Jonas: Entre o Orgulho e o Arrependimento

Um conto erótico de Jonas
Categoria: Heterossexual
Contém 3222 palavras
Data: 22/10/2025 14:20:19

Entre o orgulho e o arrependimento

A verdade é que quando a gente entra num motel com alguém que não é a pessoa que a gente ama, o silêncio pesa diferente.

Não é o mesmo silêncio da curiosidade ou da paixão — é o silêncio do “o que diabos eu tô fazendo aqui?”

A Clara tava ali do meu lado, linda, decidida, com aquele olhar meio ferido, meio provocador.

Ela queria provar alguma coisa — pra ela mesma, pro Maurício, talvez até pra mim.

Mas eu… eu só queria entender o que tava acontecendo dentro da minha cabeça.

A gente entrou no quarto, e o cheiro de perfume doce misturado com ar-condicionado me deu um nó no peito.

Ela tirou o casaco devagar, como quem espera uma reação.

E eu só fiquei parado, olhando pro nada.

— “Jonas…”

Balancei a cabeça, tentando organizar as ideias.

— “Clara, isso aqui não vai consertar nada. Nem tua dor, nem a minha.”

Ela deu um meio sorriso triste e se aproximou.

— “Então deixa eu tentar pelo menos apagar um pouco.”

Quando a mão dela tocou meu rosto, eu senti tudo ao mesmo tempo: o calor, a saudade, a raiva, a culpa.

Por um instante, pensei em deixar rolar, deixar o impulso falar mais alto.

Mas alguma coisa dentro de mim travou.

Afastei a mão dela devagar.

— “Não dá, Clara.”

Ela respirou fundo, visivelmente frustrada, e deu um passo pra trás.

— “Então por que veio comigo, Jonas? Só pra me fazer sentir rejeitada também?”

— “Não. Eu vim porque precisava encarar o que tava virando. E entender que isso aqui — essa confusão toda — não vai resolver nada.”

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

Ela cruzou os braços e olhou pra janela, meio irritada, meio decepcionada.

— “Sabe o que é engraçado?” — ela disse, sem me olhar. — “Você tem essa coisa de querer ser o certo no meio da bagunça. Isso é o que mais me irrita… e o que mais me atrai em você.”

Sorri de leve, mas sem orgulho nenhum.

— “Talvez seja isso que me ferra sempre. Tento fazer o certo, mas só acabo magoando mais gente.”

Ela se aproximou de novo, encostou a testa no meu ombro e ficou ali, quieta.

Nenhum de nós sabia o que dizer.

Depois de um tempo, falei baixo:

— “Amanhã cedo eu viajo. Tenho que ir pro Rio Grande do Sul, resolver umas coisas da empresa.”

Ela levantou o rosto e me encarou, surpresa.

— “Rio Grande do Sul? Sério?”

— “É. Vou passar uns dias lá.”

Ela ficou olhando pra mim e eu senti o clima mudar.

Não sei se foi coincidência ou destino pregando peça, mas do jeito que ela reagiu, parecia que aquele estado andava aparecendo demais na minha vida ultimamente.

Saímos do motel em silêncio.

No carro, o som da chuva era a única coisa que preenchia o espaço entre nós.

Ela olhou pra mim uma última vez antes de sair, com aquele olhar que misturava frustração e curiosidade.

— “Jonas… você é diferente. E isso vai me atormentar por um bom tempo.”

Dei um meio sorriso cansado.

— “Vai passar.”

Ela fechou a porta e entrou no prédio.

Eu fiquei ali, parado, com o som da chuva batendo no para-brisa e o coração apertado.

Peguei o celular, abri a conversa com a Luana e escrevi a mensagem:

> “Recebi tua mensagem. Amanhã viajo pro Rio Grande do Sul. Trabalho. Melhor dar um tempo.”

Mandei antes de pensar demais.

Talvez pra ferir.

Talvez pra me proteger.

Ou só pra ver se ainda existia algum tipo de reação dela.

O carro voltou pra estrada.

E enquanto as luzes da cidade iam ficando pra trás, eu só pensava no que a Clara disse lá no quarto:

“A gente não vai mudar o passado, mas pode escolher o que fazer com o presente.”

Eu só não fazia ideia de que, lá na frente, o destino ainda tava rindo da nossa cara — e que o Sul ia me trazer respostas que eu nem tava preparado pra ouvir.

Sabe quando o mundo parece parar por alguns segundos, e tudo o que existe é aquele barulho surdo dentro da cabeça?

Foi assim quando o celular vibrou.

Eu tava no quarto do hotel, mala meio aberta, a TV ligada num volume baixo só pra fingir que tinha companhia.

Já era tarde — e, pra ser sincero, eu só queria dormir e tentar esquecer de tudo.

Mas aí chegou a notificação.

Número desconhecido.

Uma mensagem curta:

“Achei que você devia ver isso.”

Logo depois, vieram os arquivos.

Fotos.

E um vídeo.

Fiquei olhando pra tela por alguns segundos, com o coração acelerando antes mesmo de abrir.

Parte de mim sabia o que vinha.

A outra parte ainda queria acreditar que não.

Apertei o play.

Não vou descrever o que vi.

Não precisa.

Bastou alguns segundos pra eu entender tudo — ou achar que entendi.

O rosto dela.

O lugar.

O som da água ao fundo.

O tipo de imagem que, uma vez vista, não tem como desver.

Senti o corpo inteiro gelar.

A garganta secou.

E, por um momento, fiquei parado, olhando pro nada, com o celular na mão tremendo.

Não era mais raiva.

Era algo pior.

Era o tipo de dor que mistura amor, traição e incredulidade num só soco no estômago.

Joguei o celular na cama e fiquei andando pelo quarto sem rumo.

O coração batendo rápido, a mente disparando lembranças, cenas, desculpas que agora pareciam piada.

“Ela disse que não traiu…”

“Ela jurou que foi só confusão…”

Cada frase dela agora soava como eco de mentira.

Mas o que mais doía… era o fato de que, mesmo com tudo, eu ainda amava aquela mulher.

Sentei na beira da cama, passei as mãos no rosto e ri de nervoso.

“Então é isso… era verdade o tempo todo.”

Peguei o celular de novo, abri a conversa com a Luana.

Os dedos tremiam, mas eu não digitei nada.

Olhei pro teto e falei baixinho, como se ela pudesse ouvir:

— “Parabéns, Luana. Você conseguiu.”

A raiva deu lugar a um vazio absurdo.

Fiquei ali, até o sol começar a nascer pela janela do hotel.

Sem dormir, sem chorar, sem saber se o que eu sentia era amor morrendo… ou só esperança demais insistindo em ficar viva.

Na manhã seguinte, arrumei a mala, desci pra recepção e pedi um táxi pro aeroporto.

O Rio Grande do Sul me esperava.

Já fazia uns dias que eu tava no Rio Grande do Sul, mas parecia que o tempo não passava.

A rotina virou uma mistura de reuniões, estrada e silêncio.

Eu fazia o que tinha que fazer, assinava o que precisava, mas a cabeça… essa tava em outro lugar.

O vídeo ainda rondava meus pensamentos.

A pior parte de ver algo assim não é o que tá na tela — é o que fica ecoando depois.

Os “porquês”, os “e se”, as memórias tentando disputar espaço com a raiva.

A Luana me mandou mensagem no primeiro dia da viagem:

“Você chegou bem?”

“Podemos conversar?”

“Jonas, me responde, por favor.”

E eu… nada.

Nem visualizei.

Fingir que não existia era mais fácil do que encarar de novo tudo aquilo.

Tentei me distrair com o trabalho, mas toda pausa virava armadilha.

O café da manhã solitário, o quarto de hotel silencioso, o som da chuva nas janelas — tudo me lembrava dela.

Foi numa dessas noites, já deitado, que chegou uma notificação nova.

Clara.

> “Oi, Jonas. Em qual cidade você tá? Acabei de chegar em Gramado, na casa de uns parentes. Se quiser, a gente podia se ver. Tomar um café, conversar…”

Li a mensagem umas dez vezes.

Gramado.

A cidade era linda, e irônica também — porque a última coisa que eu precisava era de mais alguém do meu passado me encontrando ali.

Pensei em ignorar, mas, sinceramente, eu tava cansado de fugir.

A Clara era a única pessoa que, de certa forma, entendia o tipo de bagunça que minha vida tinha virado.

Respondi curto:

> “Tô em Porto Alegre ainda. Talvez vá pra Gramado amanhã.”

Ela respondeu rápido:

> “Se vier, me avisa. Acho que a gente ainda tem o que conversar.”

Apaguei o celular e fiquei olhando pro teto, o quarto iluminado só pelo reflexo da TV desligada.

Era engraçado — a vida parecia brincar comigo.

Leva minha mulher pra um caminho, o chefe dela pra outro, e me joga bem no meio.

No fundo, eu sabia que ir a Gramado era arriscar mexer em feridas que ainda tavam abertas.

Mas parte de mim queria respostas — sobre a Luana, sobre o Maurício, sobre tudo.

E, por algum motivo, eu achava que a Clara tinha mais a dizer do que tava mostrando.

Deitei de lado, fechei os olhos e falei baixinho:

— “Tá bom, destino. Faz o que tu quiser, mas pega leve dessa vez.”

O som da chuva lá fora foi a única resposta.

Mas eu já sabia que o dia seguinte não seria só mais um dia de viagem.

Cheguei em Gramado no final da tarde. O céu tava pesado, aquele friozinho cortando o ar, e a neblina deixando a cidade com cara de filme.

O lugar era bonito demais pra um coração bagunçado como o meu.

A Clara mandou localização de um café pequeno, numa rua calma, perto de umas hortênsias que pareciam ter saído de cartão-postal.

Quando cheguei, ela já tava lá — vinho na taça, casaco cinza, olhar firme.

Bonita. De um jeito diferente.

Mais madura, mais segura.

— “Achei que você não vinha,” ela disse, sorrindo de leve.

— “Quase não vim,” — respondi. — “Mas acho que a gente tinha conversa pendente.”

Ela acenou, pedindo pro garçom trazer outra taça.

O clima tava estranho… calmo demais pra tanta coisa não resolvida.

Conversamos sobre o básico — trabalho, a viagem, o tempo.

Mas não demorou pro assunto mudar de tom.

— “Jonas, tem uma coisa que eu preciso te contar.”

Ela falava baixo, olhando pros lados, como quem carrega um segredo perigoso.

— “O Maurício… ele faz parte de um grupo de WhatsApp. Gente da alta, empresários, políticos, advogados. Todos com o mesmo tipo de ego.”

— “Tá, e o que tem isso?”

Ela respirou fundo.

— “Eles trocam fotos, vídeos… das mulheres com quem ficam. Tipo um troféu.

Senti o sangue gelar.

— “Você tá dizendo que ele compartilhou…”

Ela assentiu.

— “Sim. A Melissa me confirmou.”

Fiquei mudo.

A raiva subiu rápido, queimando por dentro.

Por um instante, quis levantar e ir direto atrás dele, fazer o que não fiz antes.

Mas a Clara tocou minha mão, firme.

— “Ei. Calma. Eu te chamei aqui pra te contar, não pra te ver se perder.”

Olhei pra ela. E vi nos olhos dela uma mistura de empatia e desejo.

Aquela tensão que vem quando duas pessoas estão machucadas e se reconhecem na dor do outro.

— “Por que você tá me dizendo isso?” — perguntei.

Ela deu um meio sorriso triste.

— “Porque eu sei o que é ser enganada. E porque eu cansei de me calar pra proteger gente que não merece.”

O silêncio que veio depois foi pesado.

O tipo de silêncio que aproxima.

Ela deslizou a mão dela até a minha.

— “Você não devia passar por isso sozinho, Jonas.”

Fiquei olhando pra ela.

A taça de vinho tremia levemente na minha mão, e o coração parecia bater no ritmo errado.

Parte de mim queria se afastar.

A outra parte… queria esquecer de tudo, mesmo que por uma noite.

— “Clara…”

— “Não fala nada.” — ela sussurrou. — “Só me deixa ficar perto.”

Foi aí que entendi: às vezes o consolo vem disfarçado de erro.

E eu, cansado demais pra lutar contra, deixei acontecer.

Não houve pressa, nem desculpas.

Só dois corpos tentando preencher o vazio que outras pessoas deixaram.

A noite passou devagar, entre palavras poucas e respirações longas. Naquela noite, nos entregamos por completo ao desejo.

E quando o sol começou a nascer, eu já sabia que tinha cruzado outra linha daquelas que não tem volta.

Ela dormia, tranquila, e eu fiquei ali, sentado à beira da cama, olhando pro nada.

O peso do que aconteceu não era prazer — era um tipo estranho de alívio e culpa misturados.

Peguei o celular, vi a tela cheia de mensagens não lidas da Luana… e não toquei em nenhuma.

Guardei o aparelho no bolso, respirei fundo e sussurrei pra mim mesmo:

— “O que começou com uma ferida… virou uma guerra.”

E, pela primeira vez, eu não sabia se queria vencer ou só parar de doer.

Acordei com o barulho da chuva batendo na janela do hotel. Clara ainda dormia, enrolada no lençol, o cabelo bagunçado cobrindo parte do rosto. Olhei pra ela e respirei fundo.

Era estranho — eu não sentia culpa, mas também não sentia paz. Era como se eu tivesse me desconectado de tudo, inclusive de mim mesmo.

Peguei o celular. Tinha umas dez mensagens da Luana, todas não lidas. Nem tive coragem de abrir.

Eu sabia o que viria: explicações, promessas, talvez lágrimas em áudio. Mas naquele momento, eu só queria silêncio.

Foi aí que apareceu uma notificação diferente.

Era da Luiza.

> “Jonas… não é justo o que tá acontecendo. Eu também faço parte da sua vida.

Não fui eu quem errou e mesmo assim tô sendo punida.

Sinto falta de você.”

Fiquei olhando pra tela por uns segundos, tentando entender o que sentia. Digitei devagar:

> “Eu também sinto sua falta, Lu.

Mas preciso de um tempo pra colocar as ideias no lugar.

Prometo que você continua sendo uma das melhores partes da minha vida. Você sempre terá o seu espaço nela.”

Por volta das 10:00, saímos para comer algo num restaurante próximo. Clara naquela manhã com um vestido longo, parecia bem mais radiante, sua beleza é incomparável, diferente da beleza de Luana ou da Luiza, clara tinha algo mais atrativo. Por mais que eu tentasse parar de admirar sua beleza, eu me pegava de uma xícara a outra de chocolate, admirando seu corpo, sua beleza. Foi nesse momento que senti que alguém tocou meu ombro.

Quando olhei pra trás, quase não acreditei.

Era a esposa do gaúcho — aquela mulher da mansão misteriosa.

O tempo parecia não ter passado pra ela. Mesmo olhar firme, o mesmo ar enigmático.

— Jonas… eu sabia que era você.

— É… o mundo é pequeno — respondi, meio surpreso.

— E a Luana? — perguntou, com um sorriso curioso.

— A gente tá separado — falei direto, sem rodeios. — Essa aqui é a Clara, uma amiga.

Ela cumprimentou Clara com elegância, mas sem esconder o olhar de quem queria dizer mais do que dizia.

— Sabe, meu marido ainda fala daquele evento na mansão.

— Ele descobriu algo? — perguntei, curioso.

— Sim… ele disse que soube mais sobre quem os indicou pra aquilo tudo.

Mas agora não posso ficar — tô atrasada.

Na próxima vez que nos encontrarmos, te conto o que ele descobriu.

Ela colocou a mão no meu ombro e sorriu.

— Cuida bem do que ainda resta, Jonas.

Depois saiu, deixando no ar aquele mistério que parecia não ter fim.

Fiquei olhando ela se afastar na chuva, com a sensação de que o passado estava voltando pra me cobrar algo.

Clara ficou me olhando meio desconfiada, com aquele olhar de quem quer entender, mas não sabe se deve perguntar.

— Tá, Jonas… quem era aquela mulher? E que história é essa de “evento misterioso”? — ela perguntou, mexendo no copo de cerveja, meio tensa.

Dei um gole no meu também, respirei fundo e falei:

— Essa história é antiga, Clara. Coisa de uns anos atrás, mas mexeu comigo e com a Luana até hoje.

Ela encostou mais na mesa, curiosa.

— Conta.

— A gente recebeu um convite estranho na época. Era pra um “encontro reservado”, coisa chique, num casarão isolado. Disseram que era um evento de casais, mas não explicaram direito o que era. Eu e Luana fomos meio no escuro, achando que era uma festa de negócios, ou sei lá, um retiro pra casais… — dei um riso de canto, meio sem graça. — No fim, era uma parada completamente diferente.

— Diferente tipo o quê? — Clara perguntou, arqueando a sobrancelha.

— Um tipo de… experimento social — respondi, pesando as palavras. — Muita gente bonita, rica, e um clima estranho no ar. Bebida, música, um ambiente controlado, entende? E quando a gente percebeu o que tava rolando… já era tarde. Aquele evento mudou a Luana. Mudou nós dois.

Ela me olhou, séria.

— Mudou como?

— Antes disso, a Luana era outra pessoa. Tímida, recatada, focada. Tinha trabalhado só uma vez num escritório de contabilidade. Saiu porque o chefe dela se declarou, disse que era apaixonado por ela. E ela recusou. Disse que só tinha olhos pra mim. E era verdade. Na época, eu era o único homem da vida dela.

Clara ficou em silêncio, me ouvindo com atenção.

— Depois da tal mansão, tudo virou de cabeça pra baixo. — continuei. — Ela começou a ver o sexo de outro jeito, queria experimentar, abrir o relacionamento, viver mais livre. E olha, eu tentei entender, tentei acompanhar. Mas eu não nasci pra isso. Eu sou o tipo de cara que acredita que amor e respeito caminham juntos, sabe?

— Mas vocês chegaram a abrir o relacionamento, né? — ela perguntou, meio receosa.

— Sim, mas dentro de um limite. Com o Pedro e a Luiza. A gente combinou que tudo seria só entre nós quatro, que qualquer coisa fora disso seria traição. E funcionou por um tempo. Tinha confiança, tinha lealdade. Mas… — balancei a cabeça, olhando pro vazio. — A Luana começou a confundir liberdade com falta de limite.

Clara respirou fundo, como se tivesse reconhecido algo ali.

— Engraçado… a gente também teve algo parecido, eu, o Maurício e a Melissa. — ela disse. — No começo foi um acordo, uma forma de manter o casamento vivo, evitar traições. Mas a verdade é que o Maurício nunca soube se controlar. Ele foi se perdendo nisso, achando que podia tudo.

— E você aceitou isso? — perguntei, curioso.

Ela deu um meio sorriso triste.

— Aceitei porque eu amava ele. E porque eu fui criada pra acreditar que mulher deve sustentar o que construiu. Eu venho de uma família rica, Jonas. O Maurício… ele veio de baixo. Eu banquei ele, dei o empurrão que precisava pra crescer. Só que depois que cresceu, esqueceu quem ajudou. Passou a me trair, mentir, fazer o que bem queria.

Ficamos em silêncio por um tempo. Só o som das pessoas no bar e o vento frio de Gramado cortando o ar.

— Sabe o que é mais louco, Clara? — eu disse. — Eu olho pra tudo isso e penso: será que a gente não cria os monstros que depois nos devoram?

Ela soltou um riso leve, meio amargo.

— Talvez. Ou talvez a gente só confie demais nas pessoas erradas.

— É… talvez — respondi, olhando pro copo.

Ela ficou me observando por uns segundos, como se tentasse entender o que eu ainda sentia pela Luana.

— E agora, Jonas? O que vai fazer? — perguntou.

— Não sei — admiti. — Tô tentando entender pra onde seguir. Parte de mim ainda quer resolver tudo, outra parte só quer sumir por um tempo.

Clara passou o dedo pelo copo, distraída.

— Se quiser sumir, Gramado é um bom lugar pra isso. E eu prometo não te cobrar respostas.

Eu dei um leve sorriso, mas dentro de mim a cabeça tava uma bagunça. Entre o que eu vivi com a Luana, o que eu descobri, e o que a Clara representava ali — uma espécie de espelho do mesmo erro, só com outros nomes —, eu percebi que o problema não era só o que aconteceu. Era o tipo de pessoa que cada um escolheu ser depois da queda.

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Comentários

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Mais uma vez, Luana pisa na bola, e Jonas foge com o rabo entre as pernas, provavelmente ser dispensado por Clara, assim como aconteceu com a outra que ele traiu Luana. É provável que ele volte novamente, envergonhado e com rabo entre as pernas, como da última vez.

Eles não são um casal de verdade, apenas duas pessoas que dividem o teto e os vizinhos. Luana se entrega fácil demais, enquanto Jonas é covarde e nunca toma uma atitude.

Eles tinham tudo para se tornarem um casal de verdade após se acertarem na última vez, mas continuam repetindo os mesmos erros, como uma espiral que nunca muda. Claro que há alguém armando para eles, mas a verdade é que Luana é fácil demais e Jonas não tem a atitude de um homem.

Essa história me lembra a história "Minha esposinha Bianca". Quando parece que eles realmente vão se tornar um casal, os mesmos erros são cometidos, o que torna algo meio chato.

A história tinha potencial para ser um ótimo enredo sobre um casal liberal, com alguém tentando armar para eles. Infelizmente, o casal não se concretiza, o que deixa a trama sem graça, já que armar para eles é fácil demais.

Mas essa é apenas a minha humilde opinião. Posso estar enganada e a história melhore. Eu prefiro para por aqui novamente e no futuro ver como ela está.

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Agora, olhando isso tudo sem julgamentos moralista. Jonas e Luana precisam realmente resolver a situação deles. Luana se encantou e curtiu o mundo liberal. Jonas não admite isso. Ele aproveita a situação comendo Luiza e até outras mas não se sente confortável. Ele deseja um relacionamento tradicional. Luiza é claramente apaixonada por ele. Ela é mais apaixonada por ele do que amiga da Luana e Jonas percebe isso, se faz de tonto mas percebe. Luiza deseja ficar com Jonas e deixar Pedro. Jonas não e honesto com Pedro. Na minha opinião deveriam trocar os casais, e trocarem eventualmente. O amor de Jonas e Luana não vai se acabar, mas quebrar com certeza. Luana com Pedro vai se sentir livre e ele vai ajudar ela a ser libertina do jeito que ela deseja, com mais parcerias.

Agora numa boa, Clara, Melissa e Maurício estão juntos e concordo que tanto Maurício quanto Clara estão fazendo de Luana e Jonas um troféu. Pelo jeito conseguiram com ambos.

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Cara que barra... Luana e Jonas entraram juntos nisso. Ela traiu, mas ele tb traiu. Tanto traiu que se envolveu com Luiza e sem hipocrisia, certamente, Pedro não sabe dos sentimentos de Luiza por ele e se ele fosse correto contava pra Pedro. Luana caiu num golpe, Claro sabia muito bem o que fazer quando foi pra festa d aniversário de Luana. Os machistas daqui julgando ela de puta, mas ela não consentiu ser exposta pra um grupo de rapazes... quem gravou, qual armação nisso tudo? Jonas a traiu com Clara tb, porque o que consta ainda são casados. Ele sabia muito bem o que iria fazer quando foi pra Gramado.

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Ele começou até que bem,mas para surpresa de zero pessoas ele se relacionou com a Clara.

Mas uma vez Jonas se calou quando deveria ter resolvido o problema. Mas uma vez escolheu errar em vez de se controlar. Como eu costumo dizer nos.neus comentários, são dois adolescentes em uma relação tóxica sem amor nenhu.

Falta maturidade, falta controle, falta amor próprio, falta muita coisa.

Ele vai cobrar o que da Luana agora ? Ele tbm se relacionou com a Clara né? E quem garante que o burro também não foi filmado ?

Eu até gosto do jeito que você escreve,mas os dois personagens não ajudam o conto. Um deles tem que amadurecer.

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Esse conto tem uma pegada profunda... Não li tudo do autor, mas me debrucei nesse. Há realmente um drama psicológico com erótico, que adoro. Mas, sinceramente, o nó cego com uma baita gata rica dando mole, em Gramado, e ainda chorando as pitangas por causa de uma vagabunda traidora... Fala sério! Daí achei muito ridículo... Pára com esse chororô e curte quem realmente te quer e fez de tudo para estar junto - larga aquela cadela traidora. - Tira esse encosto - é um livramento - sensacional a descrição de fazer sexo já no erro, não se sentir bem - é uma prova cabal diante de tanto lixo nesse site - que só um bando de egoístas manipuladores querem acreditar. Agora, fecha essa conta e agarra essa mulher que tá literalmente querendo outra chance na vida com alguém como você- tchê

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Eu não me orgulharia de nada nesse caso e acredito que o unico arrependimento que o Jonas tem de ter é de não ter se posicionado de forma mais firme anteriormente, o resto nao teria como evitar pois a Luana virou um enigma depois da mansão e se tornou um fio desencapado. i felizmente ela agora é uma pessoa totalmente imprevisível na qual nao podemos confiar.

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