Primeiras Ondas
Florianópolis sempre me pareceu uma cidade viva, onde o mar sussurra promessas e as noites pulsam com segredos. Eu, Susana, cheguei à vida de Gustavo como uma onda suave após sua separação. Ele, divorciado, carregava a firmeza de quem enfrentou tempestades, cuidando sozinho de Anderson, seu filho mais novo, desde que a mãe partiu, escolhendo a liberdade sem olhar para trás. Vivíamos como casados na casa ampla com vista para as ondas da Joaquina, onde o aroma de sal impregnava as cortinas e o som do mar era uma constante. Anderson, moldado pela ausência materna, tinha uma independência quase áspera, tratando-me com uma cortesia fria, como uma hóspede que ele tolerava, mas não abraçava. Nada de carinhos, abraços ou risadas compartilhadas. Eu respeitava essa distância, talvez por um instinto de não perturbar o equilíbrio delicado daquela família.
Gustavo, com seu sotaque catarinense que arrastava as vogais como uma carícia, insistia em nos aproximar. "Vocês são como ostras, fechados e cheios de pérolas escondidas", ele brincava, os olhos brilhando com um otimismo que me derretia. Eu hesitava, mantendo uma barreira por respeito à história deles, temendo parecer uma intrusa. Anderson também resistia, com respostas curtas e olhares que desviavam dos meus. Mas a vida cotidiana nos forçava a conviver: jantares com camarões frescos, limpezas conjuntas da casa, passeios pela orla onde o sol bronzeava a pele e o vento trazia o cheiro de algas molhadas.
A mudança começou numa noite comum, com o vento sul soprando um frescor úmido pela janela entreaberta. Estávamos no sofá grande da sala, um móvel macio que parecia nos engolir, iluminado pela luz tremulante da TV exibindo um filme qualquer. Eu no meio, Gustavo à minha direita, Anderson à esquerda. Meus pés doíam após um dia vagando pelas feiras da Lagoa da Conceição, e Gustavo, percebendo meu incômodo, sugeriu com um sorriso: "Estica as pernas, amor. O sofá é pra isso." Olhei para Anderson, que já cruzava os braços, antecipando o desconforto. "Sai pra lá, Susana. Tem espaço ali", ele murmurou, sem maldade, apenas marcando seu espaço.
Gustavo riu, insistindo: "Para de frescura, vocês dois. É só uma perna, não é tsunami." Relutante, estiquei as pernas, apoiando as panturrilhas nas coxas dele. Senti o calor áspero do jeans contra minha pele nua, pois usava shorts leves. Anderson ficou rígido por um instante, os músculos tensos sob o tecido, mas logo relaxou, aceitando a situação. O ambiente cheirava a pipoca recém-estourada e ao salitre que a brisa trazia. Meu coração permaneceu calmo; era apenas um gesto prático, sem segundas intenções. "Tudo normal", pensei, ajustando-me para relaxar.
A partir daquela noite, a dinâmica mudou sutilmente, como as dunas da Joaquina se moldando ao vento. Abraços tímidos surgiram: um toque no ombro ao passar o café, um sorriso ao ajudar com as sacolas do mercado, os dedos roçando acidentalmente e enviando um leve arrepio. Anderson me surpreendeu uma vez, elogiando meu vestido novo: "Tá bonito, Susana", disse, com um tom quase tímido. Retribuí, comentando sua habilidade no surfe, admirando a energia jovem que ele exalava nas ondas. Gustavo observava com um sorriso satisfeito: "Viu? Aos poucos, vira família." Eu me sentia mais à vontade, mas mantinha uma reserva, como se um instinto me alertasse para não cruzar linhas invisíveis. Meses fluíram assim, com gentilezas crescendo, mas sem qualquer faísca além da camaradagem.
Correntes Subterrâneas
O tempo em Florianópolis corria como as ondas, constante e imprevisível. A casa parecia mais viva, com jantares regados a vinho local e passeios pela Beira-Mar Norte, onde o pôr do sol tingia o céu de laranja e o cheiro de peixe frito dos quiosques nos envolvia. Gustavo continuava a nos aproximar, com um jeito que parecia casual, mas que começava a me intrigar. "Vocês precisam se entrosar mais", ele dizia, com um brilho nos olhos que me fazia questionar: era apenas otimismo de pai, ou algo mais? Um jogo? Eu nunca perguntei, temendo romper o equilíbrio delicado.
Uma noite, meses após aquele primeiro sofá, repetimos a cena. Eu reclamava de dores nas pernas após uma trilha exaustiva na Costa da Lagoa, o corpo quente do sol e os músculos protestando. Gustavo, sempre solícito, sugeriu: "Vira de lado, amor. Eu te massageio direito." Isso significava apoiar a cabeça no colo de Anderson, que assistia a um jogo na TV, os olhos fixos na tela. Hesitei, sentindo um rubor subir pelo pescoço. "Não precisa, Gustavo. Tô bem assim." Mas ele insistiu, com uma voz firme que raramente usava: "Para de graça, Susana. Vai logo, não é nada demais." Anderson murmurou algo sobre espaço, mas não se mexeu, o corpo tenso como uma corda esticada.
Relutante, virei-me devagar, deitando a cabeça em seu colo. Foi então que senti: uma rigidez inconfundível sob a bermuda dele, pressionando contra minha bochecha. Uma ereção quente, pulsante, que me pegou desprevenida. Meu coração disparou, como se o mar tivesse invadido meu peito. Anderson deu um pulinho sutil, um reflexo de susto. "O que foi?", perguntou Gustavo, as mãos já trabalhando nos meus músculos doloridos, sem desviar os olhos da TV.
"Nada", respondemos em uníssono, eu e Anderson, as vozes trêmulas. Eu poderia ter me afastado, inventado uma desculpa, mas algo me prendeu ali. Ajeitei-me devagar, sentindo o pulsar dele contra minha pele, cada batida ecoando no meu corpo. O cheiro dele era intenso: sabonete cítrico misturado ao suor fresco do dia e a um aroma almiscarado, primal, que fez meu estômago revirar. Um formigamento traiçoeiro se espalhou entre minhas coxas, e meu corpo reagiu com um calor úmido que me assustou. "O que é isso?", pensei, o rosto queimando enquanto tentava me convencer de que era apenas o momento. Será que Gustavo sabia? Ele parecia tão alheio, massageando minhas pernas com mãos firmes, mas aquele brilho nos olhos... era coincidência? Ou ele estava testando algo?
Anderson, inicialmente travado, começou a acariciar meu cabelo, os dedos hesitantes traçando linhas suaves no meu couro cabeludo. Cada toque era uma faísca, enviando arrepios pela espinha, misturando-se ao calor da ereção que latejava contra minha bochecha. Fechei os olhos, deixando as sensações me envolverem: o aroma dele se intensificando, como se o calor do corpo amplificasse cada nota; o som da respiração dele, acelerando sutilmente; o gosto salgado no ar úmido da noite, como se o mar estivesse dentro da sala. Gustavo sorriu, aprovando: "Viu? Assim é melhor pra todo mundo." Mas em mim, uma porta se abrira. Pensamentos proibidos surgiram: a curiosidade sobre o corpo jovem e atlético dele, tão diferente da solidez madura de Gustavo. Lutei contra eles, repetindo mentalmente: "Não, Susana. Isso é errado. Para."
A partir daquela noite, a tensão virou uma corrente constante, como o zumbido das ondas ao longe. Meses de resistência, desviando de olhares que pareciam carregar segredos, evitando ficar sozinha com Anderson. Mas Gustavo continuava a criar cenários, como se orquestrasse algo maior. Insistiu que eu ajudasse Anderson com o protetor solar na Praia Mole, minhas mãos deslizando pela pele bronzeada e musculosa dele, o cheiro de coco do creme misturando-se ao sal do mar. "Relaxa, filho. Susana é da família", ele dizia, rindo de longe, enquanto meu corpo traía com um calor crescente. "Controle-se", eu me ordenava, recuando, mas o toque permanecia, como uma queimadura sutil.
Toques acidentais ganhavam peso: um roçar de mãos na cozinha, o calor da pele dele através da camiseta fina; um abraço que durava segundos a mais, o peito firme pressionando o meu. Uma vez, enquanto Gustavo lavava a louça, Anderson me abraçou por trás para pegar um copo, seu corpo colado ao meu por um instante. Senti sua excitação, breve mas inegável, e meu corpo respondeu com um pulsar úmido. Afastei-me rápido, murmurando uma desculpa, o coração martelando. "Você tá bem, Susana?", ele perguntou, os olhos sondando além das palavras. "Tô sim, só distraída", respondi, evitando encará-lo. O desejo crescia, alimentado por sonhos onde eu me via entregue a ele, acordando com o corpo quente e a mente confusa. E Gustavo, sempre com aquele sorriso enigmático, continuava a nos colocar juntos: "Ajudem um ao outro com o jantar, vou chegar tarde." Era um jogo? A dúvida me excitava e assustava na mesma medida.
O Romper das Ondas
Os meses se arrastavam, e Florianópolis, com suas chuvas repentinas e sóis escaldantes, espelhava meu conflito interno. O desejo por Anderson era uma correnteza subterrânea, puxando-me apesar das minhas tentativas de resistir. Eu me distraía com caminhadas pela Praia do Campeche, deixando as ondas frias acalmarem meu corpo febril, mas era inútil. Gustavo, como um maestro – inconsciente ou não? – continuava a nos unir. "Ajuda o Anderson com o jantar, amor. Eu chego tarde", ele dizia, saindo para reuniões longas. Nessas noites, a cozinha virava um palco de tensões: roces acidentais ao cortar legumes, risadas nervosas que escondiam desejos, o cheiro de alho e manjericão misturando-se ao dele.
Uma dessas ocasiões ficou marcada. Era uma madrugada na Praia da Joaquina, após um jantar onde Gustavo insistiu que fôssemos ver as ondas ao amanhecer. Ele saiu cedo, alegando trabalho, deixando-nos sozinhos. O céu clareava com tons de rosa e dourado, o ar frio carregado de sal e umidade. Caminhávamos pela areia, o som das ondas quebrando como um chamado. Anderson parou, olhando o mar, e nossos olhos se encontraram. "Susana...", ele começou, mas não terminou. Puxei-o para trás de uma duna, o coração disparado. Nossas bocas se encontraram, o beijo quente e salgado, com gosto de mar e desejo. Ele arrancou minha blusa, as mãos explorando minha pele com urgência. Senti a areia fria contra minhas costas, contrastando com o calor do corpo dele. Entrei nele devagar, sentindo-o me preencher, cada movimento um choque de prazer. "Mais fundo", sussurrei, as unhas cravadas em seus ombros, o cheiro de sal e suor nos envolvendo. O clímax veio como uma onda quebrando, meu corpo tremendo enquanto gozava, o som dos gemidos abafado pelas ondas. Ele gozou logo depois, um grunhido rouco, o calor dele se misturando ao meu.
Aquela madrugada foi o início de um segredo viciante. Meses de encontros furtivos: no quarto dele enquanto Gustavo dormia, na garagem durante uma noite estrelada, cada vez mais intensa. Mordidas nos ombros, sussurros como "Me fode até eu não aguentar mais", o gosto salgado da pele dele na minha boca. A culpa me corroía, mas o desejo era mais forte. Gustavo permanecia inabalado, nossa relação sólida, cheia de carinhos e risadas. Ele continuava criando situações: fins de semana em que saía cedo, deixando-nos "para descansar". "Ele sabe?", eu me perguntava, a dúvida me excitando tanto quanto me perturbava. Era como se ele estivesse nos empurrando um para o outro, mas com um sorriso tão inocente que eu não podia ter certeza.
Então, Anderson arrumou uma namorada, uma garota vibrante com o espírito livre das noites de Florianópolis. As transas diminuíram, virando esporádicas: um rápido no carro, o cheiro de couro misturado ao dele; um beijo roubado na varanda, com o vento trazendo o aroma de jasmim. O ciúme me picava, mas não abalava meu laço com Gustavo. O fogo com Anderson persistia, uma chama que queimava baixo, mas nunca se apagava.
Fogo na Noite
Uma noite, após um jantar familiar, Gustavo levou a namorada de Anderson embora, sempre cortês. Ela era simpática, com risadas que ecoavam pela casa, mas eu sentia uma pontada sutil de posse. Gustavo voltou, bocejando: "Vou deitar, amor. Dia longo." Beijou minha testa com ternura e subiu as escadas, deixando a casa em silêncio. Fiquei no sofá, o tecido macio sob minhas coxas nuas reacendendo memórias, o corpo agitado pelo vinho e pelo desejo latente.
Anderson retornou minutos depois, os olhos fixos em mim, carregados daquela fome que eu conhecia tão bem. "Susana...", murmurou, aproximando-se devagar. A resistência, que tantas vezes me segurara, desmoronou como castelos de areia. Puxei-o para mim, abrindo sua calça com dedos ágeis. Seu pau saltou livre, rígido e pulsante, o cheiro almiscarado me envolvendo como uma onda. Caí de joelhos no sofá, envolvendo-o com a boca, lambendo a glande com a língua lenta, sentindo o gosto salgado da excitação prévia, misturado a um toque adocicado que me inebriava. Ele gemeu baixo, as mãos entrelaçando meu cabelo, guiando o ritmo com uma mistura de gentileza e urgência. Chupei com fome crescente, alternando sucções profundas que o faziam inchar na minha garganta e lambidas leves nas veias salientes. O som molhado ecoava na sala escura, misturado à respiração pesada dele. "Assim, Susana... devagar no começo", ele sussurrou, ofegante, os quadris se movendo instintivamente.
Aumentei o ritmo, as mãos massageando a base enquanto minha boca o engolia inteiro, o nariz roçando os pelos pubianos, inalando seu aroma intenso, uma mistura de suor e desejo que me deixava zonza. Ele tremia, gemidos roucos escapando: "Não para... vai gozar." Senti-o pulsar mais forte, e então veio o clímax: jatos quentes e espessos enchendo minha boca, o sabor amargo e doce me excitando ao ponto de umidade escorrer pelas minhas coxas. Engoli tudo, lambendo os resquícios devagar, prolongando o prazer dele. Levantei-me, limpando os lábios com o dorso da mão, e nos beijamos profundamente, o gosto dele ainda na minha língua, misturando-se ao nosso desejo eterno.
Florianópolis dormia lá fora, com suas ondas suaves e estrelas brilhando. Mas entre nós, o fogo ardia vivo, um segredo que pulsava como o próprio mar. Era nosso, intenso, e eu sabia que o desejo sempre encontraria seu caminho, como as marés que voltam, incansáveis, à praia.