Amor Surrealista #11

Da série Amor Surrealista
Um conto erótico de Leonora
Categoria: Lésbicas
Contém 2461 palavras
Data: 23/10/2025 18:03:13

Eu tinha acabado de ver a visão mais linda da minha vida. Sempre amei pinturas e sempre amei pintar; esse era meu mundo desde que peguei um pincel pela primeira vez. Já vi muitos quadros ao vivo e muitas fotos também. Acho que não existe nenhum quadro famoso que eu não tenha visto, nem que seja por foto. Mas o quadro que estava acima da imagem de Valentina sentada era a coisa mais linda que eu já tinha visto. Eu simplesmente paralisei olhando aquela pintura. Era como se ela conseguisse expressar todos os sentimentos que eu já quis colocar em uma tela. Não faço ideia de quanto tempo fiquei ali admirando aquela obra, mas quando me dei conta, alguém estava me chamando. Só assim percebi onde estava.

Nora— Me desculpe, eu acho que me distraí por um momento.

Valentina— Tudo bem. Por favor, sente-se, Srtª Leonora. É esse seu nome, não é?

Nora— Sim, mas pode me chamar de Nora; todo mundo me chama assim.

Valentina— Prefiro te chamar pelo nome completo, se não se importar.

Nora— Claro, tudo bem.

Valentina— Donna já te explicou como vai funcionar seu contrato?

Nora— Sim, ela me explicou tudo: duração, salário, horários e tudo que eu precisava saber.

Valentina— Desculpe pela pergunta pessoal, mas vou fazê-la porque tem a ver com seu contrato. Você vai estudar artes?

Nora— Sem problemas. Sim, vou começar o terceiro ano; para ser mais exata, faço o curso de pintura.

Valentina— Fiz a pergunta porque a Donna me falou sobre isso, então já vou te colocar na lista dos funcionários que têm direito aos 5% das vendas. É para ajudar nos seus estudos.

Nora— Muito obrigada.

Valentina— Me agradeça esforçando-se nos estudos. Sobre o contrato: é um contrato simples, sem letras miúdas ou cláusulas incomuns. Mas se quiser levar a um advogado, tudo bem; é um direito seu.

Ela me entregou o contrato e eu li ali mesmo. Ela tinha razão: era bem simples, não tinha multa nem nada. Se eu quisesse sair, poderia sair a qualquer momento, da mesma forma que ela poderia me despedir a qualquer momento também. Para mim, estava passando de bom.

Nora— Não preciso mostrar a um advogado, não. Posso assinar agora.

Valentina— Muito bem. Pode pegar uma caneta com a minha secretária, assinar e deixar com ela. Hoje mesmo ela deixará uma cópia no escritório da Donna. Você vai trabalhar como assistente dela, então ela vai te passar tudo. Você começa amanhã; vou registrar o contrato hoje ainda. Bom, muito obrigada e bem-vinda.

Nora— Obrigada. Desculpe, mas eu poderia ver o quadro atrás de você de mais perto? Sou muito fã da pintora. Se não for incômodo.

Valentina— No momento, infelizmente, não posso deixar. Quem sabe em outro momento.

Nora— Tudo bem.

Valentina— Se era só isso, você pode ir, Srtª Leonora. Tenha uma boa tarde.

Nora— Era sim. Boa tarde.

Saí dali sem nem saber o que pensar. Com certeza, ela não gostou nem um pouco de mim. Durante nosso rápido diálogo, ela mal olhou na minha cara. Sei lá, talvez ela só estivesse em um dia ruim, e não sei por que ainda fui pedir para ver o quadro. Foi mais forte do que eu, quando percebi, já tinha pedido. Porém parecia que eu tinha alguma doença contagiosa e ela estava doida para eu sair dali. Por outro lado, ela me colocou na lista dos que têm direito aos 5%; provavelmente, ela valorizava muito quem estudava artes. Pelo que vi na galeria, ela era mesmo uma incentivadora dos novos talentos, isso era algo legal. Bom, pelo menos isso ela tinha de bom.

Saí do escritório e fui até a mesa da Alexia, que, ao contrário da patroa, sempre abria um sorriso simpático quando me via. Perguntei se ela podia me arrumar uma caneta e ela, na maior boa vontade, pegou uma para mim. Assinei o contrato e lhe disse que a patroa tinha pedido para deixar com ela. Ela o pegou e disse que logo iria imprimir uma cópia e entregaria para a Donna. Eu disse que tudo bem e a agradeci. Ela se levantou, estendeu a mão e me deu as boas-vindas. Ela era realmente muito simpática, além de linda. Segurei sua mão e, mais uma vez, agradeci a ela. Depois, disse que precisava ir, me despedi dela e voltei para o escritório da Donna.

Donna perguntou como foi, e eu disse que tinha corrido tudo bem, que eu tinha assinado o contrato. Não comentei que pedi para ver o quadro; talvez Donna se chateasse por isso. Também não contei que Valentina me tratou friamente; não queria que Donna fosse falar com ela sobre isso. Achei melhor deixar o que aconteceu no escritório da Valentina para lá. O importante é que eu tinha assinado o contrato e conseguido o trabalho na galeria.

Bom, dali para frente as coisas foram fluindo naturalmente. Donna me explicou tudo que eu iria fazer; basicamente, era ajudar ela e facilitar seu trabalho. Às vezes, eu também ajudava o Orlando, que se mostrou ser uma ótima pessoa, porém muito reservado. Gostei dele, era bem parecido comigo e me deu ótimas dicas de pinturas e livros. Alexia sempre sorria e me tratava muito bem quando eu ia no escritório da Valentina levar algo, mas nunca tivemos uma conversa longa; acho que ela meio que evitava uma aproximação maior do que tínhamos, mas fazia isso educadamente. Valentina sempre me tratava friamente, como da primeira vez; ela realmente parecia não ter gostado de mim.

Cheguei a conversar com algumas outras garotas que trabalhavam ali, mas não criei nenhuma amizade, até porque Donna se mostrou um pouco ciumenta. Sempre que ela me via de papo com alguém, me chamava ou se aproximava sorrateiramente. Ela achava que eu não percebia, mas claro que eu notava isso.

Por causa desse comportamento de Donna, fiz uma pergunta a ela depois de um mês que estávamos morando juntas. A gente morava juntas, dormia junta e ela tinha ciúmes de mim. Então achei justo saber qual era nossa relação, porque até então não tínhamos conversado sobre isso. Não estava pensando em ficar com outra pessoa, nem nada disso, mas também não queria parecer á namorada e do nada ver ela com alguém. Seria algo no mínimo chato, e também seria estranho uma das duas cobrar fidelidade se não tivéssemos um relacionamento sério.

Em um domingo à tarde, estávamos na sala de bobeira e eu perguntei a ela qual era nosso relacionamento. Ela me olhou meio assustada e disse que, para ela, eu era sua namorada. Eu expliquei que a gente nunca tinha conversado sobre isso até então; perguntei para ter certeza e não ser um motivo de briga no futuro. Ela disse que achou que tinha ficado subentendido, mas que eu tinha razão em perguntar. Ela se levantou, pegou minha mão e perguntou se eu queria ser sua namorada. Achei fofo, dei um selinho nela e disse que aceitava sim. Dali em diante, começamos nosso namoro oficial e, sinceramente, fiquei feliz com aquilo. Não amava a Donna, mas gostava muito dela; estava muito feliz com ela e, com certeza, com o tempo, poderia amá-la.

Minhas aulas começaram e, sinceramente, eram chatas, mas muito chatas mesmo. Eu não aprendia nada de novo; o que os professores ensinavam eu basicamente já sabia tudo. Acho que eu era uma nerd se tratando de pinturas, sempre fui apaixonado pelo surrealismo, mas li e estudei sobre todos os movimentos artísticos. Tinha muito conhecimento sobre tudo ligado a pintura e pintores renomados. Então, basicamente, assistia às aulas por assistir; porém era o único lugar onde eu podia fazer o que amava: pintar. Então, no fundo, valia a pena. Conversei com alguns colegas de classe, mas não fiz nenhuma grande amizade. Porém, me dei bem com todos e com os professores. Eu era do tipo que evitava problemas, então me mantive assim.

O tempo foi passando e fui conhecendo mais sobre a vida de Donna. Ela me contou sobre sua infância, sua família e algumas histórias marcantes do seu passado. Eu também contei muito da minha vida para ela, só evitava mesmo falar algo que a fizesse desconfiar que eu era de uma família rica. Mas eu sabia que uma hora ou outra teria que contar, e se nada mudasse, isso não iria demorar. Eu também sabia do risco de alguém descobrir, até porque não era difícil. Muitas pessoas sabiam do meu nome completo; alguns sabiam dos nomes dos meus pais, já que tiveram acesso aos meus documentos. Era algo fácil de descobrir, mas até então parece que ninguém quis saber com certeza quem eu era, de onde eu tinha saído ou quem era minha família.

Eu ia pelo menos uma vez por mês à casa da minha mãe e ficava o final de semana com ela. Até chamei Donna para ir comigo uma vez; como ela não aceitou porque não gostava de praia, nunca mais a chamei.

Minha mãe e Milene continuavam como sempre, um casal apaixonado e feliz. Milene estava toda feliz porque seu livro iria ser publicado. Era a realização de um sonho e eu fiquei muito feliz por ela. Ela me disse que em março daquele ano o livro já estaria nas bancas e que iria a São Paulo no dia do lançamento para uma sessão de autógrafos e leitura. Eu com certeza estaria presente.

Na galeria, depois de quase dois meses que eu estava trabalhando, aconteceu algo estranho, mas que me deixou muito feliz e, de certa forma, mais tranquila com uma situação que me incomodou no início ali. Era uma quarta-feira e Donna, Orlando e Valentina tinham viajado até o RJ para uma convenção de arte moderna. Na hora do almoço, Alexia veio até a mesa da cantina onde eu estava e falou que, assim que eu pudesse, era para eu ir até o escritório da Valentina para pegar uns documentos. Eu falei que assim que terminasse de almoçar, iria até lá.

Achei meio estranho, até porque Donna não me falou nada sobre documentos, e a viagem deles era de bate e volta. Eles saíram de madrugada e voltariam à noite. Donna só iria trabalhar no outro dia e poderia pegar os documentos de manhã. Porém, resolvi ir lá ver o que Alexia queria comigo; aquela história de ir buscar documentos não fez muito sentido.

Terminei de almoçar, fui ao banheiro escovar os dentes e saí direto para o escritório da Valentina. Assim que entrei pela porta, Alexia se levantou com seu sorriso cordial de sempre e abriu a porta do escritório da Valentina.

Alexia— Valentina disse que você gostou muito do quadro e queria vê-lo de perto. Ela disse que não pôde deixar no dia e pediu para eu te mostrar.

Nora— Tudo bem, mas porque que justo agora?

Alexia— Vai lá ver o quadro. Quando sair, eu te explico. Pode tirar uma foto se quiser, só não publique, por favor.

Eu não estava entendendo, mas não iria perder a chance de olhar o quadro mais lindo que vi na vida e muito menos a oportunidade de fotografá-lo. Concordei com ela e fui para dentro do escritório da Valentina. As luzes estavam acesas e mesmo com os vidros escuros e a janela fechada, a claridade era muito boa. Consegui enxergar cada milímetro daquela obra e até passei meu dedo devagar em cima do desenho da libélula que estava no lugar de sempre. Claro que tirei uma foto, na verdade tirei mais de uma, mas Alexia não precisava saber; até porque eu não iria publicar, nem mostrar a ninguém.

Eu poderia passar o dia todo olhando para aquela pintura, mas infelizmente não tinha como eu fazer aquilo, naquele dia . Fiquei ali parada em frente ao quadro por uns dez minutos. Eu não sabia como explicar, mas aquele quadro mexia muito comigo; ele era a perfeição para mim. Eu nem notei quando algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto. Foi nesse momento que achei que já era hora de eu sair. Limpei o rosto e saí dali com o coração disparado; eu realmente me emocionei mais do que esperava.

Na saída, Alexia me chamou até a mesa e me disse algo que fez eu entender o porquê da Valentina ter pedido para ela me chamar ali e me mostrar o quadro meio às escondidas.

Alexia— Nora, eu não posso te contar mais do que vou te contar porque isso envolve o nome de outras pessoas e a Valentina me pediu sigilo. Porém, ela não deixou você ver o quadro naquele dia porque não queria que você ficasse no escritório dela mais tempo do que o necessário. Mas ela disse que viu o quanto você gostou dele e não achou justo impedir você de ver uma obra de arte de perto por causa dos ciúmes da Donna.

Nora— Como assim? Pode me explicar melhor?

Alexia— Posso, mas me promete que não vai fazer perguntas e nem contar para a Donna o que vou te contar aqui.

Nora— Claro, pode falar.

Alexia— Me promete, por favor.

Nora— Tudo bem, eu prometo.

Alexia— Tudo bem, você prometeu, sem perguntas e sem contar para a Donna.

Nora— Ok. Eu entendi.

Alexia— A Valentina já teve problemas aqui na galeria por causa dos ciúmes exagerado da Donna, da última vez ela causou uma confusão enorme, eu quase fui demitida e a amizade da Donna e da Valentina quase acabou. Por isso ela não deixou você ver o quadro e evita contato com você. Ela não quer saber de mais problemas por causa dos ciúmes da Donna. Entendeu?

Nora— Acho que entendi. Obrigado por me contar sobre isso. Prometo que não vou comentar com ninguém, e por favor, agradece a Valentina por deixar eu ver o quadro.

Alexia— Pode deixar que eu dou o recado para ela. Agora que você entendeu, é melhor você ir, já que não é bom você ficar muito tempo aqui. A gente se fala depois.

Agradeci Alexia, sai dali e fui para o escritório da Donna. Eu fiquei muito feliz por ter conseguido ver o quadro de perto e ainda ter conseguido fotos dele. Mas eu não fazia ideia de que Donna era tão ciumenta a ponto de arrumar confusão.

Porém, provavelmente foi quando ela descobriu que Valentina estava traindo ela com Alexia. Até porque comigo, ela demonstrava ciúmes, mas nada fora do comum. Fiquei pensando sobre aquilo e fazia sentido a confusão ser por causa da traição da Valentina.

Nessa época, o que eu pensei fazia sentido; o que eu não sabia é que a história era muito mais complexa do que eu imaginava, e tudo que eu pensava saber estava errado. Porém eu iria descobrir tudo, mas da pior maneira possível.

Continua…

Criação: Forrest_Gump

Revisão: Whisper

( Qualquer erro, incoerência, dica, crítica ou elogio, podem deixar nos comentários 🤝🏻)

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Foto de perfil de Forrest_GumpForrest_GumpContos: 448Seguidores: 99Seguindo: 61Mensagem Sou um homem simples que escreve história simples. Estou longe de ser um escritor, escrevo por passa tempo, mas amo isso e faço de coração. ❤️Amo você Juh! ❤️

Comentários

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🤯

Agora q as coisas estão se encaixando tudo parece mais confuso. Donna está manipulando até o público 😂

Essas revelações sobre o ciúme da Donna e os atritos com a Valentina mudam completamente a forma como a gente estava enxergando a relação do casal. Fica nítido q Donna n é apenas possessiva, ela é territorial, e isso vem de outras histórias q deixaram marcas profundas em outras pessoas, Valentina n ia agir com tanta cautela atoa. Ela só está preservando a si mesma e ao seu trabalho!

Exceleeeeente capítulo, está absolute cinemaaaa! 🤯❤️👑

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Eu não vim pra me explicar

Eu vim pra confundir 🔊🎶🎶🎶

😂😂😂

Pode ser isso mesmo, talvez Donna tenha ciúmes em exagero, ou talvez ela só quebrou o pau porque Valentina a traiu com secretária. Com certeza Valentina não quer problemas novamente como o que houve, provavelmente foi algo que quase deu um problema enorme e por isso não quer proximidade com Nora, já que provavelmente ela sabe que Nora é alguém especial para Donna 🤷🏻‍♂️

Sao muitas variáveis possíveis 🤓 😂😂😂😂

Obrigado Juh 🤗🌹

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Sim, esse comentário é válido somente até às 18h de amanhã 😂

Por nada, Beto 😘❤️

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Combinado 🤝🏻 😂😂

🤗🌹😘

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Olha q beleza, agora n chega notificação para mim também 😫

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As minhas raramente chegam, e quando chegam, é muito tempo depois 🤦🏻‍♂️

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Para mim tá chegando depois e a última de Lore é do seu capítulo 4, n chega nadinha para ela 🥲

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Os meus chegam, mas alguns são com mais de 24 horas de atraso, chegar na hora mesmo, é raro 🤦🏻‍♂️

Minha sorte é que chega para a Juh, quando ela está perto, ela me avisa 🤷🏻‍♂️

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Eu até estava achando q Lore clicou em algo, porque n chega nadaaaa 🤌🏻

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Boa noite Famozinha! 📸🤗😘

Love design é muito bom! 😍🥳 Kkkkkkk

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Boa noite, Rainha! 👑❤️😘

Concordo plenamente, estou muuuuito feliz com o nível q os GL's estão chegando 🥹❤️

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❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️😘

Sim, vamos ter que fazer no mínimo um top 5, em vez de top 3. 🤩 Kkkk

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Bora ler mais um 📖

👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

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