Acordei com a luz suave da manhã filtrando pelas cortinas, um contraste gentil com a escuridão da noite anterior. O lado da cama ao meu lado estava vazio, o lençol ainda amassado, mas frio ao toque. Ele não estava lá. Um pânico momentâneo me atingiu – ele havia ido embora? Seria o fim de tudo, a volta ao vazio?
Levantei-me, o corpo ainda marcado pela noite, e procurei por ele no apartamento. Silêncio. Nenhum sinal dele. A realidade me atingiu como um balde de água fria: ele havia saído sem dizer nada, me deixando sozinho em seu território. A humilhação era diferente desta vez, mais sutil, mas não menos cortante. Vesti minhas roupas em silêncio, cada movimento carregado de uma tristeza surda, e saí do apartamento, fechando a porta suavemente atrás de mim, como se quisesse apagar minha própria presença dali.
Nas primeiras vezes, a cama vazia era uma facada. Eu me vestia em silêncio, o apartamento dele estranhamente silencioso, e ia embora sentindo um vazio que a intensidade da noite não conseguia preencher. Sexo, dormir junto, acordar sozinho. O ciclo se repetia, e eu me acostumei com a dor surda da partida dele, com a ausência de um "bom dia", de um café compartilhado. Era o preço a pagar, eu dizia a mim mesmo, para tê-lo por algumas horas.
Mas em uma manhã, algo estava diferente. Acordei, a cama vazia como sempre, e comecei meu ritual de fuga silenciosa. Vesti minhas roupas, peguei meus sapatos, pronto para deslizar para fora do apartamento antes que o mundo real nos encontrasse. Mas quando passei pela porta do quarto, um cheiro familiar me fez parar. Café. E o som baixo de algo fritando.
Hesitante, segui o som até a cozinha. E lá estava ele. A cena me paralisou. Ele estava de costas para mim, no fogão, o corpo que eu conhecia tão intimamente emoldurado pela luz da manhã. Estava sem camiseta, exibindo as costas largas e os ombros definidos. Usava apenas uma calça de moletom cinza, baixa nos quadris, revelando a faixa preta da cueca boxer que se esticava sobre suas nádegas firmes. Cada músculo se movia com uma graça contida enquanto ele se concentrava em sua tarefa.
Ele se virou, talvez sentindo minha presença, e nossos olhares se encontraram. Havia uma tensão em seus olhos azuis, uma vulnerabilidade que eu raramente via. Ele desligou o fogo e se encostou na bancada, cruzando os braços sobre o peito nu, um gesto quase defensivo.
"A gente precisa conversar," ele disse, a voz mais baixa que o normal.
Meu coração acelerou. Era isso? O fim? A conversa que eu tanto temia?
Ele indicou a pequena mesa de café com um aceno de cabeça. Havia duas xícaras, uma cafeteira fumegante, pão e frutas. Uma cena doméstica que contrastava violentamente com a natureza de nossos encontros. Sentei-me, as mãos suando, enquanto ele se sentava à minha frente, o silêncio pesado entre nós.
"Eu... eu preciso te perguntar uma coisa," ele começou, a voz um pouco incerta, os olhos fixos no líquido escuro em sua xícara, evitando o meu olhar. "Por que você vem?"
A pergunta me pegou desprevenido. Minha mente girou, buscando uma resposta que fizesse sentido para aquela nova dinâmica, tão diferente do que eu estava acostumado. Hesitei, a confusão nublando meus pensamentos. "Porque você me chama," respondi, a verdade mais simples que me veio à mente, mas que parecia insuficiente para o momento.
"Não é isso." Ele balançou a cabeça, frustrado, e finalmente me olhou, seus olhos azuis cheios de uma confusão que me atingiu em cheio. "Por que você... aceita? Tudo isso. O jeito que eu... o jeito que eu trato você."
Era a primeira vez que ele questionava a dinâmica entre nós. A primeira vez que parecia genuinamente interessado na minha perspectiva, nos meus sentimentos. Pensei em mentir, em dar uma resposta fácil que não expusesse demais. Mas havia algo na vulnerabilidade dele que exigia honestidade.
"Porque é a única forma de estar perto de você," respondi, a voz embargada pela emoção. "E porque... porque você me vê. Mesmo quando está me humilhando, você me nota."
Ele ficou em silêncio por um longo tempo, processando minha resposta. Ele parecia lutar com as palavras, os olhos fixos na xícara, a mandíbula tensa. "Eu..." ele começou, mas parou, balançando a cabeça em frustração. Ele me olhou, a confusão estampada em seu rosto. "Acho melhor você ir embora."
As palavras me atingiram como um soco. A esperança frágil que havia brotado em meu peito murchou instantaneamente. Levantei-me, o nó na garganta me impedindo de falar. Eu não ia implorar. Não de novo. Apenas assenti e me virei para sair.
Voltei para meu apartamento com o gosto amargo da rejeição na boca. O resto do dia se arrastou em uma névoa de pensamentos confusos e uma dor surda no peito. À noite, já estava resignado a mais uma noite sozinho, tentando processar o que havia acontecido naquela manhã, quando batidas fortes na porta me fizeram pular do sofá.
Abri a porta e lá estava ele.
Ele estava parado no corredor, a luz fraca criando sombras em seu rosto. Usava um short preto da Nike, o tecido justo marcando as coxas musculosas, e uma camiseta verde-musgo que se ajustava perfeitamente ao peitoral largo e aos ombros definidos. Tênis brancos completavam o visual casual, mas era a expressão em seu rosto que me paralisou. Os olhos azuis, normalmente tão controlados, estavam carregados de uma urgência que eu nunca tinha visto antes. O cabelo loiro estava ligeiramente desalinhado, como se ele tivesse passado as mãos por ele várias vezes. A mandíbula estava tensa, os lábios entreabertos como se estivesse prestes a dizer algo, mas as palavras não vinham.
"Eu..." ele começou, mas parou, balançando a cabeça em frustração. Ele deu um passo à frente, invadindo meu espaço, e antes que eu pudesse processar, suas mãos estavam no meu rosto, puxando-me para um beijo.
Não foi como os beijos anteriores. Não havia raiva, nem dominação cruel. Era desesperado, sim, mas havia algo mais – uma súplica silenciosa, um pedido de desculpas que ele não conseguia verbalizar. Sua língua invadiu minha boca com urgência, mas também com uma suavidade que me desarrou. Senti suas mãos deslizarem para minha cintura, me puxando para dentro do apartamento. Ele chutou a porta fechando-a atrás de si, sem nunca quebrar o beijo.
Ele me empurrou contra a parede do corredor, o corpo pressionado contra o meu, e eu podia sentir o calor dele através das roupas, o cheiro de sabonete masculino misturado com um leve traço de suor. Suas mãos subiram por baixo da minha camiseta, os dedos explorando minha pele com uma urgência faminta.
"Quarto," consegui dizer, a voz rouca de desejo.
Ele me puxou pelo braço, e tropeçamos até o quarto, parando apenas para que eu pudesse arrancar sua camiseta verde. O peitoral largo e definido foi revelado, os mamilos rosados duros de excitação, o abdômen esculpido descendo em um V perfeito que desaparecia sob o elástico do short. Empurrei-o na cama e ele caiu de costas, os olhos fixos em mim com uma intensidade curiosa.
Subi na cama, posicionando-me entre suas pernas, e puxei o short preto para baixo junto com a cueca boxer. Seu membro saltou livre, já completamente duro, a cabeça avermelhada brilhando com pré-gozo. Eu o segurei, sentindo o peso e o calor, e me inclinei para lamber a ponta. Ele gemeu, o corpo se arqueando ligeiramente, as mãos agarrando os lençóis.
"Porra," ele sussurrou, a voz trêmula.
Levei-o à boca, saboreando o gosto salgado, a textura aveludada da pele esticada. Chupei-o com a mesma dedicação que sempre fizera. Suas mãos encontraram meu cabelo, não empurrando ou controlando, apenas segurando, como se precisasse de algo para se ancorar.
Depois de alguns minutos, ele me puxou para cima, me beijando profundamente, nossas línguas se encontrando em uma dança frenética. Ele me virou, colocando-me de costas na cama, e se posicionou sobre mim. Seus olhos azuis buscaram os meus, pedindo permissão silenciosa.
Um dedo primeiro, deslizando para dentro devagar, me dando tempo para me ajustar. Depois dois, movendo-se em círculos, procurando aquele ponto que me fazia ver estrelas. Quando encontrou, gemi alto, o corpo se arqueando involuntariamente. Ele sorriu, um sorriso genuíno que iluminou seu rosto, e adicionou um terceiro dedo, alongando-me, preparando-me.
Ele se posicionou, a ponta do seu membro pressionando contra minha entrada. Nossos olhos se encontraram, e então ele empurrou para dentro, devagar, centímetro por centímetro, me dando tempo para me ajustar à invasão. A sensação era intensa – a queimação inicial dando lugar a uma plenitude deliciosa. Quando ele estava completamente dentro, ele parou, a respiração pesada, o corpo tremendo com o esforço de se controlar.
Então, ele começou a se mover, retirando-se quase completamente antes de empurrar de volta, estabelecendo um ritmo lento e profundo. Cada estocada atingia aquele ponto dentro de mim que me fazia gemer, o prazer se acumulando em ondas crescentes. Ele se inclinou, me beijando enquanto se movia, os corpos colados, suor misturando-se entre nós.
Ele aumentou o ritmo, as estocadas ficando mais rápidas, mais profundas, mais urgentes. O som da pele batendo contra pele ecoava no quarto, misturado aos nossos gemidos. Ele envolveu meu membro com a mão, bombeando no mesmo ritmo das estocadas, e a dupla estimulação foi demais.
"Eu vou... eu vou gozar," gemi, o corpo tenso, à beira do precipício.
O orgasmo me atingiu como uma onda, o corpo se contraindo ao redor dele enquanto eu gozava, jatos quentes atingindo meu abdômen e peito. A sensação de mim apertando ao redor dele o levou ao limite. Ele empurrou fundo mais uma vez, o corpo tremendo, e gozou com um gemido rouco, o rosto contorcido em êxtase.
Ele colapsou sobre mim, o peso reconfortante, nossas respirações ofegantes se misturando no silêncio do quarto. Ficamos assim por longos minutos, os corpos ainda conectados, o suor esfriando em nossa pele.
Finalmente, ele se retirou com cuidado, me puxando para seus braços. Ele havia se desculpado da única forma que sabia – através do toque, do prazer compartilhado, da vulnerabilidade física. E de alguma forma, foi mais poderoso do que qualquer palavra poderia ter sido.
Ele me segurou mais apertado que antes, como se tivesse medo de que eu desaparecesse, e adormecemos assim, entrelaçados, o peso do que havia acontecido naquela manhã finalmente começando a se dissipar.
Na semana seguinte, o ritual se repetiu, mas com uma diferença crucial. Eu acordei no apartamento dele, a cama vazia, mas o cheiro de café já estava no ar. E na cozinha, a mesa estava posta para dois. Tomamos café da manhã juntos, em um silêncio tenso, mas compartilhado. E na manhã seguinte, também. A rotina mudou. Sexo, dormir junto, acordar e tomar café da manhã.