A liberdade que nos une capítulo 17

Um conto erótico de Corno da Fah
Categoria: Heterossexual
Contém 1119 palavras
Data: 12/10/2025 13:57:42

CAPÍTULO 17: A LIBERDADE QUE NOS UNIU – A DESPEDIDA

Seis meses. Seis meses de uma dança única e perfeita, onde a paixão e a confiança se entrelaçaram, tornando nosso arranjo não apenas possível, mas vibrante. O apartamento guardava a energia desses meses: o eco dos risos dela ao chegar em casa, as histórias sussurradas na penumbra do quarto, o cheiro fantasma da colônia de Igor que às vezes impregna o sofá. Era um triângulo equilátero de desejo e cumplicidade, e funcionava.

Foi num domingo tranquilo, com a luz da tarde dourando a sala, que o eixo do nosso mundo inclinou. O celular de Fah vibrou sobre a mesa de centro. Era Igor. Ela atendeu no viva-voz, como sempre fazia, sua voz macia carregando um sorriso.

"Igor, amor, já está com saudades?"

A voz dele veio grave, diferente. "Fah... preciso te ver. Os dois."

O coração pareceu parar por um segundo na minha caixa torácica. Algo na entonação dele era final. Uma hora depois, ele estava em nossa sala, a mesma onde, meses atrás, Fah e eu tínhamos combinado todas as regras da nossa liberdade. Ele parecia o mesmo – físico imponente, olhar intenso –, mas havia uma sombra nos seus olhos.

"Recebi uma proposta," ele começou, as mãos cravadas nos bolsos do jeans. "Uma oportunidade em São Paulo. É grande. Muito grande. Não posso recusar."

O silêncio que se seguiu foi espesso, pesado. Fah, sentada ao meu lado, levou a mão ao peito, como se tivesse levado um golpe físico. Seus olhos se encheram de lágrimas que não chegaram a cair. Seis meses não eram nada e eram tudo. Era tempo suficiente para o hábito se transformar em algo muito mais profundo.

"Quando?" minha voz soou rouca.

"Em três semanas."

O ar pareceu sair do ambiente. A notícia era um furacão sugando toda a luz e o calor que havíamos construído juntos.

O Barzinho: "Esta é a Minha Namorada"

Na semana seguinte, Igor insistiu para levar Fah para jantar. "Quero uma noite normal," ele disse por telefone. "Quero apresentá-la a alguns amigos. Como minha namorada."

Ela ficou nervosa, electrizada. Escolheu um vestido preto simples, que realçava cada curva, e salto alto. Os olhos dela brilhavam com uma mistura de tristeza e orgulho. Eu ajudei a ajustar a alça do vestido, meus dedos tremendo levemente contra sua pele. "Está linda," sussurrei, beijando seu ombro. Era um adeus em câmera lenta, e cada gesto ganhava um peso monumental.

O bar era aconchegante, cheio de pessoas ruidosas e felizes. Quando chegaram, Igor a puxou para perto, sua mão grande e familiar no pequeno das suas costas. Ele a apresentou a um grupo de amigos – colegas de trabalho, velhos amigos da faculdade.

"Gente, esta é a Fah," ele anunciou, e sua voz, usualmente tão contida, transbordava uma posse orgulhosa. "Minha namorada."

O mundo parou para ela naquele momento. Namorada. A palavra, tão comum, tão proibida no contexto do nosso casamento, soou como uma sinfonia. Ela sorriu, uma coisa linda e triste, e cumprimentou a todos. Durante a noite, ele não a largou um segundo. Sua mão estava sempre na sua cintura, nos seus ombros, entrelaçada com os dedos dela. Sussurrava coisas no seu ouvido que a faziam corar e rir baixo, um som que era só para ele.

Num momento, longe da mesa, ele a encostou contra uma parede escura perto dos banheiros, escondidos da vista. "Você está a coisa mais linda que já pisou neste lugar," ele rosnou, baixo, sua boca a centímetros da dela. O beijo foi feroz, possessivo, um selo de despedida. Ela sentiu a textura áspera da sua jaqueta de couro contra seus braços nus, o sabor da cerveja e do desejo dele em sua boca. "Quero que todos saibam que você era minha," ele sussurrou contra seus lábios, e aquela palavra, "era", cortou como uma lâmina.

A Última Saída: A Praia e a Declaração

O último encontro deles foi na praia, num dia de semana, quando as areias estavam quase desertas. O céu estava de um azul intenso, e o mar agitado refletia a turbulência dentro deles. Fah vestia um shorts jeans e um top, a pele dourada brilhando sob o sol. Igor a observava como se quisesse gravar cada imagem.

Caminharam pela orla, os dedos dos pés afundando na areia fria da manhã. A conversa foi leve no início, lembranças dos seis meses, risadas de situações íntimas e embaraçosas. Mas o elefante na sala – ou na praia – era imenso e silencioso.

Pararam num recife isolado, as ondas quebrando com força contra as pedras, lançando spray salgado no ar. Fah encarou o horizonte, sentindo o coração bater descompassado. Era ali.

Igor se virou para ela, pegou suas mãos. Seu olhar estava tão intenso que parecia doer.

"Fah," a voz dele era grave, carregada de uma emoção crua que ela nunca tinha ouvido antes. "Esses seis meses... foram os mais vivos da minha vida. Você chegou e virou tudo de cabeça para baixo."

Ela tentou falar, mas as palavras morreram na garganta.

"Eu não estou só me despedindo," ele continuou, seus dedos apertando os dela. "Estou te convidando. Vem comigo. Para São Paulo."

O mundo de Fah desabou e se reergueu em um segundo. Ela ficou paralisada, o som do mar sumindo em um zumbido surdo.

"O que...?" foi tudo que ela conseguiu balbuciar.

"Case comigo," ele disse, a voz clara e firme, cortando o barulho das ondas. "Deixa essa vida. Vem construir uma vida comigo. Eu te dou o mundo, Fah. Estabilidade, segurança, uma casa... um amor que não precise ser escondido em mensagens de texto ou dividido com ninguém. Será só você e eu. Para sempre."

As lágrimas, finalmente, rolaram pelo rosto dela, silenciosas e quentes. Ele estava oferecendo tudo que um conto de fadas promete: o príncipe, o castelo, o "felizes para sempre". Era a declaração mais louca, mais linda e mais aterrorizante que ela já poderia imaginar. Ele queria não apenas o corpo dela, que já possuía há meses, mas o seu futuro, a sua vida inteira. E ele estava oferecando a sua em troca.

Ela olhou para ele, para aquele homem que havia desbloqueado partes dela que ela nem sabia que existiam, que a amava com uma fúria e uma ternura que a consumiam. E então, seus olhos se voltaram para a estrada atrás deles, na direção da cidade, do apartamento, do marido que a esperava em casa – o homem que havia lhe dado a liberdade que, ironicamente, agora ameaçava levá-la para longe.

O silêncio deles foi preenchido pelo rugido do mar e pelo peso da escolha impossível que agora pairava no ar salgado, tão vasta e indecifrável quanto o oceano à sua frente. A liberdade que os uniu agora os confrontava com seu preço final.

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Comentários

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Tomara que ela escolha o amante pro corno trouxa aprender a ser um homem de verdade

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kkkkkkkkkkkkk mas seria muito bem feito se a Fah escolhesse o Igor. O corno-manso merece esse final, sozinho, pra deixar de ser burro.

Porém, acho que ela vai escolher o corno-manso...

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