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Enquanto limpamos a casa, a agulha do vinil arranha Time Stopped, de Marvin Smith. A melodia lenta parece suspender o ar, como se o tempo tivesse parado só para nós.
Me concentro nos pelos felinos espalhados pelo tapete. Foco fingido. Sua presença se impõe em silêncio — impossível ignorá-la. Desde que começamos a dividir a vida, até o gesto mais banal carrega uma promessa velada.
Ainda ajoelhada, tento manter a compostura. Você sabe que não é real.
Se aproxima. Firme e delicado ao mesmo tempo.
Envolve minha cintura. Ajoelha-se atrás de mim. Assume, sem uma palavra, a nossa posição favorita.
O calor do seu toque me desarma antes que eu consiga reagir.
Seus dedos sobem pela minha nuca, prendem meus cabelos num coque frouxo — símbolo de controle momentâneo — que logo se desfaz entre suas mãos.
A outra mão repousa firme na minha cintura. Possessiva. Precisa. Os arrepios não pedem licença.
Um suspiro escapa dos meus lábios. Convite silencioso.
Você entende. Sempre entende.
Com um giro decidido, me vira de frente.
Nossos olhares se encontram num instante preciso — e o beijo acontece. Intenso. Faminto.
O desejo acumulado explode como pólvora. A entrega é inevitável.
Ali mesmo, entre almofadas estrategicamente posicionadas — há cuidado mesmo na urgência —, nossos corpos se encontram.
Sem pressa, exploramos territórios já conhecidos, mas que sempre parecem novos.
Transcendemos o desejo.
A música vira eco.
Agora só existe o som do toque.
O beijo se aprofunda. As línguas se enroscam com uma sede que dita o ritmo do resto.
Meu corpo se entrega ao domínio sutil, às suas mãos que percorrem minhas curvas como quem retorna a um templo.
As almofadas cedem sob nós. Sua respiração mistura-se à minha.
Seu olhar percorre cada parte de mim como se fosse a primeira vez — e talvez seja. Sempre é, quando o desejo se reinventa.
Seus dedos traçam caminhos lentos sobre minha pele, desenhando arrepios.
Meus suspiros escapam, e você os colhe como oferendas.
O vestido sobe. Não por acaso, mas pela sua vontade. Pelo fogo que nos consome.
Você se demora. Explora. Testa meus limites com toques leves, beijos arrastados.
Meu corpo arqueia sob o seu. Implora sem palavras.
Você sorri contra minha pele.
Sabe exatamente o que faz.
Sussurra — inaudível, rouco — o bastante para incendiar o resto.
O mundo lá fora desaparece.
Agora, a trilha sonora é feita de suspiros, gemidos contidos e o som ritmado dos nossos corpos se encontrando.
Cada toque. Cada impulso. Cada silêncio preenchido pela urgência nos aproxima do clímax que já sabemos de cor.
E então... a explosão.
A entrega.
A rendição.
Desmoronamos um sobre o outro, ofegantes, plenos.
Você desliza os dedos pelos meus cabelos bagunçados, afasta uma mecha do meu rosto e sorri.
O brilho no seu olhar diz tudo.
Nenhuma palavra é necessária.
Ficamos ali, entrelaçados, respirando o depois.
Como se o mundo tivesse parado no exato ponto em que nós nos completamos.