A liberdade que nos une capítulo 19

Um conto erótico de Corno da Fah
Categoria: Heterossexual
Contém 851 palavras
Data: 13/10/2025 06:25:43

CAPÍTULO 19: A VOLTA AO MUNDO LIBERTINO

Um, dois, três meses. Noventa dias de uma paz que beirava a asfixia. Como um rio que retorna ao seu leito após uma enchente, Fah e seu marido mergulharam na quietude do seu casamento. Foram dias de redescoberta dócil: jantares tranquilos com os pés entrelaçados sob a mesa, sexo caseiro e previsível que aquecia mas não incendeava, sussurros no escuro que eram mais conforto do que conspiração. Foi um período necessário, um bálsamo, uma forma de lembrar que, sob os detritos daquela tempestade de prazer, existia um amor quieto e inabalável.

Mas, como um vício adormecido no sangue, a memória da liberdade começou a sussurrar. O silêncio da rotina não era mais pacífico; era oco. Ele começou a ser preenchido pelo eco distante de gemidos abafados que não eram deles, pelo cheiro fantasma de suor masculino e um perfume alheio que às vezes Fah jurava sentir em seu travesseiro, pela lembrança eléctrica e carnal de um olhar estranho, pesado e cobiçoso, devorando o que pertencia a outro. O conforto tornou-se uma gaiola de veludo. A segurança, uma algema macia.

Foi numa noite quente e pesada, onde o ar parado parecia convidar ao pecado, que Fah quebrou o silêncio. As taças de vinho tinto, quase da cor de sangue seco, repousavam entre eles na varanda. A penumbra acariciava seus contornos. Seus olhos, que outrora brilhavam com a inocência reencontrada, agora cintilavam com uma centelha familiar de desafio e desejo reprimido, um fogo abafado sob as cinzas.

"Está morto," ela disse, sua voz um fio de seda áspera, carregada de intenção, cortando a noite.

Seu marido olhou para ela através da luz baixa, um sorriso understanding e igualmente faminto curvando seus lábios. Ele também sentia. No fundo do seu ser, uma inquietação crescia. A paz era boa, mas a intensidade era um vício para o qual ambos estavam condicionados.

"O que está morto, amor?" ele perguntou, sua voz deliberadamente calma, um contraste provocante com a eletricidade no ar.

Fah inclinou-se para a frente, e o roupão de seda que usava abriu-se, revelando a sombra profunda e convidativa entre seus seios. O cheiro do seu perfume, algo amadeirado e sensual, misturou-se com o aroma do vinho.

"O medo. A dúvida. O ciúme doentio e pequeno," ela enumerou, cada palavra uma faca cortando o passado. "O que sobrou depois de Igor... depois daquela despedida... foi o desejo puro, destilado. A vontade de explorar, não porque falte algo entre nós," e aqui seus olhos prenderam os dele com uma intensidade avassaladora, "mas porque o prazer que sentimos juntos, ao compartilhar essas experiências... ao ver você me ver sendo desejada, possuída... é maior do que tudo. É o ápice."

Ela fez uma pausa, deixando as palavras pairaram como uma fumaça espessa. Sua mão, com as unhas impeccablemente feitas, brincou com a borda da taça.

"Sinto falta do fogo, amor. Sinto falta de ver aquilo nos seus olhos. Aquele ciúme quente, não o frio que paralisa, mas aquele que queima. Aquele desejo possessivo e brutal que só acendia quando você via as marcas de outro homem na minha pele, quando sentia o cheiro dele em mim... quando me possuía para reconquistar o que já era seu."

Ele a puxou então, com uma força que não era mais contida, para o seu colo. Ela caiu sobre ele com um leve suspiro, seu corpo macio moldando-se ao seu. Seus dedos, fortes e conhecidos, traçaram a linha do seu maxilar, desceram pelo seu pescoço, até encontrar o pulso, onde a pulsação acelerada de Fah batia como um tambor tribal.

"E o que a minha esposa safada deseja agora?" sua voz era um rosnado baixo, um som que vinha do peito e que fazia um calafrio percorrer a espinha dela.

O sorriso que se estampou no rosto de Fah foi largo, aberto, e incrivelmente safado. O sorriso de uma mulher que não apenas conhece seu poder, mas que se deleita em exercê-lo, sabendo que seu porto seguro é inabalável.

"Mais," ela sussurrou, sua boca perto demais da dele, seu hálito quente e vinho tocando seus lábios. "Sempre mais. Quero sentir a adrenalina de um olhar novo. Quero a volúpia de um toque proibido que você sabe que vou receber. Quero que você me escolha para outro homem, que me ofereça como o presente mais precioso, só para ter o prazer de me recolher depois, toda marcada, toda usada, e me fazer sua novamente com uma fúria que só você tem."

Seus olhos faiscavam, e ela guiou a mão dele para dentro do seu roupão, até o calor úmido que já esperava por aquele toque entre suas pernas.

"Quero o mundo, amor. E quero você ao meu lado, vendo tudo, possuindo cada pedaço de prazer que eu conseguir arrancar dele."

Ele a beijou então. Não foi um beijo de reconciliação, mas de pacto. Um bejo que sabia a vinho tinto, a noite quente e a promessas sujas. Era o selo de que a quietude havia acabado. O mundo libertino, mais uma vez, os chamava. E desta vez, eles entrariam de mãos dadas, famintos e sem limites.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive fah a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários