namorada” era pobre coitada que o Enéias quis comer mais de uma vez e descartou em uma ou duas semanas. A Jéssica mordeu o lábio dessa vez, inclinando o corpo para frente:

— E qual o tamanho do seu pau, Gustavo?

Ele soltou uma risada curta e respondeu:

— Quinze centímetros.

Jéssica arregalou os olhos, como se tivesse ouvido um número extraordinário, e olhou para mim com uma expressão de surpresa que beirava a excitação.

— Uau... — disse ela, como aquele pau bem menor que o meu fosse muito maior e nunca fosse caber em sua bucetinha apertada.

Eu balancei a cabeça devagar, fingindo estar constrangido. A cada reação dela, Gustavo e Márcia ficavam mais convencidos.

Foi então que Gustavo se ajeitou na cadeira e falou, decidido:

— Acho que já podemos ir para o motel. O papo está ótimo, mas está na hora de aproveitar de verdade.

Ele olhou para nós com uma convicção serena. Eu e Jéssica trocamos um olhar demorado, como se estivéssemos nos encorajando.

— Tudo bem — disse Jéssica, colocando a mão sobre a dele na mesa. — Vamos sim.

— Vamos — confirmei, mantendo o tom firme.

Terminamos os pratos e chamamos o garçom. A conta foi dividida, trocamos contatos de WhatsApp ali mesmo, entre sorrisos e frases de efeito como se estivéssemos animados com a noite.

— Melhor a gente ir cada um no seu carro — sugeri, quando nos levantamos.

— Sem problema — respondeu Gustavo, satisfeito. — A gente se encontra no Blue Moon, fechado?

— Fechado — respondi.

Eles caminharam juntos até o estacionamento, rindo de piadas soltas e comentando sobre como o jantar tinha sido melhor do que esperavam.

Na porta dos carros, a despedida veio com abraços demorados. Gustavo envolveu Jéssica com força, o corpo colado ao dela, e segurou-a pelo queixo, inclinando-se para um beijo. Mas Jéssica afastou o rosto de leve, sorrindo marota:

— Ei, calma aí... Daqui a pouquinho a gente vai estar transando, Gustavo. Você consegue esperar só mais um tiquinho, não consegue?

Ele riu baixo, mordendo o lábio, mas não insistiu:

— Você me mata, Jéssica... mas tá bom. Se é pra esperar, eu espero.

Ao lado, Márcia me abraçava com a mesma intensidade. Desviei do beijo com jeito, repetindo o argumento dela:

— Melhor a gente segurar um pouco, Márcia. Daqui a alguns minutos, não vai ter freio nenhum.

Márcia gargalhou, dando um leve tapa no meu peito:

— Você e a Jéssica combinam até nas desculpas, viu?

Entre olhares cúmplices e sorrisos contidos, eles se despediram de vez. Gustavo e Márcia foram animados até o carro deles, já falando entre si, sem esconder o entusiasmo.

Entramos no nosso carro. Assim que fechei a porta e liguei o motor, a Jéssica começou a rir, quase sem fôlego. Eu não aguentei e ri junto.

— Você viu a cara dele quando você perguntou o tamanho? — eu disse, ainda rindo.

— Você devia ter visto a sua cara fingindo que estava constrangido — respondeu Jéssica, encostando a cabeça no banco.

— Estão certos de que a gente mordeu a isca. — completei, soltando uma gargalhada.

Assim, em vez de ir pro Blue Moon, fomos pra nossa casa trepar.

Mal entramos no quarto, ela já foi me abraçando e dando um beijo gostoso. Retribui, enfiando minha língua em sua boca, entrelaçando com a dela, ela chupava minha língua. Peguei-a pela cintura e puxei seu corpo de encontro ao meu, sentindo seus seios se amassarem nos meus peitos, enquanto o meu pau e a buceta dela se roçavam por baixo das roupas.

Eu beijava seu queixo, seu pescoço, fui por trás dela e a abracei pela barriga, forçando meu pau na sua bundinha. Chupava o seu pescoço e lambia seus ombros, enquanto ela gemia.

Sem aguentar mais de tanto tesão, desabotoei e abri o zíper, tirei para fora da cueca e coloquei no meio da bunda da Jéssica. Ela empinava e rebolava fazendo meu pau se encaixar no seu rego. Coloquei minhas mãos por baixo do seu vestido e subi em direção ao seios. Alisava, apertava e puxava os seios dela, enquanto ela se retorcia forçando cada vez mais sua bunda no meu pau.

Desci uma mão por baixo do vestido dela e senti sua bucetinha louca de saudade de mim. Comecei a esfregar meus dedos naquela bucetinha que tanto amava, coloquei o dedo indicador, que entrou de uma vez de tão molhada que estava. A Jéssica deu um gritinho e jogou o corpo para trás, tremendo e se contorcendo, sua bundinha se contraiu. Tirei o dedo melado do sabor dela de dentro da bucetinha, encostei nos seus lábios, e sussurrei no seu ouvido:

— Sente o gostinho da sua buceta, querida.

Ela lambeu meus dedos, e chupou com vontade, como se estivesse chupando uma pica. Lambeu minha mão toda, depois se virou e enfiou sua língua na minha boca. Beijei e chupei muito aquela boca com gostinho de buceta. Sem falar nada, ela tirou minha roupa inteira, ficando de joelhos na minha frente.

Assisti enquanto a Jéssica chupava meu saco, depois lambia até a cabeça, engolindo minha pica de uma vez, deslizando sua boca até a metade, enquanto apertava minhas bolas com a mão.

Eu segurava a cabeça dela, forçando minha pica em sua garganta, até ela quase engasgar, babando e cuspindo ele todo. Depois que eu soltava, ela recuperava o folego e recomeçava, chupava e engolia sua própria baba. Não aguentei mais, segurei sua cabeça e comecei a socar rápido e forte na sua boca, meu pau batia na sua garganta e meu saco no seu queixo. Ela com a boca aberta me olhando, segurando minha bunda. Não durou muito até o meu pau inchar e encher de porra sua boca.

Deixei o meu na boquinha da Jéssica, enquanto ela sugava tudo e passava a língua nele, limpando ele de toda a porra. Quando soltou, tinha engolido tudinho.

Depois disso, fomos tomar banho.

A água caia por nós enquanto permanecíamos abraçadinhos. Ensaboei ela todinha. Chupei seus seios, enfiei o dedo na buceta e no cu, fazendo a Jéssica gozar. Ela me beijou, se ajoelhou na minha e ficou com uma mão esfregando meu pau. Logo, ela estava abocanhando minha pica, mamando gostoso, mordiscava e lambia a cabeça, sugava forte, descia a boca lentamente, fazendo ele entrar tudo, depois tirava e recomeçava, estava tão gostoso, que eu só fechei os olhos e gemia de tesão. Mas antes que eu gozasse mais uma vez, pedi que ela parasse porque queria o prato principal na cama.

A Jéssica respondeu sorrindo, levantando e me abraçando. Nos beijamos embaixo do chuveiro. Saímos do chuveiro e, vendo aquela bundinha que eu tanto desejava, não resisti e dei um tapinha na nádega direita. Ela olhou pra mim sorrindo e disse um “hoje não”.

Levei a Jéssica pra cama, trocando carícias e beijos. Nos deitamos entre beijos, com a minha língua enfiada entre seus lábios. Desci minha língua pelo queixo, chupei seu pescoço, e cai de boca em seus seios. Chupei seus mamilos durinhos. A Jéssica começou a se contorcer, segurou meu pau e apertou, jogou a cabeça para trás e gemeu bastante.

Virei ela de costas na cama, me deitei sobre ela e enfiei de uma vez naquela bucetinha. Entrou como quem conhece o caminho como mais ninguém. Passei a socar forte e rápido, enquanto ela rebolava fazendo o meu caralho pica enterrar cada vez mais em sua bucetinha apertada.

A Jéssica cravou as unhas nas minhas costas, e forçou seu quadril de encontro ao meu pau, enquanto sua respiração ficava ofegante. Continuei socando, dando estocadas profundas e xingando. Ela gemia cada vez mais alto.

Para os gemidos não chegarem nos vizinhos, a Jéssica afundou sua boca no meu pescoço, me chupando para abafar seus gritos, enquanto enlaçava minha cintura com as pernas, puxando meu corpo, enterrando minha pica até o talo. Sua buceta se contraiu várias vezes, mordendo meu pau. Ela se contorcia e gemia ofegantemente, arranhava minhas costas.

Eu socava e parava, e sua bucetinha apertava meu pau. Ficamos assim por minutos. Eu sentindo seu corpo quente e suado sob o meu, ela arranhando e alisando minhas costas e beijando, lambendo e chupando meu pescoço. Foi quando aumentei o ritmo, e soquei forte, a Jéssica parecia ensandecida, cravando suas unhas nas minha costas, enquanto arfava e gemia pedindo mais pica dizendo que ia gozar.

Não consegui me segurar mais, e senti os jatos de porra saindo da minha pica e invadindo sua bucetinha. Ela se permitiu se deixar soltar na cama, gozando gostoso, sob meu corpo, com minha pica latejando dentro da sua bucetinha.

Nós continuamos assim por um tempo. Largamos na cama, um sobre o outro, sem falar nada, só o barulho das nossas respirações ofegantes e dos nossos gemidos.

A gente só foi olhar o celular bem depois de termos nos recuperado. A Jéssica pegou o celular primeiro, quando ouvi a risada dela, curta, incrédula.

— Você não vai acreditar.

— O que foi agora? — perguntei, virando o rosto pra ela.

Ela virou a tela pra mim. Havia um grupo recém-criado no WhatsApp, nomeado “Nosso Segredo”. Os participantes: eu, ela, Gustavo e Márcia. No histórico, já tinham algumas mensagens: emojis de fogo, piscadinhas, e logo em seguida, nudes do casal, claramente tirados no motel. Fotos sem vergonha nenhuma, poses ensaiadas.

Eu comecei a rir, sem conseguir me segurar.

— Não é possível, Jéssica. Eles ainda estão insistindo — falei, levando a mão ao rosto.

Ela ria também, mas com uma ponta de indignação.

— O Gustavo é louco — disse ela, balançando a cabeça. — E ainda manda foto da Márcia pelada como cartão de visita.

A gente ficou ali, olhando os nudes do outro casal e rindo das poses. Definitivamente, nenhum dos dois se depilava.

— Esse homem não tem noção nenhuma — comentei, ainda me divertindo. — Acreditar que a gente, depois de tudo, ia simplesmente topar se jogar num grupo desses.

Jéssica me cutucou com o cotovelo.

— Não é você quem vai conviver com ele no hospital, viu?

Pegamos os celulares ao mesmo tempo e nos entreolhamos.

— Então, o que a gente faz? — perguntou.

— Saímos — respondi de imediato.

—! — contamos juntos e saímos do grupo ao mesmo tempo.

Levantamos da cama ainda rindo e fomos tomar banho.

Tarde de quinta-feira. Eu estava em casa, no meu dia de home office. A Lisandra já tinha terminado a faxina mais cedo e estava comigo no escritório, enfiada em livros e anotações, estudando pra uma prova da faculdade.

Resolvi dar uma pausa no trabalho e fui até ela. Ela estava sentada na cadeira giratória, com as pernas cruzadas, mexendo distraidamente na ponta da caneta com os dentes enquanto lia uma apostila. A blusa branca justa moldava bem os seios pequenos, e o sutiã rendado deixava a sombra discreta por baixo do tecido. O short jeans era curto, gasto, deixando à mostra as coxas claras e lisas, com aquela curva suave que eu já tinha reparado centenas de vezes sem nunca comentar. A sandália simples só ressaltava o arco do pé delicado.

— Ô, Lisandra... — falei baixo, interrompendo a concentração dela. — Bora dar uma pausa? Uns vinte minutinhos, tomar café, comer alguma coisa...

Ela ergueu os olhos, esticou os braços acima da cabeça num espreguiçar preguiçoso e sorriu.

— Bora. Eu tô precisando mesmo. Minha cabeça já não aguenta mais ler.

Fomos pra cozinha e decidimos preparar pão de queijo na air fryer, com café passado na hora. Enquanto a máquina fazia nosso lanche, começamos a conversar. O assunto, como sempre que caía em terreno nerd, descambou pra Star Wars. Eu, eterno defensor da Trilogia Clássica e da Prequel. Ela, inacreditavelmente, preferindo a maldita Sequel.

— Eu ainda não acredito que você defende a Sequel — falei, rindo e mexendo o pó de café no filtro. — Isso é tipo defender a existência do Jar Jar Binks como um personagem sério.

— Ah, para! — ela deu uma risada curta. — A Sequel trouxe frescor, trouxe novos personagens. O Kylo Ren é um dos vilões mais interessantes da saga. Muito mais humano que aquele Anakin birrento do Episódio II.

— Anakin birrento? — balancei a cabeça. — O Anakin tinha um arco de tragédia grega! O cara foi da esperança da Ordem Jedi ao símbolo da destruição. Isso é muito mais denso do que o Kylo “emo” Ren, que fica amassando o capacete toda hora.

— Só que o problema é que esse arco só funciona se você assistir Clone Wars, Rogério. — Ela me cutucou com o dedo. — O Episódio II e III são falhos sem o suporte da série. Tem diálogos ruins, tem ritmo quebrado.

— Concordo que os diálogos são meio duros, mas olha o Episódio IX! — levantei o dedo em desafio. — Inconsistências atrás de inconsistências. Palpatine voltando do nada, Rey superpoderosa sem treinamento direito, Finn sem arco narrativo nenhum. É uma bagunça!

— Tá, mas o Episódio VIII foi uma obra-prima. — Ela cruzou os braços, olhando pra mim com aquela cara de desafio que eu já conhecia. — Foi o único que realmente teve coragem de subverter a saga, de quebrar expectativas. Aquela cena da Holdo atravessando a frota inimiga em velocidade da luz foi a coisa mais linda que Star Wars já fez no cinema.

— Cena bonita, eu admito. Mas jogar fora o arco do Snoke do jeito que fizeram? — bati na bancada. — Criaram um vilão, construíram suspense, e mataram ele no meio do segundo filme sem explicação nenhuma. Isso não é subversão, é preguiça.

Ela riu, balançando a cabeça.

— Preguiça foi o George Lucas tentar enfiar política intergaláctica na cabeça da gente no Episódio I. Senado, imposto de rota comercial... Quem se importa com isso?

— Isso é worldbuilding, Lisandra! — respondi, quase indignado. — Você acha que Tolkien seria Tolkien se não tivesse política, economia, religião? Star Wars não é só sabre de luz, é um universo inteiro.

O barulho da air fryer interrompeu nossa batalha. Tirei os pães de queijo, coloquei na mesa com as xícaras fumegantes e voltamos ao debate, mastigando e argumentando.

Depois de mais alguns minutos, resolvi lançar a proposta:

— Sabe que vai ter reexibição do Episódio III no sábado da semana que vem. Tô pensando em ir. Quer ir comigo? Você vai ver como o filme se sustenta se nenhum dos Clone Wars.

Ela hesitou, mordendo o lábio inferior. Depois sorriu.

— Eu topo, mas com uma condição. — Ela me olhou firme. — Você não chama o Vinícius dessa vez.

Estranhei.

— O Vinícius fez alguma coisa?

— Não, nada. — Ela suspirou. — Ele tá sendo um amorzinho no WhatsApp, a gente até marcou de se encontrar domingo. Mas é que eu quero ter certeza de que esse convite seu é um convite de amigo. Não um “double date armadilha”, nem uma invenção da Jéssica pra outra noite de pseudoharém.

Não aguentei e comecei a rir.

— Te garanto que não vai rolar pseudoharém de novo. Eu só quero ir ao cinema com uma amiga fã de Star Wars. Nem a Jéssica, nem a Lorena entram nessa vibe.

— Espera aí. — Ela arregalou os olhos. — A Lorena não é fã de Star Wars?

— Nunca foi. — balancei a cabeça, rindo. — Ela sempre foi do lado de Star Trek. A gente fez tanta picuinha sobre isso ao longo dos anos que eu acabei pegando ranço de Star Trek, e ela de Star Wars. Já a Jéssica... ela só olha pra gente e fala: “neeeerds”.

A Lisandra caiu na gargalhada, quase engasgando com o pão de queijo.

— Consigo imaginar a Jéssica falando isso, sim. — Ela enxugou uma lágrima do olho. — Vocês dois devem ser insuportáveis quando começam essas discussões. Mas quer saber? Vai ser divertido. Eu aceito o convite, Rogério.

Naquele momento, eu não tinha percebido a confusão que iria acontecer sábado com o plano que a Jéssica teve depois que soube do convite.

Veio a sexta de tardinha. Quando cheguei em casa, dei de cara com a Jéssica sentada no sofá. Ela estava com um olhar perdido e segurava algo nas mãos. Fui chegando mais perto e percebi que era uma coleira de couro. Meu coração já apertou, conhecia aquela expressão dela.

— O que aconteceu, amor?

Ela ergueu os olhos pra mim, hesitante.

— Rogério, você e a Lorena transaram antes de me conhecer?

Respirei fundo. Mantive a calma.

— Não. E você sabe disso, Jéssica.

Ela apertou a coleira nas mãos, como se precisasse se agarrar em algo.

— E se vocês resolveram mentir esse tempo todo? Só pra manter essa amizade e essa sociedade na empresa sem que eu tivesse um ataque de ciúmes?

Sentei ao lado dela.

— Não, Jéssica. Nunca houve mentira. — Olhei firme nos olhos dela. — Da onde você tirou isso?

Ela desviou o olhar.

— É que eu sempre vi vocês dois tão próximos, tão amiguinhos, tão íntimos. Vocês nunca se abalaram com a nudez do outro... sempre me incomodou. Eu sempre tive essa pulga atrás da orelha. Não que vocês tenham namorado, mas podia ter acontecido. Uma noite de bebedeira... sei lá.

Segurei o rosto dela, fazendo questão de encarar.

— Jéssica, eu nunca beijei a Lorena. Nunca. Não houve nada — falei com a maior segurança que eu tinha dentro de mim.

Ela me abraçou apertado, como se quisesse se agarrar nessa certeza. Aproveitei a pausa e peguei a coleira das mãos dela. Foi aí que vi as inscrições: de um lado, “ROGÉRIO”. Por dentro, “LUCÉRIO”.

— Então é o Lucério quem está botando essas coisas na sua cabeça, alimentando suas inseguranças.

— Não é como se ele tivesse colocado isso na minha cabeça — respondeu, a voz baixa. — Foi mais como se ele tivesse externalizado coisas que eu já pensava.

Encostei as costas no sofá, respirei fundo de novo e deixei ela falar. E ela falou.

— Eu não sei lidar quando vejo a Lisandra dando em cima de você. Ela é linda, Rogério. Estupidamente linda. Como eu posso não me sentir insegura? — Ela me olhou, vulnerável. — E a Lorena... Ela é incrível, inteligente, bonita. E ocupa tanto espaço no seu coração. Mesmo que seja como melhor amiga, é espaço demais.

— Jéssica, eu não posso garantir que eu nunca correspondi a Lisandra. Eu não quero a Lisandra. Quero você. — Toquei na mão dela. — E quanto à Lorena... Sim, ela é importante pra mim. Mas de outro jeito. Não é amor romântico. É amizade, parceria. Eu te coloco sempre acima disso. Sempre.

Ela baixou a cabeça, suspirando.

— Eu era virgem quando a gente começou a namorar. Você já tinha tido outras namoradas. Inclusive a Milena.

Senti o estômago revirar ao ouvir esse nome.

— Prefiro não falar da Milena, Jéssica.

Ela me encarou, insistente.

— Mas eu penso nisso. Penso que, se a Milena não tivesse te chutado, você nunca teria se casado comigo. Que se um dia ela voltasse, você largaria tudo por ela.

Respirei devagar e firmei meu tom.

— Jéssica, a Milena foi um capítulo fechado da minha vida. Eu só aprendi com aquilo. Eu não estaria com você se fosse diferente. E, se ela voltasse, não faria diferença nenhuma. Porque o que eu quero é você. Eu escolhi você. Não por falta de opção, não por conveniência, mas porque eu te amo.

Ela ficou em silêncio, os olhos marejados. Eu continuei, não deixando espaço para dúvidas.

— Eu sei que suas inseguranças gritam às vezes. E eu respeito isso. Mas cada vez que você duvida, eu vou repetir: eu sou seu. Inteiro. — Beijei a mão dela. — E não existe Lorena, Lisandra ou Milena que mude isso.

Ela finalmente sorriu, tímida, e me puxou para um beijo na boca. Com ela mais calma, encostei a cabeça no encosto do sofá e soltei um meio sorriso.

— Então era isso... — comentei. — Isso explica também aquele papo do pseudoharém. Por um momento, eu cheguei a achar que você queria juntar a Lorena com a Lisandra só pra se livrar das duas.

Ela riu baixinho, balançando a cabeça.

— E criar uma ameaça ainda maior de um ménage de amantes pra você? — disse em tom de brincadeira.

Levantei a coleira na frente dela, girando entre os dedos.

— Imagino que isso tenha sido um presentinho do Lucério.

Ela suspirou e confirmou com um aceno.

— Foi.

— E imagino também que ele tenha sugerido que você usasse numa transa nossa, não foi?

Ela abaixou os olhos, meio sem graça, e confirmou de novo.

— Foi sim.

Olhei fundo nos olhos dela.

— Então me diz... Esse é o teu grande tesão que não queria me conta, a tua fantasia secreta? Ser a minha putinha, usar uma coleira, ser totalmente mandada e submissa?

Ela demorou um segundo, respirou fundo e confirmou com a voz suave.

— É. É sim. Você já sabia?

— Eu desconfiava — falei, firme. — Pelas vezes que você quis transar como odalisca, ou quando pediu pra ser tratada como putinha... Até no carnaval, quando teve que se fazer de serva do Lucério. Você podia ter acabado com aquilo logo, mas estendeu até o limite. E eu percebi. Porque você curtia ser mandada, ser obrigada a obedecer tudinho.

Ela ficou corada, mas não desviou o olhar.

— Eu trouxe essa coleira porque queria comprar uma igual. Mas só com o seu nome, Rogério. Só o seu.

Meu coração bateu forte. Eu sorri, acariciando a mão dela.

— Amor, não se preocupa. Amanhã, segunda no máximo, eu vou comprar uma coleira só pra você. Com o meu nome.

Ela sorriu aliviada, quase como uma menina.

— Sério?

— Sério. Mas pra hoje à noite... eu tenho uma ideia melhor. — Girei a coleira outra vez. — Você vai usar essa mesma. E eu vou te comer de um jeito que você nunca vai esquecer. Vou fazer de você minha putinha particular, minha e de mais ninguém. E depois, eu quero que você conte tudo pro Lucério. Nos mínimos detalhes.

Os olhos dela brilharam.

— Você fala sério?

— Nunca falei tão sério. — Fui categórico. — Eu quero que ele saiba que você é minha. E que os joguinhos dele só fazem nos unir mais.

Ela respirou fundo, pegou a coleira das minhas mãos e colocou no próprio pescoço. Eu a ajudei a ajustar. Quando a fivela fechou, fiquei só olhando.

— Meu Deus, Jéssica... Você ficou linda demais com essa coleira.

Ela sorriu com aquele jeitinho envergonhado.

— Você me deixa nervosa quando fala assim.

— Nervosa de bom ou de ruim?

— De bom. Muito bom. — Ela deu uma risadinha, os olhos brilhando.

Segurei o rosto dela com carinho.

— Então vamos fazer um trato? Nunca mais esconder nada um do outro. Nem fetiche, nem fantasia, nem sonho erótico. Nada. A gente divide tudo, sem medo.

Ela assentiu devagar.

— Fechado. — Deu uma pausa, mordendo o lábio. — E se eu te disser que já tive sonhos eróticos elaborados com outras pessoas?

— Eu vou dizer que também tive — respondi sem hesitar.

Ela arregalou os olhos, surpresa.

— É sério?

— Claro que é. E agora eu tô curioso pra ouvir os seus.

Ela riu baixinho.

— E eu quero ouvir os seus.

Ela baixou os olhos antes de continuar.

— Mas eu não quero meter terceiros na nossa relação. Esses sonhos são só isso, sonhos.

— Eu também. Vai ser interessante ouvir os seus sonhos e ver a sua reação quando ouvir os meus. Só eu, você, nossos sonhos e nossa cumplicidade.

Nos olhamos por um instante, cúmplices, como se tivéssemos aberto uma porta nova no nosso casamento. Levantei, ofereci a mão a ela e disse:

— Então vamos pro quarto. Hoje a gente começa a colocar tudo isso em prática.

Ela pegou minha mão, levantou-se com a coleira reluzindo no pescoço, e caminhamos juntos para o quarto.

PRAZO PARA O FINAL DA APOSTA ENTRE JÉSSICA E LUCÉRIO: 2 meses e 1 semana.

Pois bem, leitor. Nos próximos capítulos, vamos ter alguns capítulos especiais em que contaremos nossos sonhos eróticos um pro outro. E, em breve, teremos a noite que o Lucério resolveu jantar lá em casa e o que ele está aprontando. Além de uma “viagem double date”.

A Jéssica vai pro cinema com um amigo na mesma tarde que vou assistir Star Wars com a Lisandra. Quem vocês acham que seria esse amigo?

1) Vinícius

2) Miguel

3) Seu Alberto

4) Carlos

Em breve, eu e a Jéssica vamos acabar transando na companhia de outro casal (sem troca ou swing), mas isso vai acabar causando mais dor de cabeça logo em seguida. Quem vocês acham que seria esse casal?

A) Seu Arnaldo e dona Ângela

B) Gustavo e Márcia

C) Vinícius e Lisandra

D) Seu Geraldo e qualquer uma das moradoras

Coloquem nos comentários para o que vocês torcem que aconteçam nos próximos capítulos. Daqui a duas semanas, teremos a continuação.

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Comentários

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Bem, de comum acordo o Rogerio podria liberar a Jessica para outro, e poderia ser o Lucerio, pois assim com ele liberando, não seria traição.

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Assumo q espera mais, tipo queria ouvir a versão da Jessica sobre o elevador e a massagem meio q parece q cortou uma parte da história.

E sobre as perguntas:

1. Carlos, acho q seria o mais provável

2. C ou D, acho q seria mais fácil d encaixar.

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Achei o Rogério bem frouxo na situação com o Lucério. Com Enéas já é causa ganha pra ele, Lucério arma e enfraquece a relação dele com a Jéssica. Torço demais por esse casal, mas acho que a moleza dele vai trazer consequências.

Jéssica é insegura e vulnerável, com esse atitude submissa dela, pode cair não nas garras do Lucério, mas em alguém articulado por ele que seja bem dominante, mais que o Rogério. Não acredito que ela traia fisicamente Rogério, mas pode se encantar com outro cara e ficar confusa, por artimanha de Lucério. Rogério precisa se impor mais como Alpha, ele não é. Não ficou be esclarecida a questão com a ex... ele ainda ter orgulho ferido, Jéssica percebe.

Outra coisa, tá na cara que Lizandra ainda é apaixonada por ele, ele fez imposições a Jéssica, mas ela é mulher e percebe que a outra ainda está interessada. Ele se faz de sonso na situação. Corta, mas alimenta uma proximidade e esperança.

Ela deve ir ao cinema com Vinícius e ficar ainda mais enciumada com Rogério e Lizandra, atiçada pela conversa com Vinícius e as falas maldosas de Lucério.

O casal deve transar ao lado de Lizandra e Vinícius e, por ciúmes Jéssica ficar chateada logo após a transa e o clima pesar entre os quatro... Rogério terá que tomar a rédea de toda situação... e fazer escolhas pelo casamento ou não.

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Cara eu acompanho esse conto somente pelo casal Rogério e Jéssica, acho q de longe são o melhor casal, vivem felizes, cúmplices e sem a necessidade de colocar terceiros ni relacionamento, e maravilhosa isso, retrata a verdade sobre um casal q realmente se amam, acho q se acontecer deles acabarem se envolvendo com outros parceiros estragaria o conto (na minha opinião), quanto a pergunta 1 e c

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Confesso que eu esperava mais desse capítulo. Mas sobre suas perguntas tem que ser 1 e D, essa do Lucério ir jantar na sua casa tb é muito boa.

Por último vou fazer um pedido de amigo, não sei nada da sua vida pessoal, mas por gentileza não demore tanto para escrever.

Infelizmente não temos bons autores aqui no site, e suas histórias tem um tom bom de suspense e sedução.

Abraços

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Que bom que minha série preferida está de volta mais tem coisas que não entendo o Rogério deveria tomar mais a rédea dessa relação e ele sempre o bonzinho que aceita tudo que a Jéssica fala e outra coisa essa história dela deixar o luceiro envenenar ela contra o esposo não faz sentido ela deveria ter dado um basta nele a muito tempo e esse Enéas MDS nunca vi um cara ser tão mala como ele

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Bom dia. Como o Rogério pode ser tão inocente, ou confiante na relação com a Jéssica, ou até nâo valorizar os sentimentos da esposa?

Caralho Rogério, depois da conversa que teve com a Jéssica, sobre o Lucério, o Enéias, a Lissandra e a Lorena. Depois dela dizer que poderia também cobrar dele se afastar da Lissandra. Depois de tudo o que foibdito pelo casal naquela conversa. Depois dela bloquear o Enéias. Depois daquele jantar ridículo em que eles brincaram, ou melhor tripudiaram do outro casa. Ainda mais que esse encontro pode ter o dedo podre do Enéias. Depois da Jéssica compartilhar suas inseguran̈ças com você. Depois dessa porra toda, você convida a Jéssica para ir sozinha contigo pro cinema!. PELAMORDEDEUS! Vocé realmente tá brincando com fogo! Não digo nem pela possibilidade da Jéssica ficar com outro. Mas vc está dando armas aos inimigos Lucério (que já te envenenou a cabeça da Jéssica em relaçâo à Lorena) e Enéias. Além de querer abalar definitivamente a harmonia no seu lar. Primeiro o convite pra Lorena hospedada no seu apartamento, agora essa ida ao cinema com a Lissandra. Na boa irmão, dá vontade de torcer pra Jéssica te meter um.chifre. PQP! Vai ser burro assim lá no inferno!

Agora é esperar os próximos episódios...

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