Capítulo 4: A Toalha e o Entregador
O conto era simples, mas a imagem que ele pintou na nossa mente era incendiária: uma mulher, envolta apenas numa toalha, recebendo um entregador em casa. A simplicidade era a genialidade. Era acessível, era possível, era perigosamente real.
A oportunidade surgiu com o pedido de um galão de água. O plano foi arquitetado com a precisão de um assalto. Eu me esconderia no quarto, a porta entreaberta o suficiente para eu ver, mas não ser visto. Fah, por sua vez, ficaria de toalha. Não uma toalha grande e fofa, mas uma daquelas pequenas, que mal conseguia cobrir os seios e as nádegas, deixando uma generosa extensão de coxa e o vão entre as pernas à mercê de um olhar mais atento.
O interfone tocou. Meu coração acelerou, um tambor tribal anunciando a transgressão. Fah molhou levemente o cabelo, respingou água na toalha para criar a veracidade da cena e foi atender.
Eu a vi pelo vão da porta. Ela era um espetáculo de vulnerabilidade calculada. A toalha branca contrastava com sua pele bronzeada, apertada justamente sobre os seios, a barra terminando no alto das coxas. Cada movimento era um risco, uma promessa de que o pano poderia escorregar a qualquer instante.
O entregador, um homem jovem com o uniforme da empresa de águas, paralisou na porta. Seus olhos se arregalaram, percorrendo o corpo dela da cabeça aos pés, fixando-se naquele triângulo de tecido que era a única barreira entre ele e a nudez total.
"Bom dia," disse Fah, com uma voz levemente ofegante, fingindo constrangimento. "Pode colocar o galão no suporte, por favor?"
O homem anuiu, mudinho, e entrou. Seus olhos não a largavam. Enquanto ele trocava o galão com movimentos mecânicos, sua atenção estava toda voltada para a mulher de toalha que o observava, apoiada na parede do corredor. Fah, num ato de ousadia sublime, cruzou e descruzou as pernas, e a barra da toalha subiu perigosamente, revelando a curva inferior das suas nádegas. O homem engasgou com a própria saliva.
Quando ele saiu, ainda visivelmente atordoado, o ar na casa parecia ter sido sugado. Saí do quarto e nos encaramos. Seus olhos estavam negros de desejo.
"Ele ficou me olhando o tempo todo," ela sussurrou, ofegante. "Senti... Senti o poder. E foi uma droga."
A experiência foi tão eletrizante que se tornou um vício. Começamos a pedir comida com uma frequência suspeita. Cada toque na campainha era a abertura de um novo ato. Fah se tornou uma atriz magistral, variando a performance: às vezes a toalha estava mais frouxa, quase cedendo; outras vezes, ela "esquecia" um fecho do sutiã à vista; em algumas, ela atendia com um roupão levemente aberto, o convite da sombra entre seus seios sendo tão potente quanto a nudez total.
A excução de ver a reação deles – o choque, o desejo incontido, o embaraço – era o nosso novo narcótico.
Numa dessas noites, depois de uma entrega particularmente intensa onde o entregador, um homem mais velho, não disfarçou o olhar de cobiça, eu a puxei para o sofá.
"Conta pra mim," pedi, minha voz grave contra seu pescoço. "Em todos esses entregadores... teve algum que você realmente desejou? Que olhou para você e você pensou... 'eu deixaria'?"
Fah ficou em silêncio por um longo momento, seu corpo ficando tenso contra o meu. A pergunta havia cruzado uma nova fronteira.
"Houve," ela admitiu, num sussurro quase inaudível. "Foi um rapaz, mais novo, que trouxe a pizza na terça. Ele tinha as mãos calejadas, e quando nossos dedos se tocaram na hora de pegar a comida... ele não desviou o olhar. Ele me olhou como se já me tivesse visto nua em seus sonhos. E, naquele segundo, eu... eu imaginei. Pela primeira vez, a ideia não era só me exibir. Era... dar."
A confissão caiu entre nós como uma bomba. O jogo havia mudado. A exibição, que era um fim em si mesma, havia plantado uma semente de desejo real por outro homem. E, pelo olhar de Fah, não era uma ideia que a assustava. Era uma que a excitava profundamente.
E eu, ali, segurando a mulher que confessava desejar outro, senti uma explosão de ciúme, posse e um tesão tão avassalador que quase me tirou o fôlega. O livro da nossa história acabava de virar uma página proibida, e nós dois estávamos loucos para ler o próximo capítulo.