O dia estava cinza, e a chuva batia com força contra as janelas do escritório, isolando-nos num mundo de sussurros e o som constante da água. Todos foram dispensados mais cedo, o temor dos alagamentos correndo solto. Eu, estagiário, fiquei para trás para finalizar um relatório urgente. Ele, meu supervisor, ficou comigo, sob o pretexto de revisar meu trabalho.
O ar estava carregado, não só da umidade que entrava pelas frestas, mas de uma tensão que vinha se construindo há semanas. Trocas de olhares prolongadas demais para serem casuais, um toque nas costas ao passar que durava um segundo a mais, a proximidade desnecessária ao apontar algo na tela do computador.
Quando o último colega saúdou e sumiu pela porta, o silêncio que ficou foi espesso, palpável. Ele se levantou da sua mesa e veio até a minha, apoiando-se na borda.
"Está quase?", perguntou?
"Faltam uns detalhes", respondi, tentando me concentrar na tela, mas sentindo o calor do corpo dele a poucos centímetros.
Ele não disse mais nada. Apenas pousou a mão no meu ombro. Não era um gesto de camaradagem. Era pesado, intencional. Virei o rosto para olhar para ele e o vi encarando-me com uma intensidade que fez meu estômago embrulhar. A chuva era o único som, um tambor constante acompanhando o ritmo acelerado do meu coração.
Sem uma palavra, ele se inclinou e os nossos lábios se encontraram. Foi um beijo urgente, faminto, que não pedia permissão, mas tomava posse. Eu respondi na mesma moeda, levantando-me da cadeira e fechando a distância entre nós. As mãos dele percorreram minhas costas, puxando-me contra ele, e eu pude sentir a sua excitação através das roupas.
Ele me guiou, com beijos e toques rudes, até o seu escritório, um espaço maior com uma mesa ampla de madeira escura. A chuva batia no vidro da janela como um aplauso frenético. Ele me virou de costas para ele, pressionando meu torso contra a superfície fria da mesa. Seus dedos encontraram o cinto da minha calça, abrindo-o com uma destreza que falava de desejo, não de paciência.
A roupa deslizou pelo meu corpo até meus tornozelos, e ele fez o mesmo. A sensação do seu corpo nu contra o meu, quente e sólido, era eletrizante. Ele procurou na gaveta da mesa e encontrou um pequeno frasco de lubrificante. O som da tampa abrindo foi abafado pelo temporal lá fora.
Seus dedos, gelados pelo líquido, me prepararam com uma mistura de firmeza e pressa. Eu gemi, enterrando o rosto no braço, enquanto ele abria meu corpo para ele. A dor inicial deu lugar a uma sensação de plenitude, de preenchimento, que me fez perder o fôlego.
Então, ele entrou.
Foi uma investida única, profunda, que arrancou um grito abafado da minha garganta. Ele não foi gentil. Segurou meus quadris com força e começou a se mover, estabelecendo um ritmo brutal e viciante que fazia a mesa ranger em sincronia com os nossos corpos. Cada embate seu era uma afirmação de poder, de posse, e eu me entreguei completamente àquela submissão.
Mas algo mudou quando a intensidade dele diminuiu ligeiramente, um sinal de que ele estava se aproximando do limite. Num movimento surpreendente, eu me virei, quebrando o ritmo. Nos olhamos, ofegantes, e eu vi nos olhos dele não surpresa, mas um convite. Um convite para tomar o controle.
Empurrei-o contra a mesa, invertendo nossas posições. A madeira gemeu sob o peso dele. Ele ofereceu pouca resistência, seus olhos fixos em mim, desafiadores e ansiosos. Peguei o lubrificante e cobri meus dedos, preparando-o com a mesma mistura de firmeza e pressa que ele havia usado em mim. Ele arfou, fechando os olhos por um momento, antes de me encarar novamente.
Posicionei-me e entrei.
A expressão dele se contorceu numa mistura de dor e prazer, e suas mãos se agarraram às bordas da mesa com força. Comecei a me mover, inicialmente devagar, explorando a sensação de estar dentro dele, de ser eu agora quem dominava. A visão do meu supervisor, da pessoa que ditava minhas tarefas e avaliava meu desempenho, agora completamente submissa ao meu desejo, era intoxicante.
Meu ritmo acelerou, tornando-se tão implacável quanto o dele havia sido. Cada investida era uma reivindicação, uma afirmação de que aquele momento era sobre troca, não apenas sobre submissão. Os gemos dele eram mais profundos, mais roucos, e ele se entregou completamente, arquearndo as costas para me receber melhor.
Foi quando ele começou a tocar-se, rapidamente, que eu perdi o controle. A visão daquela submissão ativa, dele buscando seu próprio prazer enquanto eu o possuía, foi demais. Com um último empurrão profundo, nós dois chegamos ao clímax quase ao mesmo tempo. Seu corpo estremeceu violentamente contra a mesa, e um jorro quente explodiu da minha própria ponta, marcando sua pele e a madeira escura.
Ficamos ofegantes, colados um ao outro, o suor misturado entre nossos corpos. Aos poucos, me afastei, e o som da chuva, que havia sido ofuscado pelo sangue nos meus ouvidos, voltou a preencher o espaço.
Nós nos vestimos em silêncio, evitando os olhares. Não havia o que dizer. O que aconteceu era autoexplicativo. Quando me virei para sair, ele colocou a mão no meu braço, um toque breve, final.
"O relatório...", ele começou, a voz ainda rouca.
"Está pronto",completei, sem olhar para trás.
Saí do escritório, deixando-o ali, e mergulhei na cortina de chuva. A água fria lavava meu corpo, mas a memória do seu calor, da troca de poder, da minha força dentro dele e da dele dentro de mim, permanecia, uma marca indelével naquele dia cinzento.