O anúncio da gravidez ecoou pela igreja, não como uma notícia, mas como um trovão que reescreveu a realidade. Aquele não era um filho. Era um dispositivo explosivo. E Jéssica, de vestido branco e semblante angelical, era a terrorista mais sedutora do mundo.
Eu me recostei no banco, a adrenalina ainda correndo, observando a obra-prima. O Pastor Edson, radiante, abraçava Jéssica, chamando-a de "Heroína da Fé". A congregação aplaudia, chorava e, mais importante, acreditava.
E Paulo? Paulo parecia ter sido atingido por um raio. Ele não se moveu, a mandíbula travada, os olhos fixos na barriga dela. O sorriso forçado havia sumido, substituído por um vazio de puro horror. Ele não era mais o obreiro ciumento. Era o marido louco que espancou a esposa grávida.
Checkmate triplo.
A partir daquele domingo, o mundo de Jéssica virou do avesso, e eu fui junto, na sombra. Ela era a "Santa Grávida". A congregação a mimava. A Irmã Zilda a protegia na sua casa, uma fortaleza de fofocas e bolos de fubá. O Pastor Edson, para abafar o escândalo da violência de Paulo, a promoveu a Coordenadora do Ministério de Apoio Familiar.
Paulo foi sumariamente afastado. O Pastor Edson não o demitiu para não dar munição, mas o colocou em um "período de jejum e reflexão". Ele era uma casca vazia, espiando de longe.
O plano de Jéssica estava em curso, mas não nos impediu de pecar. Pelo contrário. A santidade pública dela só aumentava nosso desejo por ultraje.
Jéssica não podia mais usar o tablet, monitorado por Zilda. Nossa comunicação passou a ser através de livros da Bíblia. Ela deixava mensagens discretas — horários e locais — sublinhadas em versículos aparentemente aleatórios. O versículo sobre a Torre de Babel significava o telhado de um prédio em construção. O Cântico dos Cânticos, sempre o motel.
O Medo, O maior afrodisíaco era a proximidade de Paulo.
Três semanas após o anúncio, o Pastor Edson chamou Jéssica para trabalhar na sede da igreja. Ele achava que a protegeria de Paulo e a consolidaria na nova função.
Eu, é claro, fui o primeiro a me oferecer para "ajudar com a mudança" e o "apoio logístico" à nova Coordenadora.
O escritório de Jéssica era uma salinha mofada nos fundos, com vista para o estacionamento.
Naquela quarta-feira, eu estava lá, supostamente instalando uma estante nova. Ela estava "trabalhando", de barriga inchada e vestido esvoaçante. A porta do escritório estava trancada, com um bilhete "Em Reunião de Oração".
Ela se virou, os olhos escuros brilhando. A santidade pública havia elevado o nosso jogo ao nível da blasfêmia.
"O Pastor está no culto de estudos bíblicos, no templo. A Irmã Zilda está na cozinha. Temos doze minutos," ela sussurrou, a voz tensa de excitação.
Ela estava com um vestido branco, muito justo, que realçava a barriga ainda pequena e o corpo que eu estava marcando por dentro.
Eu me aproximei, e ela não esperou. Subiu na mesa de madeira laminada, empurrando papéis e Bíblias.
"Aqui, Luan. Na mesa onde eu planejo a próxima campanha de arrecadação. Fode a Coordenadora, meu demônio," ela ofegou, rasgando o vestido na coxa.
Não tiramos a roupa. O uniforme era parte do fetiche. Eu a puxei até a beirada da mesa. Ela agarrou a borda, o vestido branco levantado até a cintura. Ela não usava calcinha.
Enfiei minha rola na buceta dela com a mesma urgência insana. Ela jogou a cabeça para trás, o cabelo escuro escorrendo pela lateral da mesa.
"Mais forte! O Pastor não está nos ouvindo!" ela gritava, em um sussurro gutural, o som abafado pelas suas mãos.
Eu a fodia no ritmo de um hino de guerra. Cada estocada era um tiro contra o império de Paulo. Ela olhava para mim, os olhos cheios de lágrimas de prazer e medo.
"Você está me engravidando de novo! Mais! Me enche de porra do seu milagre!"
Eu gozei dentro dela com um rugido abafado na sua boca. O prazer era tão intenso que parecia dor. Ela tremia, apertando-me até eu cair exausto sobre a sua barriga.
Cinco minutos. O sexo mais rápido, mais sujo e mais perigoso de todos.
Nós nos ajeitamos em tempo recorde. Ela alisou o vestido, eu a camisa. O cheiro de sexo e suor, agora misturado ao de café velho do escritório, era quase palpável.
"Você vai limpar a mesa, Luan. E eu vou rezar," ela disse, o sorriso dela de volta, vitorioso.
Eu limpei o líquido seminal dela com papel toalha e ela se ajoelhou no chão, o vestido branco imaculado, fingindo orar, enquanto eu guardava a estante. O diabo e a santa, trabalhando lado a lado.
O terror daquele dia só aumentou à noite.
Eu estava voltando para casa, de moto, quando vi uma sombra na escuridão. Era Paulo.
Ele estava encostado em um poste, a uns cinquenta metros da minha casa. Ele parecia ter perdido vinte quilos em um mês. O ódio o consumia.
Eu parei a moto. Ele veio em minha direção, devagar, sem pressa.
"Eu sei," ele disse, a voz quebrada, o olho esquerdo tremendo.
Eu tirei o capacete. "Sabe o quê, Paulo?"
"Eu sei que o filho não é meu. Eu sei que é seu, negão."
O uso da palavra, carregada de preconceito e dor, me fez sorrir.
"Você não sabe de nada, Paulo. Você é um homem que bate na esposa e agora está vendo fantasmas," eu respondi, com a calma de um monge.
"Eu vi o jeito que ela te olhou no domingo. Eu senti o cheiro de vocês dois na nossa casa, antes dela me proibir de tocá-la. E aquele tapa que eu dei nela... foi no mesmo lugar da sua bochecha. O meu soco e o seu. Vocês dois são a mesma coisa!"
Ele estava enlouquecendo.
"Jéssica é a mãe do meu filho, Paulo. E você é só um ex-marido ciumento," eu disse, jogando a carta final.
A reação dele não foi um soco. Foi um colapso. Ele caiu de joelhos na calçada, chorando um choro seco e desesperado.
"Ela vai me destruir," ele sussurrou. "Ela vai pegar a igreja. Ela vai... ela vai ter um filho seu, negro, na minha casa!"
Eu o olhei, sem pena. Ele merecia.
"Ela não vai ter um filho seu, Paulo. Ela vai ter um filho de Deus. É o que ela disse, não é? Um milagre," eu disse, colocando o capacete.
Eu dei a partida na moto, deixando-o ali, de joelhos no asfalto.
Aquele momento foi o clímax da nossa vingança. Ele sabia, mas não podia provar ainda, Ele tinha que aceitar a humilhação total.
Na semana seguinte, Jéssica estava mais audaciosa. Ela não me procurou no motel. Ela me procurou no palco.
No ensaio do coral, ela me chamou. "Luan, venha me ajudar com o equipamento de som."
A igreja estava vazia. Ela me levou para a sala do Pastor Edson, que estava em viagem.
Lá, no tapete grosso e silencioso do escritório principal, a poucos metros do púlpito, onde a Palavra de Deus era pregada, nós fizemos amor. Sem pressa. Lentamente, degustando cada segundo. Ela, sentada na mesa do Pastor, eu ajoelhado entre suas pernas.
"Aqui é o seu lugar, meu demônio. E o meu. Vamos subir juntos," ela disse.
A ascensão de Jéssica não era só para ela. Era a criação de um império de poder, onde o pecado era a moeda e a hipocrisia, a base de tudo