CAPÍTULO 20: O JANTAR DAS ALMAS GÊMEAS LIBERTINAS
A decisão de voltar ao mundo liberal não foi tomada com palavras, mas com ações. Uma tarde, sentados no mesmo sofá onde tudo começara, marido e mulher criaram juntos um perfil num aplicativo discreto, um portal digital para um universo de desejo compartilhado. As fotos foram cuidadosamente escolhidas: ela, com um vestido decotado que insinuava mais do que mostrava; ele, com um olhar confiante que transmitia segurança, não ameaça. O texto era claro: "Casal maduro e conectado busca outro casal para explorar novas dinâmicas de prazer, com respeito, química e muita sensualidade."
A ansiedade nos dias que se seguiram era um afrodisíaco. Cada notificação do aplicativo fazia seus corpos vibrarem de expectativa. Até que, após conversas rasas com alguns perfis, encontraram "Eleonora e Rafael". As fotos deles eram diferentes: ela, uma loira de cabelos longos e olhos verdes que pareciam desafiar a câmera, com um sorriso que era ao mesmo tempo doce e perigosamente afiado. Ele, um homem na casa dos cinquenta, cabelos grisalhos e bem cuidados, com uma calma observadora que transpunha a tela. A conversa fluiu de forma natural, inteligente e cheia de insinuações sutis. O convite para um jantar foi uma consequência inevitável.
A noite do encontro chegou. Fah passou horas se preparando, não como uma noiva nervosa, mas como uma guerreira se armando para uma batalha de sedução. O vestido era um preto líquido, de alças finas, que se colava a cada curva de seu corpo como uma segunda pele, terminando bem acima do joelho. Os saltos altos afiavam suas panturrilhas e arqueavam suas costas, projetando seus seios para a frente. Seus lábios estavam vermelhos, um sinal de perigo e convite. Seu marido a observava, vestindo um social simples, mas com os olhos incendiados. Aquele olhar de posse ciumenta e orgulhosa que ela tanto amava estava de volta, mais intenso do que nunca.
O restaurante era intimista, com iluminação baixa, toalhas brancas e um burburinho suave que abafava conversas privadas. Quando os viram entrar, Fah sentiu um frio na barriga. Eleonora era ainda mais impressionante ao vivo, com uma elegância que era quase uma agressão. Seu vestido verde-esmeralda complementava seus olhos, e as joias discretas reluziam sob a luz. Rafael levantou-se com uma cortesia antiquada, seu sorriso era tranquilo, mas seus olhos percorreram Fah de cima a baixo com uma apreciação lenta e intensa que fez seu estômago embrulhar de prazer.
Os cumprimentos iniciais foram polidos, mas o toque das mãos durou um segundo a mais do que o socialmente aceitável. Ao sentarem, a dança começou.
"Seu perfil não faz justiça à realidade, Fah," disse Eleonora, sua voz um contralto suave. "Você é deslumbrante."
"O sentimento é mútuo, Eleonora," Fah respondeu, sentindo um rubor subir por seu pescoço. "Seus olhos são... hipnotizantes."
Sob a mesa, a perna de Fah encostou na de Rafael. Foi um toque acidental? Talvez. Mas ela não a afastou. E, em resposta, sentiu o pé de seu marido acariciar suavemente o seu tornozelo. Era o seu sinal. Estava tudo bem. Ele estava lá, presente, participando.
O jantar foi uma sinfonia de duplos sentidos. Rafael, com sua voz calma, falava sobre viagens, e cada descrição de um lugar exótico soava como uma metáfora para um novo fetiche a ser explorado. Eleonora, por sua vez, elogiava a coragem do casal, a beleza da conexão que transparecia.
"É raro encontrar um casal onde a confiança é tão... palpável," disse ela, seus dedos longos brincando com a taça de vinho. "É a base de tudo, não é? Saber que, não importa o que exploremos lá fora, o lar está aqui, nos olhos um do outro."
Fah sentiu aquelas palavras ecoarem no seu íntimo. Era exatamente isso. Apercebeu-se de que seu pé, agora, estava deliberadamente buscando o de Rafael sob a mesa, enquanto sua mão encontrava a do seu marido em cima dela, apertando-a com força.
A conversa fluiu para fantasias. Fah, embalada pelo vinho e pela atmosfera carregada, falou sobre a beleza do corpo feminino, algo que sempre a intrigara. Eleonora sorriu, um sorriso de gata.
"É uma das coisas mais lindas do mundo," ela concordou, seus olhos verdes fixos em Fah. "A suavidade, as curvas... é uma forma de arte viva."
Num momento de silêncio carregado, enquanto os homens conversavam sobre uísque, Eleonora inclinou-se para a frente.
"Quer provar?"ela sussurrou para Fah, seu olhar desafiador.
O coração de Fah pareceu parar. Ela olhou para o marido, que assistia à cena com os olhos escurecidos de desejo, e deu um leve aceno de cabeça, quase imperceptível. Fah, com um misto de nervosismo e excitação crua, inclinou-se também. O beijo não foi lascivo, foi uma exploração. Foi suave, inicialmente, apenas o toque dos lábios. Eleonora tinha os lábios macios, um sabor de vinho e batom. Fah sentiu a textura diferente, a suavidade, e uma onda de calor percorreu seu corpo. Foi a primeira vez, e foi eletrizante. Um universo novo se abria, não para substituir o antigo, mas para expandi-lo.
O beijo durou alguns segundos, mas a sua repercussão foi eterna. Quando se separaram, o ar ao seu redor parecia vibrar. O jantar terminou pouco depois, com promessas de um próximo encontro, desta vez em um ambiente mais privado.
Dentro do carro, a portas fechadas, a tensão transbordou. Mal o carro saiu do estacionamento, o marido de Fah puxou-a para um beijo feroz, sua mão encontrando imediatamente a umidade quente entre suas pernas, através do tecido fino do vestido.
"Você foi incrível," ele rosnou contra sua boca, seus dedos pressionando o tecido molhado. "Vê-la beijando outra mulher... foi a coisa mais sensual que já vi na minha vida."
Fah gemeu, arqueando as costas contra o banco do carro. "Ela... é linda. Mas era por você. Tudo é por você."
Ele puxou o vestido dela, expondo seus seios ao ar noturno do interior do carro. A cabeça recuou para o banco do passageiro, e ele baixou a cabeça, tomando um de seus mamilos na boca com uma voracidade que a fez gritar. Sua mão não parava, massageando seu clitóris através da calcinha encharcada.
"Quero você agora," ela suplicou, sua voz trêmula de necessidade. "Agora!"
Ele a posicionou de quatro no banco largo, o vestido preto amassado na sua cintura. A calcinha foi puxada para o lado, e ele entrou nela de uma vez, um preenchimento brutal e glorioso que fez Fah gritar novamente, seus dedos se enterrando no couro do banco. Cada investida era um êxtase, alimentado pelas imagens da noite: os olhos verdes de Eleonora, o toque do pé de Rafael, o sabor do batom dela em seus lábios, e, acima de tudo, o olhar de posse absoluta e prazer puro no rosto do seu marido.
Ele a possuía com uma fúria renovada, marcando-a como sua no banco do carro, enquanto ela gemía, perdida em um mar de sensações, sabendo que aquela era apenas a primeira noite de seu retorno. Eles haviam de fato voltado. E Fah, em toda a sua glória safada e desejada, estava mais viva do que nunca. O mundo libertino os recebia de braços abertos, e eles entravam nele com fome, sede e a promessa de noites infinitas de prazer compartilhado.